Opinião: Vamos defender nossos direitos

Um ataque aos direitos conquistados pelos trabalhadores. Esta é a única definição possível para o pacote anunciado pela Volkswagen no Brasil. A empresa resolveu que vai reestruturar outras fábricas no mundo, até na Alemanha. Mas só aqui ela anunciou que vai cortar direitos. Serão 5.773 demissões em três das cinco fábricas no Brasil.

A empresa quer reduzir 25% dos custos com mão-de-obra, além do corte dos postos de trabalho, a Volks também quer diminuir o salário dos novos contratados em 35%. A multinacional quer que o trabalhador faça até oito horas extras por semana de graça. Isto mesmo! È a forma mais moderna de trabalho escravo.

A empresa quer repor 85% da inflação na data-base, num claro desrespeito ao acordo coletivo assinado por ela, que prevê aumento real de 1,3% em 2006, além da reposição integral da inflação. A empresa quer ainda acabar com o tempo livre dos cipeiros, tempo indispensável para garantir melhores condições de trabalho e mais saúde para o trabalhador.

Para a imprensa, a Volks tenta fazer o papel de boazinha e alega que os sindicatos que representam os trabalhadores é que são intransigentes e não aceitam negociar. Na verdade, é a multinacional que não negocia, pois ela quer apenas a assinatura do acordo, ou melhor, quer a rendição incondicional dos funcionários.

A Volks chantageia os sindicatos afirmando que vai começar a demitir caso eles não aceitem o pacote. Nós queremos negociar. Queremos construir propostas que contribuam para a manutenção do posto de liderança da empresa no mercado e garantir o emprego e os direitos que têm sido ameaçados.

Nós não vamos abaixar a cabeça. Unificamos as ações dos sindicatos envolvidos. Começamos a construir aliança com representantes de trabalhadores da Volks no mundo. Participamos de encontros na Alemanha e no México. Fizemos uma greve de um dia em São Bernardo, Taubaté e São José dos Pinhais, PR e distribuímos 300 mil jornais para mostrar à população que as demissões da Volkswagen vão afetar muita gente.

A Volkswagen alega que o câmbio brasileiro é o responsável. No entanto, a An-favea (Associação Nacional dos Fabricantes) anunciou que as exportações cresceram 16,7%, nos primeiros meses de 2006.

Conhecendo a realidade da empresa, não dá para aceitar o pacote anun-ciado. Cada ataque da empresa vai encontrar uma reação na mesma intensidade dos trabalhadores. Vamos lutar por nosso emprego e, o que é igualmente importante, pela qualidade dele.

Jornada Cidadã: Pelo fim da exploração de menores

Milhares de crianças e adolescentes na capital e grande São Paulo ainda são vitimas da exploração, violência física e sexual. Para denunciar esta desumana realidade diversas entidades cutistas, dentre elas o Sindicato dos químicos e plásticos de São Paulo e região e a “ONG Meninos e Meninas de Rua”, realizam há três anos a Jornada Cidadã.

Este ano as atividades da Jornada começaram em 1º de maio, com a leitura da “Carta aos trabalhadores”, na avenida Paulista e continuam em junho e julho.

A próxima atividade acontece dia 23 de junho, às 18h, no sindicato dos empregados no comércio de Osasco e região, à rua João Colino, 64, Centro. Em debate o enfrentamento aos fatores que levam crianças e adolescentes ao uso de drogas.

O último evento deste projeto acontece dia 13 de julho, às 18h, na sede do Sindicato dos químicos e plásticos de São Paulo e região, o tema será: crianças e adolescentes em situação de exclusão social e as perspectivas da agência de Desenvolvimento da região metropolitana de São Paulo.

Direção da CUT estadual toma posse

Nova Direção da CUT/SP toma posse em 20 de junho último, na sede da CUT. Edílson de Paula, presidente eleito para o triênio 2006/2009, afirmou que: “aprovamos uma plataforma de propostas no nosso Congresso que vamos apresentar aos governos e ao setor patronal. Temos como desafios imediatos o fortalecimento das campanhas salariais e atuação para eleger candidatos que tenham compromisso com os direitos dos trabalhadores e com a melhoria das políticas públicas”.

Central Única dos Trabalhadores: Artur Henrique é o presidente

Sindiluta: Como a Central se posiciona frente ao atual momento político do país? 

Artur Henrique: A CUT é uma central sindical independente e autônoma. No entanto, ela tem lado: o lado dos trabalhadores. Na atual conjuntura dois projetos distintos estão em disputa na sociedade brasileira: um que defende a volta da privatização, do estado mínimo, da criminalização dos movimentos sociais, que é representado pelo PSDB/PFL. O outro, defende mudanças e avanços sociais, representado pelo companheiro Lula, que esperamos tenha continuidade no segundo mandato. Por isso, nós discutimos no congresso a necessidade de uma plataforma dos trabalhadores para o desenvolvimento do Brasil, com uma pauta que queremos ver implementada a partir de janeiro de 2007.

Sindiluta: A CUT tem pauta  para um segundo governo LULA?

Artur Henrique: Estou satisfeito com os resultados dos programas sociais do Governo Lula. Há, no entanto, questões que precisam ser aprofundadas e melhoradas. É inegável que houve no Governo Lula a ampliação da democracia, respeito aos movimentos sociais, apoio à agricultura familiar, investimentos sérios na educação e muito mais. Nenhum governo fez tanto como este, mas acredito que são necessárias mudanças para gerar ainda mais emprego e renda. Para isso, defendemos a redução das taxas de juros e do superávit primário e mais investimentos em políticas públicas, como saúde, educação, energia, saneamento, etc. E a CUT tem um papel fundamental de mobilização e organização da sociedade para chegarmos a isso.

Sindiluta: Qual o plano de ação e lutas da central para os próximos anos?

Artur Henrique: Além da campanha pela reeleição, aprovamos um plano de ação e de lutas que contém, além das bandeiras históricas da CUT, como redução da jornada de trabalho sem redução de salários, a exigência de uma reforma sindical que altere a estrutura do sindicalismo brasileiro no caminho da liberdade e autonomia sindical e Organização no Local de Trabalho. Estes são aspectos centrais no debate para fortalecer e fazer a CUT crescer.

Companhia Vale do Rio Doce: Movimento em defesa do patrimônio público

Está na justiça o processo de revisão do leilão que privatizou a maior empresa nacional, a Companhia Vale do Rio Doce, no governo FHC.

Exigência do FMI, a gestão tucana levou adiante a idéia do “Estado mínimo”, com a privatização de empresas e serviços públicos. Na esteira dessa lógica foram privatizadas empresas importantes comprometendo a soberania da nação brasileira.

O processo de revisão em curso permite o questionamento da arbitragem de todas as privatizações condenadas pela CUT e pelos movimentos sociais como “crime de lesa-Pátria”.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) cumpria o sujo papel de financiar a compra de empresas estatais. O patrimônio público era entregue de mão beijada para o capital privado, com a participação de multinacionais.

A Vale do Rio Doce é uma empresa estratégica e lucrativa, tem reservas minerais para mais de 300 anos, com produtos nobres, raros. Foi vendida por R$ 3,3 bilhões, quando o valor de fato está avaliado em mais de um trilhão. Seu lucro, em 2005, superou os R$ 10 bilhões. Dinheiro que seria importante para o desenvolvimento do país, que gera emprego e renda, moradia, estradas, saúde e educação…

Para garantir a anulação do leilão de privatização a Coordenação dos Movimentos Sociais – integrado pela CUT, UNE, MST e dezenas de entidades – convoca mobilização nacional para o debate sobre o significado da empresa para o desenvolvimento e soberania nacional. Além disso, este movimento é um estímulo para que a CPI das Privatizações ande no Congresso Nacional e possibilite uma reflexão sobre esses e outros crimes do tucanato.

Notas: eleições 2006

As últimas pesquisas de intenção de voto para presidente, nas eleições que acontecem em outubro próximo, mostram que o presidente Lula vence as eleições no primeiro turno, e com uma margem considerável de votos. Última pesquisa Ibope, Lula aparece com 48% das intenções de voto, enquanto o “chuchumbo”, candidato da oposição, não consegue decolar; há meses não passa dos 20% das intenções de voto. O resultado da pesquisa mostra que Lula vence no primeiro turno com 63% dos votos válidos.

O PT homologou a candidatura do senador Aloísio Mercadante para o governo do Estado de São Paulo. Para o senado federal, o PT homologou a candidatura à reeleição do Senador Eduardo Suplicy, que aparece com 45% nas pesquisas. Na convenção, realizada no início de junho, foi homologada, ainda, a chapa de candidatos a deputados estaduais e federais. Para o eventual segundo mandato do presidente Lula o partido pretende eleger uma grande bancada de deputados a fim de dar suporte aos governos federal e estadual.

A justiça eleitoral estabeleceu novas regras para as eleições, que deverão valer já em outubro próximo. Para combater a corrupção eleitoral, o caixa 2, entre outras coisas, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estabeleceu que os partidos e candidatos não podem distribuir materiais como: camisetas, bonés e brindes. Também não poderão colar cartazes ou faixas em postes nem colocar out doors. Os candidatos estão proibidos de receber doação em dinheiro, qualquer doação deve ser feita via depósito bancário.

As proibições do TSE visam também manter as cidades limpas, ou seja, nenhum candidato poderá sair colando cartazes, pintando muros, pendurando faixas. Vale agora a proposta, o projeto, a capacidade de diálogo. Os militantes dos partidos terão peso fundamental, pois, os candidatos terão de apresentar propostas políticas. O convencimento dos eleitores não poderá ser com trocas de favores, brindes. Aqueles que pleiteiam uma vaga, seja para o legislativo ou executivo, terão de convencer o eleitor a partir de seu projeto político.

A notícia pela ótica dos trabalhadores

Um novo olhar sobre o que acontece. Uma revista que não pertence aos grandes grupos de comunicação, que é acessível aos brasileiros e relata os acontecimentos a partir do ponto de vista dos trabalhadores. É a “Revista do Brasil”, que foi lançada em 12/06 último.

Este ousado projeto conta com a participação de 23 entidades sindicais, entre elas o Sindicato dos químicos, farmacêuticos e plásticos de São Paulo e região, e a parceria da Agência Carta Maior.

Experiência de OLT: “Rede” integra e amplia a ação sindical

No setor farmacêutico são três redes de trabalhadores: Novartis, Akzo Nobel e Bayer, que se organizam com a participação de diretores deste Sindicato.

As Redes visam fortalecer a organização dos trabalhadores nos locais de trabalho, as comissões de fábrica, interagindo com suas entidades de classe, para ampliar e globalizar a luta pelos respeito aos direitos.

Contam com apoio da CNQ/CUT, IGBCE (Sindicato Nacional do Ramo químico Alemão), a FNV (Sindicato Holandês) e do Observatório Social, entidade da CUT, de acompanhamento e assessoria aos sindicatos dos trabalhadores.

Novartis
A Novartis, com sede na Basiléia, Suíça, tem filiais em mais de 140 países e emprega mais de 90 mil trabalhadores. No Brasil são quatro unidades: Taboão da Serra, São Paulo (SP), Cambé, PR, Resende e Rio de Janeiro (RJ). Empregam 2.700 trabalhadores. A rede Novartis já fez dois encontros nacionais e tem formado o comitê sindical com representantes de três unidades.

Dias 13 e 14/11 próximo acontece o  encontro internacional da rede, no Rio de Janeiro. Na oportunidade os trabalhadores analisarão a pesquisa que está sendo feita com os trabalhadores brasileiros pelo Observatório Social. O resultado da pesquisa dará origem à pauta de debates na rede, da qual sairão as reivindicações que serão encaminhadas à direção da empresa.

Akzo Nobel
O grupo Akzo Nobel, de origem holandesa, atua nas áreas química, de tintas e farmacêutica. São 160 companhias em mais de 80 países. A Akzo Nobel emprega mais de 60 mil funcionários. No Brasil a empresa mantém 13 unidades com aproximadamente três mil trabalhadores.

Há dois anos foi formado o comitê sindical com representantes de todas unidades. Após pesquisa realizada com os trabalhadores no Brasil foi elaborada uma pauta que orienta as reuniões deste comitê que se reúne regularmente. O  próximo encontro da Rede está previsto para acontecer novembro.

Rede Bayer
Há três anos foi formada a Rede dos trabalhadores da Bayer no Brasil, com representantes das unidades: São Paulo e Belfort Roxo (RJ) e Portão (RS).

A Rede já realizou quatro encontros e está em fase adiantada de troca de informações com os trabalhadores da matriz, na Alemanha. Pesquisa realizada pelo Observatório Social mostrou, dentre outras questões, a diferença salarial entre os trabalhadores; as más condições de trabalho; problemas em relação à segurança e a saúde dos trabalhadores; falta de acesso às informações.

Para formalizar a negociação da Rede com a empresa foram criadas comissões temáticas de trabalho para aprofundar cada assunto.

Em novembro haverá novo encontro da Rede Bayer.

Campanha Salarial 2006: à luta, por aumento real

Houve um tempo, há muitos anos, em que os governantes diziam que os trabalhadores deveriam esperar o país crescer. Era a história de aguardar o “bolo crescer para depois dividir”. Foi uma época em que o Brasil passou por boa fase de crescimento econômico, mas a classe trabalhadora ficou para trás, com salários arrochados. Na era FHC, então, mais arrocho ainda.

Agora, no governo LULA, estão criadas as condições para um ciclo duradouro de crescimento econômico do país, com altos índices de produtividade e faturamento das empresas.
Todos os indicadores apontam nessa direção. Logo, é o momento apropriado para um debate sério sobre aumento real nos salários. Os empresários não têm motivos para choradeiras.

Por isso, todas as campanhas salariais terão como um dos grandes destaques de suas mobilizações a luta por aumento real nos salários. Do piso da categoria aos salários profissionais. E este desafio está colocado tanto para os setores produtivos com data-base em novembro, como para o setor farmacêutico.

Editorial: em “aquecimento” para dois desafios

Enquanto o escrete brasileiro entra em campo lá, na Alemanha, nosso time vai se “aquecendo” aqui, se preparando para duas grandes copas. Uma de interesse direto da categoria, cuja data-base é novembro, e outra que tem a ver com a vida de toda a classe trabalhadora e sociedade em geral. Estamos falando da campanha salarial dos trabalhadores dos setores químico, plástico, cosmético, tintas e vernizes, entre outros, e das eleições de outubro.

Começam desde já nossos preparativos para a campanha salarial deste ano. É preciso um amplo trabalho de pesquisas e estudos sobre a indústria, em paralelo com o bom momento da economia do país. Assim conseguimos comprovar as condições efetivas para que o sindicato patronal atenda nossa reivindicação de aumento real. Já se foi aquela época de “crescer primeiro para distribuir depois”. A hora, agora, é de crescimento com distribuição da riqueza produzida.

Ao lado das atividades da nossa campanha salarial tem as eleições/2006. Em outubro você vai votar para presidente da República, governador, senador e deputados federal e estadual. Entra em cena o processo eleitoral, a disputa de projetos para o país e para o Estado, a apresentação de propostas e compromissos daqueles que pretendem nos representar na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa. E, como sempre fazemos, vamos entrar nesse debate para valer. Não podemos nos omitir, pois a eleição significa definir os rumos políticos, sociais e econômicos, que mexem com nossas vidas.

Vamos, então, nos “aquecendo” para entrar em campo com muita disposição para ganhar esses dois “jogos”: garantir conquistas na campanha salarial, cuja data-base é 1º de novembro, e participar ativamente do processo eleitoral para eleger , em outubro próximo governantes (presidente e governador), senador, deputados federais e estaduais que tenham compromissos efetivos com os interesses da classe trabalhadora e da maioria da sociedade.

Diretoria colegiada