CNBB, OAB e outras entidades da sociedade civil unem-se contra a violência

Diversas entidades da sociedade civil e de representações de classe, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e a Federação Nacional do Jornalistas (Fenaj), divulgaram nota, nesta segunda-feira (22), repudiando os atos de violência de cunho político registrados nos últimos dias, defendendo os direitos sociais e trabalhistas e a Constituição.

As entidades reforçam na nota, a intenção de defender de forma irrestrita e incondicional os direitos fundamentais sociais, inclusive os trabalhistas, a Constituição e a liberdade de imprensa, além de condenar o fascismo crescente no país.

Leia a íntegra da nota:

As entidades signatárias abaixo nominadas, representativas da sociedade civil organizada, no campo do Direito e das instituições sociais, por seus respectivos representantes, ao largo de quaisquer cores partidárias ou correntes ideológicas, considerando os inquietantes episódios descortinados nos últimos dias, nas ruas e nas redes sociais, ao ensejo do processo eleitoral, de agressões verbais e físicas – algumas fatais – em detrimento de indivíduos, minorias e grupos sociais, a revelar crescente desprestígio dos valores humanistas e democráticos que inspiram nossa Constituição cidadã, fiadores da convivência civilizada e do exercício da cidadania, vêm a público:

AFIRMAR o peremptório repúdio a toda manifestação de ódio, violência, intolerância, preconceito e desprezo aos direitos humanos, assacadas sob qualquer pretexto que seja, contra indivíduos ou grupos sociais, bem como a toda e qualquer incitação política, proposta legislativa ou de governo que venha a tolerá-las ou incentivá-las;

REITERAR a imperiosa necessidade de preservação de um ambiente sociopolítico genuinamente ético, democrático, de diálogo, com liberdade de imprensa, livre de constrangimentos e de autoritarismos, da corrupção endêmica, do fisiologismo político, do aparelhamento das instituições e da divulgação de falsas notícias como veículo de manipulação eleitoral, para que se garanta o livre debate de ideias e de concepções políticas divergentes, sempre lastreado em premissas fáticas verdadeiras;

EXORTAR todas as pessoas e instituições a que reafirmem, de modo explícito, contundente e inequívoco, o seu compromisso inflexível com a Constituição Federal de 1988, no seu texto vigente, recusando alternativas de ruptura e discursos de superação do atual espírito constitucional, ancorado nos signos da República, da democracia política e social e da efetividade dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e ambientais, com suas indissociáveis garantias institucionais;

MANIFESTAR a defesa irrestrita e incondicional dos direitos fundamentais sociais, inclusive os trabalhistas, e da imprescindibilidade das instituições que os preservam, nomeadamente a Magistratura do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, a Auditoria Fiscal do Trabalho e a advocacia trabalhista, todos cumpridores de históricos papéis na afirmação da democracia brasileira;

DECLARAR, por fim, a sua compreensão de que não há desenvolvimento sem justiça e paz social, como não há boa governança sem coerência constitucional, e tampouco pode haver Estado Democrático de Direito sem Estado Social com liberdades públicas.

Brasília (DF), 19 de outubro de 2018.

CLÁUDIO PACHECO PRATES LAMACHIA – Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

GUILHERME GUIMARÃES FELICIANO – Presidente da Associação Nacional

dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra)

LEONARDO ULRICH STEINER – Secretário-Geral da Conferência Nacional

dos Bispos do Brasil (CNBB)

ÂNGELO FABIANO FARIAS DA COSTA – Presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT)

CARLOS FERNANDO DA SILVA FILHO – Presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait)

ALESSANDRA CAMARANO MARTINS Presidente da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (Abrat)

MARIA JOSÉ BRAGA – Presidente da Federação Nacional dos

Jornalistas (Fenaj)

 

Bolsonaro diz que quem pensa diferente dele terá duas opções: cadeia ou exílio

O candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) ameaçou neste domingo (21) com prisão ou exílio as pessoas que pensam diferente do seu discurso autoritário, racista, machista e homofóbico. Em vídeo transmitido a apoiadores de sua candidatura que se concentravam na Avenida Paulista, em São Paulo, o capitão reformado prometeu uma “faxina” e disse que a “petralhada”, termo pejorativo com que identifica todos os que discordam de seus posicionamentos, “não terão mais vez”.

Ele também atacou movimentos sociais e ONGs e disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantido como preso político na sede da Polícia Federal, em Curitiba, vai “apodrecer na cadeia”. Bolsonaro também ameaçou com prisão o seu adversário no segundo turno das eleições 2018, Fernando Haddad (PT).

“A faxina agora será muito mais ampla. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão pra fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, ameaçou Bolsonaro, que mais uma vez combinou um suposto discurso patriótico com exaltação violenta contra adversários políticos. “Essa pátria é nossa. Não é dessa gangue que tem uma bandeira vermelha”.

O candidato, acusado de se beneficiar de um esquema criminoso e milionário de caixa 2 bancado com dinheiro ilegal por uma rede de empresários, também bradou contra a corrupção, ameaçando Lula, Haddad, e também o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Você vai apodrecer na cadeia. E brevemente você terá Lindbergh Farias (senador do PT) para jogar dominó no xadrez. Aguarde, o Haddad vai chegar aí também. Mas não será para visitá-lo, não, será para ficar alguns anos ao teu lado.”

Ele também prometeu tratar como atos terroristas ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Vocês, petralhada, verão uma Polícia Civil e Militar com retaguarda jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês”, ameaçou.

“Bandidos do MST, bandidos do MTST, as ações de vocês serão tipificadas como terrorismo. Vocês não levarão mais o terror ao campo ou às cidades.”

 

Químicos aprovam renovação da Convenção Coletiva

Em assembleia realizada na última sexta (19), os trabalhadores do setor químico aprovaram a renovação do acordo coletivo da categoria por mais dois anos, mantendo todas as cláusulas sociais e garantindo a reposição da inflação do último período.

A única rodada de negociação realiza com a bancada patronal ocorreu em 9 de outubro e a conversa foi bem difícil. “A luta de todos os sindicatos envolvidos nesta negociação foi para garantir os direitos já adquiridos dos trabalhadores e proteger a categoria da nova legislação trabalhista, em vigor desde o ano passado”, explicou o coordenador geral do Sindicato, Osvaldo Bezerra.

O dirigente também salientou a dificuldade do momento atual, véspera de uma eleição, com um candidato da extrema-direita disputando o pleito. “Estamos num período pré-eleitoral bastante conturbado e não sabemos o que virá pela frente. Garantir nossos direitos, neste momento, é uma grande vitória. Se Bolsonaro vencer as eleições a situação dos trabalhadores deve piorar ainda mais”, avaliou Bezerra.

 

Confira os avanços

 

Reajuste salarial

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) integral até o teto.  O INPC deve ser divulgado no início de novembro, mas a previsão é de que que feche em aproximadamente 3,96%.

 

Salário normativo (piso salarial) será corrigido pelo INPC

 

PLR mínima

– Até 49 trabalhadores: R$ 1.000

– Acima 50 trabalhadores: atual R$1.110

 

Teto para reajuste

O teto do reajuste (atualmente R$ 8.200) também será corrigido pelo INPC

 

Cláusula Gestantes e Lactantes

Nova redação garante ambiente e condições de trabalho adequadas ao período gestacional

 

Manutenção da atual Convenção Coletiva por dois anos (24 meses)

 

Manutenção do Grupo Bipartite de trabalho para discutir pontos polêmicos

 

 

Campanha de Bolsonaro já era acusada de vários crimes antes de caixa 2

As constantes denúncias de ilegalidades na campanha do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro deixaram a Justiça eleitoral na berlinda. O quadro se agrava com a notícia veiculada hoje referente a organização criminosa de empresários, mediante uso de caixa 2, para veicular fake news (notícias falsas) via WhatsApp.

Nos bastidores das cortes superiores, sobretudo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não há mais como disfarçar que os ministros estão discutindo a morosidade da atuação da corte e também do Ministério Público Eleitoral (MPE). Na noite de ontem (17), alguns ministros chegaram a dizer que o grupo técnico formado para combater as fake news não funcionou como se esperava.

Eles também contaram que vários grupos de servidores têm procurado audiências com a presidenta, ministra Rosa Weber, para pedir esforços e evitar maior desgaste, diante das constantes insinuações sobre “fraude eleitoral” – especialmente por pessoas ligadas à campanha de Bolsonaro, se recusando a aceitar uma eventual derrota no próximo dia 28.

“O clima aqui tem sido de constrangimento, desde o início do mês”, contou uma servidora do TSE que preferiu não ter seu nome citado.

De acordo com operadores de Direito ouvido pela RBA, as denúncias e suspeitas levantadas contra Jair Bolsonaro podem resultar em investigações por crimes como: caixa dois eleitoral /duplamente qualificado (artigo 350 do Código Eleitoral), corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal), organização criminosa (artigo 2º da Lei 12.850/13), lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei 9.613/98), crime de difamação do código penal (artigo 139 do Código Eleitoral), crime que configura injúria (artigo 140 do Código Penal) e crime de calúnia (artigo 138 do Código Penal).

Intimidação e coação

Para completar o ambiente de tensão, uma postagem veiculada desde o início da semana por grupos que se intitulam como “patriotas” tem pedido à população que depois de votar no dia 28 permaneça nas ruas, aguardando o resultado das eleições para, dependendo, ajudar numa possível “reação”, no caso de Bolsonaro ser derrotado.

O post tenta induzir à “certeza” de que o candidato do PSL não tem mais condições de perder, e busca promove medo e coação nos eleitores. Os autores da mensagem anônima também prometem acionar as Forças Armadas.

O texto tem, na avaliação de especialistas, o mesmo tom de um Twitter encaminhado diretamente à ministra Rosa Weber poucos dias atrás, dizendo que ela sofreria consequências de uma eleição que fosse marcada por “fraude eleitoral” com a derrota de Bolsonaro.

O caso passou a ser investigado pelo TSE, mas apenas em relação ao Twitter, porque foi considerado como uma ameaça à segurança da presidenta do tribunal.

Máquina de mentiras

Além desses exemplos pontuais, são constantes as mentiras disseminadas sobre Haddad com estratégia de ranqueamento no Google e outras ferramentas de busca. Algumas o qualificam como o pior prefeito do país, como se ele tivesse sido alvo de algum ranking de classificação – o que nunca aconteceu. Outras disseminam que ele teria ajudado a distribuir um kit gay, com cartilhas e ensinamentos sobre sexualidade nas escolas públicas.

O texto que fala que só se justificaria uma possível derrota de Bolsonaro por meio de fraude eleitoral, pode ser objeto de indiciamento dos responsáveis por elaboração e divulgação em  crime de ameaça à ordem democrática e instigação contra a ordem pública, previsto na Lei de Segurança Nacional e no próprio Código Penal, conforme explicou o cientista político e especialista em Direito eleitoral, Valdir Pucci.

“A Justiça eleitoral só pode investigar o caso depois que for instada com algum pedido referente ao caso, mas cabe ao MPE agir para apurar as consequências disso também”, destacou ele. De acordo com Pucci, hoje é possível investigar o caminho desses posts em redes sociais até chegar ao autor original da publicação, para que este seja enquadrado.

‘Mudar a vontade popular’

Há pouco, a campanha de Fernando Haddad encaminhou representação junto ao TSE pedindo a investigação do grupo formado para propagar fake news, por meio de caixa 2 de empresários que apoiam Bolsonaro. Ao falar sobre a iniciativa, Haddad disse que “fazer mau uso do dinheiro para tentar mudar a vontade popular é crime e afronta à democracia”.

“Não nos surpreende porque estamos diante de um candidato que passou 28 anos na Câmara dos Deputados trabalhando pela ruptura da ordem democrática”, acrescentou o petista, referindo-se a Bolsonaro.

Junta-se aos demais pedidos de investigação representação conjunta feita pelo Coletivo Intervozes e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) junto ao MPE para denunciar o favorecimento à candidatura Bolsonaro por concessionárias do serviço de radiodifusão.

Eles afirmaram que depois do episódio das entrevistas exclusivas, não feitas com outros candidatos antes do primeiro turno, emissoras de TV como Record e Bandeirantes seguem violando a legislação eleitoral, que estabelece que “é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário (…) dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação” (Art. 45, IV).

A representação traz ainda a denúncia da atuação partidarizada da TV Cidade, afiliada do SBT no estado do Pará. E pede que o MP Eleitoral tome com urgência as devidas providências.

Há também, representações protocoladas no tribunal por políticos para apurar a visita de Bolsonaro à sede da Polícia Federal, onde pediu votos – o que é proibido por lei. E, numa atitude ainda mais ampla, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) pediu ontem a cassação do registro de Bolsonaro “devido ao benefício eleitoral no primeiro turno das eleições que o candidato obteve a partir da fake new do kit gay”.

Possibilidade de anulação

Jorge Solla citou declaração recente do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. Durante entrevista no final de agosto, Fux afirmou que o Código Eleitoral brasileiro prevê a anulação de uma eleição caso seu resultado tenha sido influenciado pela disseminação de notícias falsas. O deputado sustentou a representação no artigo 222 da Lei nº 4.737/65, que afirma ser anulável a votação, “quando viciada de falsidade, como vem acontecendo em razão dos atos do Sr. Jair Bolsonaro”.

No início da tarde, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, foi outro a anunciar que o partido vai entrar com pedido de anulação do primeiro turno das eleições, pelo fato de todos os resultados terem sido influenciado pelo esquema de divulgação das falsas notícias. Lupi ressaltou que o candidato do seu partido, Ciro Gomes, foi o maior prejudicado com o esquema.

Por parte do TSE, seu conselho consultivo sobre internet e eleições fez duas reuniões esta semana com seus representantes para discutir a proliferação de notícias falsas pelo WhatsApp. Os conselheiros consideraram que a Corte se perdeu na apuração dos casos porque teria subestimado o impacto destas mensagens.

No tribunal, os ministros apresentam postura dividida. A maior parte evita dar declarações sobre o assunto, mas admite a preocupação com a atual gestão do TSE nestas eleições. Coube ao ministro Admar Gonzaga defender o tribunal, afirmando que “foram tomadas todas as providências cabíveis”. “No mais, não pode um tribunal agir de ofício, tem de ser provocado pelos interessados e prejudicados, o que está acontecendo muito pouco”, justificou-se, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.

Apesar da declaração de Gonzaga para tentar amenizar a situação, ninguém esconde mais o ambiente de insatisfação dos demais integrantes do colegiado durante reuniões entre eles e os servidores.

São vários os indícios reais, e não os “ficcionais” alardeados por seguidores de Bolsonaro), de fraude que precisam ser apurados, segundo os representantes da chapa de Haddad. “Não é crível atribuir apenas à militância orgânica dos noticiados a capacidade de produzir e disseminar com tamanha eficácia todas as notícias falsas editadas em detrimento da coligação noticiante”, afirmam, no teor da representação.

Por meio de outra rede social, como é do seu estilo, Jair Bolsonaro disse que não tem controle sobre as pessoas que se organizam para divulgar mensagens em massa em seu benefício, sejam militantes ou empresários. Ele afirmou reconhecer a ilegalidade do ato, se disse inocente de tais iniciativas

Coligação de Haddad entra com ação contra Bolsonaro por abuso de poder econômico

A coligação O Povo Feliz de Novo, que reúne PT, PC do B e Pros em torno da candidatura de Fernando Haddad, entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa de Jair Bolsonaro (PSL) e contra o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

Na ação, impetrada nesta quinta-feira (18), a coligação cobra ao TSE rápida investigação de abuso de poder econômico e, caso comprovado, pede que o adversário e seu vice, general Mourão (PRTB), sejam considerados inelegíveis pelo período de oito anos, como determina a lei.

O dono da Havan constrangeu os seus funcionários a votarem em Bolsonaro, sob ameaças de fechamento de lojas e dispensa de funcionários, segundo texto dos advogados da coligação. Em um vídeo publicado em rede social ele cita a “opção” pelo candidato do PSL como a única saída contra a esquerda.

“Se você não for votar, anular seu voto ou votar branco, depois do dia 7 de outubro, ganha a esquerda e vamos virar uma Venezuela”, afirmava ele em um trecho do vídeo no qual apontava que 30% dos trabalhadores de suas lojas não haviam definido o voto em algum candidato. Hang dizia que os cerca de 15 mil funcionários de sua rede de lojas poderiam perder seus empregos, em caso de uma “vitória da esquerda”.

caso foi denunciado por sindicatos filiados a CUT de Santa Catarinae, atendendo pedido de liminar do Ministério Público do Trabalho, o juiz da  7ª Vara do Trabalho de Florianópolis, proibiu o dono da Havan de pressionar seus empregados em função da disputa eleitoral. Caso volte a coagir funcionários a votar no candidato de sua preferência nas eleições deste ano Hang terá de pagar uma multa de 1 milhão de reais.

Para a coligação de Haddad, o vídeo, junto a transmissões ao vivo feitas por Hang com Bolsonaro e postagens nas redes sociais, demonstram “potencial suficiente a comprometer o equilíbrio do pleito eleitoral de 2018”. “Resta claro o abuso de poder econômico na medida que a campanha do candidato representado ganha reforço financeiro que não está contabilizado nos gastos da campanha, todavia os resultados do abuso perpetrado serão por ele usufruídos.”

A ação foi elaborada antes da reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelar o suposto envolvimento de Hang com um esquema criminoso de disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp contra o PT e o seu candidato a presidente, Fernando Haddad.

Jornal denuncia caixa 2 na campanha de Bolsonaro

A Folha de S. Paulo desta quinta-feira (18) denuncia que empresários estão financiando ilegalmente a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Segundo o jornal, esses empresários estão gastando milhões de reais para manter uma indústria de mentiras na rede social WhatsApp e estariam se preparando para uma grande ofensiva na semana da eleição, em 28 de outubro.

De acordo com a reportagem, as empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. Cada contrato de “pacote de mensagens” pode chegar a até R$ 12 milhões. A reportagem não especificou quantos pacotes foram contratados até agora.

O que indica o uso de caixa 2 na campanha do PSL é que, até o dia 14, o valor total de despesas declarado pela campanha de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é de R$ 1,7 milhão. Já o valor que os empresários estão gastando sem declarar em apenas um pacote de mensagens mentirosas, grosseiras e violentas contra Haddad é sete vezes superior (R$ 12 milhões).

A rede de lojas Havan, de Luciano Hang, que já foi condenado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por coagir trabalhadores a votarem em Bolsonaro, está entre as empresas compradoras, segundo a reportagem.

A prática é considerada ilegal por se tratar de doação empresarial de recursos, proibida pela legislação eleitoral. As mensagens contra Haddad e a favor de Bolsonaro são enviadas a partir de uma base de dados dos apoiadores do capitão reformado ou compradas de agências de marketing digital, o que também é considerado ilegal, pois a legislação proíbe a venda de dados de terceiros,

Em nota oficial, o Partido dos Trabalhadores condenou os métodos criminosos utilizados pela campanha de Bolsonaro são intoleráveis na democracia. “É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune. O PT requereu ontem, à Polícia Federal, uma investigação das práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro”.

“O PT levará essas graves denúncias a todas as instâncias no Brasil e no mundo. Mais do que o resultado das eleições, o que está em jogo é a sobrevivência do processo democrático”.

Confira a nota na íntegra:

Reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (18) confirma o que o PT vem denunciando ao longo do processo eleitoral: a campanha do deputado Jair Bolsonaro recebe financiamento ilegal e milionário de grandes empresas para manter uma indústria de mentiras na rede social WhatsApp.

Pelo menos quatro empresas foram contratadas para disparar mensagens ofensivas e mentirosas contra o PT e o candidato Fernando Haddad, segundo a reportagem, a preços que chegam a R$ 12 milhões. A indústria de mentiras vale-se de números telefônicos no estrangeiro, para dificultar a identificação e burlar as regras da rede social.

É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune. O PT requereu ontem, à Polícia Federal, uma investigação das práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro. Estamos tomando todas as medidas judiciais para que ele responda por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados por sua campanha.

Os métodos criminosos do deputado Jair Bolsonaro são intoleráveis na democracia. As instituições brasileiras têm a obrigação de agir em defesa da lisura do processo eleitoral. As redes sociais não podem assistir passivamente sua utilização para difundir mentiras e ofensas, tornando-se cúmplices da manipulação de milhões de usuários.

O PT levará essas graves denúncias a todas as instâncias no Brasil e no mundo. Mais do que o resultado das eleições, o que está em jogo é a sobrevivência do processo democrático.

Assembleia define rumos da Campanha Salarial do setor químico

Os trabalhadores do setor químico se reuniram com a bancada dos empresários, em 9 de outubro, na sede do Sindicato para discutir a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2018.

Às vésperas de um processo eleitoral conturbado e polarizado,  com um candidato que representa a extrema-direita liderando a corrida eleitoral, o discurso dos patrões foi duro.

Os seis sindicatos que negociam conjuntamente, representados pela Fetquim (Federação dos Trabalhadores Químicos da CUT) e a Fequimfar/Força Sindical – que se juntou nessa negociação, pelo segundo ano consecutivo  – foram enfáticos nas reivindicações que   visam proteger os trabalhadores da reforma trabalhista e na manutenção dos direitos já garantidos pela atual convenção coletiva.

Na avaliação de Osvaldo Bezerra, coordenador geral do Sindicato, a união do movimento sindical é de fundamental importância para tentar reverter os retrocessos impostos pelo governo Temer. “O resultado dessa eleição pode piorar muito a vida do trabalhador. Por isso nossa luta para garantir direitos”, explica.

Na próxima sexta-feira, 19 de outubro, às 19 horas, o Sindicato realiza uma assembleia na sede (Rua Tamandaré, 348), para debater com os trabalhadores os rumos dessa campanha. Participe!

Haddad chama Bolsonaro para debate: Vou até a enfermaria, se for preciso

O candidato a presidente Fernando Haddad (PT) desafiou o seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), a participar dos debates televisivos do segundo turno das eleições. “Ele precisa participar de debate. Estou disposto a ir até uma enfermaria debater com ele”, afirmou, em entrevista a jornalistas estrangeiros nesta quarta-feira (10), referindo-se a possível alegação de seu oponente para não participar dos encontros. “O futuro do Brasil está em jogo, e ninguém pode chegar à Presidência sem dizer o que vai fazer com o país.”

Haddad afirmou que “atitudes covardes de rede social” são impossíveis num debate face a face, em alusão à onda de notícias falsas – fake news – divulgada pelos seus apoiadores principalmente por meio do Whatsapp. Segundo ele, no segundo turno, as ditas fake news podem ter um peso menor, “se tiver debate”.

“Vou na enfermaria em que ele estiver, não tem problema. Os brasileiros precisam saber a verdade sobre as coisas. Se tem fake news, vamos tratar como adultos. Não tenho problema com nenhum tema”, afirmou Haddad, que classificou a boataria espalhada pelos apoiadores do seu adversário como “criancice”, e prometeu inclusive moderar o tom em respeito ao estado convalescente do opositor.

Haddad disse recear que Bolsonaro busque “subterfúgios” para não debater. O primeiro debate do segundo turno, na TV Bandeirantes, está previsto para esta quinta (11), e ainda não há confirmação da participação de Bolsonaro, que há mais de um mês se recupera de um atentado que sofreu, em Juiz de Fora (MG).

Na coletiva, o candidato do PT destacou o apoio recebido de partidos progressistas como o Psol e o PSB, e disse estar em tratativas com o PDT de Ciro Gomes. Ele prometeu construir um arco de alianças ainda mais amplo com diversos setores da sociedade, para fazer a defesa de direitos civis, trabalhistas e humanos conquistados pelos trabalhadores e deter a “escalada de violência que o país está vivendo”.

Ele destacou “manifestações inesperadas” em favor da democracia, como a ocorrida no show do ex-integrante da banda inglesa de rock Pink Floyd Roger Waters, nesta terça (9) em São Paulo, que exibiu no telão sobre o palco mensagens de alerta à onda fascista que ocorre em vários países do mundo, incluindo o Brasil, citando Bolsonaro expressamente.

Haddad afirmou ainda que seu governo não terá um banqueiro como ministro da Fazenda e que as propostas econômicas do assessor econômico de Bolsonaro, o banqueiro Paulo Guedes, representam o aprofundamento da agenda do governo Temer. “A política de Guedes é o Temer piorado. Nós vamos reverter essa política. Entendemos que a solução é aumentar o poder de compra das pessoas, não diminuir.”

Ele disse ainda que o aumento do poder de compra deve vir da redução de carga tributária para quem ganha menos, com isenção de imposto de renda para aqueles que ganham até cinco salários mínimos, e também com a diminuição

Centrais sindicais se unem e declaram apoio a Haddad

Sete centrais sindicais se unem e  formalizam apoio ao candidato do PT, Fernando Haddad, dentre elas, três que apoiaram outros candidatos no primeiro turno.

Vagner Freitas, presidente da CUT, definiu Bolsonaro como o candidato dos patrões e da Fiesp. “Ele votou em todas as propostas de retirada de direitos. É contra a existência de sindicatos e de movimento sindical representativo e é defendido por toda a classe patronal do Brasil. É o candidato do capital financeiro, do agronegócio”, disse.

O dirigente afirmou que, com Haddad, haverá garantia de interlocução com o movimento sindical, além de manutenção de políticas como a da valorização do salário mínimo.

Confira abaixo a íntegra do documento divulgado pelas sete centrais sindicais.

MOVIMENTO SINDICAL EM DEFESA DOS DIREITOS TRABALHISTAS E DA DEMOCRACIA

POR QUE A CLASSE TRABALHADORA DEVE ELEGER HADDAD

Em 28 de outubro teremos uma eleição decisiva para o futuro da classe trabalhadora brasileira. De um lado, Fernando Haddad, um candidato comprometido com a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional. Do outro, um candidato que encarna o autoritarismo, a desnacionalização da economia e a extinção dos direitos sociais e trabalhistas, com consequências diretas na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras, como desemprego, a precarização do trabalho, redução dos direitos e da qualidade de vida.

Jair Bolsonaro defende os interesses de grandes corporações nacionais e estrangeiras, seu projeto privilegia o mercado financeiro sobre qualquer outro setor da sociedade. Sua intenção de supressão dos direitos dos trabalhadores é tão flagrante que o candidato afirmou que, se eleito, vai criar uma “nova” carteira de trabalho em contraposição à atual. Com esta fantasiosa carteira, o empregado não terá nenhum dos direitos previstos na CLT como férias, 13º salário e licença maternidade.

O programa de governo de Haddad está em sintonia com os interesses da Nação e do nosso povo. Propõe a revogação da reforma trabalhista e da Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos. Propõe a retomada do desenvolvimento e crescimento econômico, com distribuição de renda, inclusão e justiça social e redução do desemprego. Defende o fortalecimento e a valorização da agricultura familiar e do salário mínimo, o combate da precarização do mercado de trabalho, a democratização dos meios de comunicação e uma política externa soberana.

Haddad está comprometido com a valorização das estatais, das empresas e bancos públicos, redução dos juros, isenção do imposto de renda para trabalhadores e trabalhadoras que ganham até cinco salários mínimos e de impostos para os mais pobres, manutenção da Previdência Social como política pública e a valorização das aposentadorias. O fim das privatizações e a valorização de todo setor energético, com a consequente redução das tarifas de combustíveis, luz e gás, também são compromissos já firmados.

Há uma massa de trabalhadores, desempregados e desalentados, sendo iludida pelo canto de sereia, desorientada pela profusão de notícias falsas e disseminação do ódio. Por isso, conclamamos uma reflexão pela democracia e por um futuro melhor para todos e todas.

Fernando Haddad personifica a democracia e a possibilidade de lutarmos por mudanças que o povo reclama e anseia: educação e saúde públicas de qualidade para toda a população, moradia, segurança, democracia, soberania e bem-estar social. Haddad colocará o povo brasileiro em primeiro lugar.

Por todas essas razões, as centrais sindicais brasileiras estão unidas neste segundo turno com Fernando Haddad. E, com a certeza de que Haddad é o melhor candidato, conclama a classe trabalhadora e o povo brasileiro a participar da campanha e votar para eleger Haddad o próximo presidente do Brasil.

Somente juntos conseguiremos defender a democracia, a soberania nacional e a valorização do trabalho e da classe trabalhadora.

São Paulo, 10 de outubro de 2018.

Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores – CUT

Miguel Torres, presidente da Força Sindical

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores – UGT

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB

José Avelino Pereira (Chinelo), presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros – CSB

José Calixto Ramos, presidente Nova Central Sindical dos Trabalhadores – NCST

Edson Índio, secretário-geral da Intersindical

Imprensa internacional mostra preocupação com resultado das eleições no Brasil

O resultado do 1º turno da eleição presidencial no Brasil – que levou o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) ao 2º turno, é destaque hoje na imprensa internacional.

O site do jornal “The New York Times” (NYT) dedicou a maior parte de sua reportagem à ascensão de Bolsonaro à liderança das pesquisas, traçando um paralelo dele com a estratégia do presidente norte-americano Donald Trump. “Seu êxito desafia as leis da gravidade política. Até pouco tempo era somente um provocador às margens do poder que conseguiu como parlamentar durante sete mandatos, mas dominou a cena midiática quando se converteu em um defensor da ditadura militar”, afirma o texto do NYT, ressaltando o uso de “ataques verbais” do candidato contra mulheres, homossexuais e mulheres negras “em um país onde a maioria da população não é branca”.

“Se levarmos a sério, a democracia no Brasil corre sério risco”, afirmou a escritora, historiadora e catedrática da Universidade de São Paulo Lília Schwarcz ao NYT.

O site do jornal britânico “The Guardian” destacou o resultado do pleito como “uma campanha horrível no 2º turno”. “Vai ser um lado atacando o outro”, afirmou ao jornal a diretora de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle.

A notícia também estampou a primeira página do argentino “Clarín”, em matéria que afirma que “o processo eleitoral foi marcado por um intenso descontentamento com a classe governante depois de anos de turbulência política e econômica”. O artigo lembrou dois fatos que marcaram a campanha: a proibição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concorrer e o ataque a facada contra Bolsonaro, trazendo um panorama do clima de polarização que marcou a campanha do 1º turno.

A edição do espanhol “El País” repercutiu o desempenho do candidato do PSL e o caracterizou como “um político autoritário, racista, machista, homofóbico, um adorador da ditadura que afundou o Brasil em uma de suas épocas mais sombrias durante 20 anos”. “Somente uma virada radical, quimérica, no dia 28 de outubro [quando ocorrerá o 2º turno], evitará que a extrema direita governe a partir de primeiro de janeiro o maior país da América Latina”, afirma a matéria.

Já o site do jornal estadunidense “The Washington Post” qualificou a campanha presidencial como “populista e polarizante”, lembrando as semelhanças entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o capitão reformado brasileiro.

“O desempenho de Bolsonaro representou um avanço surpreendente para um movimento global florescente de nacionalistas de direita que conquistaram cargos políticos importantes nos Estados Unidos, no leste europeu e nas Filipinas”, afirma o jornal. A matéria afirma que a política do candidato da extrema direita e seus elogios à ditadura militar “despertaram temores de que ele se afastaria de uma democracia progressista”, acrescentando que suas propostas para o país são vagas.

Na capa do periódico alemão “Deutsche Welle”, uma matéria descreve o sentimento de “desconfiança e revolta” dos eleitores que foram hoje às urnas e a imensa diferença entre os dois projetos que estão agora em disputa.

O site da BBC, do Reino Unido, deu destaque em sua página principal para as eleições no Brasil. “O Brasil está muito dividido – e fragilizado”, afirma a correspondente do veículo no país, descrevendo as ligações de Bolsonaro com setores religiosos e suas declarações polêmicas, racistas, homofóbicas e misóginas.

A BBC também trouxe as declarações de Haddad após ser confirmado no segundo turno, em que afirmou que o PT usaria “apenas argumentos, e não armas” para derrotar o oponente.