Toda uma história de lutas

Ousados, os químicos e plásticos de São Paulo sempre foram além dos limites
da atuação sindical; por isso, têm presença efetiva nas mobilizações sociais e
na vida política do país

Fundada em agosto de 1983, os passos iniciais de organização da CUT, Central
sindical que hoje é a quarta maior do mundo, foram dados na sede do Sindicato
dos químicos de São Paulo. Em março de 1981 acontece o 1º ENCLAT (Encontro da
Classe Trabalhadora), que veio a ser a seção estadual paulista para a realização
do 1º CONCLAT (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), realizado cinco
meses após o evento estadual, em Praia Grande, reunindo mais de cinco mil
trabalhadores das mais diversas categorias.

É verdade que naquela época o Sindicato ainda era controlado por pelegos, que
agiam segundo seus interesses pessoais e em favor dos patrões. Mas naquele
momento já marcava forte presença a oposição sindical que resgatou a entidade
dos trabalhadores para atuar em defesa da categoria. Em 1982 vence as eleições
sindicais, acaba com mais de duas décadas de peleguismo e consolida-se como
referência estadual e nacional de lutas. Apóia diversas oposições sindicais
Brasil afora para a derrubada de pelegos de outras categorias. Tem atuação
decisiva na fundação da CUT, participa ativamente dos grandes embates políticos
e sindicais que consolidam a derrubada da ditadura militar, em 1985.

Se os químicos de São Paulo retomaram seu sindicato em 1982, três anos depois
asseguram a reeleição e ainda têm atuação de destaque no apoio à então oposição
dos plásticos, que também vence as eleições em 1985. Era o início da trajetória
que resultou na unificação dessas duas categorias, em 1994, numa única entidade
sindical, como já era no passado.

Os químicos e plásticos de São Paulo, desde 1983 e sobretudo a partir de 1994
com a unificação da categoria tornam-se referências de atuação sindical na
capital paulista, no Estado e em nível nacional. E vão mais além estabelecendo
contatos com entidades sindicais de outros países na troca de experiências,
sobretudo em relação às lutas e conquistas dos trabalhadores em empresas
multinacionais do ramo químico.

Campanhas Salariais

Ainda como duas entidades sindicais distintas, os químicos e plásticos de São
Paulo e região ousam e saem na frente com a proposta de que as categorias
promovam campanhas salariais unificadas. Era o rompimento, na prática, com os
limites impostos pelos patrões e o então governo da ditadura militar. E a
campanha salarial de 1985 entra para a história, sobretudo pela sua capacidade
de mobilização, além das conquistas. Por exemplo: a redução da jornada de
trabalho para 44 horas semanais, que se tornou lei na constituinte de 1988, foi
conseguida três anos antes pela categoria.

Desde então, todas as campanhas salariais, ano após ano, são unificadas,
envolvendo diversas categorias do ramo químico sob coordenação da CNQ-CUT. Cada
momento com suas particularidades, o fato é que em todas elas os químicos e
plásticos de São Paulo estão à frente não somente porque representam a maior
base sindical deste ramo de atividade, mas sobretudo porque acumularam
experiências nessa forma de atuação sindical que em muito fortalece a luta dos
trabalhadores.

Várias são as conquistas da categoria ao longo desses anos. Mas também merece
destaque a capacidade de resistência e determinação da direção sindical, como
ocorreu em 1998, ano em que os químicos e plásticos de São Paulo se negaram a
assinar uma Convenção coletiva cujo conteúdo apontava para a redução de direitos
e até eliminação de conquistas dos trabalhadores. Este Sindicato, aliás, é um
dos poucos do Brasil que nunca cedeu um milímetro sequer nessas questões.

Atos e atitudes

Uma das primeiras categorias a compreender que a atuação sindical vai além
das lutas por melhores salários e mais empregos, os químicos e plásticos sempre
somaram esforços com outros trabalhadores nas manifestações de primeiro de maio.
Ao lado do importante significado desta data e justa homenagem aos que lutaram
no passado, a comemoração é referência mundial. Sobretudo a partir de 1994,
depois da unificação, a categoria é uma das principais protagonistas das
manifestações do dia internacional do trabalhador na Capital paulista e grande
São Paulo.

Parte dos químicos e plásticos de São Paulo, por exemplo, a iniciativa de
levar as manifestações do primeiro de maio ao trabalhador e sua família, em
locais próximos onde mora. Assim vem acontecendo, com a realização de atividades
diversas nos bairros, nesta data e na semana que antecede para que o dia
internacional do trabalhador alcance a maior dimensão possível, atingindo
corações e mentes pelo seu significado e pela necessidade de lutas.

Atentos aos acontecimentos no campo da política, em 1984, nas grandes
mobilizações e manifestações por eleições diretas para presidente, os químicos e
plásticos também tiveram papel de destaque. Depois, na Constituinte, de 1988,
novamente os químicos e plásticos marcam presença, seja nas mobilizações, seja
na pressão junto aos parlamentares e mesmo na apresentação de propostas.

Enfim, não há um só momento da história recente do Brasil que esta categoria
não tenha tido participação direta. Um dos fatos marcantes foi o fora Collor, de
1992. Já na era FHC, a partir de 1994, os químicos e plásticos denunciaram o
plano Real, cuja estrutura de controle da inflação amparava-se num brutal
arrocho salarial e política recessiva que causava desemprego crescente. Em 1997
participa da marcha dos 100 mil a Brasília. Um ato de protesto contra a política
econômica de Fernando Henrique e sua turma.

Política e social

Os químicos e plásticos de São Paulo vão adiante em sua luta por uma
sociedade justa, solidária, sem exploração. Em busca dessa conquista não medem
esforços na atuação sindical, seja nas lutas da categoria, seja nos desafios
gerais da classe trabalhadora, ao lado de outros sindicatos, da CUT e demais
entidades em torno de questões específicas, mas tendo como objetivo maior o
socialismo como a mais efetiva alternativa de um mundo melhor para todos.

Além da ação sindical, os embates de ordem política. A definição e
posicionamento firme em momentos eleitorais e, principalmente, a atuação nos
níveis institucionais, ou seja, na necessária pressão junto a governos
(municipal, estadual e federal) e parlamentares (vereadores, deputados
estaduais, federais e senadores) para que sejam aprovadas leis de interesse dos
trabalhadores, na apresentação de propostas que nascem das experiências de lutas
da categoria, ou mesmo para garantir nossos direitos e conquistas.

Só para citar um exemplo: um certo candidato a prefeito da cidade de São
Paulo diz em sua propaganda eleitoral que é o pai do genérico. Uma grande
mentira. Já no final dos anos 1980, os químicos e plásticos de São Paulo tomaram
a iniciativa de abrir o debate sobre a implantação do medicamento genérico no
país. Na época, governo federal, muitos parlamentares e sobretudo as grandes
multinacionais do setor não queriam nem ouvir falar a respeito.

Com o apoio de parlamentares petistas os químicos e plásticos de São Paulo
formularam uma proposta nessa direção. O ex-deputado do PT paulista, Eduardo
Jorge, médico sanitarista, aprimorou na técnica, deu texto final e apresentou na
Câmara Federal como projeto de lei, que só foi aprovado em 1993. Depois, ainda
faltava o então Presidente da República sancionar a lei e regulamentá-la.
Atendendo a interesses dos laboratórios farmacêuticos multinacionais, enrolaram
e adiaram o máximo possível, apesar de toda a pressão social pela aprovação
imediata. Só colocaram em prática a partir de 1999; e ainda querem sair de
bonzinhos agora.

Era dos Fernandos

Ápice do movimento pela democratização do país, em 1989 o povo brasileiro vai
às urnas para eleger o presidente da República. Eleições diretas, depois de 25
anos. Entre as várias candidaturas da época, duas surpresas para o segundo
turno. De um lado, Fernando Collor de Mello, um nefasto governador do Estado de
Alagoas, filhote pródigo da ditadura militar. De outro, a candidatura LULA, um
fenômeno político, uma evidência clara de que o Partido dos Trabalhadores,
fundado em 1981, veio para disputar para valer o poder com as elites.

LULA e o PT, com apoio dos químicos e plásticos de São Paulo e todos os
sindicatos filiados à CUT e demais segmentos sociais progressistas, perderam por
uma diferença muito pequena para Collor, que contou com a fortíssima ajuda da
grande maioria dos empresários e, principalmente, dos meios de comunicação com
suas muitas manipulações.

O resultado deste primeiro Fernando na presidência foi o confisco da poupança
da população, um mar de lama de corrupção e seu impeachment na metade do
mandato, em decorrência de ampla mobilização social, da qual os químicos e
plásticos de São Paulo participaram. Em 1992 o vice, Itamar Franco, assume e
leva FHC para ser ministro. Aliás ele já queria isso desde o início do mandato
de Collor de Mello, só não foi porque Covas vetou.

Diante do escândalo Collor, LULA consolidava-se cada vez mais como
alternativa de governo nas eleições de 1994 para presidente. De novo as elites
se anteciparam na manobra, criaram regras restritivas para a disputa eleitoral
para prejudicar o PT e implantaram o Plano Real. Mais uma vez os químicos e
plásticos de São Paulo, ao lado de outras categorias saíram às ruas para
denunciar a falcatrua. A inflação foi controlada, é verdade, mas a um custo
social jamais visto no país, com arrocho salarial brutal e crescentes índices de
desemprego.

FHC em cena

O sociólogo Fernando Henrique encantou-se com o poder. Diferente do atual
governo LULA, cujas viagens ao exterior têm como principal objetivo a promoção
de relações diplomáticas e comerciais, FHC fazia verdadeiro turismo mundo afora.
Ele só queria aparecer, se mostrar como estadista. Enquanto isso, o Real
protagonizava uma das maiores recessões do país. O governo do Fernando 2º reagia
com forte pressão o movimento sindical que ousava reivindicar perdas salariais.
A exemplo da ditadura militar, fez intervenção no sindicato dos petroleiros de
São Paulo.

No reinado Fernando 2º ficou célebre a frase não rouba mas deixa roubar. E
aí surgem escândalos como o caso SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), cuja
licitação teria sido dirigida para favorecer uma empresa norte-americana. A
Pasta Rosa, conhecida por conter documentos que comprometeria a idoneidade do
governo FHC e o famigerado PROER, uma espécie de ajuda aos bancos privados com
dinheiro público. Mas nada foi apurado, apesar dos protestos da oposição e da
pressão dos movimentos sociais.

O mais drástico, no entanto, ficou por conta das privatizações feitas no
governo FHC. Empresas públicas, principalmente da telefonia, eram entregues para
grupos estrangeiros a preços sempre abaixo do valor e ainda, em geral, com
recursos do BNDES. De novo, nada foi apurado, a imprensa calou-se. Aconteceu
algo como você vender um carro, mas o comprador usa o seu dinheiro e não o dele
para pagar.

Sede de poder

Um certo ministro de FHC, Sérgio Motta, saiu com a história de que o projeto
dos tucanos era ficar 20 anos no poder. Surge daí a aprovação da emenda que
permite reeleição para presidente. Na Câmara Federal alguns deputados federais
chegaram a admitir que receberam 200 mil reais para aprová-la. Perderam o
mandato por corrupção, mas quem corrompeu, que também faz parte do crime, nunca
apareceu. De novo os meios de comunicação, com raras exceções, não se
preocuparam em apurar os fatos.

FHC e sua equipe econômica insistiam na farsa da paridade entre o real e o
dólar. Ganhou a eleição em cima de uma suposta estabilidade econômica que
resistiu poucos meses após o processo eleitoral. Em fevereiro de 1999 uma grave
crise se abateu, o real desmontou e a recessão aumentou ainda mais. A partir daí
o crescente desgaste do governo FHC foi uma constante, até a vitória de LULA, em
2002, quando derrotou Serra, que era o candidato dos tucanos.

São 15 anos de história política, que revelam o potencial de manobra da
elite. Nesse período, os químicos e plásticos de São Paulo sempre marcaram
presença, protestando, denunciando, apontando, ao lado da CUT, propostas e
reivindicações que assegurassem melhores dias para toda a classe
trabalhadora.

Com a eleição de LULA, em 2002, os químicos e plásticos mantém acesa a
esperança de que isto representa um grande passo para a conquista de um Brasil
melhor para todos. Mas não abre mão da autonomia de seu Sindicato de classe, de
sua independência para reivindicar e contestar sempre que entender que seja
necessário. É assim, na prática, que se constrói a liberdade e autonomia
sindical e, principalmente, um país com a tão sonhada justiça social.


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Registro de uma história

Publicações do Sindicato marcam período histórico da categoria. Antes da
unificação, cada sindicato tinha seu informativo: Sindiluta e Plastiluta.
Unificados os sindicatos, algumas edições foram  publicadas como
Sindiluta/Plastiluta e, em seguida, como Sindiluta Unificado. A revista Alquimia
também representa outro momento marcante. É a comunicação como ferramenta de
lutas e informação


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Reforma sindical assim, na prática

No debate sobre reforma sindical no Fórum Nacional do Trabalho, instituído
pelo governo LULA, os químicos e plásticos de São Paulo e região se apresentam
com sua experiência

A retomada do sindicalismo classista e de lutas, a partir de 1977, com
grandes mobilizações de trabalhadores das mais diferentes categorias foi ponto
de partida para os debates sobre a redemocratização do país. Também ocupa espaço
neste cenário o questionamento acerca do modelo de estrutura sindical vigente.

Com o pipocar de greves de trabalhadores, dos metalúrgicos do ABC aos
bancários paulistanos, dos professores de Belo Horizonte aos canavieiros do
interior paulista, dos químicos e petroquímicos da Bahia e de São Paulo e região
às manifestações dos seringueiros do Amazônia, teve início um amplo processo de
lutas com a participação de estudantes, donas de casa, artistas, movimentos
populares em geral e outros segmentos sociais.

Ao mesmo tempo uma nova geração de sindicalistas, tendo LULA, atual
presidente da República, como principal destaque, reivindicava um novo modelo de
organização sindical, questionava a estrutura vigente e a subordinação das
organizações dos trabalhadores ao Estado.

A ditadura caiu, a eleição para presidente da República foi restabelecida em
1989, a democracia, pelo menos do direito ao voto, foi conquistada; mas a
estrutura sindical que mantêm os sindicatos dos trabalhadores como simples
extensão do ministério do Trabalho continuou. No final dos anos de 1980, o então
ministro desta pasta, Almir Pazzianoto, esboçou uma suposta reforma, sem
consultar ninguém nem abrir o debate. O resultado foi o surgimento de ainda mais
sindicatos de carimbo, apenas no papel para recolher o imposto sindical dos
trabalhadores.

Por uma nova estrutura

A suposta reforma de Pazzianoto, é verdade, afrouxou as exigências para que
os trabalhadores organizassem sua entidade sindical, mas manteve a unicidade
(organização de apenas um sindicato de uma determinada categoria nos limites de
um município) e o imposto sindical (aquele dia de serviço descontado no mês de
março). Pior ainda: deixou brechas para que assembléias fantasmas fossem
realizadas, o que permitiu a criação indiscriminada de sindicatos, muitas vezes
sem que os próprios trabalhadores supostamente representados soubessem.

Em busca de um novo modelo de organização sindical, a CUT e seus sindicatos
filiados assumem papel de destaque. A Central, desde 1983, quando foi fundada,
vem formulando propostas, encaminhando projetos a Brasília, chamando deputados,
senadores e os governos passados para o debate acerca da urgente necessidade de
uma nova estrutura para o sindicalismo brasileiro.

Principal expressão desse compromisso da CUT é a sua insistência para que
seja implantado, no Brasil, o SDRT (Sistema Democrático de Relações do
Trabalho). Através deste instrumento, acreditam a direção da CUT e a diretoria
colegiada do Sindicato dos químicos e plásticos de São Paulo e região, será
possível assegurar , por exemplo, a participação dos trabalhadores na definição
e gestões políticas, administrativa e financeira das empresas onde trabalham.

Escola de democracia

O modelo de organização sindical livre defendido pela CUT e por este
Sindicato prevê completa independência da entidade dos trabalhadores em relação
ao Estado e, sobretudo, frente aos patrões. Químicos e plásticos de São Paulo e
região colocam também a democracia na prática sindical como questão fundamental
para o exercício do sindicalismo de fato.

Nesse contexto, os químicos e plásticos de São Paulo e região são uma
verdadeira escola de democracia. Primeira grande evidência nesse sentido é a
unificação consolidada, já com a experiência de três eleições para renovação da
diretoria.

Também é referência no movimento sindical o exercício de direção colegiada.
Químicos e plásticos de São Paulo e região estabelecem obrigações e
responsabilidades de forma igual para todos os dirigentes.

Constantes campanhas de sindicalização, mecanismos efetivos de participação e
poder de decisão da categoria, assembléias amplamente convocadas com direito a
voz para todos os trabalhadores, encontros de cipeiros e seminário anual de
diretoria para redefinição de plano de lutas, sobre aspectos administrativos da
entidade e recomposição da coordenação e secretarias de trabalho, são algumas
das rotinas da atuação sindical dos químicos e plásticos de São Paulo, que lhes
garante plena legitimidade para o debate sobre reforma sindical.

Reforma a caminho

A categoria acompanha os trabalhos do Fórum Nacional do Trabalho, implantado
pelo governo LULA para debater a reforma sindical. A partir das suas
experiências têm encaminhado sugestões para o debate. Um dos avanços é o fim do
imposto sindical. Os trabalhadores não serão mais obrigados a pagar. Os
sindicatos terão que assegurar sua existência através de amplas campanhas de
sindicalizações.

No ato de implantação do FNT, o presidente LULA se diz convencido de que o
movimento sindical brasileiro tem de dar um salto de qualidade e extrapolar os
limites do corporativismo. Pela sua trajetória de lutas e experiência na atuação
sindical, os químicos e plásticos já caminham nesse sentido, sobretudo a partir
da unificação, em 1994. Significa uma década de antecipação dos debates e
prática da democracia sindical.


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

A categoria em todos os desafios

Francisco Chagas e Edilson de Paula. O que têm em comum esses dois homens? Além
de fazer parte da diretoria colegiada dos Químicos e Plásticos de São Paulo,
hoje representam a categoria em outras frentes de atuação, além da base do
Sindicato. Chagas é um dos mais atuantes vereadores do PT na Câmara Municipal de
São Paulo. Já Edilson tem sobre seus ombros a presidência da CUT estadual.

Esses dois diretores do Sindicato são exemplos, entre demais dirigente da
categoria que atuam em outras instâncias sindicais e até no Governo Federal.

Presença na CNQ/CUT

Atualmente, o Sindicato tem seis representantes na Confederação Nacional dos
Químicos. Antenor Eiji Nakamura, secretário de Relações Internacionais, é um
deles. Para Kazu, como é conhecido entre os companheiros da categoria, o
Sindicato foi muito importante no processo de fundação da CNQ e será cada vez
mais necessário representantes da entidade atuando na direção desta Confederação
e da própria CUT em nível estadual e nacional.

Também fazem parte da direção da CNQ: Lucineide Dantas (Secretária de gênero,
para questões relativas à mulher trabalhadora), Nilson Mendes (Suplente da
Secretaria de Saúde do trabalhador), Rosana de Deus (Coordenadora da Regional
Sul), Rítalo Alves e Adir Gomes (titular e suplente do Setorial farmacêutico).

Sindicalista da categoria desde a época da oposição dos plásticos, Edílson de
Paula é um dos idealizadores da fundação da CNQ, um dos organismos de estrutura
horizontal da CUT. Fez parte da coordenação desta Confederação e, a partir de
sua atuação firme e consequente se credencia para presidir a CUT estadual,
destacando-se, hoje, como um dos mais ativos presidentes da Central no Estado.

Chagas, vereador

Em 04 de fevereiro de 2003 toma posse na Câmara Municipal de São Paulo o
então suplente de vereador, Francisco Chagas. Com apenas 15 meses de mandato
assume a liderança do PT na Câmara de Vereadores.

Em mais de 20 anos de atuação política e sindical, Chagas tem se dedicado às
questões trabalhistas, ao desenvolvimento da cidadania, à preservação ambiental
e, principalmente, às políticas de inclusão social. Ao lado da prefeita Marta,
Chagas trabalha incansavelmente para reconstruir a cidade de São Paulo, que
amargou oito anos de destruição nas mãos de Paulo Maluf e Celso Pitta.

Governo Federal

Além deles, Osvaldo da Silva Bezerra (Pipoka) atua com diretor geral regional
da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e saúde do
trabalhador) em Brasília. Órgão do Ministério do Trabalho e Emprego, sua
principal preocupação é com a saúde e segurança do trabalhador, atuando na
prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Pipoka foi convidado para o cargo
pelo governo LULA devido a sua firme e marcante atuação em defesa da saúde do
trabalhador, tanto no Sindicato dos químicos, como na CNQ e no DIESAT
(Departamento Intersindical de Saúde do Trabalhador), quando foi presidente
desta entidade.

Mas nada disso seria possível se não fosse o apoio de todos os diretores da
entidade, a atuação firme, conseqüente e exemplar desta direção sindical
colegiada, sempre ao lado da categoria. Uma trajetória de lutas que tem como
referência, além das conquistas obtidas, o acúmulo de experiências para que
esses dirigente se capacitem para outros desafios. A representação da categoria
em outras esferas de atuação sindical e política significa mais uma forma de
consolidação desta unificação que completa uma década e torna-se referência de
unidade.


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Um time de muita categoria

Com a unificação dos químicos e plásticos de São Paulo e região (Caieiras,
Taboão da Serra, Embu e Embu-Guaçu), que compõem a base sindical desta entidade,
o Sindicato efetiva-se como o maior do ramo químico do país. São mais de 2700
empresas que atuam em setores produtivos como plástico, químico, farmacêutico,
cosmético, tintas, vernizes e velas.

São mais de 60 mil trabalhadores, que estão nas multinacionais do setor
farmacêutico e de cosméticos, grupos nacionais e pequenas e médias empresas de
outros setores produtivos.

No caso de reivindicações em defesa da saúde e segurança, garantia de
direitos e melhores salários, a abordagem da diretoria do Sindicato é a mesma
tanto na grande como na pequena empresa. Mas tem questões específicas, muito
próprias de cada indústria ou de setores produtivos, que exigem outra forma de
atuação dos dirigentes.

Material humano

Ao lado da complexidade dos vários setores produtivos e características
bastante diferenciadas entre as empresas que compõem esta base sindical, há o
lado humano, ou seja, o perfil da categoria. Dentro desse universo,
naturalmente, há grande diversidade quanto a qualificação da mão-de-obra
utilizada. Do mais simples trabalhador ainda com um tipo de serviço quase
exclusivamente braçal ao técnico. Do tradicional office-boy aos profissionais
especializados no campo da informática. Há empresas que têm apenas o
administrativo e setor de vendas nesta base sindical.

A exemplo da realidade brasileira, uma minoria de trabalhadores chegou a
concluir curso universitário. Em torno de 35% a 45% têm nível médio ou
equivalente, através de cursos técnicos profissionalizantes nas mais diversas
áreas. A maioria, no entanto, fica restrita ao primeiro grau. Sobretudo nas
pequenas empresas, cujo número é bem representativo, há muita mão-de-obra
braçal.

Na categoria, os homens correspondem a 60% do total de trabalhadores,
enquanto a mão de obra feminina abrange os outros 40%. Atenta a essa realidade,
o Sindicato implementou uma Secretaria voltada especificamente para temas
relacionados à mulher trabalhadora.

Categoria jovem, a maioria dos trabalhadores está na faixa etária entre 20 a
40 anos. Esse, enfim, é o grande time dos trabalhadores nas indústrias químicas,
farmacêuticas, plásticas e similares de São Paulo e região.

Por faixa
etária
Faixa Etária 20 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60
Homens 26,5% 32,5% 24% 17%
Mulheres 26% 39% 25% 10%

Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Aqui, a opinião de quem sabe

Revista especial Sindiluta, 10 anos de unificação dos químicos e plásticos de
São Paulo e região, convidou quatro expressões do movimento sindical para
escreverem sobre este momento tão importante e significativo para a categoria e
para o próprio sindicalismo brasileiro.

É, seguramente, a opinião de quem sabe.

:: Uma história de muita
consciência

Por Luiz Marinho. Atual presidente nacional
da CUT, iniciou sua militância sindical ao lado de LULA e Vicentinho. É
metalúrgico do ABC paulista, presidiu aquele sindicato por duas gestões

:: Unificação: experiência
inovadora

Por Francisco Chagas. Vereador na Capital,
líder do PT, é Diretor licenciado do Sindicato dos químicos e plásticos de São
Paulo. Militante sindical, tem atuação histórica no sindicalismo e na construção
do PT

:: Categoria está à frente da
reforma

Por Donizete Aparecido. Líder sindical dos
químicos do ABC, Donizete tem atuação também nos movimentos populares. Diretor
do Sindicato desta categoria, é também o coordenador da CNQ-CUT

:: Um bom exemplo. É assim que se
faz

Por Edilson de Paula. Em 1985, quando a então
oposição dos plásticos venceu a eleição, Edilson era um dos mais jovens da
diretoria eleita. Com sua atuação firme e consequente é hoje o presidente da CUT
estadual SP


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Uma história de muita consciência

Há 10 anos, os Químicos e Plásticos de São Paulo e região deram um grande
passo para fortalecer as lutas dos trabalhadores: a unificação das duas
categorias numa única entidade de classe. Ousados, se anteciparam e
concretizaram há uma década o desejo de outras categorias, que só mais
recentemente estão debatendo a unificação, como mecanismo de solidificar sua
representação sindical, ampliar seu poder de pressão junto ao patronato e
adequarem-se ao novo modelo de organização que deve originar-se a partir da
reforma sindical em curso.

Mas a ousadia sempre foi a marca registrada desta categoria. Eles foram
parceiros de primeira hora no desafio à ditadura militar que fez nascer um novo
modo de fazer o sindicalismo brasileiro. Se uniram aos metalúrgicos, bancários e
outras categorias e foram peça-chave na grande empreitada que foi a fundação da
Central Única dos Trabalhadores, em 1983, criada em plena ditadura militar e que
foi um dos pilares para a reconquista da democracia em nosso país.

Nos três Congressos estaduais da CUT/SP que se seguiram, após a fundação da
estrutura estadual (1985 a 1988), a categoria química esteve à frente da
direção, com Jorge Coelho na presidência, o que demonstra a sua importância na
luta dos trabalhadores. Agora, 20 anos depois de sua fundação, a CUT/SP, em sua
10ª direção executiva também tem um químico na presidência, o companheiro
Edilson de Paula. E em todas elas, o ramo esteve sempre representado em outros
cargos.

Uma prova inequívoca da sua combatividade. A categoria nunca recuou nas lutas
da nossa classe e foi pioneira na batalha por várias bandeiras históricas da
CUT. A redução da jornada de trabalho é um exemplo. Três anos antes da
Constituinte, que determinou a redução de 48 para 44 horas semanais, químicos e
plásticos fizeram uma grande greve geral, e conquistaram quatro horas a menos em
sua jornada.

E, ao longo destes últimos anos, com a globalização da economia e o modelo
neoliberal que fazem de tudo para precarizar as condições de trabalho, os
químicos e plásticos foram uma das categorias que resistiram às investidas
patronais e não tiveram direitos e conquistas atacados. Tudo isso, certamente, é
fruto da consciência de classe de cada trabalhador e cada trabalhadora do ramo
que, mesmo em tempos difíceis – como foi o da ditadura militar e o da última
década, que é o desemprego – nunca se intimidaram e sempre foram exemplo para
outros setores.

Assim, para nós, da CUT, é um orgulho compartilhar estes 10 anos de
unificação da categoria, hoje a maior do ramo no Brasil.


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Unificação: experiência inovadora

Os dez anos que marcam a unificação do Sindicato dos Químicos, Plásticos e
Farmacêuticos de São Paulo demonstram uma experiência inovadora e ímpar no
movimento sindical brasileiro.

Nossa experiência com dez anos de existência comprova a capacidade de um
grupo dirigente do sindicalismo brasileiro de praticar a democracia no exercício
das relações sindicais, superando divergências corporativas para colocar, acima
de tudo, o fortalecimento de uma organização que foi enfraquecida pela
separação: químicos de um lado, e plásticos do outro; não pelo desejo dos
trabalhadores, mas por uma imposição ditatorial do período de chumbo, tão
recente na nossa história política.

Hoje nos tornamos um exemplo, especialmente porque somos um sindicato
fortalecido, unido nos processos de lutas e coeso do ponto de vista dos
interesses políticos da classe trabalhadora brasileira.

Este exemplo pode e deve ser seguido, e experimentado por várias outras
categorias sindicais no cenário nacional, mas deve ser referenciado no sentido
da unidade fundada nas lutas, nos interesses e na convivência democrática. Um
aprendizado ainda em desenvolvimento no mundo sindical.

Essa conquista só foi possível porque esse grupo dirigente do Sindicato dos
Químicos, Plásticos e Farmacêuticos colocou, historicamente, durante esses 22
anos de retomada do novo sindicalismo, uma ordem de prioridade acima de qualquer
questão ou trabalho. A classe trabalhadora sempre foi e será a referência máxima
da nossa atuação sindical.

Portanto, quero parabenizar a todos os companheiros e companheiras que
lutaram para unificar e que agora, em definitivo, consolidaram essa unificação
do nosso Sindicato.


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Categoria está à frente da reforma

A unificação entre os sindicatos químicos e plásticos de São Paulo, ocorrida
em 1994, foi um acontecimento muito importante para a organização dos
trabalhadores do setor e para o fortalecimento do movimento sindical. Essa
iniciativa colocou os dois sindicatos na linha de frente de todo um processo de
lutas pela mudança na estrutura sindical vigente, que deverá culminar com a
Reforma Sindical.

A Reforma Sindical aponta, entre outros aspectos, para a construção de
sindicatos grandes, organizados, combativos e com forte inserção no local de
trabalho. Portanto, a experiência de reunificação dos químicos e plásticos de
São Paulo é atualmente uma referência importante para todas as demais
categorias.

Essa reunificação foi um processo difícil. Inicialmente os sindicalistas
tiveram de vencer as resistências políticas. Em seguida, enfrentaram as
dificuldades de juntar as estruturas existentes e garantir que elas continuassem
a funcionar de maneira integrada. Foi preciso também administrar as pequenas
vaidades humanas e derrotar o medo que o novo sempre traz. Apesar das
dificuldades, o resultado está aí para quem quiser ver. Os companheiros contam,
hoje, com um dos mais importantes sindicatos brasileiros.

Só que a nova conjuntura apresenta novos desafios. Hoje, talvez, o grande
desafio seja o de pensarmos a unificação do Sindicato Químicos e Plásticos de
São Paulo com o Sindicato dos Químicos e Plásticos do ABC. As duas entidades
passariam a representar cerca de 110 mil trabalhadores, tornando-se um dos
maiores sindicatos do Brasil.

Trata-se de uma proposta ousada. E a ousadia é uma das marcas do ramo
químico. É preciso retomar o espírito inquieto que dominava o movimento sindical
do final da década de 1970 e início dos anos 1980 e fazer com que os sindicatos
sejam cada vez mais representativos, fortes e organizados no local de trabalho,
mas com capacidade de realizar grandes mobilizações e campanhas amplas e
massivas. Precisamos também privilegiar a Confederação Nacional do Ramo Químico
(CNQ) e a CUT, para que elas possam levar lutas conjuntas em todo o território
nacional.

O Brasil vive um momento especial. O movimento sindical organizado tem uma
importante tarefa nessa conjuntura, que é a de garantir o avanço nas lutas
sociais e políticas e ajudar a construir uma sociedade justa, fraterna e
democrática. Temos de encarar esse desafio e vencê-lo. Para isso, a ousadia dos
químicos deve servir de referência para todos nós.

Parabéns aos companheiros, pelos dez anos de reunificação.


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004

Um bom exemplo. É assim que se faz

A unificação realizada na década de 90 entre as categorias dos plásticos e
dos químicos de São Paulo tornou-se um paradigma para todo o país, sendo uma das
unificações mais bem sucedidas. Hoje constatamos que sem ela seria mais difícil
encaminhar nossas lutas.

Foi, portanto, uma necessidade que os trabalhadores responderam de forma
exemplar. Invertendo a lógica da estrutura sindical implementada por Vargas,
unificamos nossas bases. Evitamos o isolamento e aumentamos nossa capacidade de
luta.

Se por um lado houve um amplo entendimento da necessidade de aglutinar forças
e unificar as categorias em nossa base, por outro esta condição não se apresenta
para diversas categorias existentes em todo o país. A estrutura sindical
engessada pela unicidade sindical, submetida ao poder normativo da Justiça do
trabalho e sustentada pelo imposto sindical, de maneira geral impede que os
trabalhadores possam definir com liberdade e autonomia a maneira de como querem
se organizar e em quais entidades querem ser filiados.

São poucas as experiências bem sucedidas de um sindicalismo forte e enraizado
na base. Hoje, existem aproximadamente 12 mil sindicatos no país, demonstrando
que a pulverização sindical é um fenômeno que apesar da unicidade sindical vem
aumentando, inflando a estrutura sindical sem que isso signifique um aumento na
representatividade dos sindicatos. São mais sindicatos e menos trabalhadores
sindicalizados. Na prática, sindicatos fragilizados dependentes cada vez mais do
imposto sindical.

É preciso inverter essa lógica, buscando cada vez mais a unificação dos
sindicatos em entidades mais representativas, fortes e com organização por local
de trabalho. É, portanto, imprescindível que a reforma sindical proposta pelo
Fórum Nacional do Trabalho, antiga reivindicação da CUT, seja levada o quanto
antes ao Congresso brasileiro para que seja votada e sancionada de acordo com a
vontade expressa dos trabalhadores nas discussões do FNT.

São experiências como a dos químicos e plásticos de São Paulo e região que
nos incentiva cada vez mais a lutar contra essa estrutura que impede a livre
organização dos trabalhadores. A luta dos trabalhadores e trabalhadoras de nossa
base é antes de tudo um exemplo a ser seguido e valorizado. Soubemos ultrapassar
nossas diferenças solidificando o que temos de melhor entre nós, que é a a
solidariedade!

Essa solidariedade que nos une e revigora que precisamos levar aos demais
trabalhadores, transformando o Brasil numa sociedade mais participativa e
transformadora de seu destino, na construção de um país mais justo e mais igual,
na construção de um mundo melhor para todos.

Parabéns a essa categoria que nesses dez anos de caminhada tornou-se numa das
mais belas experiências de organização da classe trabalhadora!


Matéria publicada na Revista Especial 10 anos de Unificação, de
10/09/2004