Ato por Diretas-Já reúne 100 mil em Copacabana, segundo organizadores

Artistas, políticos e movimentos esquerda fizeram um ato na praia de Copacabana, neste domingo (28), pedindo a saída do presidente Michel Temer e eleições diretas.

Durante as apresentações de Caetano Veloso e Milton Nascimento, os organizadores estimam que havia 100 mil presentes. A polícia não divulga estimativa de público.

Caetano descreveu o ato como um momento importante da história do Rio de Janeiro e pediu a saída de Temer repetidas vezes. Ao longo da tarde, passaram pelo palco Martnalia, Maria Gadú, Criolo e outros.
O ato foi organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem grupos sindicais e movimentos de esquerda.

O ator Wagner Moura comandou a manifestação, chamando ao palco artistas e fazendo pronunciamentos.

Quando nossos netos perguntarem onde estávamos neste dia, diremos que estávamos na praia, ouvindo música boa e lutando pela democracia do nosso país, disse.

Além de clamarem por diretas e Fora Temer, os músicos “mandaram recado” por meio das canções escolhidas. Otto, Mart’nalia, Teresa Cristina e Mosquito cantaram, entre outras canções,”É”, de Gonzaguinha – “É! / A gente não tem cara de panaca / A gente não tem jeito de babaca”.

Caetano cantou músicas como “Podres Poderes” (“Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos / E perdem os verdes / Somos uns boçais”); “Divino Maravilhoso” (“É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte”).

E fizeram trocadilhos com as letras: Otto, Mart’nalia, Teresa Cristina e Mosquito cantaram “Madalena do Jucu”, de Martinho da Vila, invertendo o sentido do refrão e trocando Madalena por Temer. Ficou assim: “Eu vou falar pra todo mundo / Vou falar pra todo mundo / Que eu não quero você”.

Os artistas também se manifestaram contra reformas propostas pelo governo.

O ato estava marcado para às 11h e seu início foi marcada por falas de parlamentares da oposição e representantes de movimentos de esquerda.

O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), um dos autores de pedidos de impeachment de Temer, pediu união de esquerda e direita para pressionar pela renúncia e contra eleições indiretas.

“Não é razoável que um Congresso que elegeu como seu presidente da Câmara o Eduardo Cunha escolha no nosso lugar. Nosso desafio é unir o país”, disse.

Guilherme Boulos, um dos coordenadores do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), também classificou o ato como histórico.

“No dia 27 de novembro de 1983 houve o primeiro grande ato que deu início ao movimento Diretas-Já, que derrotou a ditadura militar. Em 28 de maio de 2017 tem início um novo grande movimento nacional. É sinal de que a democracia política nunca é estável se não há democracia econômica e social”, disse.

Pelo PSOL, falou o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), pelo PC do B, a deputada federal Jandira Feghali e pelo PT, Washington Quaquá, presidente do partido no Rio. Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também estavam presentes.

O público do ato misturava militantes de centrais sindicais, com bandeiras de CUT e sindicatos, jovens e famílias.

Após críticas e pressões, Temer revoga convocação das Forças Armadas

Um dia após convocar as Forças Armadas pela Garantia de Lei e Ordem (GLO) em uma atitude desproporcional durante a manifestação contra o seu governo e por Diretas Já, o presidente Michel Temer revoga o decreto.

O anúncio aconteceu na última quinta-feira (25) depois de fortes críticas por parte da oposição. Representantes de partidos e de movimentos sociais foram até o Supremo Tribunal Federal para conversar com a ministra Carmem Lúcia.  Também foi redigida uma carta-denúncia à ONU, assinada por diversas personalidades, pedindo o envio de observadores internacionais para observar violações aos direitos humanos cometidos pelo governo.

Temer é denunciado na ONU por reprimir manifestação e por chacina no Pará

Na tarde desta quinta-feira (25), as deputadas federais Maria do Rosário (PT-RS), Luiza Erundina (PSOL-SP) e o deputado federal Paulão (PT-AL) entregaram ao coordenador residente do Sistema das Nações Unidas (ONU) no Brasil, Niki Fabiancic, documento que relata violações de direitos humanos ocorridas no governo Temer.

A carta-denúncia centra-se nas repressões ocorridas no ato em Brasília, no Decreto autorizando o uso das Forças Armadas – revogado, posteriormente – e na chacina do sul do Pará, ambos os casos ocorridos na última quarta-feira (24). O texto assinado por parlamentares, artistas, entidades e sociedade civil pede que a ONU envie observadores internacionais para averiguação dos fatos.

“O governo Temer utilizou as Forças Armadas e o Estado contra o povo brasileiro, a liberdade de manifestação, de organização e de expressão de um povo”, afirmou Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS) e ex-ministra dos Direitos Humanos. Segunda ela, no plano da denúncia internacional este é apenas o primeiro passo.

O coordenador da ONU no Brasil se comprometeu em enviar o documento para o Alto Comissariado das Nações Unidas em Genebra para que sejam investigadas as violações de Direitos Humanos. A carta, endossada por sindicatos, movimentos sociais, artistas e intelectuais, estará disponível na internet para que brasileiros e brasileiras possam assinar. O processo de coleta de assinaturas ainda está em aberto.

Confira íntegra do documento:

Ao Alto Comissariado das Nações Unidas, Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e entidades defensoras de Direitos Humanos do Brasil e do mundo

Considerando que os direitos à vida, à liberdade, à segurança e à integridade física e mental são constitutivos do sistema nacional e internacional de proteção aos Direitos Humanos e se situam em posição hierárquica suprema no rol dos direitos fundamentais, servindo como alicerce a todos os demais direitos;

Considerando o disposto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, promulgado no Brasil pelo Decreto nº 594, de 6 de julho de 1992, especificamente em seus Arts. 6º, 7º e 19º, e na Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, promulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991;

Considerando a Constituição Federal em seu art. 5º, incisos IV, IX, XVI, que asseguram os direitos humanos de reunião e de livre manifestação do pensamento a todas as pessoas pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Considerando a Resolução 06 de 2013 do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que dispõe sobre recomendações para garantia de direitos humanos e aplicação do princípio da não violência no contexto de manifestações e eventos públicos, bem como na execução de mandados judiciais de manutenção e reintegração de posse;

Destacando a nota de repúdio emitida em 24 de maio de 2017 pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos do Brasil (em anexo), relatamos o que segue;

Cidadãs e cidadãos brasileiros de várias faixas etárias e de todo o território nacional, integrantes de movimentos sociais e sindicatos de todo Brasil se reuniram durante a manhã de 24 de maio em frente ao estádio Mané Garrincha e seguiram em uma marcha pacífica rumo à Esplanada dos Ministérios, centro do poder político do país. Esta manifestação, convocada contra as reformas previdenciária e trabalhista em curso no Congresso Nacional, e que recentemente inseriu dentre suas reivindicações as eleições diretas para a Presidência da República, foi duramente reprimida como há tempos não se via num Estado que se afirma democrático.

A marcha transcorria pacificamente, com bandeiras multicoloridas, músicas e expressões criativas da cultura brasileira, até que policiais do Governo do Distrito Federal e da Força Nacional, com um aparato gigantesco e jamais visto no período pós-ditadura, impediram a instalação do ato.

As agressões indiscriminadas aos manifestantes, inclusive contra mulheres, crianças e idosos se deram de diversas formas, desde cassetetes, uso da cavalaria, spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, balas de borracha, helicópteros e até mesmo o emprego de armas de fogo.
Atitude criminosa que resultou em 49 feridos notificados em atendimento hospitalar. Ao agirem indiscriminadamente e sem controle, as forças de segurança feriram pessoas que exerciam seu direito de expressão e manifestação, ou trabalhavam na cobertura dos atos, como jornalistas e cinegrafistas.

Deputadas (os) federais e senadoras (es) que participaram do ato também foram alvo da repressão e tiveram obstruída sua atribuição constitucional, não sendo ouvidos pelo comando das forças repressivas no local para que cessassem a violência.

Após a lamentável atuação dos agentes do Estado, o presidente Michel Temer editou o Decreto de 24 de maio de 2017, que instituiu a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), autorizando às Forças Armadas atuarem na repressão à liberdade de manifestação em Brasília.

Além disso, a decisão é arbitrária por não observar pressupostos legais para uso da medida, como a necessária comprovação do esgotamento de todos os instrumentos destinados à preservação da ordem pública, e não informou ao governador do Distrito Federal sua decisão, estabelecendo que durante oito dias, ficaria à cargo do Ministério da Defesa definir a área de atuação das Forças Armadas.

Os relatos de violações de Direitos Humanos se multiplicam no Brasil. No mesmo dia em que a barbárie foi praticada por agentes do Estado em Brasília, dez trabalhadores rurais foram mortos no município de Redenção, no Pará, também em uma ação da Polícia Militar, totalizando 36 pessoas assassinadas em conflitos fundiários no campo apenas em 2017.

Em paralelo, observamos um desmonte progressivo das estruturas do Estado responsáveis pela mediação de conflitos no campo e de apoio aos trabalhadores rurais e minorias, como por exemplo, na extinção da Ouvidoria Agrária, recriada posteriormente com estrutura precarizada.

Este cenário de intensificação nas violações de Direitos Humanos no Brasil é de conhecimento da comunidade internacional. Em maio deste ano, durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, na apresentação do relatório do governo brasileiro para a Revisão Periódica Universal, 119 países fizeram mais de 200 recomendações sobre temas relacionados aos Direitos Humanos no Brasil.

Desta maneira, apresentamos esta denúncia e conclamamos a Organização das Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos e a comunidade internacional a repudiar a postura autoritária e desmedida do Governo Brasileiro, encaminhando ao país os Relatores Especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU nos temas relacionados ao objeto dessa denúncia.

Solicitamos ao Alto Comissariado da ONU, uma visita in loco para análise das graves violações dos direitos humanos.

Assinam:
Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS) e ex-Ministra Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Luiza Erundina de Sousa – deputada federal (PSOL-SP)
Paulão, deputado federal (PT-AL)
Aly Muritiba – cineasta
Ana Júlia Ribeiro – estudante secundarista
Ana Moser – empreendedora social
Ana Petta- Atriz
Ana Paula Siqueira – RP e social media 
Andréa Castello Branco – jornalista 
Andrea Nathan – jornalista
Bernardo Cotrin – Fórum 21
Bianca Comparato – atriz
Breno Bergson – advogado
Bruno Garcia – ator
Bruno Monteiro – jornalista, produtor e ativista de Direitos Humanos
Bruno Trezena – jornalista 
Carlos Zarattini, líder da bancada de deputados federais do PT (PT-SP)
Carolina Kasting – atriz
Central de Movimentos Populares (CMP)
Central dos Trabalhadores do Brasil 
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil 
Central Única dos Trabalhadores
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ)
Coletivo Juntos
Dandara Tonantzin – Enegrecer
Danielle Freitas Kattah – produtora
Daniel Filho – produtor e diretor de cinema
Danilo Moreira – Gestor Público
David Miranda- Jornalista Vereador
Débora Lamm – atriz
Edmilson Rodrigues, deputado federal (PSOL-PA)
Efraim Neto – Jornalista
Fabio Malini – professor Labic/Ufes
Fátima Bezerra, senadora (PT-RN)
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
Fernanda Takai – cantora
Fernando Sato – ativista e jornalista
Flávia Lacerda – direção audiovisual
Flávia Gianini – jornalista 
Flávio Renegado – Músico
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
Fora do Eixo
Gabriella Gualberto – jornalista 
Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ)
Glória Médici – professora Ifes
Guta Nascimento – jornalista
Helena Petta – médica
Henrique Fontana – Deputado Federal 
Herson Capri – ator
Hugo Cesar – Ativista
Iriny Lopes, ex-Ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República
Ivan Valente, deputado federal (PSOL-SP)
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Jandira Feghali, deputada federal (PCdoB-RJ)
Jean Wyllys, deputado federal (PSOL-RJ)
Joanna Maranhão (atleta)
Kátia A.S.Brenicci – advogada
Laís Bodanzky – cineasta
Léo Casalinho – ativista
Leoni – músico
Leonardo Boff – teólogo
Levante Popular da Juventude
Lucia Helena – psicóloga
Luiz Couto – deputado federal (PT-PB)
Macaé Evaristo – professora
Maeve Jinkings – atriz
Manno Góes – músico
Manuela Davila – jornalista, Deputada Estadual
Marcia Miranda – professora e fundadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis
Márcio Jerry – Jornalista, presidente PCdoB MA, Secretário Estado Comunicação/Maranhão
Margarida Barbosa – professora
Margarida Salomão – deputada federal (PT-MG)
Maria de Fátima Mendonça- Enfermeira
Maria do Pilar Lacerda – educadora
Marilena Garcia- educadora
Marcia Tiburi – professora de filosofia
Maximiliano Nagl Garcez – advogado sindical 
Mônica Martelli – atriz
Monique Prada – trabalhadora sexual, escritora, CUTS
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)
Movimento Quero Prévias
Naná Rizinni – musicista e produtora musical
Olivia Byington – cantora
Orã Figueiredo – ator
Padre João, deputado federal (PT-MG)
Patricia Pillar – Atriz
Paulo Paim – senador (PT-RS)
Paulo Pimenta – jornalista e deputado federal
Pedro Henrique França – jornalista e roteirista
Pedro Tourinho – médico, vereador em Campinas
Pepe Vargas – deputado federal (PT-RS) e ex-Ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Rafael Dragaud – Diretor
Renan Quinalha – advogado
Roberta Calza – atriz
Rodrigo Cebrian – diretor
Rosana Maris- Atriz e Produtora Cultural
Sâmia Bonfim – vereadora em São Paulo 
Sérgio Mamberti, ator
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
Tamara Naiz – Pesquisadora e Presidente da ANPG
Thadeu de Mello e Silva – advogado
Thássia Alves – jornalista
Tico Santa Cruz – artivista
União da Juventude Socialista (UJS)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
Vanessa Grazziotin, senadora (PCdoB-AM)
Vinicius Cascone – Advogado
Wadih Damous, deputado federal (PT-RJ)
Wallace Ruy – Atriz
Wagner Moura – ator 
Warley Alves – ativista e produtor cultural
Wolney Queiroz – Deputado Federal PDT-PE
Zé Geraldo, deputado federal (PT-PA)
Zélia Duncan – cantora

Violência tenta encobrir manifestação histórica, diz Frente Brasil Popular

Brasília viu hoje uma das maiores manifestações de sua história, avalia o  coordenador da Frente Brasil Popular (FBP), Raimundo Bonfim. Para ele, a forte repressão policial, a convocação do aparato militar e a produção de cenas de violência e barbárie tiveram a finalidade de encobrir, pelos meios tradicionais de comunicação, uma grande e vitoriosa mobilização popular. “A Frente Brasil Popular repudia veementemente o uso de repressão policial e das Forças Armadas que agrediu milhares de brasileiros e brasileiras dentre os 200 mil que participaram da Marcha da classe Trabalhadora, organizada com unidade de todas as centrais sindicais e com a participação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo”, afirmou em nota a organização.

“O uso das Forças Armadas, de bombas de gás lacrimogêneo e bala de borracha demonstra a atual fraqueza do governo de Michel Temer e seus aliados, ainda mais instável após as inúmeras denúncias de corrupção que envolvem o próprio presidente.”

De acordo com Raimundo Bonfim, que atendeu ao telefone numa região próxima à rodoviária, no Plano Piloto, para onde tiveram de recuar os caminhões, o local tinha ainda muita gente, inclusive crianças, que nem manifestante é. “E as bombas não param.” Segundo ele, há dificuldade de comunicação, os sinais de internet e celular estão difíceis. “Desde a primeira vez que pisei em Brasilia, em 1989, nunca vi uma manifestação tão grande. Muito menos uma repressão tão pesada”, afirmou.

Para a FBP, as Forças Armadas rebaixaram o seu papel ao servir de instrumento político para um “governo moribundo” e atacar indiscriminadamente dezenas de milhares de brasileiros. A organização acredita que alguns poucos infiltrados no movimento pacífico com a finalidade de provocar a repressão militar. “Sem forças, sem apoio popular e vendo sua base golpista pular do barco, Temer criminaliza e persegue os movimentos sociais”, observa a entidade que reúne dezenas de movimentos sociais. “Fomos às ruas hoje para exigir a saída do presidente, eleições diretas e a retirada das reformas da previdência e trabalhista e serão as ruas os nossos espaços sociais de luta até a derrubada de Temer e sua pauta de retirada de direitos.”

Congresso protesta para garantir democracia

Vários deputados de oposição se retiraram do plenário da Câmara nesta quarta (24), em protesto ao decreto presidencial que determinou a atuação das Forças Armadas em Brasília até o final do mês, por meio do instrumento de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A iniciativa foi seguida por parlamentares de vários partidos, inclusive dos que  integram a base aliada do governo.   

O deputado Bebeto (PSB) pediu que o decreto seja revisto e disse que os deputados não devem reconhecer quem o encaminhou, numa referência ao presidente Michel Temer. O deputado Alessandro Molon (Rede) acrescentou que o correto seria que enquanto Brasília estivesse sobre as regras de GLO, o Congresso não funcionasse. “Nosso gesto é pela restauração da democracia no País e diante de um gesto antidemocrático como este, deveríamos parar todos os trabalhos”.  O deputado lembrou ainda que, ao contrário da Câmara, o Supremo Tribunal Federal (STF), cancelou a sessão de julgamentos que estava em curso, assim que soube da assinatura do decreto.

O Senador Renan Calheiros (PMDB) qualificou a atitude de Temer como insensata e irresponsável. “Se esse governo não se sustenta, não serão as Forças Armadas que vão sustentar esse governo”, disse 

 

* Com informçaões da Rede Brasil Atual

Temer convoca Exército e é criticado por Renan Calheiros

Completamente sem rumo o governo Temer convoca o Exército para barrar manifestações populares, legítimas e pacíficas e é criticado até por sua base governista. Renan Calheiros (PMDB) disse na tarde de ontem (24) no Senado:  “Beira à insensatez, beira à irresponsabilidade” convocar o Exército como fez Michel Temer…um governo com essa rejeição não pode transferir o seu problema para o Congresso Nacional”, disse Calheiros, segundo o qual é impossível enfiar goela abaixo do trabalhador as reformas trabalhista e da Previdência.

Calheiros disse ainda: “Se esse governo não se sustenta, não serão as Forças Armadas que vão sustentar”. O senador  lembrou ainda, em seu discurso, que em 1964, antes do golpe militar, Auro de Moura Andrade chamou uma liderança do Exército e perguntou se ele conhecia o artigo 142 da Constituição, que não previa o uso de soldados para reprimir a população.

Clamor por Diretas ecoa em todo o País, apesar da repressão

O governo Temer bem que tentou abafar a voz do povo mas não conseguiu.  Mais de 200 mil trabalhadores se reuniram em Brasília nesta quarta (24) para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária,  para exigir a saída de Temer e por eleições “Diretas já”.

Temer, que é investigado por corrupção, respondeu às manifestações pacíficas, com repressão policial. “Trabalhadores de todo o País se reuniram pacificamente, num exercício de democracia, para pedir mudanças. E Temer respondeu com bombas de gás”, relatou Osvaldo Bezerra, coordenador geral do Sindicato, que acompanhou uma comitiva de trabalhadores químicos no protesto.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, avaliou a marcha como uma das maiores já vista em Brasília e anunciou uma nova greve geral, ainda maior do que a realizada em 28 de abril.  Para Freitas, a luta da CUT e dos sindicatos tem sido fundamental para evitar retrocessos e garantir a democracia. “Se não conseguem entregar nossos direitos e discutir uma ditadura no Brasil é porque tem a CUT e seus sindicatos fazendo a luta. Essa foi a maior marcha da história dos trabalhadores no Brasil reunimos  mais de 200 mil por diretas”, avaliou.

No domingo, 28 de Maio, acontece mais uma grande manifestação no Rio de Janeiro, um showmício, com o apoio de inúmeros artistas, em defesa da democracia e por “Diretas já”.  

Temer nas cordas – Incapaz de responder democraticamente às mobilizações e sem respaldo moral e político, o golpista Temer baixou uma AGA (Ação de Garantia da Ordem) autorizando o Exército a fazer a segurança do Distrito Federal até o dia 31 de maio, provável dia da votação da Reforma Trabalhista, em episódio que remonta aos tempos obscuros da ditadura militar.

Mais de 200 mil trabalhadores ocupam Brasilia

Caravanas de trabalhadores de diversos cantos do País, se reuniram em Brasilia, nesta quarta-feira (24) para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária e por “Diretas já”.

As mobilizações contra o governo golpista de Temer, que já eram grandes por conta do corte de direitos que seu governo quer impor aos trabalhadores,  cresceram ainda mais por conta das denúncias, comprovadas, de corrupção em seu governo. Temer é investigado e não tem mais como governar.    

Em resposta ao clamor das ruas por democracia Temer colocou a Força de Segurança Nacional nas ruas. Segundo o governo, “para garantir a lei e a ordem”. 

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, Temer mais uma vez mostra que é fraco e covarde. “Tão covarde que tentou esconder uma manifestação  pacífica de mais de 200 mil pessoas contra suas reformas neoliberais atrás de um nuvem de gás lacrimogêneo. É tão fraco que correu para se esconder atrás das Forças Armadas. Fora, fraco. Fora, covarde. Fora, Temer”.

Nota da CUT: Maior Marcha da história

 

 

O eixo monumental de Brasília foi tomado por 200 mil manifestantes que protestaram de forma pacífica contra as reformas trabalhista e da Previdência exigindo a retirada imediata das propostas do Congresso, recusaram o “golpe dentro do golpe” com eleição indireta de presidente, defenderam que a palavra tem que ser dada ao povo soberano em eleições diretas já!

A participação da CUT, em unidade com todas as centrais, foi importante para o sucesso do Ocupa Brasília.

Mas, quando o início da Marcha chegou próximo ao Congresso Nacional, o Estado mostrou sua falta de preparo para receber uma manifestação democrática e a polícia, mais uma vez, agiu de forma repressora como sempre faz em atos de trabalhadores e trabalhadoras, que hoje, em Brasília, exerciam seu legítimo direito de manifestação. Milhares de mulheres, e homens, jovens e crianças foram recebidos com balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Temer se aproveitou disso para invocar as Forças Armadas para a defesa da “ordem”, lembrando os piores momentos da ditadura militar.


A CUT e as demais centrais não vão esmorecer na luta em defesa dos direitos e da democracia, devendo reunir-se para discutir a continuidade da luta e, continuando a tramitar as reformas, adotar o chamado a uma nova greve geral maior do que paralisou o Brasil em 28 de abril.


A luta continua!
Nenhum direito a menos!
Fora Temer!
Diretas já!

“Derrubar reformas e conquistar Diretas Já são prioridade absoluta para a CUT”

CUT – Alçado por um golpe à condição de presidente da República, Michel Temer (PMDB) agora vive dias de agonia à frente de um governo moribundo por não ter sido capaz de acelerar a entrega de dois produtos fundamentais: a Reforma Trabalhista e a Reforma Previdenciária.

A avaliação é do presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, para quem os financiadores do golpe decidiram optar por alguém com maior popularidade (segundo pesquisa Datafolha de março deste ano, Temer é rejeitado por 55% dos brasileiros) e blindagem superior.

Portanto, explica Vagner, é mais provável que a escolha no caso da queda de Temer não seja pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ou do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), mas mire a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, que se reuniu no início de maio com empresários para discutir reformas.

Diante desse cenário, o dirigente aponta que o foco da luta da classe trabalhadora deve ser, em primeiro lugar, derrubar as reformas e, depois, a realização de eleições diretas com a participação do povo. E aponta que há clima para nova Greve Geral.

Para ele, somente esse cenário seria capaz de reestabelecer a democracia e a confiança na frágil conjuntura política e econômica. Confira abaixo a entrevista:

Qual peso dos atos no próximo dia 24, em Brasília, para a retomada da democracia? 
Vagner Freitas – 
O dia 24 não é o fim de uma trajetória, mas dá continuidade à nossa luta. Fizemos uma grande Greve Geral, os atos de domingo foram bons e o dia 24 já tinha sido chamado antes mesmo da gravação da JBS comprometendo o Temer.

Porém, as manifestações, é bom frisar, são focadas na proposta do governo das reformas Trabalhista e Previdenciária. Esse é o ponto central dos atos do dia 24. Claro, também iremos defender as Diretas Já, o Fora Temer e a assembleia nacional Constituinte. Mas o que dá unidade a esses protestos é a questão da retirada das propostas.

O trabalhador precisa entender que o motivo de uma parcela da direita brasileira, junto com a mídia, de querer colocar e agora tirar o Temer é pura e simplesmente para fazer reformas. A parcela da mídia e da direita que agora quer o fim do governo Temer é porque não tem condições de entregar o produto, fazer as reformas. E quer colocar no lugar dele qualquer um que seja, de maneira indireta, um outro que venha a fazê-las.

Por isso as reformas e as Diretas Já estão absolutamente juntas. Se você tem o Fora Temer e eleição indireta, significa que as reformas continuam, causando um grande prejuízo, tanto para o Estado brasileiro, quanto para os trabalhadores e a economia. O dia 24 se reveste de maior importância por conta da conjuntura política que vivemos.

O trabalhador não pode aceitar o golpe dentro do golpe. Quando pensa ‘por que ao invés de só discutir nossos direitos vai lá discutir política?’ Porque uma coisa ter a ver com a outra. Se consegue colocar o Temer para fora, mas adotam a eleição indireta, as reformas Trabalhista e da Previdência passam.

Conseguimos barrar isso até agora, então, temos que continuar construindo, mobilizando, acredito em um ato de muita gente, mas precisa dar continuidade. Temos que estar em luta até alcançarmos as eleições diretas, porque é a chance que temos de eleger presidente e um Congresso Nacional que não seja aliado a quem quer fazer as reformas.

A CUT dialoga constantemente com seus interlocutores no Congresso. Como está hoje a situação do parlamento em relação às reformas?
Vagner –
 A agenda das reformas continua e amanhã pela manhã a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) vai discutir no Senado a Reforma Trabalhista. Esperamos que a oposição consiga obstruir esse tema. Querem fazer à revelia do povo, mas 90% dos brasileiros são contra. Por isso é importantíssimo o ato e a participação de todos.

A situação do Temer cria condições para uma nova Greve Geral?
Vagner –
 Cria. A Greve Geral é atrelada às reformas. Fizemos dia 28 e podemos fazer outra porque estamos dizendo que não vamos aceitar o ataque aos direitos trabalhistas e à aposentadoria. Claro que hoje a Greve Geral também acrescentaria a bandeira pelas Diretas Já. Ou conseguimos barrar as reformas ou teremos, inevitavelmente, outra Greve Geral.

A CUT cobra, em caso de saída de Temer, eleições diretas, mas isso depende de mudança constitucional ou da cassação da chapa Dilma-Temer. Qual você acha o caminho mais viável?
Vagner –
 O primeiro artigo da Constituição diz o poder emana do povo e em nome dele deve ser exercido. E o povo quer votar. Há uma proposta do deputado Miro Teixeira que defende esse caminho, do voto popular, mas o importante é sairmos da crise.

O Brasil precisa ter uma luz no fim do túnel, o país precisa voltar a crescer, ter desenvolvimento, parar o desemprego, parar essa bandalheira política. Como um golpista indiciado manda uma proposta de retirada de direitos para um Congresso majoritariamente corrupto? Não cabe isso.

A única forma de voltarmos à normalidade política é com um governo que tenha credibilidade e legitimidade. Para isso precisa ser eleito e precisa também fazer a eleição de um novo Congresso Nacional. Porque não adianta fazer a eleição do presidente da República no Congresso que está aí. Nossa proposta é eleição geral e Constituinte para fazer a reforma Política.