Alimentos contaminados por agrotóxicos

Cerca de 40% do tomate, do morango e da alface apresentaram vestígios irregulares de defensivos, segundo informações do relatório do Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), divulgado em 23/04/08, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Outros seis alimentos que “estão regularmente na mesa do consumidor brasileiro” também foram analisados em 2007 e registraram resíduos irregulares de defensivos agrícolas: banana (4,3%), batata (1,36%), cenoura (9,9%), laranja (6%), maça (2,9%) e mamão (17,2%).

Das 1.198 amostras analisadas, 207 apresentaram resultados insatisfatórios, ou seja, mais de 17% do total de alimentos continha resíduos de agrotóxicos não autorizados ou acima do limite máximo permitido. Os casos mais preocupantes são as culturas de morango (com 43,6% de contaminação), de tomate (com 44,7%) e de alface (com 40%).

Entre as substâncias encontradas nos alimentos estão ingredientes ativos de diversos tipos de agrotóxicos, como endossulfam, acefato e metamidofós, que, de acordo com a Anvisa, são conhecidos pela neurotoxidade e riscos de desregulação endócrina e toxicidade reprodutiva.  Ainda mais grave foi a detecção de monocrotofós na cultura de tomate, que em virtude de sua elevada toxicidade aguda, está proibido no Brasil desde 2006.

Uma portaria da agência de fevereiro deste ano determinou a reavaliação toxicológica desses e de outras 11 ingredientes ativos, que pode, inclusive, resultar na proibição do uso dessas substâncias nas lavouras brasileiras.

Os resultados serão encaminhados ao Ministério da Agricultura, órgão responsável pela fiscalização das lavouras e ao qual cabe tomar as ações dirigidas aos produtores. O uso do monocrotofós foi denunciado à Polícia Federal e ao Ministério da Agricultura.

O programa passa a acompanhar, a partir deste ano, oito novas culturas: abacaxi, arroz, cebola, feijão, manga, pimentão, repolho e uva.    

Mais informações sobre o assunto:  www.anvisa.gov.br

A perversidade do fator previdenciário

 

O plenário do Senado aprovou, na última quarta-feira (09/04), o Projeto de Lei do Senado (PLS) 296/03, de autoria de Paulo Paim (PT-RS), que acaba com o chamado “fator previdenciário” e resgata os critérios anteriores para conceber as aposentadorias.

Segundo Paim, o mecanismo imposto durante o governo Fernando Henrique estabelece uma série de fatores para calcular o valor das pensões, como a expectativa de sobrevida, a idade e o tempo de contribuição, obrigando os trabalhadores a se aposentar mais tarde para não perder rendimentos (que podem chegar a 40%) e penaliza as pessoas mais humildes, que começam a trabalhar mais cedo e em serviços mais pesados.

No aspecto social, é perverso, pois, ao privilegiar a aposentadoria por tempo de contribuição tardia e punir, drasticamente, a considerada precoce, penaliza, sobremaneira, aqueles que começaram a trabalhar cedo, na maioria trabalhadores de menores rendimentos. De fato, esses trabalhadores certamente não adiarão o início de sua aposentadoria em função de valores maiores, no futuro, proporcionados pelo fator previdenciário”, afirmou o senador.

Como sofreu alterações, a matéria retornará à Câmara dos Deputados. Na mesma noite, os senadores aprovaram também, por unanimidade e em votação simbólica, o projeto (PLC 42/07) que estabelece as regras para o aumento do salário mínimo.

O projeto partiu de acordo entre governo e Centrais e prevê um aumento anual de não menos que a inflação acrescida do percentual de aumento do PIB de dois anos antes. Foi aprovada também uma emenda apresentada pelo senador Paulo Paim, estendendo o aumento para os aposentados do INSS que recebem mais de um salário mínimo.

A decisão de elevar o juro empurrou o Brasil de volta ao topo da lista

Assistimos nos últimos anos a duas formas de transferência de renda bastante diferentes. Uma para os pobres e outra para os ricos. Talvez a mais conhecida seja o Bolsa-Família, que transfere cerca de 9 bilhões de reais para 11 milhões de famílias, e por isso vem sendo muito atacado pela direita. A outra  é o pagamento da Dívida Pública, que repassou 150 bilhões de reais para 70 mil famílias (só no ano de 2007), conforme estudo do professor Marcio Pochmann, da Unicamp. Isto significa que cada família rica recebeu dos cofres públicos cerca de 2 milhões de reais, enquanto no programa dos pobres o repasse foi em média de 80 reais por família. Esse disparate se deve a taxa de juros da dívida pública  (selic) que remunera as aplicações financeiras e que engorda a elite parasitária deste País.

As Centrais Sindicais, que no dia anterior à reunião do Copom assinaram nota conjunta contra o aumento dos juros, condenaram a decisão. “Juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Elevá-los ainda mais seria impor novos obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização dos trabalhadores. Imporia redução no ritmo de geração de empregos. Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, “É lamentável que o Copom tenha desprezado a vontade da imensa maioria da sociedade”, repudiou.

A elevação da taxa básica de juros de 11,25% para 11,75% ao ano, anunciada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi repudiada por trabalhadores, movimentos sociais e outros setores da sociedade. Com o aumento de 0,5% em termos reais – descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses – o Brasil se isola na liderança mundial com taxa de 7,1%, deixando para trás a segunda colocada, Turquia, com 5,6%.

O Banco Central, ao anunciar o aumento na taxa de juros (taxa Selic), mandava uma mensagem aos futuros investimentos: a de que a ampliação da produção e o conseqüente aumento da oferta de emprego de carteira assinada podem ser subordinados aos interesses do capital especulativo, ou seja, é muito mais seguro continuar tendo o seu capital valorizado pelos juros da Dívida Púbica do que gerar mais emprego e aumentar o consumo.

Portanto, essa medida ortodoxa do Banco Central de aumentar os juros para conter a inflação (como se não existissem outras maneiras de controlar a inflação, como, por exemplo, o controle das importações) engorda os bolsos da elite parasitária e lança à sorte milhões de brasileiros, por meio do aumento do desemprego. Não é possível que dentro de um governo que lutamos muito para eleger, a direta conservadora e parasitária continue privilegiando interesses de uma minoria em detrimento de toda uma nação.

Apagão na administração tucana

Fica cada vez mais claro o completo fiasco da gestão tucana, depois de mais de 12 anos no poder em São Paulo. O mais recente foi o cancelamento do leilão da CESP – a privatização em si já seria um crime contra o patrimônio público, mas ficou ainda pior com a falta de comprador devido ao estado de calamidade da empresa estadual. Nesse período em que estão no Palácio dos Bandeirantes, tucanos e democratas demonstraram que querem mesmo é acabar com o patrimônio que pertence não ao governo, mas aos paulistas. As privatizações feitas ao longo de período foram recheadas de problemas, mas as investigações sempre impedidas pela tropa de choque governista na Assembléia Legislativa.

O que revela ser o maior fiasco tucano é a situação da produção de energia elétrica no Estado. Há anos sem nenhum investimento no setor, os paulistas se deparam com a possibilidade de sofrerem apagões, como os ocorridos nos últimos dias em vários bairros da Capital ou explosões seguidas de incêndio, no bairro de Pirituba e no município de Guarulhos na semana passada, por conta da sobrecarga de energia.

Veja mais informações na http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1604200802.htm

Alta dos alimentos: 'inflação boa'

Notícia que assusta o mundo nos últimos dias é a alta da inflação por conta da elevação dos preços dos alimentos. Para o presidente Lula é uma boa inflação e convoca os países a produzir mais para atender a demanda que cresce a cada dia no mundo. Segundo Lula esse aumento da demanda é porque os pobres estão conseguindo comer.

“Ora, na medida em que mais gente começa a comer carne, produtos de soja, trigo… se a produção de alimentos não aumentar, obviamente que nós vamos ter inflação”, conclui o presidente. Veja mais sobre a fala do presidente …

Ao contrário do que afirma o presidente do Banco Mundial que aponta como causa da inflação o aumento da produção de biocombustíveis, nos EUA, na Europa e também no Brasil acusa a inflação, o presidente Lula afirma que a alta nos preços indicam que é preciso produzir mais e que não se pode culpar os biocombustíveis. Veja mais sobre o assunto www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u391349.shtml

Rodada de Doha
Nesse momento de alta nos preços dos alimentos volta à tona a Rodada de Doha, cujo nome formal é “Agenda Doha de Desenvolvimento”, é a mais recente e a mais abrangente negociação para derrubar barreiras comercias entre os países, lançada em 2001, em um encontro da OMC (Organização Mundial do Comércio) no Qatar.

Em Doha, 142 países concordaram em realizar, até 2005, uma rodada para reduzir tarifas e subsídios e incentivar o comércio internacional, mas o acordo não saiu do papel.

A Rodada de Doha começou em Doha, e negociações subseqüentes tiveram lugar em Cancún (México), em 2003; Genebra (Suíça), em 2004; e Paris (França), em 2005.

A Rodada de Doha avançou pouco nas demandas tanto dos países ricos quanto do lado dos países em desenvolvimento, representados pelo G20 (grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia). Os países mais pobres querem a diminuição do arsenal protecionista do mundo rico para produtos agrícolas, em troca de concessões em desenvolvimento em bens industriais e serviços.

A Rodada Doha é fundamental para reduzir a desigualdade no processo de globalização.

Saiba mais sobre a Rodada de Doha acesse …. http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2007/06/21/entenda_o_que_e_a_rodada_de_doha_835245.html

Acesse também…

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/04/02/e_agora_ou_nunca_para_rodada_de_doha_diz_zoellick_1256308.html

O cenário econômico

O estouro da bolha imobiliária americana gerou a crise no mercado de crédito que passou a atingir a economia real do mais poderoso país do mundo. Os EUA estão atravessando um processo de estagflação (estagnação com inflação) cuja intensidade e duração é desconhecida.

A redução das taxas de juros e o pacote fiscal de US$ 150 bilhões do governo visam manter o mercado interno aquecido, mas vão no sentido oposto de uma solução de longo prazo para o país.

Seus fundamentos econômicos vêm se deteriorando desde o início do século, com déficits nas contas internas e externas superiores a 8% do PIB a cada ano. Isso significa que o povo americano tem vivido de forma artificial, gastando mais do que pode e sendo sustentado pelos países emergentes, que aplicam suas reservas em títulos do tesouro americano. Parece que esse processo chegou ao limite, com o estouro da bolha imobiliária.

O dólar deverá continuar a se desvalorizar perante as demais moedas e os preços das comodities, como única forma de restaurar o equilíbrio macro-econômico do país, que passa pela redução do consumo dos americanos.

Em paralelo a esse processo, os países emergentes fortalecem seus fundamentos econômicos, se livram das suas dívidas e acumulam reservas para enfrentar a crise internacional, que seria inevitável. Nos últimos três anos cresceram em média 7% ao ano, e os países desenvolvidos, 2,5%.

O Brasil não fugiu a essa regra, sobretudo a partir de 2003 quando reverteu o processo contínuo das perdas em suas contas externas e acumulou reservas suficientes para enfrentar a nova crise internacional. No início de 2003 nossas reservas eram de US$16 bilhões e agora atingem US$ 185 bilhões, nível equivalente ao de toda a dívida externa pública e privada do país.

Além disso, apostou suas fichas no fortalecimento do mercado interno e diversificou suas exportações, diminuindo a dependência das compras americanas e da possível redução no ritmo de crescimento de suas exportações.

O mercado interno vem reagindo bem aos estímulos do governo, em especial os reajustes no salário mínimo, a ampliação dos programas sociais e a introdução do empréstimo consignado (empréstimo com desconto em folha de pagamentos). Para os próximos anos o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) deverá contribuir para o desenvolvimento da infra-estrutura e da logística do país, ao mesmo tempo que injetará recursos na economia, apoiando o crescimento econômico. 

A questão em debate é quanto a crise americana poderá nos afetar. Estaríamos protegidos em face de uma possível queda nos preços de nossas commodities e do acirramento da concorrência internacional, que poderá reduzir nossas exportações? O mercado interno poderá compensar essas perdas?

Creio que estamos mais bem preparados para esse enfrentamento e o mercado interno tem espaço para crescer, caso o governo continue estimulando o consumo, como fez até agora.

Os riscos de inflação são baixos, pois a queda nos preços das commodities e o redirecionamento de parte da produção exportada para o mercado interno poderão garantir maior oferta de bens e serviços a preços mais reduzidos, o que permitirá, inclusive, a ampliação do consumo doméstico.

O sistema bancário brasileiro não se envolveu nos riscos dos empréstimos imobiliários americanos e acumulou lucros substanciais de dez anos para cá. As empresas nacionais também se capitalizaram e estão mais sólidas econômica e financeiramente.

De qualquer forma, é conveniente reforçar as políticas públicas de desenvolvimento econômico e social, especialmente diante de um quadro de incertezas quanto à dimensão e extensão dessa crise.

Amir khair é mestre em finanças públicas pela FGV e consultor, foi secretário de finanças na gestão petista de 1988 a 1992.