No encerramento do segundo trimestre, um em cada quatro desempregados, ou 3,347 milhões de pessoas, procurava trabalho há pelo menos dois anos, segundo o IBGE. Esse é o maior número para um período desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, em 2012. São 196 mil pessoas a mais em um ano. Em 2015, o total era de 1,435 milhão – em menos de quatro anos, mais que o dobro.
De acordo com o instituto, é um indicador com tendência de crescimento pela dificuldade da inserção no mercado de trabalho desde o início da crise econômica, em finais de 2014. “A proporção de pessoas à procura de trabalho em períodos mais curtos está diminuindo, mas têm crescido nos mais longos. Parte delas pode ter conseguido emprego, mas outra aumentou seu tempo de procura para os dois anos”, diz analista Adriana Beringuy, do IBGE.
Ainda segundo a pesquisa, 45,6% dos desempregados estavam de um mês a um ano atrás de um trabalho. Em seguida (26,2%), justamente os que mantêm essa busca há dois anos ou mais. Esse é um dos fatores que explicam o desalento, afirmam os pesquisadores. No segundo trimestre, a Pnad apontou 4,9 milhões de desalentados no país, gente que desistiu de procurar emprego, sendo 766 mil na Bahia e 588 mil no Maranhão.
A taxa de desalentados em relação à força de trabalho é de 4,4%, recorde da série. Chega a 18,4% no Maranhão e a 15,2% em Alagoas, caindo para 1,3% no Rio de Janeiro e 0,9% em Santa Catarina.
A dificuldade de encontrar trabalho influencia também na expansão da informalidade, diz o IBGE. O mercado brasileiro tem 19,4 milhões de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, 11,5 milhões de empregados sem carteira assinada e 873 mil empregadores sem CNPJ.
Desemprego
A população por conta própria corresponde a 25,9% do total dos ocupados. As maiores taxas são da região Norte: Pará (35,6%), Amapá (35,1%) e Amazonas (34,3%). As menores foram registradas no Distrito Federal (19,6%), Mato Grosso do Sul (20,9%) e São Paulo (21,7%).
A taxa de desemprego no país, no segundo trimestre, conforme divulgado em 31 de julho, foi de 12%, ante 12,7% no primeiro e 12,4% em igual período do ano passado. Também varia bastante conforme a unidade da federação: vai 6% (Santa Catarina) a 17,3% (Bahia). Em São Paulo, atingiu 12,8%. Do primeiro para o segundo trimestre, houve recuo em 10 unidades e estabilidade em 17. Na comparação anual, a taxa subiu em duas, caiu em três e ficou estável nas demais, mostrando uma situação de estagnação econômica com o desemprego em nível elevado.
A chamada subutilização da força de trabalho, que mostra pessoas que poderiam trabalhar mais, mas não conseguiram, chegou a 24,8%, variando de 10,7% (Santa Catarina) a 43,3% (Piauí).