Ataque à Previdência atinge os direitos fundamentais, afirmam especialistas

O Ministério Público Federal (MPF) e o coletivo Direitos Humanos, Centralidade do Trabalho e Marxismo (DHCTEM), da Universidade de São Paulo (USP), realizaram na tarde desta quarta-feira (28) o simpósio “A Reforma da Previdência Social na Perspectiva dos Direitos Humanos”.

O evento debateu o texto aprovado na Câmara dos Deputados e em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A intenção foi abordar o texto da reforma previdenciária sob várias perspectivas, incluindo as questões de gênero, orientação sexual, etnia e pessoas com deficiência, além das perspectivas econômica e fiscal, relações de trabalho e também sob o ponto de vista constitucional.

Para o procurador regional da República e coordenador do seminário, Walter Claudius Rothemburg, o direito à Previdência é superior a qualquer outro, inclusive ao direito à propriedade. “A Previdência faz parte do pacto que construímos em 1988 (com a Constituição Federal em vigor). Tirar esse regime (previdenciário) da órbita constitucional, a desconstitucionalização das normas, é comprometer a identidade da Constituição.”

Segundo sua interpretação, a Constituição de 1988 “funda” o Estado democrático de direito brasileiro e tem sua centralidade nos direitos fundamentais pontos fundamentais do pacto de 30 anos atrás. “Mexer com isso é atingir a centralidade dos direitos fundamentais. A Previdência é o núcleo desse conceito.” Rothemburg afirmou que delegar normas previdenciárias inerentes a esses princípios a leis ordinárias ou complementares, como a reforma está fazendo, é chamado há 200 anos de “fraude” na França.

A procuradora regional Eugênia Gonzaga apontou que, com a reforma, tornam-se ambíguos os direitos de pessoas com deficiência, que remete alguns critérios de avaliação a lei complementar (LC). “A qualquer momento podem dizer que (as pessoas) não têm mais direito.”

O professor do Departamento de Direito do Trabalho da USP Marcus Orione Gonçalves Correia, também coordenador do seminário, acredita que as reformas da Previdência, trabalhista e a do Código de Processo Civil fazem parte de um mesmo projeto. “Desorganizam todas as estruturas básicas da venda de trabalho de todo o processo produtivo.” Segundo ele, o país vive “o começo de uma nova era de escuridão. Se em seis meses os efeitos são tão deletérios, em anos serão impossíveis de ser apagados.”

Para ele, é um erro subestimar o presidente Jair Bolsonaro por sua eventual incapacidade política. “Vamos parar com esse negócio. Enquanto dizemos isso, eles fizeram a reforma da Previdência.” Com seus gestos, Bolsonaro só está “fazendo a propaganda dele”, disse Correia.

Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, diretor-presidente do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, defendeu a pressão sobre o Judiciário para reverter regras que serão implementadas pela reforma. Após a perda, pela esquerda, da luta no Congresso, o Judiciário “é uma arena legítima de debate”. Embora seja um erro apostar tudo no Judiciário, os setores progressistas devem “pressioná-lo de maneira institucional”.

Ele destacou que o Supremo Tribunal Federal é hoje uma corte neoliberal na economia, mas nos direitos das minorias tem adotado posturas progressistas, como ao decidir recentemente que discriminação por orientação sexual e identidade de gênero é crime, ao julgar constitucional a união homoafetiva (em 2011) e autorizar o aborto em caso de gestação de feto anencéfalo (2013), entre outros exemplos. “Quando formos ao Supremo, vamos todos juntos”, propôs Vecchiatti.

Para a defensora regional previdenciária Adriana Ribeiro Barbato, Defensoria Pública da União, a reforma é mais severa quando se analisam os princípios que ela viola, que são muito abrangentes. “É um retrocesso social, que infringe todos os direitos fundamentais: legalidade, direito adquirido, segurança jurídica. Fazia tempo que a gente não via algo assim.”

Na opinião de Karina Lopes, especialista em Direito Internacional da PUC-SP, a reforma visa a “manter o poder público e econômico aos homens brancos”. Considerando a população negra do país, do ponto de vista da população negra, já historicamente discriminada, as mudanças aprovadas podem ser entendidas como um “genocídio”. “A reforma extermina o futuro da juventude negra e é uma sentença de morte para quem trabalha na informalidade.”

Gênero e economia
Doutorando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social da USP, Júlia Lenzi afirmou que a reforma da Previdência é “misógina”, e uma “catástrofe social que condena não só esta geração, mas também a próxima”. Para ela, o texto aprovado na Câmara configura “perversidade contra as mulheres”. Ela comentou, por exemplo, a norma segundo a qual as mulheres precisarão chegar à idade mínima de 62 anos para se aposentar. “Qual critério para os 62 anos? Astrologia, cabala?”, ironizou. “Não há nenhum estudo técnico ou estatístico que justifique tal determinação.”

Vecchiatti apontou que, num país em que mulheres e negros, lésbicas e gays já são discriminados e sofrem traumas por isso, mesmo assim conseguem terminar escolas e faculdades, ao contrário das pessoas transsexuais. “Com a criança trans acontece de ela ser expulsa da escola e de casa. Tem que apelar à prostituição.” Se os trans têm direito de fazer de seu corpo o que quiserem, por outro lado, para a maioria deles, essa é a única possibilidade de trabalho e a reforma será mais violenta, ressaltou.

Do ponto de vista econômico, o professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da USP Flavio Roberto Batista afirmou que o atual sistema da Previdência brasileiro proporciona à população, principalmente a mais pobre, condições não só de se sustentar como promover o fluxo de dinheiro e incentivar a economia. Com a reforma, “esse fluxo de recursos vai ser diretamente direcionado para o mercado financeiro”. “Para que uma economia funcione, o dinheiro precisa circular e estar nas mãos de quem consome”, acrescentou.

Ele comentou sobre a possibilidade de a capitalização, retirada do texto aprovado, ser reintroduzida por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) paralela. “Quando se discute capitalização ou não, falamos do tamanho e da quantidade desses recursos. Mas que haverá direcionamento (ao mercado financeiro), está fora de questão.”

Sindicato dos Químicos realiza palestra sobre o alcoolismo na gravidez

O alcoolismo na gravidez traz sérios riscos para a saúde da gestante e também do bebê que pode nascer com SAF (Síndrome Alcoólica Fetal) e apresentar algum tipo de malformação.

O Sindicato abraçou essa causa e realiza uma palestra de conscientização no próximo sábado, 31, a partir das 9 horas, na sede (Rua Tamandaré, 348 – Liberdade).

O encontro contará com a participação do médico Dr. Arlindo Silveira, que vai falar sobre os efeitos do álcool na gestação e do coordenador-geral do Sindicato, Hélio Rodrigues, membro da Associação Antialcoólica do Estado de São Paulo.

Como na época da fundação, CUT completa 36 anos em meio à luta pela democracia

A CUT completa 36 anos com desafios semelhantes aos que enfrentou na época da sua fundação. Os cenários político e econômico de 1983 e 2019 impõem organização, mobilização e estratégias de luta contra o desemprego e os ataques aos direitos da classe trabalhadora.

Em 1983, com o país imerso em grave recessão, taxas de desemprego batendo recordes históricos, arrochos salariais, ditadura militar e muita repressão e opressão, mais de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade fundaram a Central Única dos Trabalhadores, a CUT.

Em 2019, a CUT realiza seu 13º Congresso Nacional da CUT (Concut), enfrentando desemprego recorde e o maior ataque aos direitos sociais e trabalhistas já vistos na história do Brasil. Desde que assumiu, há oito meses, o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL), não anunciou uma única medida em benefício da classe trabalhadora. Tudo, até agora, beneficia empresários, em especial do agronegócio.

“A CUT surgiu porque sabíamos que os sindicatos são extremamente importantes na vida dos trabalhadores e da democracia, mas também sabíamos que tinha que ter uma entidade com capacidade para liderar a organização de todos os sindicatos do país em torno de uma mesma ideia. Só assim era possível dar mais força para a luta e a conquista dos trabalhadores. O desafio é o semelhante 36 anos depois”, afirma o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Com Bolsonaro, a CUT tem um papel mais importante ainda, pois ele está promovendo um ataque feroz aos direitos conquistados com muita luta em todos esses anos, além dos ataques direcionados à organização sindical e à democracia, analisa Vagner.

“O governo de Bolsonaro não tem nenhum respeito com a história e a democracia do país, com os trabalhadores, com as trabalhadoras e muito menos com o movimento sindical brasileiro, responsável por inúmeras conquistas que melhoraram a vida de milhões de pessoas”, disse o presidente da CUT.

53,7% reprovam o desempenho de Bolsonaro

A rejeição ao desempenho pessoal do presidente Jair Bolsonaro (PSL) cresceu e já chega a 53,7%, de acordo com a pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada nesta segunda-feira (26). Em fevereiro, a avaliação negativa nesse quesito era de 28,2% dos entrevistados.

Os dados mostram que 41% aprovam o desempenho de Bolsonaro e os que não souberam ou não responderam são 5,3%. Além disso, 39,5% já consideram ruim ou péssimo o atual governo, que tomou posse há quase oito meses. Já 29% avaliam como bom e outros 29%, como regular. Em fevereiro, apenas 19% intitulavam a gestão Bolsonaro como ruim ou péssima.

Segundo a CNT, foram realizadas 2.002 entrevistas entre os dias 22 e 25 de agosto, em 137 municípios. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

A pesquisa ainda traz a avaliação dos brasileiros sobre as áreas de atuação do governo e a expectativa da população em relação ao emprego, à renda, à saúde e à educação. Em todos estes temas, entrevistados avaliam que tudo permanecerá igual nos próximos seis meses, sem mudança para melhor.

Sobre as políticas de Bolsonaro, os entrevistados classificaram saúde (30,6%), meio ambiente (26,5%), educação (24,5%) e economia (17,6) como as piores áreas de atuação da atual gestão.

A população também se mostrou contrária a algumas ações do presidente. Para 39%, o decreto de liberação de armas é a pior medida tomada, vindo em seguida os comentários ofensivos de Bolsonaro (30,6%) e o  contingenciamento de verbas da educação (28,2%).

O fato de os filhos de Bolsonaro opinarem sobre integrantes e ações de seu governo também desagrada a população. Além disso, 72% consideram inadequada a postura do presidente de indicar um de seus filhos  à embaixada dos Estados Unidos. Sobre as ações voltadas aos mais pobres  47,2% avaliam que estão piores do que nos governos anteriores.

Já sobre a reforma da Previência, aprovada pela Câmara dos Deputados, 52,7% dos entrevistados são contra e outros 45,4% apontam que as novas medidas beneficiarão os mais ricos.

Protestos no Brasil e no mundo em defesa da Amazônia

 

A omissão do governo Jair Bolsonaro sobre o desmatamento da Amazônia colocou milhares de pessoas na rua nesta sexta-feira (23). Ao menos 40 cidades do país, além de capitais no exterior, tiveram manifestações.

A embaixada do Brasil em Londres ficou cercada pela polícia, enquanto centenas de pessoas protestavam. De acordo com jornalistas, a maioria dos manifestantes não era brasileira.

Em Madri, manifestantes ocuparam a porta da embaixada do Brasil na Espanha. Tentavam entregar uma carta ao embaixador brasileiro, Antonio Simões, pedindo ações imediatas do governo brasileiro. Outros atos foram realizados na embaixada de Berlim, na Alemanha, e no Consulado Brasileiro em Genebra, na Suíça.

Para sábado (24) estão programadas manifestações em Belo Horizonte, Manaus, Ribeirão Preto-SP, São Carlos-SP, Natal e Porto Velho. Já no domingo (25), protestos devem acontecer no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Manaus.  Ainda durante o final de semana, devem acontecer atos em cidade europeias como Londres, Turim, Paris, Madri, Lisboa e Dublin.

A crise na Amazônia fez o presidente da França, Emannuel Macron, convocar os países membros do G7 para discutir as queimadas na Amazônia na cúpula que acontece neste final de semana, em Biarritz, na França. O grupo é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, as sete maiores economias do planeta.

Incêndios na Amazônia disparam e Bolsonaro culpa ONGs

O desmatamento e as queimadas na Amazônia aumentaram muito desde o início do ano. O índice de corte de árvores cresceu 278% em julho deste ano e as queimadas 70% de janeiro a agosto.

De acordo com o Greenpeace Brasil somente nos últimos meses mais de 1 bilhão de árvores foram tombadas na Amazônia (considerando 1.500 árvores por hectare).

“Os primeiros impactados são as comunidades dos trabalhadores que vêm sofrendo com problemas de saúde causados pelas queimadas e pela redução de biodiversidade”, denuncia o secretário do meio ambiente da CUT, Daniel Gaio. De acordo ele, a CUT se posiciona claramente contra a agenda desse governo de reduzir a fiscalização, promover e incentivar o desmatamento na Amazônia.

Para Gaio, Bolsonaro produz fake news, ao culpar ONGs, índios e pequenos produtores, na tentativa de encobrir suas reais intenções.  “ Está tudo orquestrado entre o governo e o agronegócio para impedir que os dados corretos sobre o avanço da fronteira agrícola em detrimento do meio ambiente cheguem ao conhecimento do mundo”, afirma Gaio.

Juros do cheque especial batem recorde e penalizam a sociedade

Em junho deste ano, o Banco Central registrou a maior taxa média de juros do cheque especial da série histórica: 322,23% ao ano. Em 1994, pior ano até então, a taxa chegou a 293,95% ao ano.

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Juvandia Moreira, a situação além de facilitar o aumento do endividamento do cidadão, prejudica toda a população, levando a queda nos investimentos, desemprego e aumento das desigualdades sociais. “A manutenção de taxas de juros altas suga o dinheiro da sociedade. O dinheiro é utilizado por quem tem dinheiro para ter mais dinheiro. Quem não tem dinheiro é excluído dessa sociedade”, afirmou.

Mesmo com a Taxa Básica de Juros (Selic) em 6%, menor patamar histórico, os bancos seguem cobrando juros exorbitantes de quem utiliza o cheque especial. A média geral dos bancos é reduzida pelas taxas cobradas nos bancos públicos, que, mesmo assim, são extremamente elevadas: 298,9% na Caixa Econômica Federal e 298,5% no Branco do Brasil (dados de junho). No final de julho, a Caixa reduziu sua taxa para aproximadamente 213% ao ano. Em alguns bancos privados as taxas se aproximam de 400% ao mês.

Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander lucraram R$ 85,9 bilhões em 2018, uma alta de 16,12% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre deste ano, com exceção da Caixa que ainda não divulgou seu balanço, os outros quatro bancos alcançaram lucros de R$ 42,4 bilhões, um crescimento de 20,4% em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Dados do Banco Central demonstram que o cheque especial é responsável por aproximadamente 10% dos lucros obtidos na área de crédito do sistema bancário. E tem um retorno mais rápido para as instituições. “Vivemos em um mundo capitalista, no qual o lucro é a meta. Neste sistema, quanto maior o lucro, melhor a empresa. Para os capitalistas, o ser humano não é importante. O que importa é o lucro. Quanto maior, melhor”, conclui a presidenta da Contraf-CUT.

Mais de 10 milhões ganham menos que o mínimo

 

Um levantamento da consultoria IDados, encomendado pelo Valor Econômico, mostra que 10,1 milhões de pessoas (41,7%) se viram como podem (fazendo bicos) e sobrevivem com menos de um salário mínimo, hoje de R$ 998,00, por mês.

A situação é pior ainda para outros 15% de trabalhadores (3,6 milhões), que conseguem rendimentos igual ou inferior a R$ 10 reais por dia, ou R$ 300,00 por mês.

“A parcela dos chamados ‘trabalhadores por conta própria, ou empreendedores’, como os neoliberais gostam de chamar esse tipo de atividade, está na linha da pobreza”, alerta o presidente da CUT, Vagner Freitas, se referindo a renda mínima mensal de R$ 406,00 que o Banco Mundial considera uma pessoa pobre.

 

Nordeste, região mais afetada

A situação desses trabalhadores é ainda mais crítica na região Nordeste, onde quatro milhões de pessoas – dois de cada três – vivem com menos de um salário mínimo.  Desse total, 2, 4 milhões trabalham no campo. Outros 1,3 milhão fazem bico em pequenas indústrias de baixa tecnologia como confecções e fábricas de sapatos. O restante se divide em segmentos do comércio e de serviços, como camelôs, ambulantes, pedreiros e motoristas.

 

Reforma trabalhista não diminuiu desemprego

Com cálculos baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a consultoria concluiu que a precarização das relações do trabalho, após a nefasta reforma Trabalhista não resolveu o problema do desemprego.

Segundo o IDados, desde o segundo trimestre de 2017, das 3,6 milhões de ocupações geradas, quase metade (1,7 milhão) foi ocupada por pessoas que passaram a exercer um trabalho por conta própria.

A professora de economia da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO) Ana Luiza Matos de Oliveira, diz que esses índices são um reflexo da crise econômica e da reforma Trabalhista. Segundo ela, o aumento do emprego sem carteira assinada, precário, sem acesso a direitos e que deixa os trabalhadores desprotegidos em casos de acidentes, sem Seguridade Social, só aumentou a partir de 2017, ano da reforma.

“No governo Temer o crescimento dos trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria deu o maior salto, porque, com a crise econômica e o aumento do desemprego, as pessoas começaram a procurar alternativas de trabalho”, afirma a economista.

Para Ana Luzia, o governo Temer vendeu a reforma Trabalhista como uma forma de gerar empregos formalizados porque baixou o patamar em termos de direitos.

“O que não era considerado formal, passou a ser normal. E o que se vê hoje, são quatro aplicativos, Uber, Ifood, 99 Táxi e Rappi como os maiores empregadores do país. Juntos trabalham para eles, sem direitos, quatro milhões de pessoas”, conta a economista, que também é doutora em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Pesquisa Econômica da Unicamp.

Saques FGTS, é uma boa ideia ou uma cilada?

 

O governo de Jair Bolsonaro (PSL) anunciou mudanças no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), entre elas duas novas modalidades de saques, que estão gerando muitas dúvidas por serem parecidas:

Saque imediato: todos os trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada poderão sacar a partir de setembro deste ano e no início do ano que vem até R$ 500 de cada conta que tiver no FGTS, sejam as contas ativas (emprego atual) ou as inativas (empregos antigos). Neste caso, não há restrições nem prejuizos futuros para os trabalhadores.

Saque aniversário: a partir de 2020, o trabalhador vai poder sacar todo ano uma fatia do FGTS, se quiser. Se fizer essa opção, não vai poder sacar todo o valor do fundo em caso de demissão sem justa causa; só a multa de 40%.

Nas regras do saque aniversário tem uma a cilada e o trabalhador precisa prestar atenção. Quem aderir ao saque-aniversário perde o direito de sacar todos os recursos que tiver na conta quando for demitido. Além das verbas rescisórias, receberá apenas a multa de 40% sobre o saldo, paga pelos patrões. O total do FGTS ficará retido.

O trabalhador não é obrigado a fazer o saque imediato nem o saque aniversário. Se não quiser, o dinheiro permanece no FGTS.

Mas, atenção, quem tem poupança na Caixa e não quer o saque imediato tem de avisar para que o dinheiro que será depositado automaticamente na conta volte para a sua conta individual no FGTS.

Tem muita gente perguntando: se eu sacar os R$ 500, vou poder sacar meu FGTS se for demitido?

A resposta é sim. Quem optar pelo saque imediato, que permite retirar até R$ 500 por conta do FGTS, vai poder continuar sacando o valor do fundo de garantia se for demitido sem justa causa, normalmente. Não há mudanças nisso. Só fica impedido de retirar todo o FGTS na demissão quem optar pelo saque aniversário, outra modalidade que permitirá, a partir do ano que vem saques de uma fatia do fundo de garantia todo ano. A parcela liberada vai depender de quanto dinheiro o trabalhador tem na conta.

Confira o cronograma de liberação do saque imediato e veja que providências tomar se tiver conta na Caixa e não quiser sacar: 

A Caixa Econômica Federal inicia em setembro, a liberação de até R$ 500 por conta do FGTS.

Se o trabalhador tiver conta poupança na Caixa, o valor será depositado automaticamente. Os primeiros depósitos serão feitos no dia 13 de setembro nas contas poupanças dos trabalhadores e trabalhadoras que nasceram nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril.

No dia 27 de setembro, a Caixa vai depositar nas contas dos que nasceram nos meses de maio, junho, julho e agosto. E, no dia 9 de outubro, vai depositar nas contas de quem nasceu em setembro, outubro, novembro e dezembro.

Se o trabalhador não quiser o saque imediato, terá de informar a Caixa até o dia 30 de abril de 2020. Desta forma, os valores não sacados serão devolvidos à conta vinculada ao FGTS.

Ligue para 0800 726 0207 e avise que você tem poupança na Caixa, mas não quer retirar da conta do FGTS o dinheiro.

De acordo com a Caixa, o crédito automático só será realizado para quem abriu conta poupança até o dia 24 de julho de 2019.

Confira o cronograma de recebimento do saque imediato de quem não tem poupança na Caixa:

 

 

A Caixa informou que os saques de até R$ 100 poderão ser realizados em casas lotéricas, com apresentação de documento de identidade original com foto e número do CPF. Será feita a leitura da digital no momento do saque.

Para quem possui cartão Cidadão e senha, o saque poderá ser feito nos terminais de autoatendimento, em unidades lotéricas ou correspondentes Caixa Aqui.

Quem não tem o cartão Cidadão, deve procurar uma agência da Caixa.

Saque aniversário

A partir de abril de 2020, terá início o saque anual de percentual do saldo do FGTS. E é neste caso que o trabalhador e a trabalhadora têm de ficar mais atentos.

O trabalhador que optar pelos saques-aniversário poderá fazer saques anuais na sua conta em datas próximas do mês do seu aniversário, MAS não poderá sacar todo o saldo caso seja demitido sem justa causa.

Quem optar pelos saques-aniversário, terá direito apenas a multa de 40% paga pela empresa sobre o saldo depositado na conta.

Os trabalhadores interessados em aderir ao saque aniversário poderão avisar à Caixa que está interessado, a partir de 1º de outubro de 2019.

Quem realizar a mudança, só poderá retornar à modalidade anterior após dois anos da data da solicitação à Caixa.

Confira o cronograma de recebimento do saque-aniversário:

 

 

*Com apoio da Agência Brasil.

Centrais sindicais repudiam agressão de Paulo Guedes

A CUT e demais centrais sindicais repudiaram a afirmação de Paulo Guedes feita durante um seminário promovido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A nota divulgada afirma que o ministro ofendeu a memória dos trabalhadores e revelou seu desconhecimento da história. “Ao contrário do que afirmou Guedes, o movimento sindical não apenas não se aliou ao regime militar como lutou bravamente pela redemocratização e pela Constituinte”, afirmam os dirigentes da centrais sindicais, que acusam o ministro de estar levando o Brasil ao abismo.

Leia abaixo a íntegra da nota:

Paulo Guedes não tem moral para falar do movimento sindical

O ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu transformar o movimento sindical brasileiro em alvo de suas infâmias, insultos e mentiras. Durante a abertura do seminário “Declaração de Direitos de Liberdade Econômica” promovido pelo STJ, segunda-feira (11), ele chegou ao ponto de afirmar que as organizações sindicais foram parceiras da ditadura militar brasileira.

Além de ofender a memória de trabalhadores perseguidos, presos, torturados e assassinados por aquele regime, ele mostrou, com esta declaração, que não conhece a história do Brasil. O que ocorreu foi o inverso do que sugerem as infâmias vomitadas pelo senhor Guedes. Na ditadura de 1964, os sindicatos foram vítimas de intervenções, com seus dirigentes mais combativos afastados compulsoriamente e colocados no limbo pelo regime.

Basta consultar os arquivos históricos, que ele parece desconhecer, para saber que o movimento sindical lutou contra o arrocho salarial e o alto custo de vida e por isso foi violentamente reprimido. Não foi à toa que a decadência daquele famigerado regime se refletiu nas memoráveis greves iniciadas no ABC ao final dos anos 1970 e início da década de 1980. Greves que, vale ressaltar, começaram a partir da denúncia do falseamento de índices econômicos, feito pela equipe econômica do ditador Emílio Garrastazu Médici.

Ao contrário do que afirmou Guedes, o movimento sindical não apenas não se aliou ao regime como lutou bravamente pela redemocratização e pela Constituinte.

O senhor Paulo Guedes, que se comporta como um porta-voz do mercado financeiro, revela-se agora um eloquente mentiroso. Ele que se diz liberal, serviu ao ditador sanguinário Augusto Pinochet, no Chile, e agora serve a um governo de extrema direita, intervencionista, retrógrado, que defende a tortura e os torturadores.

Como funcionário de um governo que está levando o país ao abismo, com a volta da recessão e altos índices de desemprego, um governo que enlameou a imagem do Brasil no exterior e atenta diuturnamente contra a soberania nacional, o meio ambiente e os direitos sociais, Paulo Guedes não tem qualquer moral para falar mal do movimento sindical brasileiro.

São Paulo, 13 de agosto de 2019

Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
Atnágoras Teixeira Lopes – Secretaria Executiva Nacional da CSP-CONLUTAS