Brasil tem maior panelaço da história

Na noite desta terça-feira (31) o panelaço tomou conta de várias cidades do país, durante mais um pronunciamento do presidente Jair  Bolsonaro. Ele manteve a crítica ao isolamento social, mas abrandou o discurso em relação ao último pronunciamento, que levou o governo a uma crise e isolamento político.

Para falar contra a quarentena, como estratégia de combate ao coronavírus, Bolsonaro voltou a citar o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que ontem deu entrevista coletiva e defendeu que os países adotem políticas públicas em favor dos trabalhadores autônomos. Bolsonaro foi acusado hoje de distorcer o discurso da OMS, ao falar aos jornalistas pela manhã, por sustentar que a posição do diretor da OMS era contra o isolamento social.

Ao citar as medidas que estão sendo tomadas para conter a pandemia,  Bolsonaro citou a renda mínima de R$ 600, aprovada pelo Congresso, mas não disse quando vai sancionar a medida. Vale lembrar que a proposta inicial de Bolsonaro era de R$ 200.

‘Bolsonaro é o epicentro da crise e precisa ser afastado”, diz Lula

O ex-presidente Lula da Silva elogiou o manifesto elaborado pelos ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), além do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), pedindo a renúncia de Jair Bolsonaro. Lula também disse estar disposto a conversa com Ciro, que tem desferido duras críticas ao PT e ao ex-presidente nos últimos anos. A entrevista foi publicada no Uol, após ser concedida a Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia.

“Eu gostei da iniciativa do manifesto, acho que ficou muito bom”, disse Lula, para quem “foi dado um passo importante pelos partidos de oposição porque, além da pandemia, temos um problema grave no Brasil hoje, que é o comportamento do Bolsonaro. Ele é o epicentro da crise que vivemos”.

De acordo com o ex-presidente, “o importante foi o Ciro Gomes ter entrado, não era correto eu assinar. PT, PDT, PSOL, PCdoB e o PSB têm-se reunido toda semana”. “Quando os partidos entenderem que eu devo participar dessas conversas, não terei problema nenhum, estarei pronto para falar com o Ciro. O importante agora é afastar o Bolsonaro”, afirmou.

Na entrevista, Lula afirmou que Bolsonaro “não respeita a ciência, os pesquisadores, não respeita nada. Para ele, a orientação científica para combater a epidemia vale muito pouco”.

“O maior problema da crise é a falta de gerenciamento, tem que ter um comando centralizado. Ele tinha que conversar com os governadores e prefeitos, os partidos no Congresso, o movimento social, mas Bolsonaro não ouve ninguém, só os filhos e aquele guru dele lá da Virgínia. A oposição vai ter que encontrar um caminho para ver o que fazer com o Bolsonaro porque ele hoje é um perigo, não só para o Brasil, mas para o mundo”, complementou.

De quarentena há 21 dias em São Bernardo do Campo (SP), Lula afirma ser bem melhor estar em isolamento durante a epidemia do coronavírus do que estar na prisão, após ser condenado sem provas no processo do triplex em Guarujá (SP) pelo ex-juiz Sérgio Moro, para não disputar a eleição de 2018.

“Quando eu cheguei, consultei três médicos. Como eu não tinha nenhum sintoma, eles me falaram que não precisava fazer exames, só ficar em casa. Agora estou aqui, na bela companhia da Janjinha (apelido da namorada Rosângela da Silva, que acompanhou a entrevista por telefone). Não posso reclamar de nada. Aqui tem quintal, tem espaço para andar, bem melhor do que a cela em Curitiba, de 15 metros quadrados, onde passei 580 dias”, relatou.

“O Brasil precisa parar, Bolsonaro”,  é a mensagem dos panelaços que acontecem hoje, 31 de março

Hoje, dia 31 de março, tem panelaço às 20h30.  A manifestação é para que Bolsonaro entenda que o país precisa parar em defesa da vida dos brasileiros.

Líderes de todo o mundo e a  Organização Mundial da Saúde (OMS) defendem o isolamento social como a única forma eficaz de conter o contágio por coronavírus.  Porém, Bolsonaro ignora todas as recomendações.

O (Covid-19) já matou mais de 39 mil pessoas no mundo e mais de 160 no Brasil. Ainda assim, Bolsonaro insiste em sair por Brasíia, provocando aglomerações, e incitar a população a voltar ao trabalho.

Em matéria sobre o panelaço, publicada pelo Jornal Valor Econômico desta terça-feira, vários sindicalistas e lideranças dos movimentos sociais chegaram a dizer que o “Fora, Bolsonaro” é um dos gritos de guerra desta terça e o presidente da CUT, Sérgio Nobre, endossou afirmando que ou ele renuncia ou tem de ser impedido de comandar o país.

CUT faz acordo de preservação de empregos com a Indústria

A CUT e as demais centrais sindicais se reuniram com a  CNI (Confederação  Nacional da Indústria) neste domingo (29) e firmaram um acordo pela preservação dos empregos durante a crise sanitária e econômica causada pela pandemia de coronavírus (Covid-19).

“Foi consenso que é fundamental superarmos este momento mantendo os empregos”, disse o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.

A pauta da reunião foi a preservação da vida, dos empregos dos trabalhadores e do sistema produtivo brasileiro, “que são condições fundamentais para superarmos essa crise”, pontuou Nobre.

Segundo Nobre,  a CNI vai orientar todos os seus filiados a  não tomar nenhuma decisão em relação a emprego, sem antes negociar com os sindicatos de trabalhadores.

 

Haddad e outros políticos pedem renúncia de Bolsonaro

Líderes de diversos partidos de oposição – entre eles Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (Psol), o governador maranhense, Flávio Dino (PCdoB), e Ciro Gomes (PDT) – se uniram para lançar um documento em que acusam Bolsonaro de “irresponsável”  e de agravar os riscos da pandemia de coronavírus no país.

“Jair Bolsonaro é o maior obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio, salvar vidas e garantir a renda das famílias, o empregos e as empresas”, diz o manifesto. “Um presidente da República irresponsável”, que agrava a crise pois “comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos”, diz o documento.

Em outro trecho, os líderes partidários afirmam: “Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública”.

O documento é assinado ainda pelo ex-governador do Paraná Roberto Requião (MDB),  o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), e pelos presidentes de partidos Gleisi Hoffmann (PT), Juliano Medeiros (Psol), Luciana Santos (PCdoB), Carlos Siqueira (PSB), Carlos Lupi (PDT) e Edmilson Costa (PCB).

Leia a íntegra do documento:

O Brasil não pode ser destruído por Bolsonaro

O Brasil e o mundo enfrentam uma emergência sem precedentes na história moderna, a pandemia do coronavírus, de gravíssimas consequências para a vida humana, a saúde pública e a atividade econômica.

Em nosso país a emergência é agravada por um presidente da República irresponsável. Jair Bolsonaro é o maior obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio, salvar vidas e garantir a renda das famílias, o emprego e as empresas. Atenta contra a saúde pública, desconsiderando determinações técnicas e as experiências de outros países. Antes mesmo da chegada do vírus, os serviços públicos e a economia brasileira já estavam dramaticamente debilitados pela agenda neoliberal que vem sendo imposta ao país. Neste momento é preciso mobilizar, sem limites, todos os recursos públicos necessários para salvar vidas.

Bolsonaro não tem  condições de seguir governando o Brasil e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de Saúde Pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública. Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso para permitir uma saída democrática ao país.  Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo.

Ao mesmo tempo, ao contrário de seu governo – que anuncia medidas tardias e erráticas –  temos compromisso com o Brasil. Por isso chamamos a unidade das forças políticas populares e democráticas em torno de um Plano de Emergência Nacional para implantar as seguintes ações:

-Manter e qualificar as medidas de redução do contato social enquanto forem necessárias, de acordo com critérios científicos;

-Criação de leitos de UTI provisórios e importação massiva de testes e equipamentos de proteção para profissionais e para a população;

-Implementação urgente da Renda Básica permanente para desempregados e trabalhadores informais, de acordo com o PL aprovado pela Câmara dos Deputados, e com olhar especial aos povos indígenas, quilombolas e aos sem-teto, que estão em maior vulnerabilidade;

-Suspensão da cobrança das tarifas de serviços básicos para os mais pobres enquanto dure a crise,

-Proibição de demissões, com auxílio do Estado no pagamento do salário aos setores mais afetados e socorro em forma de financiamento subsidiado, aos médios, pequenos e micro empresários;

-Regulamentação imediata de tributos  sobre grandes fortunas, lucros e dividendos; empréstimo compulsório a ser pago pelos bancos privados e utilização do Tesouro Nacional para arcar com os gastos de saúde e seguro social, além da previsão de revisão seletiva e criteriosa das renunciais fiscais, quando a economia for normalizada.

Frente a um governo que aposta irresponsavelmente no caos social, econômico e político, é obrigação do Congresso Nacional legislar na emergência, para proteger o povo e o país da pandemia. É dever de governadores e prefeitos zelarem pela saúde pública, atuando de forma coordenada, como muitos têm feito de forma louvável. É também obrigação do Ministério Público e do Judiciário deter prontamente as iniciativas criminosas de um Executivo que transgride as garantias constitucionais à vida humana. É dever de todos atuar com responsabilidade e patriotismo.

ASSINAM (em ordem alfabética):

Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.
Ciro Gomes, ex-candidato a Presidência pelo PDT.
Edmilson Costa, presidente nacional do PCB.
Fernando Haddad, ex-candidato à Presidência pelo PT.
Flavio Dino, governador do estado do Maranhão.
Guilherme Boulos, ex-candidato a Presidência pelo PSOL.

Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT.
Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.
Luciana Santos, presidenta nacional do PC do B.
Manuela D’Avila, ex-candidata a Vice-presidência (PC do B).
Roberto Requião, ex-governador do Paraná.
Sonia Guajajara, ex-candidata à Vide-presidência (PSOL)
Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul

 

Senado aprova auxílio de R$ 600 a pessoas de baixa renda

O Senado Federal aprovou nesta segunda-feira (30), por 79 votos, o  auxílio emergencial de R$ 600, por três meses para trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa, já aprovado na Câmara Federal.

O texto precisou ser aprovado sem nenhuma emenda para não voltar a passar pela Câmara, devido a urgência da matéria. Para passar a valer, o projeto ainda precisa ser assinado por Bolsonaro.

Algumas emendas dos senadores previam a ampliação do auxílio de R$ 600, para não deixar de fora milhares de brasileiros que perderam o emprego em 2019 ou 2020, que tenham recebido em 2018 pouco mais de R$ 2.300. O texto aprovado na Câmara diz que quem teve rendimentos totais tributáveis  no ano de 2018 acima de R$ 28.559,70, não terá direito ao auxílio.

Visando garantir a aprovação emergencial e manter desempregados e autônomos em casa, os senadores acordaram aprovar a matéria sem emendas devendo voltar a discutir o tema nesta terça-feira (31).

A ideia é debater um projeto complementar de renda mínima, que é uma luta histórica do PT.

Bolsonaro incita brasileiros a saírem às ruas contrariando todas as recomendações de saúde

Contrariando todas as recomendações de líderes políticos mundiais e autoridades de saúde, o governo Bolsonaro está incitando seus eleitores a saírem às ruas, abrirem o comércio e voltarem às suas atividades normais.

Hoje, 27, a  Frente Nacional de Prefeitos (FNP) enviou uma carta aberta ao presidente questionando sobre a campanha “O Brasil não Pode Parar” e ameaça ir à justiça para responsabilizar Bolsonaro por consequências pelo fim do isolamento social que visa diminuir os impactos da pandemia de coronavírus no país.

O governador de São Paulo, João Dória, foi ameaçado por seguidores de Bolsonaro e também alvo de protestos durante coletiva de imprensa hoje, no Pacaembu.

Dória lamentou a campanha contra a quarentena decretada no Estado até o dia 7 de abril , disse que não tem medo de “bolsominions” e chamou o presidente de irresponsável.   “Como governador de São Paulo vou trabalhar para salvar vidas.  Ainda que me custe o dissabor de ver parte do meu povo seguindo um irresponsável. Não me põem medo. Vamos continuar o que temos que fazer para proteger pessoas. Estamos empenhados em salvar vidas. ”

O prefeito Bruno Covas lembrou  que só o comércio está fechado e que as atividades industriais não foram afetadas pela quarentena.    “É necessário conter o vírus agora. De que adianta o comércio aberto se amanhã não tivermos consumidores vivos”.

O embate n0 Brasil acontece no mesmo dia em que autoridades italianas assumem o erro por não terem paralisado a Itália no início da pandemia.

Nas últimas  24 horas a Itália registrou 919 mortes.

No Brasil, nas últimas 24 horas, foram registradas 15 mortes e o total subiu para 92. O número de casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde, é de 3.417. Porém, como nem todos os casos são testados e o diagnóstico é difícil, estimasse que o número correto de infectados seja cerca de dez vezes mais.

O isolamento social é a forma mais rápida e eficiente para tentar diminuir o crescimento das contaminações. O objetivo é evitar o colapso do sistema de saúde que não tem leitos suficientes para atender uma demanda tão grande.

CUT exige defesa da vida, direitos e respeito ao povo

A defesa intransigente da vida, a exigência de que o Congresso Nacional elabore rapidamente propostas em defesa do povo, a crítica contundente a Medida Provisória (MP) 927, MP da Morte, são os itens ressaltados na Resolução da Executiva Nacional da CUT, divulgada nesta sexta-feira (27).

A resolução da CUT, que tem uma série de orientações sobre como seus sindicatos, federações e confederações devem enfrentar a emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus (Covid-19) e as inevitáveis consequências econômicas e sociais, termina com as propostas da CUT para o enfrentamento à pandemia, entre elas, estabilidade no emprego, mais recursos para saúde, a produção e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs para todos que atuam em serviços essenciais, inclusive imprensa, revogação da PEC dos gastos e renda mínima para informais e desempregados.

Na resolução, a CUT critica duramente a irresponsabilidade de Jair Bolsonaro que tentou impedir a quarentena nos estados porque, em sua opinião, a volta dos trabalhadores aos seus postos de trabalho, mesmo com o risco de contrair o Covid-19, contribui para melhorar a economia.

A CUT diz que Bolsonaro sabota medidas de proteção ao povo brasileiro: “Todas as iniciativas urgentes devem ser orientadas por esse princípio [de defesa da vida]. Não podemos aceitar que os interesses econômicos sejam colocados à frente da proteção à vida dos cidadãos brasileiros”, diz trecho da resolução.

Para a CUT, derrotar o governo Bolsonaro para salvar o Brasil do caos é uma “questão urgente e imediata”. E por isso, afirma em trecho da resolução que “a CUT soma a sua voz a de milhões de brasileiros que em “janelaços” e outras formas de manifestações possíveis nas condições atuais e necessárias de confinamento, clamam por “Fora, Bolsonaro!”.

Confira a íntegra da Resolução:

Resolução da Direção Executiva Nacional da CUT

A Direção Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores se reuniu no dia 25 de março de 2020, por meio de videoconferência, para deliberar sobre a posição e as medidas para proteção à classe trabalhadora e toda a população brasileira propostas pela Central para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Diante da gravidade da situação e da necessidade de manter isolamento para conter a propagação do vírus, a direção da CUT se manterá permanentemente mobilizada, realizando reuniões virtuais periódicas para acompanhar o desenrolar da crise de saúde pública e suas consequências econômicas e sociais.

Durante todo o período, iremos reforçar e ampliar os canais de comunicação direta com as entidades para que possamos enviar e buscar informações rapidamente. Manteremos nossos veículos de comunicação, especialmente o PortalCUT e as redes sociais, sempre atualizadas, buscando dialogar com a base da CUT e, a partir dela, com toda a sociedade.

A CUT, como protagonista das iniciativas em defesa da classe, assume sua responsabilidade de formular propostas e articulações com os movimentos populares, as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo e o Fórum das Centrais com objetivo de desenvolver ações conjuntas de defesa dos trabalhadores e trabalhadoras e de toda a população mais pobre e também para desenvolver ações efetivas de solidariedade de classe.

A CUT, cumprindo seu papel como central sindical, pressionará para que existam espaços de negociação com governos e entidades patronais para defender as reivindicações e exigências da classe trabalhadora diante da pandemia que agrava a crise econômica. Combateremos todas as medidas que ataquem os salários, os empregos e os direitos trabalhistas e reivindicamos ações efetivas de proteção da saúde e da renda da classe trabalhadora e do povo pobre.

A CUT, independente que é de governos e patrões, não participará de organismos governamentais de gestão da crise, ficando assim sem qualquer tipo de amarra para cobrar em todos os níveis a ação do Estado e medidas de emergência no controle da pandemia e na proteção da população.

Exigimos do Congresso Nacional uma postura firme em defesa do povo brasileiro devolvendo ao Executivo a Medida Provisória (MP) nº 927, que condena a classe trabalhadora a uma sentença de morte. A MP preserva apenas os interesses do capital, atacando nossos direitos, elimina os sindicatos de negociações com as empresas, para individualizá-las, submetendo trabalhadores e trabalhadoras à chantagem patronal.

Reafirmamos nossa posição em defesa intransigente da vida. Todas as iniciativas urgentes devem ser orientadas por esse princípio. Não podemos aceitar que os interesses econômicos sejam colocados à frente da proteção à vida dos cidadãos brasileiros.

Neste sentido, exigimos responsabilidade do Estado, em todos os níveis, federal, estadual e municipal, na implementação urgente de medidas para resguardar a saúde da população, garantir a estabilidade no emprego, oferta de equipamentos para todos os trabalhadores da saúde que estão à frente do atendimento das pessoas contaminadas e àquelas que fazem parte do grupo de risco. É obrigação do Estado prover os recursos necessários para suprir as necessidades da população.

Os grandes empresários, especuladores e banqueiros, parte do 1% da população que concentra uma renda igual a de mais de 100 milhões de brasileiros, têm de assumir o ônus da crise, cuja dimensão só foi possível, no Brasil e no mundo, pela existência de um sistema econômico que beneficia o lucro privado em detrimento dos sistemas públicos de proteção social que vieram sendo desmantelados nos últimos anos, como no caso da contrarreforma da Previdência e do sucateamento do SUS em nosso país.

Reivindicamos a suspensão imediata de todas as atividades que não forem essenciais e a ampliação das atividades à distância. É essencial garantir a estabilidade e a renda dos trabalhadores que estão em isolamento e todas as condições e recursos sanitários para aqueles que não podem suspender suas atividades e continuam expostos ao risco de contaminação.

Num momento em que o governo federal se tornou um fator de agravamento da crise sanitária, ao contrário de liderar a nação no combate à pandemia, o presidente da República, atua abertamente para sabotar medidas de proteção ao povo brasileiro, torna-se uma questão urgente e imediata lutar pelo fim do governo Bolsonaro para salvar o Brasil do caos. Neste sentido, a CUT soma a sua voz a de milhões de brasileiros que em “janelaços” e outras formas de manifestações possíveis nas condições atuais e necessárias de confinamento, clamam por “Fora, Bolsonaro!”.

Não é mais possível manter um governo sem responsabilidade e compromisso com o enfrentamento da pandemia e com a defesa do povo brasileiro. Não é mais possível manter um governo que submete a vida aos lucros empresariais, chegando ao cúmulo de convocar os brasileiros e brasileiras a sair do isolamento, na contramão das medidas pedidas pela OMS e aplicadas na maioria dos países em todos os continentes.

A CUT está consciente que a luta da classe trabalhadora, nas condições excepcionais que vivemos, se dará fundamentalmente nos locais de trabalho e moradia. Tal como na Itália e na Espanha, onde os trabalhadores, apoiados em seus sindicatos ou de forma espontânea, impuseram com mobilizações e greves o fechamento de empresas que produzem bens não essenciais para defender-se do contágio.

A executiva da CUT aponta como exemplar a ação de sindicatos, federações e confederações que exigiram e negociaram a interrupção da produção, das aulas e dos serviços não essenciais neste momento emergencial para preservar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, bem como as pressões e negociações que estabeleceram e conquistaram condições trabalho adequadas neste período de pandemia.

A atenção dos sindicatos e ramos da CUT deve também concentrar-se, num momento que impede aglomerações e ações de massa, que acompanhem o que ocorre nos locais de trabalho que seguem funcionando, dando suporte aos trabalhadores e trabalhadoras que estão expostos ao contágio diante da ganância de lucro dos empresários e da irresponsabilidade de gestores públicos.

A situação dos trabalhadores e trabalhadoras do campo também deve ser objeto de preocupação e atenção das nossas instâncias. A agricultura familiar que é responsável por 70% do que vai para a mesa da população também deve ser protegida dos efeitos da crise através de medidas que garantam não apenas a sua sobrevivência mas também a produção para que o restante do país possa se alimentar, antes e depois dessa pandemia global. A CUT vai apoiar as propostas, iniciativas e ações das entidades do campo que já apresentaram um conjunto de propostas para o governo federal.

Dentre as medidas emergenciais que a CUT propõe, estão:

Revogação do teto de gastos (EC 95), suspensão da Lei de Responsabilidade Fiscal e do pagamento da dívida pública a fim de garantir os investimentos públicos necessários para fortalecer os serviços públicos, especialmente a saúde e a proteção social;

Ampliar os recursos para a saúde, atendendo todas as necessidades para o funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS com plena capacidade operacional e com garantia de segurança aos seus trabalhadores;

Garantir a produção e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs para todos os trabalhadores da saúde, da imprensa e de todas as atividades que não possam ser suspensas (alimentação, transportes etc), consideradas ou não essenciais;

Garantir a estabilidade no emprego, salários integrais e direitos dos trabalhadores formais, inclusive daqueles afastados por quarentena ou contágio, bem como garantir a renda dos que estão na informalidade, enquanto durar a crise;

Garantir uma renda mínima emergencial de um Salário Mínimo para todos os trabalhadores desempregados, informais, por conta própria e de aplicativos;

Suspender o pagamento de contas e dos cortes de serviços públicos (água e esgoto, energia, telefone e internet) e a obrigação de pagamento de outras despesas como aluguéis, planos de saúde, transporte público, empréstimos e financiamentos, etc., pelo período que durar a crise;

Apoio a agricultura familiar através da criação de crédito emergencial, prorrogação dos vencimentos dos financiamentos, liberação de recursos para construção de cisternas, reativar as compras da agricultura familiar pelo MAPA, suspensão da inscrição dos débitos na Dívida Ativa da União, dentre outras propostas;

Assegurar equipes de Atenção Básica de Saúde nos assentamentos da agrária e demais comunidades rurais, inclusive de povos e comunidades tradicionais, para orientar e prevenir a contaminação por covid19 e garantir o atendimento das ocorrências nas Unidades Básicas de Saúde para a população de todos municípios com até 50.000 habitantes;

Criar um Fundo de Emergência com dinheiro do Estado, do setor privado e da taxação dos super ricos para prover as medidas acima apresentadas. Não é possível que o custo para garantir a sobrevivência da população saia do bolso da classe trabalhadora, sejam os salários, sejam os recursos do FAT e do FGTS. A classe trabalhadora já foi esfolada nos últimos anos e agora não vai pagar pela crise amplificada por um sistema econômico injusto e excludente.

Companheiras e companheiros

A direção da CUT também discutiu e aprovou que, nesse momento é fundamental organizarmos ações efetivas de solidariedade junto aos trabalhadores e trabalhadoras e nas comunidades mais pobres do nosso país. A solidariedade é um valor e uma tradição que remonta aos primórdios da organização da classe e nós devemos exercitá-la com todas nossas energias para reforçar e reafirmar esse sentimento em nossas bases. Devemos articular com os movimentos sociais ações criativas como: arrecadação e doação de produtos de higiene, alimentos, recursos financeiros e que possam amenizar o sofrimento da população mais vulnerável e carente. O resgate desses valores humanistas, que o neoliberalismo destruiu na sociedade atual, será importante para a retomada das nossas lutas após passada essa tormenta.

Vivemos uma virada histórica de consequências imprevisíveis para o futuro da humanidade. A crise é mundial e assume contornos ainda mais perversos no Brasil, onde se combina com uma crise política e institucional provocada pela existência do governo Bolsonaro.

Nem a CUT, nem ninguém, tem a receita mágica para superar essa situação, mas uma coisa é certa: é vital a defesa da existência física da classe trabalhadora para que, uma vez passada a tormenta, possamos reconstruir tudo, na via de superação do atual sistema capitalista predador e promotor das desigualdades sociais.

Só a classe que produz todas as riquezas e é explorada pelos parasitas capitalistas – a classe trabalhadora – tem a capacidade de salvar a humanidade do caos e da barbárie. A CUT tem confiança na classe trabalhadora e fará tudo para organizar a resistência neste momento crítico com o empenho de todas e todas sindicalistas CUTistas na aplicação das orientações desta Resolução.

Executiva Nacional da CUT

Governo é derrotado e Câmara aprova renda mínima de até R$ 1.200

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quinta-feira (26), projeto de lei que garante renda emergencial para trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa durante a crise provocada pela pandemia de coronavírus. A proposta segue agora para o Senado.

O projeto prevê recursos de R$ 600 para brasileiros em situação de vulnerabilidade social, podendo  chegar a R$ 1.200 por família. A proposta inicial do governo Bolsonoro era de  R$ 200 e foi previamente  derrotada.

A deputada Gleisi Hoffmann (PT) saudou o consenso ao qual se chegou na casa. “A decisão é  fundamental para manter a quarentena e a dignidade das pessoas”, disse a petista.

Poderão ser beneficiados maiores de 18 anos que não tenham emprego formal, não sejam titulares de benefícios previdenciários ou de programas assistenciais. O presidente da Câmara esclareceu que aguarda um decreto ou medida provisória do governo prevendo crédito extraordinário “para dar lastro à aprovação do projeto”.

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Câmara aprova dispensa de atestado para faltas de trabalhador com coronavírus

A Câmara aprovou nesta quinta-feira (26) projeto do deputado Alexandre Padilha (PT) que dispensa o trabalhador infectado por coronavírus de apresentar atestado médico para justificar a falta ao trabalho e garantir o recebimento de salário. Com a medida, pretende-se reduzir o número de pessoas que busquem os hospitais com sintomas leves da covid-19 para conseguir o documento.

O projeto garante afastamento por sete dias sem exigência do atestado médico. Em caso de quarentena imposta, o trabalhador poderá apresentar, a partir do oitavo dia, documento eletrônico regulamentado pelo Ministério de Saúde ou documento de unidade de saúde do SUS.

A matéria foi votada em sessão virtual e ainda precisa ser aprovada pelo Senado para virar lei.