Centrais querem indústria voltada a equipamentos de combate ao coronavírus

As centrais sindicais  preparam um documento, a ser entregue a governadores, defendendo a chamada reconversão, uma adaptação das empresas para produzir equipamentos usados no combate ao coronavírus – como respiradores –, já iniciada em alguns setores.

“Esses equipamentos estão fazendo falta para profissionais da saúde e para pacientes”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre. Segundo ele, o documento será entregue nesta quarta-feira (8) ao governo de São Paulo. E seguirá para outros governadores, “que também estão abrindo mesas de negociação sobre esse tema”.

O sindicalista chamou a atenção para o  crescimento do número de casos que hoje (6) superaram os 12 mil, segundo o Ministério da Saúde. Ele lembra que há uma semana esse número não chegava a 5 mil. O total oficial de mortes chega a 553, sendo 304 no estado de São Paulo.

“A contaminação está se alastrando de maneira muito rápida. É muito importante que você fique em casa”, reforçou o dirigente. “Não saia e não arrisque a sua vida e de sua família. Não há coisa melhor a ser feita do que a política de isolamento.”

“Recurso precisa chegar para famílias ficarem em casa”, diz Dieese

A Caixa Econômica Federal lançou nesta terça-feira (7) plataformas de solicitação do benefício de auxílio emergencial para trabalhadores autônomos, informais e Microempreendedores Individuais (MEIs) durante a crise do coronavírus. Já está em operação o site e o aplicativo de celular com sistema Android e IOS para que os trabalhadores possam fazer o pedido do auxílio. O banco também disponibilizou o canal telefônico (111) para que a população possa tirar dúvidas.

De acordo com as projeções do governo, é esperado que entre 15 a 20 milhões de brasileiros devem se cadastrar. O benefício prevê aos informais o pagamento de R$ 600 por pessoa, podendo chegar até R$ 1.200 para mães chefe de família, por pelo menos três meses.

A medida é vista como fundamental para não aumentar os impactos sociais e econômicos ocasionados pela pandemia, como destaca o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior.  “A renda mínima emergencial, nesse momento, ajuda a gente a pensar como é que as famílias vão sobreviver em uma economia que está paralisada e, ao mesmo tempo, em um cenário em que as pessoas precisam ficar em casa.”

O diretor técnico do Dieese alerta para a importância de as pessoas estarem atentas e não clicarem em links que vêm circulando pelo Whatsapp e outras redes sociais para cadastramento. Muitos são endereços falsos de site para captar informações dos trabalhadores para outros fins e golpes. Apenas os meios oficiais públicos devem ser utilizados por essa população para garantir o benefício.

A expectativa agora é que, com o cadastramento, o governo libere o pagamento do auxílio emergencial ainda nesta semana. Fausto destaca que este é o momento da sociedade cobrar a viabilização do repasse aos trabalhadores para que a crise seja enfrentada sem colocar a saúde da população em risco.

“A gente viu neste final de semana e já ao longo dessa semana que a movimentação das pessoas nas cidades tem aumentado. Isso é bastante preocupante, porque está aumentando justamente no momento em que a doença está aumentando com maior velocidade. Agora, é óbvio que isso tem a ver com a posição do presidente, o que acho um absurdo e uma irresponsabilidade, mas também tem a ver com esse dinheiro que não chega”, adverte. “É importante que esse recurso (auxílio emergencial) chegue às famílias para que tenham tranquilidade para ficar em casa.”

Químicos vão distribuir cesta básica e produtos de higiene

O Sindicato dos Químicos está buscando parcerias com as empresas dos ramos químico e farmacêutico para arrecadar alimentos e produtos de higiene. O objetivo é montar cestas e distribuí-las em comunidades carentes que já sentem o reflexo do isolamento social, recomendado para diminuir o contágio por coronavírus.

O coordenador-geral do Sindicato, Hélio Rodrigues, ressalta que o papel da entidade extrapola os limites da categoria. “Neste momento precisamos unir esforços para manter todos em casa e, diante da ineficiência do governo federal, a união de empresas, entidades e cidadãos é urgente e necessária”, diz Rodrigues.

Os trabalhadores autônomos e aqueles que vivem de bico perderam sua renda abruptamente. Em geral, ganham por dia trabalhado e estão há duas semanas parados. “No entanto, é preciso mantê-los em casa para o bem de todos. Portanto, precisamos fazer a ajuda chegar rapidamente”, explica.

A arrecadação começou pelas empresas, mas foi aberta a todos que queiram contribuir. Quem quiser doar deve entrar em contato pelo Whatsapp 9 6314-5629 para combinar a entrega, já que a sede e as subsedes do Sindicato estão fechadas por segurança. “Quem quiser doar, deve mandar uma mensagem no número do Sindicato, então conversaremos sobre a melhor forma de retirar ou receber”, explica o sindicalista.

Rodrigues observa que o Sindicato vem atuando junto às empresas a fim de garantir empregos, direitos e condições de higiene e saúde, mas reitera que o papel da entidade em um momento como este deve ser mais amplo. “Vivemos uma crise de saúde mundial e nossa atuação deve ser maior. Sempre defendemos o sindicato cidadão, que busca uma sociedade mais justa e igualitária. Essa é a base do nosso trabalho”, explica.

Centrais unidas reafirmam: “acordo coletivo é fundamental para superar a crise”

A CUT e demais centrais sindicais se reuniram hoje para discutir a postura ineficiente do governo Bolsonaro frente a pandemia do coronavírus. O encontro dos sindicalistas resultou numa nota unificada que reitera, entre outras coisas, a importância da manutenção dos salários, da estabilidade de emprego por 180 dias e do acordo coletivo. O documento também alerta os trabalhadores para que não assinem acordos individuais e procurem seus respectivos sindicatos para não serem prejudicados.

Leia abaixo a nota:

O acordo coletivo é fundamental para superar a crise

As centrais sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB), reunidas hoje em São Paulo, por meio de videoconferência, consideraram insuficientes as medidas do governo na MP 936. A resposta do governo, ante à pandemia e a redução da atividade econômica, é tímida, indigesta e extremamente insignificante frente ao montante de recursos disponibilizados para o setor financeiro.

Para atender aos interesses dos trabalhadores e também dos empregadores a MP 936 deve contemplar:

1) Respeito à Constituição (Art. 7º – que impede a redução salarial, salvo acordo coletivo) e inclusão dos sindicatos em todas negociações que ocorreram durante a vigência do estado de calamidade pública estabelecida devido ao Covid-19, sobretudo, levando em consideração a importância e a experiência das entidades sindicais. Não aceitamos a intenção de se estabelecer contratos individuais. Os sindicatos devem estar cientes e ter participação efetiva em todas as negociações;

2) A manutenção de 100 % dos valores dos salários, de forma a manter o poder de compra e fomentar uma retomada econômica;

3) A estabilidade de 180 dias para todos os trabalhadores, como forma de garantir emprego e renda;

4) Prorrogação do seguro desemprego e isenção de tarifas para os trabalhadores mais afetados pela crise.

As entidades sindicais irão ainda nesta quinta-feira (2) sistematizar propostas que serão levadas aos parlamentares e apresentadas como Emendas no Congresso Nacional.

Ressaltamos que a Constituição Brasileira garante o acordo coletivo justamente porque no acordo individual o trabalhador sempre sai prejudicado.

Desde já, orientamos a todos trabalhadores a não aceitarem acordos individuais e a procurarem seus sindicatos.

CUT – Central Única dos Trabalhadores
FS – Força Sindical
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores
UGT – União Geral dos Trabalhadores
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros

São Paulo, 2 de abril de 2020.

Nova MP do governo vai autorizar corte de salário e jornada em até 100%

O governo  Bolsonaro anunciou nova medida provisória (MP), desta vez autorizando corte de salário e jornada dos trabalhadores formais durante a pandemia do coronavírus.

As reduções poderão ser feitas em qualquer percentual, inclusive atingindo a totalidade do salário, e têm prazo máximo de 90 dias.

A nova medida também libera a suspensão de contratos de trabalho por até dois meses, mas estabelece o pagamento do seguro-desemprego nesses casos.

Enquanto permite o corte de salários em até 100% para que uma empresa em dificuldade possa ter algum alívio, a nova MP não prevê, entretanto, garantia de manutenção dos empregos como contrapartida.

O governo também  não assegura complementações integrais do que deixará de ser pago pelos empregadores – como acontece em outros países. Em linhas gerais, os trabalhadores abrangidos pela MP receberão uma “compensação” apenas parcial do governo, utilizando recursos do seguro-desemprego. O valor do seguro-desemprego varia de R$ 1.045 a R$ 1.813,03.

De acordo com cálculos de técnicos da bancada do PT no Senado, a nova MP é “perversa” por permitir arrocho na renda do trabalhador num momento em que a economia precisa de impulso do Estado para não acelerar uma recessão e uma crise social generalizada.

O movimento sindical, partidos de oposição e  economistas  têm alertado de que o momento exige ação forte – e recursos – do Estado para salvar vidas e manter ao menos o mercado interno aquecido.

*Com informações da CUT 

Auxílio de R$ 600,00 ainda não foi assinado por Bolsonaro

O projeto de auxílio emergencial de R$ 600,00 durante três meses para os 24 milhões de trabalhadores informais poderem enfrentar o período sem renda durante o isolamento social para conter a pandemia de coronavírus foi aprovado de forma urgente na Câmara e no Senado, porém, ainda aguarda a assinatura de Bolsonaro.

Para piorar a situação, o governo prevê que o auxílio só comece a ser pago em 16 de abril, data de início dos pagamentos mensais a 13 milhões de beneficiários do Bolsa Família.

Ainda assim, o Ministério da Cidadania considera a data ambiciosa porque os técnicos ministeriais estão debatendo com os municípios como funcionará a inscrição de nomes no cadastro de beneficiários, já que o auxílio emergencial deverá ser pago também aos profissionais autônomos que não estão inscritos no Bolsa Família nem no Cadastro Único (CadÚnico).

O dinheiro deveria chegar imediatamente nas mãos de todos, inclusive nas mãos de outros milhões de trabalhadores que ficaram de fora deste primeiro auxílio emergencial. Nada justifica a demora na assinatura do Bolsonaro, critica a secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT Nacional, Jandyra Uehara, que lembra que a Central defende que todos os trabalhadores recebam o valor de um salário mínimo (R$ 1.045,00).

A dirigente diz que o governo tem informações e técnica para fazer esse dinheiro chegar rapidamente aos cadastrados no Bolsa Família, bem como retornar ao Programa as famílias que foram descredenciadas para que elas possam sobreviver a esta crise.

Arte: Edson Rimonatto/CUT

Empresa pode ser punida se empregado for obrigado a trabalhar e contrair Covid-19

A presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Noemia Porto, alertou que trabalhadores  de atividades não essenciais que forem obrigados a voltar ao trabalho, apesar do isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e forem infectados pelo coronavírus (Covid-19) podem  entrar com uma ação na Justiça pedindo indenização.

“Se o empregador determinar o retorno ao trabalho, estando a pandemia e a calamidade pública oficialmente reconhecidas, e com atos normativos locais recomendando a restrição de circulação de pessoas, estará assumindo o risco e eventuais responsabilidades, por perdas e danos morais e materiais, caso o trabalhador venha a se contaminar”, disse Porto ao blog do jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL.

 

Movimento sindical se reúne com governadores para garantir empregos e quarentena

A CUT e as demais centrais sindicais vão se reunir com os governadores de São Paulo, João Dória, e de Minas Gerais, Romeu Zema, para debater a crise sanitária e econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.  Também está em agendamento encontro com os governadores do Fórum do Nordeste. Na pauta, a garantia da saúde da população e dos empregos.

Segundo Sérgio Nobre, presidente da CUT, nos encontros entre centrais e governadores serão discutidas soluções para a proteção e a estabilidade dos empregos nos Estados. “Também vamos falar sobre medidas sanitárias para conter a propagação do vírus, a importância da política de isolamento para garantir que a população fique em casa; as condições e a proteção dos trabalhadores em serviços essenciais, principalmente nas áreas de saúde e transporte; a importância e urgência de garantir o abastecimento da população com alimentos e produtos de higiene durante a crise sanitária e a quarenta”, disse.

Pressão pelos informais

O presidente nacional da CUT afirmou no vídeo diário gravado nesta terça-feira (31) que a aprovação da Renda Emergencial no Senado, por unanimidade, foi mais uma vitória da CUT e do fórum das centrais sindicais.

“Agora, nossa luta é garantir a efetivação da medida, ou seja, que esse recurso chegue às mãos do povo de maneira rápida. Não podemos ter um processo burocrático, no qual o beneficiado demore 30 dias para receber o dinheiro”, disse Nobre.

 

Argentina proíbe demissões por 60 dias

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, atendeu pedido das centrais sindicais do país e decidiu preparar um decreto para proibir demissões no país pelos próximos 60 dias.

Esta foi uma das medidas tomadas pelo presidente argentino para proteger os trabalhadores  enquanto durarem as medidas de enfrentamento ao coronavírus (Covid-19), como isolamento social para conter a disseminação da doença.

Nesses 60 dias, as empresas só poderão demitir por justa causa, de acordo com o jornal La Nacion.

Ainda segundo o jornal, Alberto Fernández entrou em confronto com a construtora Techint após a empresa demitir 1,5 mil trabalhadores. A demissão teve de ser revogada por determinação do presidente.

Com 1.054 casos confirmados e 27 mortes por Covid-19, segundo a Universidade Johns Hopkins, a Argentina terá o período de isolamento social obrigatório ampliado até o dia 12 de abril.