Autor: Soraia
Máscara passa a ser obrigatória no transporte público
Desemprego ameça 1,6 bilhão de pessoas no mundo
“Para milhões de trabalhadores, ficar sem renda significa falta de comida, segurança e futuro. Milhões de empresas em todo o mundo mal conseguem respirar. Elas não têm poupança ou acesso ao crédito”, lamentou o diretor da agência, Guy Rider, durante divulgação do relatório Monitor da OIT: COVID-19 e o mundo do trabalho, publicado na última semana.
Químicos fecham acordo que garante ressarcimento dos salários
Para driblar os nefastos efeitos da Medida Provisória (MP) 936, que permite redução de jornada e salários durante a pandemia de coronavírus, o Sindicato dos Químicos se antecipou e negociou com o Ceag-10 (sindicato patronal) um acordo que garante a manutenção de 100% dos salários mediante a compensação das horas após o período de crise.
A MP 936, publicada em 1º de abril, possibilita a redução da jornada e de salários com o pagamento de um benefício emergencial pago pelo governo com base no valor do seguro desemprego a que o empregado teria direito. Porém, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), todos os trabalhadores perderão dinheiro, porque mesmo somando com a ajuda do governo a compensação não será de 100% e a MP não garante essa reposição.
Por isso, o acordo coletivo que vale até dezembro deste ano, prevê o pagamento da diferença entre o que o trabalhador deveria receber no mês (100% do seu salário nominal) e o valor que ele efetivamente receber em decorrência da redução da jornada e do salário, acrescido do valor do benefício emergencial, pago pelo governo. Para quem recebe salário até R$ 3.135,00, será pago em até 3 parcelas, dependendo do prazo que a redução for feita (pode ser de 30 a 90 dias). Essa diferença será convertida em horas que serão compensadas em até 18 meses após o encerramento do estado de calamidade pública.
Os salários entre R$ 3.135,00 e até R$ 8.745 têm direito à reposição, mas o pagamento será feito na medida em que as horas forem compensadas, em no máximo 18 meses. Para quem ganha acima de R$ 8.745, não haverá reposição.
O acordo firmado vai garantir o ressarcimento de tudo. Do valor da redução de salário deve ser subtraído o valor pago pelo governo, e a diferença que faltar será convertida nas horas a serem compensadas no final do acordo e no valor a ser recebido. “O momento em que vivemos é atípico. Todos estão perdendo, e o atual governo só pensa em retirar direitos. A assinatura desse acordo garante a participação do Sindicato nas negociações e a reposição de 100% do salário durante a crise”, explica Hélio Rodrigues, coordenador-geral do Sindicato.
CUT cria programação virtual para comemorar o 1º de Maio
A partir de hoje (27), CUT inicia uma programação virtual de luta e homenagem à Semana dos Trabalhadores.
Haverá transmissões diárias de entrevistas com lideranças sindicais nos canais oficiais da entidade no Facebook e YouTube, além de intervenções artísticas e notícias sobre o mundo do trabalho das categorias que compõem a base da entidade.
Por conta da pandemia do novo coronavírus e seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), pela primeira vez na história, os tradicionais atos de celebração à data irão ocorrer no ambiente virtual, como forma de proteger os trabalhadores.
Todos os dias, dirigentes de sindicatos de São Paulo irão conversar com o público dos canais da CUT-SP sobre os desafios das categorias em meio ao Covid-19 e as transformações que o vírus tem causado no mundo do trabalho, como a antecipação de modelos pensados para a chamada indústria 4.0 que podem ocasionar no aumento do desemprego e a adoção de uma renda básica para todos.
Os convidados também irão relatar a luta de muitos trabalhadores que seguem atuando em suas atividades mesmo após a decretação de isolamento social, como o fato de muitos desses, considerados de atividades essenciais, atuarem sem os devidos equipamentos de proteção. As entrevistas, mediadas pelos dirigentes da CUT-SP, também abordarão os últimos acontecimentos do Brasil e os caminhos para a saída da crise política e econômica aprofundadas sob o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que ataca constantemente o movimento sindical.
Luiz Inácio Lula da Silva é o convidado que irá encerrar a série especial de entrevistas, na quinta, 30. Considerado o melhor presidente da história do país, Lula fez um governo para a classe trabalhadora, conseguindo um dos principais feitos: uma das mais baixas taxas de desemprego já registradas. A entrevista exclusiva será feita pelo presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
“O 1º de Maio acontece em meio uma pandemia mundial e aqui no Brasil temos um problema adicional que é o Bolsonaro, um presidente que deveria governar e não governa, mas tem tomado ações que aprofundam os ataques aos direitos dos trabalhadores. Portanto, a mensagem desse Dia do Trabalho é continuarmos organizados para fazer a luta contra as medidas do desgoverno Bolsonaro”, afirma o Izzo.
Música
Também no dia 30, véspera do 1º de Maio, uma live musical está sendo preparada para os trabalhadores. No fim da tarde, por volta das 18h, o público poderá acompanhar atrações artísticas com cantores do campo progressista. O início será com o rapper Dexter, num “Papo de Quebrada” e, às 20h, terá o “Papo de Boteco no Samba da Resistência”, com o cantor e compositor Toninho Geraes e convidados.
Solidariedade
Ao longo da semana, a CUT-SP também dará destaque às formas de participação das campanhas de solidariedade dos sindicatos, que, desde o início da pandemia, criaram ações de arrecadação de alimentos, produtos de higiene, valores em dinheiro. Há também entidades que criaram frentes de trabalho para a confecção de insumos necessários ao momento, como máscaras, e até a oferta de sedes e clubes de campo para a utilização do SUS.
1º de Maio
Neste ano, o ato do 1º de Maio de 2020 também será transmitido online. Com o mote “Saúde, Emprego, Renda: um novo mundo é possível com solidariedade”, a proposta é continuar estimulando a reflexão e a luta pela democracia, pelo direito de a classe trabalhadora ter um movimento sindical organizado, ouvido e respeitado. A transmissão do ato político, religioso e artístico, na sexta-feira, terá início às 10h e também será feito pela página da CUT-SP. Em breve, serão divulgadas novas informações.
Confira a programação*:
Segunda-feira, 27 de abril
13h30 – Programa CUT São Paulo em Ação
Raimundo Suzart – Presidente do Sindicato dos Químicos do ABC
Ivone Silva – Presidenta do Sindicato dos Bancários de SP
Sérgio Antiqueira – Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de SP (Sindsep-SP)
Mediação: Márcia Viana – Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP
16h – Programa CUT São Paulo em Ação
Wagner Santana (Wagnão) – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Cléo Ribeiro – Presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde de SP (Sindsaúde-SP)
Carlos Alberto Alvez – Presidente do Sindicato dos Energéticos no Estado de SP (Sinergia)
Mediação: Vivia Alves Martins – Secretária de Assuntos Jurídicos da CUT-SP
Terça-feira, 28 de abril
16h – Programa CUT São Paulo em Ação
Hélio Rodrigues – Coordenador-geral do Sindicato dos Químicos de São Paulo
Maria Izabel Noronha (Bebel) – Presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores no Estado de SP)
Orlando Maurício Jr. (Brinquinho) – Presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte de Guarulhos (Sincoverg) – a confirmar
Mediação: Kelly Domingos – Secretária de Políticas Sociais da CUT-SP
Quarta-feira, 29 de abril
16h – Programa CUT São Paulo em Ação
Belmiro Moreira – Presidente do Sindicato dos Bancários do ABC
Almir Rogério (Mizito) – Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Privados da Saúde do ABC (Sindsaúde-ABC)
Claúdio Fonseca – Presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de SP (Sinpeem)
Mediação: a confirmar
Quinta-feira, 30 de abril
16h – Programa CUT São Paulo em Ação
Entrevista exclusiva com o ex-presidente Lula
Mediação: Douglas Izzo, presidente da CUT-SP
Sexta-feira, 1º de Maio
Ato do 1º de Maio – Saúde, Emprego, Renda: um novo mundo é possível com solidariedade
A partir das 10h
*A programação está sujeita a alterações ao longo da semana
Pedidos de impeachment já são 27 e devem aumentar
Até a tarde de sexta-feira (24), os pedidos de impeachment contra Bolsonaro já eram 27. Porém, apenas um deles foi apreciado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a quem compete fazer uma análise inicial de denúncias por crime de responsabilidade contra o chefe do Executivo federal.
Após as denúncias do ex-ministro Sergio Moro, mais uma dezena de partidos políticos e instituições anunciaram que pediriam o impeachment do presidente. Portanto, essa semana, o número deve disparar e Rodrigo Maia sofrerá pressão para analisar os pedidos com mais agilidade.
Segundo Moro, Bolsonaro exonerou o diretor da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, porque queria ter alguém do “contato pessoal dele na PF para poder ligar e colher relatórios de inteligência”. “O presidente me falou que tinha preocupações com inquéritos no Supremo, e que a troca seria oportuna por esse motivo, o que gera uma grande preocupação”, disparou o ex-juiz. O ex-juiz afirmou ainda que no governo anterior, durante as apurações da Lava Jato, nunca sofreu interferências em seu trabalho.
Pressão pelo fim da quarentena coloca população em risco
A pressão dos empresários e do governo Bolsonaro pelo fim da quarentena coloca a vida da população em risco. No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha tem dado sinais claro de que pretende antecipar a volta às aulas e reabrir os comércios, contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em São Paulo, epicentro da crise, onde os números de mortes crescem dia após dia, o governador João Dória já estuda flexibilizar a quarentena após o dia 10 de maio.
A pandemia ainda não está controlada no país. Dados de um levantamento exclusivo do site G1 junto às secretarias estaduais de saúde, divulgados ontem, apontou 4.286 mortes provocadas por Covid-19 e 63.100 casos confirmados da doença em todo o país. Como não há testes suficientes e muitos casos são leves, institutos de pesquisas calculam que o número de casos pode ser de oito a dez vezes maior do que os registros oficiais.
Moro acusa Bolsonaro e deixa governo
O ministro da Justiça Sergio Moro anunciou seu pedido de demissão na última sexta-feira (24).
O ex-ministro acusa Bolsonaro de interferir na Policia Federal (PF) e de incitar uma crise política, quando deveria estar preocupado em lidar com o combate à pandemia do coronavírus.
Durante a coletiva de imprensa Moro deu a entender que a crise entre os dois já vinha se desenhando há algum tempo e que Bolsonaro publicou a saída do diretor-geral da PF, Mauricio Valeixo sem a sua concordância.
No mesmo dia Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional totalmente desconexo. No mesmo dia Moro exibiu à TV Globo reprodução de conversa que teve com Bolsonaro, na qual o presidente sugere troca no comando da PF em razão de investigações que envolvem aliados do chefe do Executivo. Os dois serão investigados.
A surpresa maior veio no dia seguinte com a confirmação de que Alexandre Ramagem será o provável diretor-geral da Policia Federal. Ramagem é amigo de um dos filhos do presidente, que é alvo de investigação.
Bolsonaro veta dispensa de atestado e expõe trabalhadores
O Projeto de Lei (PL) 702/20, que dispensava trabalhadores infectados pelo novo coronavírus de apresentar atestado médico durante a pandemia, foi integralmente vetado por Bolsonaro.
A proposta do deputado Alexandre Padilha (PT-SP), médico infectologista e ex-ministro da Saúde, aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, protegia o trabalhador doente e também os colegas de trabalho que poderiam contrair a doença se entrassem em contato com um infectado, além de reduzir a busca por atestados nos serviços públicos de saúde.
Padilha reagiu indignado ao veto ao projeto, que não foi contestado pelo governo em nenhum momento durante a tramitação nas duas Casas Legislativas, o que, mostra que Bolsonaro não se preocupa com a classe trabalhadora, afirmou.
“Mais uma vez Bolsonaro provou que é rápido para resolver o problema dos banqueiros e lento para resolver o problema dos trabalhadores da saúde”, disse Padilha.
Covid-19 deixa mais de 90 milhões de brasileiros inadimplentes
O Instituto Locomotiva apurou que em abril, mais de 91 milhões de brasileiros (58% da população brasileira) deixaram de pagar pelo menos uma conta, seja de luz e de água ou os boletos, o cartão de crédito e as prestações de financiamentos.
Entre março e abril, o número de brasileiros endividados pulou de 59 milhões para 91 milhões e quarenta mil.
A média é de quatro contas em atraso e no topo da lista dos pagamentos que os brasileiros estão “deixando para depois”, aparecem também os carnês de lojas.
Cerca de 46% dos entrevistados atrasaram o crediário. Na sequência vêm cheque especial e cartão de crédito, ambos com 37%. Já os empréstimos, boletos e alugueis têm, cada um, percentual de 36% de atraso.
A pandemia do coronavírus chegou ao Brasil durante uma das “mais longas crises econômicas da nossa história e encontrou uma população sem poupança e cada vez menos amparada pelos aparatos de proteção social”, explica o presidente do instituto, Renato Meirelles.
A pesquisa, ele diz, escancara consequências econômicas graves, em especial, a total falta de condição de grande parte da população em honrar suas contas. E quanto menor a renda do trabalhador, maior é endividamento com contas mais simples, do dia-a-dia, como água, luz, aluguel ou carnês, afirma.
No entanto, prossegue Meirelles, os mais ricos também estão recorrendo ao atraso de contas nesses tempos. De acordo com a pesquisa, nas classes A e B, os brasileiros estão postergando o pagamento do cartão de crédito, do cheque especial e de mensalidades escolares.
A pesquisa Radar Covid-19 – Impacto nas Contas dos Basileiros, foi realizada pelo Instituto Locomotiva Pesquisa e Estratégia, entre os dias 14 e 15 de abril de 2020, com 1.131 brasileiros – mulheres e homens – com mais de 16 anos em 71 cidades de todos estados brasileiros e do Distrito Federal. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais em um intervalo de confiança de 95%