Estatuto da Criança completa 30 anos em meio a retrocessos

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) completa 30 anos nesta segunda-feira, 13, em meio a uma enorme crise social, que afeta diretamente a população mais pobre.  Infelizmente, o desemprego e a exclusão de milhares de beneficiários do programa Bolsa Familia, voltaram a expor crianças e adolescentes ao trabalho infantil e à violência.

De acordo com levantamento divulgado em maio, apenas 41% das crianças e adolescentes ou sua família recebiam algum tipo de benefício social, 45% trabalhavam para contribuir com seu sustento e de suas famílias, e 85% afirmaram já terem sido vítimas de violência. A pesquisa foi feita pela Associação Beneficente O Pequeno Nazareno e pelo Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Foram ouvidas 554 crianças e adolescentes em situação de rua em 17 cidades com mais de 1 milhão de habitantes.

O desafio de manter renda, emprego e direitos no meio do caos

Nos últimos anos, as negociações salariais passaram a se dar com o vento contra e ladeira acima. A retração econômica e as ofensivas a direitos, intensificadas com a “reforma” trabalhista de 2017, tornaram a tarefa mais complicada. No ano passado, só metade das campanhas terminou com aumento real, ou seja, acima da inflação. Os primeiros dados deste ano mostram que as dificuldades aumentaram, alimentadas pela pandemia.

Segundo resultados preliminares colhidos pelo Dieese, de um total de 1.800 acordos, só 42% tiveram ganho acima da variação acumulada do INPC-IBGE. Os demais 58% se dividem entre negociações equivalentes e abaixo da inflação. As negociações passam a privilegiar manutenção de direitos e já começam a incluir cláusulas específicas sobre covid-19, como fornecimento de equipamentos de proteção e normas de segurança.

O cenário de “terra arrasada”, como define, o diretor técnico adjunto do Dieese, José Silvestre, aponta pelo menos um fator relativamente positivo: a inflação. Assim, quem tinha data-base em janeiro, por exemplo, negociou com uma inflação acumulada de 4,48%. Em 1º de junho, o INPC em 12 meses caiu para 2,05%, menos da metade. “Nesse ambiente adverso, a gente pode dizer que essa é uma variável positiva, no sentido de que torna menos difícil a negociação”, avalia Silvestre.

“Pibinho” e reformas

Mas as categorias seguem negociando em um ambiente de crise, com queda da atividade, agravada pela pandemia. “A questão econômica já vinha ruim”, lembra Silvestre. “Uma prova disso é o resultado do PIB do primeiro trimestre”, acrescenta, lembrando da retração de 1,5%. Algumas projeções estimam retração de até 10% em 2020. Há ainda os efeitos da “reforma” de 2017 e medidas provisórias que acentuam a flexibilização. “Além, evidentemente, de crescimento acentuado do desemprego.”

Categorias numerosas e com tradição de organização têm data-base no segundo semestre. E enfrentam esse desafio múltiplo: resguardar direitos, defender empregos e preservar o poder de compra. As do setor público tem o empecilho adicional de ter pela frente um governo refratário à negociação e com sanha privatista. É a situação de trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e petroleiros.

No setor privado, entre outros, metalúrgicos e químicos têm uma negociação com várias pedras no caminho. E os bancários convivem com as duas realidades. Só essas cinco categorias somam perto de 1,9 milhão de trabalhadores.

STF derruba decisão do TST

No caso dos Correios, havia a expectativa de um ano menos atribulado, porque o Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao julgar o dissídio em 2019, definiu a validade do acordo em dois anos, até 31 de julho de 2021. Mas a ECT recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e obteve uma liminar do presidente da Corte, Dias Toffoli, que reduziu pela metade o prazo do acordo coletivo. Assim, obrigou os sindicatos a preparar a campanha.

O secretário-geral da Fentect (a federação nacional dos trabalhadores nos Correio), José Rivaldo da Silva, lembra que a atual direção segue a linha pró-privatização do Ministério da Economia. E a empresa foi “militarizada”, a começar do presidente, general Floriano Peixoto Vieira Neto, formado em 1976 na Academia Nacional das Agulhas Negras (Aman).

“Não querem negociar nada. Só cortar direitos”, diz Rivaldo. “Está tudo aparelhado. Cortando direitos, demitindo trabalhadores por justa causa. Tem mais de um ano que estamos solicitando reunião. Nem as cartas eles respondem”, conta.

Sem acordo em relação ao plano de saúde, por exemplo, a ECT passou a adotar, unilateralmente, a fórmula 50/50. Antes, a empresa bancava 70% dos custos. No ano passado, cortou quase 6 mil postos de trabalho. Fechou 2019 com 99.443 funcionários, ante 105.349 no ano anterior (-5,61%). A redução foi maior entre as mulheres (-6,15%) do que entre os homens (-5,44%), que correspondem a 77% do total da companha.

Na última sexta-feira (10), estava programada uma reunião com um dos departamentos da empresa para “apresentação do cenário”. Rivaldo acredita que a história irá se repetir: “Os Correios vão vir com proposta de retirada de direitos. E nós não vamos aceitar”.

Privatização e greve

Na Petrobras, a redução da mão de obra foi ainda mais profunda. O número de funcionários passou de 63.361 no final de 2018 para 57.983, redução de 8,5%, sendo 84% homens. A companhia implementou seguidos planos de desligamento “voluntário”, três apenas no ano passado.

O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, lembra que a empresa, sob Bolsonaro, implementou uma série de mudanças na gestão e acentuou medidas como desinvestimentos e venda de ativos. Além de uma política de “desrespeito ao diálogo social, à negociação coletiva”.

Com o economista Roberto Castello Branco na presidência, a empresa também fez várias mudanças em regimes de trabalho, sem qualquer negociação com as representações dos empregados. “Esses fatores contínuos nos impõem um desafio ainda maior”, afirma Deyvid. Os petroleiros já realizaram seus congressos estaduais e fará o nacional de quarta a domingo que vem (dias 15 a 19). “Vamos construir uma pauta de reivindicações a partir da ampla participação da categoria”, diz o coordenador da FUP.

Com todas as adversidades, ele ressalta a importância da greve de 20 dias neste início de ano. Com pelo menos dois frutos, avalia. O primeiro foi a mobilização, já que o movimento atingiu 21 mil trabalhadores em 13 estados. “E conseguimos fazer com que o Congresso se movimentasse contra as privatizações.”

No início do mês, o parlamento encaminhou pedido ao STF para que o governo não crie subsidiárias para “fatiar” a companhia e facilitar a venda de ativos. Isso seria uma tentativa de burlar decisão da própria Corte, que no ano passado decidiu que o governo não pode privatizar empresas sem o aval do Congresso, apenas subsidiárias.

Do céu ao inferno

Já em relação aos químicos no estado de São Paulo, as federações ligadas à CUT (Fetquim) e à Força Sindical (Fequimfar) fecharam em 2019 um acordo com duração de dois anos, algo que se mostrou providencial agora, por preservar as cláusulas sociais.

Na parte econômica, o acordo tem uma cláusula de participação nos lucros ou resultados (PLR) que abrange toda a base, em torno de 300 mil trabalhadores. De acordo com o presidente da Fequimfar, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, 52% dos funcionários dependem dessa cláusula para garantir o benefícios. Os demais 48% têm acordos próprios.

“Já tem uma pressão de empresas querendo mudar os planos de metas. Nosso objetivo é manter a cláusula. Esse é o primeiro desafio”, afirma o dirigente. Ele estima que no período da data-base (novembro) a inflação estará na casa dos 2,5%. “No nosso ponto de vista, uma das formas de sair da crise é ter crédito para as pessoas, emprego e salário.”

Outra preocupação imediata está nos acordos de redução salarial e de jornada negociados com base na Medida Provisória 936, que se tornou a Lei 14.020. “Os acordos que fizemos estão todos vencendo agora”, conta Serginho. “Teve empresa que rompeu porque teve sinais de melhora, teve outra que não voltou e provavelmente não vai voltar. Vamos do céu ao inferno em 10 segundos”, acrescenta.

Além disso, ele defende negociação específica para regular a questão do home office. Uma questão que interessa inclusive às empresas, argumenta, à medida que um acordo nesse item poderá evitar futuras demandas judiciais.

Retomada lenta

Entre os metalúrgicos, o presidente da FEM-CUT, a federação estadual em São Paulo, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, observa que desde 2017 os representantes dos trabalhadores já se sentam à mesa de negociação com certa desvantagem. O receio do desemprego é um desafio ainda mais presente.

“Num momento como este, a grande luta é pela manutenção dos empregos”, afirma o dirigente. À exceção das montadoras, que negociam à parte, a entidade já entregou as pautas aos grupos patronais – a data-base é 1º de setembro no caso dos metalúrgicos da CUT e 1º de novembro para os da Força. Somados, são quase 1 milhão de trabalhadores.

De um base de 195 mil no início de março, Luizão estima que aproximadamente 120 mil entraram em acordos de suspensão do contratos, redução da jornada/salário ou lay-off. As negociações, que devem começar em greve, e deverão ser todas virtuais, levarão em consideração um cenário de recuperação de longo prazo. O presidente da FEM-CUT vê um processo de retomada, lento, a partir do final do ano. Mas a atividade normal do setor deverá ainda levar alguns anos para se recuperar.

Além de medidas de proteção ao emprego, Luizão identifica falhas no acesso ao crédito por parte da indústria. “O governo falou que disponibilizou recursos para que as empresas pudessem ter capital de giro e honrar a folha de pagamento, mas elas tiveram muita dificuldade e algumas acabaram desistindo no meio do caminho. Isso fez com que em alguns lugares ocorressem demissões”, aponta.

Algumas regiões foram mais atingidas, como Taubaté, Sorocaba e São Carlos, exemplifica o dirigente. Em outras, como Matão, houve até crescimento, por causa do agronegócio.

Vidas e empregos

Os bancários já tiveram de ir à mesa de negociação antes do tempo, por causa da pandemia. Os sindicalistas fecharam acordos específicos com algumas instituições, para estabelecer condições de saúde e garantir postos de trabalho. Acordos que estabelecem condições melhores que as previstas pelas medidas provisórias e também ajudam a salvar vidas, observa a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

As negociações envolveram ainda preservação de postos de trabalho, um compromisso que posteriormente acabou sendo descumprido pelo Santander. “Uma atitude mesquinha, porque o setor foi o primeiro a ser ajudado”, lembra Juvandia. O Banco Central assegurou pelo menos R$ 1,2 trilhão para manter a liquidez do sistema financeiro. Enquanto isso, os bancos, com exceção dos públicos, dificultam acesso a crédito para pequenas e médias empresas. “Emprestaram para as grandes, na verdade.”

Neste fim de semana, funcionários dos bancos públicos estão realizando seus congressos. É um setor na mira assumida do ministro Paulo Guedes. Na sexta e sábado próximos (17 e 18), será realizada a conferência nacional, para aprovação da pauta a ser encaminhada à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Em 2018, a categoria fechou acordo de dois anos, que vence no próximo 31 de agosto. Com a pandemia, os bancários propuseram extensão da convenção coletiva até o final do ano, mas o setor patronal não aceitou.

Teletrabalho

A presidenta da Contraf-CUT considera a manutenção dos direitos uma das prioridades da campanha, além da defesa do setor público e ganho real. A entidade está realizando uma pesquisa com os bancários para saber como tem funcionado o chamado teletrabalho. A ideia é discutir uma cláusula específica na renovação da convenção coletiva. Segundo Juvandia, 300 mil dos 450 mil trabalhadores no setor entraram no home office. “É um tema que está na ordem do dia”, afirma Juvandia, que também defende a necessidade de regulação específica.

Apesar do contínuo ataque a direitos e à organização sindical, ela observa que foram justamente os trabalhadores que asseguraram melhores condições neste período de crise sanitária, tanto para eles próprios como para a população. Assim, atuaram na direção contrária à do governo federal, cuja política defendida pelo atual mandatário “é tudo que não se deve fazer”.

Fora Bolsonaro nas ruas e na internet

O isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus não conseguiu deter o  movimento “Fora Bolsonaro”, lançado em 10 de julho,  em todo o país.

Tomando as devidas precauções necessárias para evitar o contagio, os movimentos sociais e sindicais realizaram carreatas em 18 capitais.

Nas redes sociasi a hashtag “ForaBolsonaro” ficou nos trends topics do Twitter.

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, disse que o ato simbólico é para além de chamar a atenção da população para os desmandos dos governos. Segundo ele, a mobilização também reforça a luta em defesa da vida, da democracia e do SUS e para mostrar a insatisfação da população com Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB).

“Não é possível que com os números de mortes e casos de covid aumentando os governos cedam às pressões do poder econômico e flexibilizem as medidas de isolamento. Os governos deveriam garantir as condições para que todos pudessem cumprir a quarentena em casa”, afirmou.

Fila do auxílio-doença no INSS cresce  mais de120%

Após a interrupção do atendimento presencial no INSS, devido a pandemia de coronavírus, a fila de espera para requisitar o benefício por incapacidade aumentou 123%.

Em fevereiro eram 244,8 mil pedidos. Em maio, a fila de espera aumentou para 545,9 mil, sendo que mais de   90% dessa fila é composta por pedidos de auxílio-doença, segundo reportagem divulgada no jornal Agora São Paulo.

Para receber o auxílio-doença, por exemplo, o trabalhador precisa de uma avaliação da sua capacidade para o trabalho por um perito da Previdência, porém, as perícias médicas deixaram de ser realizadas em março, devido a pandemia.

Durante o período de interrupção do atendimento, o INSS tem antecipado R$ 1.045 para segurados que querem o benefício após a análise de laudos médicos enviados pela internet, por meio do Meu INSS. Quando as perícias forem retomadas, se houver direito a um auxílio com valor maior, o segurado receberá a diferença.

Mas de acordo com a reportagem, o TCU avalia que 268,9 mil casos de pedidos negados foram contados como pendentes pelo INSS. “O Tribunal considerou que os critérios utilizados pelo INSS para a antecipação de R$ 1.045 são diferentes do que estabelece a legislação, que considera a perícia etapa obrigatória”, prossegue.

Químicos tem complemento garantido em convenção

A convenção coletiva do setor químico garante a complementação do salário por 330 dias.  De acordo com o coordenador-geral do Sindicato, Edson Passoni, as empresas do setor devem garantir os salários durante o afastamento, já que a fila no INSS está grande.

*Com informações do jornal Agora

Governo Bolsonaro quer realizar uma nova reforma trabalhista e sindical

O governo Bolsonaro quer realizar uma nova reforma trabalhista e sindical. A intenção é finalizar a reforma do ex-presidente Michel Temer, de 2017, e rever toda a CLT, desde os direitos trabalhistas até a relação sindical.

O diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, explica que a intenção do governo é trazer o modelo chileno, que “pulveriza as entidades dos trabalhadores“. Entre as propostas, está a criação de sindicatos em cada empresa, acabando com as representações por categoria profissional.

Outra questão trata da redução do acesso à Justiça do Trabalho. “A visão econômica do governo federal passa pela retirada de direitos do trabalho. Eles investem seu tempo na ideia de ampliar o número de trabalhadores sem proteção, enquanto a gente deveria buscar a ampliação dos direitos sociais e o equilíbrio econômico”, critica Fausto, em sua coluna no Jornal Brasil Atual.

Enfraquecimento coletivo

Dentro da reforma, o objetivo é acabar a unicidade sindical, princípio constitucional que prevê uma única entidade tanto de trabalhadores como de empresas por base territorial. Além disso, o governo federal quer enfraquecer a Justiça do Trabalho, que desempenha papel de intermediação nas negociações coletivas.

Para o especialista, o modelo brasileiro é bem consolidado e constituído, e mesmo com seus problemas, não deveria resultar numa desconstrução total. “O que se busca (na nova reforma trabalhista) é desconstruir o arcabouço legal, que é a CLT, enfraquecer os sindicatos e colocar os trabalhadores à disposição dos interesses empresariais. Precisamos ter cuidado nas relações de trabalho, porque não podemos desconstruir um sistema e achar que nada vai acontecer, ainda mais num país desigual como o Brasil”, alerta.

Vetos de Bolsonaro prejudicam trabalhadores e favorecem empresários

Bolsonaro vetou parte da MP 936 aprovada por unanimidade por deputados federais e senadores, que se transformou na Lei nº 14.020/2020.

Os vetos são um contrassenso com tudo o que foi dialogado com a CUT, as demais centrais, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), e outras entidades civis organizadas, critica o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT Nacional, Valeir Ertle.

Entre os vetos presidenciais está o que permitiria aos trabalhadores sem direito ao seguro-desemprego, dispensados sem justa causa durante a pandemia, acesso ao auxílio emergencial de R$ 600,00 por três meses contados da data da demissão.

Bolsonaro também retirou do texto a permissão para que o trabalhador que tinha direito à última parcela do seguro-desemprego nos meses de março ou abril de 2020 recebesse o auxílio emergencial.

Outro veto prejudicial aos trabalhadores foi ao artigo 17, item IV, que estabelecida a ultratividade, ou seja, a possibilidade de manutenção das cláusulas de acordos e convenções coletivas, mesmo que os prazos de validade tenham vencido durante a pandemia. Isso significa que a garantia dos benefícios nos acordos ficará a critério do empregador.

“A ultratividade é o principal instrumento normativo que valoriza as negociações e impede que todos os anos as partes tenham que recomeçar do zero”, esclarece Valeir.

Congresso pode derrubar vetos de Bolsonaro

Apesar do prazo exíguo para derrubar o veto presidencial, já que o Congresso Nacional deve entrar em recesso na próxima semana,  todas as forças de defesa do trabalhador devem se voltar para derrubá-lo, defende Valeir Ertle.

“Esta MP foi a que mais envolveu forças e articulações, durante dias com a Câmara e o Senado. Os vetos de Bolsonaro são um desrespeito imenso ao Congresso Nacional”, critica.

Para conhecer  todos os vetos presidenciais no texto da MP, clique aqui e acesse o texto produzido pelo DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).

Centrais protestam em Brasília em defesa dos empregos

A CUT e demais centrais sindicais estão nesta quarta-feira (8), em Brasília. O objetivo é entregar ao ministro Paulo Guedes um documento com propostas de proteção ao emprego e a renda, além de uma agenda de retomada da economia.

Esse documento com as propostas dos trabalhadores já foi entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em junho. Entre as propostas, está a prorrogação do auxílio emergencial, no valor de R$ 600, até 31 dezembro, como etapa de construção de um programa permanente de renda básica.

Dentre os vários pontos apontados, as  entidades também pedem proteção às micro e pequenas empresas que precisam de capital de giro para arcar com a folha de pagamento.  De acordo com os sindicalista, é preciso elaborar linhas de crédito para a manutenção dos empregos e crédito para incentivar o consumo.

Responsabilidade

O ato das centrais não teve aglomeração. Foi um ato simbólico, com apenas dez dirigentes de cada central, seguindo todos os protocolos sanitários e medidas de proteção para evitar o contágio pelo novo coronavírus.

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, participou presencialmente de um ato.

“Além de reivindicar, temos propostas”, disse o presidente da CUT. Entre essas propostas está a prorrogação do auxílio emergencial no valor de R$ 600,00 até 31 dezembro de 2020, como uma etapa de construção de um programa permanente de renda básica.

“O Brasil precisa mudar de rumo, ter um novo modelo econômico. O caminho para o crescimento econômico é olhar à carência do povo”, disse Sérgio Nobre. E explicou: “Se tem algo que a pandemia de Covid-19 mostrou é que temos de fazer investimento em amplos programas, como o habitacional, porque uma das dificuldades para manter a política de isolamento é exatamente a precariedade das condições de moradia do nosso povo”.

Luz mais cara na pandemia: Procon registra recorde de reclamações

O número de reclamações de contas de luz saltaram de 670 para  12.770 entre os meses de março e junho, no Procon de Sã Paulo.

Isso ocorreu porque inicialmente as contas estavam sendo emitidas pela média do consumo dos meses anteriores, para evitar que os trabalhadores da empresa de energia se contaminassem fazendo a leitura presencial.

No  mês de junho, segundo o Procon, muitas contas tiveram aumento abusivo porque a Enel voltou a fazer a leitura presencial e resolveu cobrar os valores não medidos nos meses anteriores, de uma só vez.

De acordo com o órgão, essa prática é ilegal. Em entrevista à imprensa, Fernando Capez, secretário especial de Defesa do Consumidor do município de São Paulo, afirmou que a distribuidora não pode cobrar esses valores porque foi ela que escolheu cobrar pela média e o consumidor não pode ser lesado.

Capez afirmou também que as distribuidoras, tanto de luz como de outros serviços, como gás, telefonia e água que também foram alvo de reclamações de consumidores, estão sendo notificadas sobre as irregularidades e podem ser multadas. Segundo ele, mesmo com a pandemia, as empresas têm que estar preparadas para fazer cobranças corretas.

Ainda de acordo com o Procon, a forma adotada para cobrar a média de contas com base nos 12 últimos meses é abusiva. O órgão já notificou a Enel para que esclareça a forma de cálculo e como chegou aos valores cobrados.

Onde reclamar? 

Em São Paulo, o consumidor que se sentir lesado deve ter em mãos as faturas com valores que considera errados e acessar o site do Procon.

Bolsonaro coloca jornalistas em riso

Infectado pelo novo coronavírus, Bolsonaro chamou uma coletiva de imprensa presencial na manhã desta terça (7) e, como sempre faz, retirou a máscara de proteção para falar com os jornalistas.

O presidente foi denunciado por seu ato inconsequente. Em nota, a  ABI (Associação Brasileira de Imprensa) afirmou que “está entrando com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal” contra Bolsonaro. “Não é possível que o país assista sem reação a sucessivos comportamentos que vão além da irresponsabilidade e configuram claros crimes contra a saúde pública”, disse a ABI.

Fala de Bia Dória mostra total desconhecimento da realidade do morador de rua

Segundo a primeira-dama do estado de São Paulo, Bia Dória, é um equívoco doar comida e roupas para moradores de rua. Em entrevista a amiga e socialite, Val Marchior, Bia afirmou que a rua é atraente.

O vídeo da primeira-dama viralizou na internet e sua fala foi considerada criminosa.  David Oscar, orientador Sócio Educativo do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS), ficou indignando e postou nas redes sociais um texto em que aponta em cinco tópicos os equívocos da primeira-dama.

De acordo com o assistente social, que está no segundo mandato no Conselho Municipal de Assistência Social de São Paulo (COMAS/SP), já existe um trabalho para tirar as pessoas da rua, mas não é assim de uma hora para outra que se consegue fazer isso. Não é uma questão de escolha, diz o profissional, que ressalta: as pessoas têm diversas demandas, estão na rua por diversos motivos e é preciso todo um processo de acolhimento, com serviços de saúde, assistência social e núcleos de convivência.

David diz ainda que na temporada de inverno o governo tem um protocolo de cuidado, especial.  “O Samu e um consultório de rua fazem a abordagem e encaminham as pessoas em situação de rua para os serviços que cada um precisa. E isso acontece só no inverno porque o governo não quer se responsabilizar por nenhuma morte”, critica.

“Ele só faz isso porque a mídia cobra e as pessoas se sensibilizam com o frio, porque todo mundo sente. Mas é bom frisar que as pessoas em situação de rua morrem o ano todo e a gente não pode somente se comover com as mortes, temos que ter medidas de proteção à vida e a população pode ajudar a cobrar”, diz David.

Por que a fala de dona Bia Doria foi criminosa

David explicou em 5 pontos porque a fala da primeira-dama foi criminosa, genocida e mostra uma total falta de solidariedade e humanidade.

Ele assina a mensagem dizendo: ” A temperatura é suportável, o que mata é a frieza de vocês”.

 Confira os cinco pontos

  1. Não existe um perfil padrão de pessoa em situação de rua, isso é uma visão carregada de preconceitos que alimentam a desinformação para toda a sociedade. Diferente do estereótipo criado, cada pessoa em situação de rua tem uma vivência e os seus diversos motivos para chegarem na atual situação. E eles são de diversas faixas etárias, etnias e até nacionalidades.
  2. Estamos enfrentando uma das piores pandemias da história, e com a chegada do inverno tudo fica mais complicado e perigoso. Sabemos que uma pessoa resfriada ou gripada tem uma queda na imunidade, o que a torna mais suscetível a contrair a Covid-19, fora os mais diversos problemas de saúde agravados pelas baixas temperaturas. Só faltou ela pedir para que a população não oferecesse também a máscara para quem está em situação de rua
  3. Nesse ponto vou focar nos números do município de São Paulo. No ano passado foi realizado o Censo Pop Rua que trouxe números muito questionáveis, mas que não vamos entrar nesse mérito agora. Usando os apontamentos subdimensionados, hoje na capital existem quase 25 mil pessoas em situação de rua, e a rede de acolhimento da cidade oferece uma média de 14 à 15 mil vagas. Qual é a mágica Bia Dória? Se amanhã todas as pessoas aceitarem acolhimento para onde irão? Talvez em suas diversas viagens internacionais você tenha adquirido um conhecimento avançado de matemática que feche essa conta.
  4. Que o governador João Doria apresente um estudo que sustente as afirmações higienistas da representante do Fundo Social, ou que a retire do cargo. Não que eu espere muito de alguém que planejou dar ração humana para as pessoas em situação de rua, que em sua gestão na prefeitura às pessoas eram acordadas com jato d’água ou que carimbou as mãos das crianças para não repetirem merenda nas escolas. Mas enquanto estiver a frente do Estado, Dória tem responsabilidades com a constituição vigente.
  5. Ao contrário do que a senhora Bia Dória tenta passar, uma boa economia não tem impacto direto no número de pessoas em situação de rua ou em uma sociedade menos desigual, muito pelo contrário. Os Estados Unidos hoje lideram a economia mundial, e mesmo assim, têm em torno de 500 mil pessoas que vivem nas ruas norte americanas. A nível de comparação, a estimativa é que no Brasil atualmente o número de pessoas em situação de rua seja de 80 à 100 mil.

Nota do movimento social

O Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) soltou uma nota sobre o caso e afirmou que o Brasil tem 221,869 pessoas em situação de rua, das quais 124.698 estão na região Sudeste. Segundo a entidade, estes números não representam todo o universo de pessoas nestas condições, mas mensura apenas a parcela que os governos conseguem enxergar.

“Sugerimos que procure se informar sobre a realidade, antes de sair dando testemunhos desumanos como o que foi postado e que não condiz com a realidade e que podem ter como consequência a ampliação do preconceito e de ações discriminatórias”, conclui o MNPR.

Nota de esclarecimento de Bia Dória e a desinformação continuada

Pelo Instagram no dia seguinte, Bia Doria publicou uma nota de esclarecimento dizendo que frase dita no vídeo foi tirada do contexto e tentou se explicar.

” O que quis dizer é que, se conseguirmos convencer as pessoas que vivem nas ruas a irem para os abrigos públicos, onde terão alimentação de qualidade dentro das normas de higiene da vigilância sanitária, traremos mais qualidade de vida para elas”, afirmou a primeira dama.

“O que ela ainda precisa explicar é como mais de 25 mil pessoas vão conseguir ficar em abrigos públicos que só cabem 15 mil?”, questiona David.