Bancários mantém greve há 23 dias

A greve dos bancários chega ao seu 23º dia com 13.449 agências e 36 centros administrativos paralisados. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reúne hoje (28) com o Comando Nacional dos Bancários para retomar as negociações da campanha salarial da categoria.

Na última terça-feira (27), a federação patronal e o comando da categoria se reuniu para uma rodada de negociação em que os patrões apresentaram a proposta de um novo modelo de acordo, com validade de dois anos. Os bancários afirmam que a proposta dos patrões deve contemplar as reivindicações de emprego, piso, vale, creche, igualdade de oportunidades e segurança.

Lula, intelectuais e lideranças apontam eleição de Haddad como ‘estratégia anti Temer’

Em evento realizado na noite de ontem (27) na Casa de Portugal, centro de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras lideranças destacaram a necessidade de levar a candidatura do prefeito Fernando Haddad ao segundo turno e à reeleição pela força política da cidade no enfrentamento ao governo de Michel Temer e à ameaça a direitos e conquistas sociais no país. “Precisamos ter um prefeito sério e responsável governando a cidade mais importante da América Latina para fazer frente aos pacotes do Temer para tirar dinheiro da educação e saúde”, disse Lula.

Haddad afirmou que a eleição deste ano tem importância crucial para a cidade decidir entre o passado e o futuro. “O que está em jogo é se a gente continua rompendo um paradigma que vigorou (em São Paulo) desde o pós-guerra, ou se vamos retomar o projeto velho que sepultamos em 2012. Eu não estou a fim de abrir mão desse sonho”, disse o prefeito.

Segundo Haddad, os eleitores vão decidir se querem a privatização da cidade ou continuar a transformação iniciada em sua gestão. “São Paulo pode liderar uma transformação.” Ele citou, entre outros, o programa “De Braços Abertos” como exemplo de projeto que humanizou a cidade, ao resgatar “pessoas de uma condição sub-humana”.

O prefeito provocou o tucano João Doria. “No segundo turno não vai dar pra dizer ‘eu não sou político, eu sou gestor'”. Doria tem reforçado a ideia de afastar a política da administração pública: “Não sou político, sou empresário”, declarou o candidato do PSDB em entrevistas.

Confiança

O prefeito também se mostrou otimista em relação à disputa. “Em 2012, todos os institutos de pesquisa nos colocaram fora do segundo turno. Até domingo a bola está rolando em campo. Nós vamos pra rua”, conclamou. “Vai ser muito divertido ir para o segundo turno. Porque aí não tem essa de cinco contra um, é tête-à-tête, mano a mano”, disse.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, também atacou João Doria. “Tem candidato a prefeito de São Paulo que é inimigo da classe trabalhadora, que persegue a classe trabalhadora. E vai no horário eleitoral dizer que começou a trabalhar com 15 anos de idade, defende os trabalhadores, diz que é o ‘tucano trabalhador’. Quero dizer aqui que esse tucano é vagabundo, inimigo da classe trabalhadora”, disse. Sem citar o nome da ex-prefeita Marta Suplicy, Vagner acrescentou: “Quem vira a casaca, quem muda de lado, é traidor.” Segundo o sindicalista, Haddad “foi respeitoso com os trabalhadores na cidade de São Paulo e teve um dialogo sério e decente” com os trabalhadores.

Lula elogiou o discurso do prefeito: “Vi o Haddad falando com alma e brilho nos olhos, falando com mais emoção do que com a racionalidade com que costuma falar às pessoas. Ele hoje conseguiu se superar.”

Como Lula, vários oradores também destacaram a importância estratégica da eleição em São Paulo. O jurista Pedro Serrano afirmou que Haddad “representa a ideia de cidade, espaço habitado por cidadãos livres, diferentes entre si”. Segundo Serrano, o voto de domingo precisa ser unificado, “contra o fascismo em São Paulo”.

“O significado extrapola ­­em muito a cidade de São Paulo. Lutamos contra o arbítrio e o ataque aos direitos”, disse a vice-prefeita Nádia Campeão (PCdoB).

O escritor Fernando Morais afirmou que as eleições em São Paulo e Rio de Janeiro são estratégicas. “Estamos correndo o risco de entregar as duas maiores cidades do país aos golpistas. Está na hora do PT e do Psol se entenderem, para não entregarmos as duas cidades para a direita.”

O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira disse que a capital paulista tem hoje “um grande prefeito”. Ele citou o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento como exemplos de que Haddad fez uma reforma pela qual a cidade deve se desenvolver. “Ele deu preferência para o povo, e não aos ricos, e isso eles não perdoam. Estou aqui também para apresentar solidariedade ao presidente Lula, que está sendo perseguido”, declarou Bresser.

Os apoios de alguns intelectuais a Haddad foram transmitidos em mensagens em vídeo. Chico Buarque afirmou: “minha porção de sangue paulistano está com Haddad e não abre”.

O cientista político Singer declarou que “ficar ao lado de Haddad é ficar ao lado da democracia”. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou que a gestão do atual prefeito criou um “ambiente de convivência civilizada”.

Pochmann: “Associo terceirização ao processo de uberização do trabalho”

A universalização da terceirização, seja a aprovada pelos deputados e em tramitação no Senado, seja a da proposta em análise no Supremo Tribunal Federal, é a Uberização da força de trabalho, chama a atenção Marcio Pochmann, presidente licenciado da Fundação Perseu Abramo e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Faz parte do projeto da nova elite agroexportadora, que mantém a desigualdade, em contraposição às propostas fragmentadas da parcela da sociedade que gravita em torno dos serviços e está nas ruas, explica o economista da Unicamp na entrevista a seguir.

Como a terceirização cresceu?

No fim dos anos 1980, início dos 1990, da recessão do governo Collor e da abertura comercial, expuseram o parque produtivo brasileiro à competição internacional sem condições adequadas. Isso culminou em uma reação dos empresários para reduzir custos. A terceirização permitia às empresas concentrar-se nas atividades finalísticas e repassar as atividades-meio, fugindo do modelo fordista em que a empresa fazia tudo. Esse era o discurso que veio de fora.

A terceirização, segundo as empresas, aumenta a produtividade.

A terceirização aumentou muito com a desregulamentação dos anos 1990, do governo Fernando Henrique basicamente como mecanismo de redução de custos e precarização do trabalho. Nesse período, o País não teve ganhos de produtividade. A partir do ano 2000, com o ambiente econômico mais favorável, houve uma ampliação do setor produtivo, com empregos não terceirizados entramos em um ambiente de quase pleno emprego nos melhores momentos.

A recessão estimula a terceirização.

Ela voltou a ganhar espaço no ambiente recessivo, de forte pressão sobre os custos das empresas. O projeto aprovado na Câmara e agora à disposição dos senadores é o inverso do defendido por juristas, especialistas, trabalhadores e sindicatos, de regular a atividade terceirizada de modo a comprometê-la com o ganho da produtividade em vez da redução de custos. A legislação em tramitação não é para os terceirizados, é para universalizar os não terceirizados.

Como vê essa perspectiva?

Associo a universalização da terceirização ao processo de uberização da força de trabalho no Brasil. A ideia do serviço de táxi desregulamentado do Uber é inviabilizar impostos e tributos. O governo está preocupado com fundos públicos para financiar a Previdência, mas a terceirização certamente vai implicar menos arrecadação para o Estado. É coerente com a proposta de relação direta entre patrão e empregado. Descarta-se o sindicato, não há regulação. É uma volta ao século 19.

Quais seriam as perspectivas?

Vivemos uma fase de reavaliação do projeto de redemocratização do Brasil dos anos 1980. Acreditávamos que a democracia poderia ser uma possibilidade de mudança, mas ela não permite isso, toda conquista vai por água abaixo. De 1981 a 2016 a economia brasileira cresceu 2% ao ano em média. Isso dá 0,6% per capita. Estamos num ciclo de decadência da industrialização, que começou nos anos 1980. Hoje a indústria representa 7% do PIB. É uma fase longa de decadência econômica, mas também política, dos valores culturais, dos relacionamentos, das instituições, algo muito maior. Olhamos o curto prazo, o cotidiano, mas há um movimento maior nisso.

 

(Publicado originalmente na edição 919 de CartaCapital)

Limitar FGTS é tentativa de acabar com o Minha Casa, Minha Vida, dizem movimentos

A medida que proíbe a aplicação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) no financiamento de obras do Programa Minha Casa, Minha Vida foi recebida, pelos movimentos sociais, como uma nova investida do governo Michel Temer para liquidar o programa. Para o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, “é uma tentativa de arrochar o programa, criando pretextos para barrar projetos e um controle político do Ministério das Cidades para liberá-los”.

A Instrução Normativa (IN) 24, assinada pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo, na última sexta-feira (23), foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de hoje (26). O documento “desautoriza” a Caixa Econômica Federal a aplicar recursos do FGTS no programa, “enquanto não constar do orçamento fiscal e da seguridade social rubrica específica correspondente à contabilização dos adiantamentos concedidos a partir de disponibilidades dos referidos fundos”. Não se trata da utilização do FGTS pessoal para comprar uma casa, mas do investimento de parte do fundo total no financiamento das obras.

Ainda de acordo com a IN, será da Secretaria Executiva do Ministério das Cidades a decisão sobre a “conveniência e a oportunidade” de garantir a rubrica orçamentária necessária ou a efetivar a contratação de operação de crédito para garantir empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida, que utilizem recursos oriundos do FGTS e outras modalidades de financiamento. O ministério alegou cumprir orientações do Tribunal de Contas da União, para evitar que se caracterize empréstimo do banco à União, o que é ilegal.

A medida vai afetar principalmente a faixa 1 do programa, que atende às famílias mais pobres – com renda até R$ 1.800 –, e a modalidade Entidades, cujo projeto e fiscalização da obra ficam a cargo de associações formadas pelos futuros moradores, organizados por movimentos sociais. Ambas contam com amplo subsídio estatal. Nesse caso, até 95% do valor da moradia são bancado pelos governo, com recursos do FGTS e do Tesouro Nacional. O restante é pago pelo beneficiário, em prestações adequadas à renda familiar.

“É um recurso que a Caixa paga às construtoras para viabilizar a obra. Como na faixa 1, a maior parte do recurso vem de subsídio, e não de financiamento bancário, porque as famílias não são sujeitos de crédito, o impacto vai ser maior. Se não tiver FGTS não tem financiamento”, explicou Boulos. As faixas 2 e 3 do programa (famílias com renda mensal de até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, respectivamente) podem recorrer a financiamentos bancários e ao uso do FGTS próprio para aquisição de uma unidade habitacional, ação que não é afetada pela norma.

Outra preocupação é que, sendo uma decisão caso a caso do ministério, passem a vigorar critérios políticos na aprovação de projetos. “O governo vai poder definir qual projeto, região ou cidade que vai receber recurso, tirando a autonomia técnica da Caixa para definição dos projetos”, completou. Desde 2009, ano da criação do programa, foram concedidos R$ 39 bilhões em subsídios com apoio do FGTS. Até abril deste ano, foram entregues 2,6 milhões de moradias pelo programa.

Em maio deste ano, Temer determinou a suspensão de todas as novas contratações do programa. Em março, a presidenta Dilma Rousseff havia lançado a terceira fase do programa, com expectativa de construir dois milhões de moradias até 2018. A expectativa atual é construir 500 mil por ano, mas nenhum novo projeto foi aprovado.

O militante sem-teto garantiu que a efetivação dessa medida vai levar a uma reação da população pobre e dos movimentos de moradia, que resultará em ocupações por todo o país. “Não tenha dúvida que isso vai levar a um verdadeiro ciclo de ocupações. Quando a política pública não apresenta nenhuma alternativa, ainda mais com a crise, o desemprego, as pessoas não conseguindo pagar os aluguéis, o resultado vai ser uma explosão de ocupações nas cidades”, alertou Boulos.

O militante Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP), à qual são associados vários movimentos de moradia que atuam na região central de São Paulo e no interior paulista, ressaltou que as famílias de baixa renda da zona rural também serão afetadas pela medida, já que o modelo do programa para essa população é semelhante à faixa 1.

“Vamos nos unir com movimentos do campo para reagir a essas medidas. O governo golpista caminha para o desmonte total do Minha Casa, Minha Vida. Certamente teremos um crescimento das ocupações, tanto na cidade quanto na zona rural”, afirmou Bonfim.

Marcha de milhares em São Paulo é preparativo para greve geral em outubro

Em coro pelo ‘Fora, Temer’, milhares de trabalhadores de diversas categorias e dezenas de sindicatos e centrais sindicais, além de movimentos sociais apoiados pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, saíram em marcha pela ruas do centro de São Paulo, no final da tarde de hoje (22), para protestar contra as medidas de arrocho defendidas pelo governo Michel Temer. Os organizadores estimam que cerca de 50 mil pessoas participaram da manifestação. Para o próximo dia 5, as entidades prometem grande marcha em Brasília contra a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela investimentos do governo por 20 anos.

 
A mobilização dos trabalhadores em todo o país nesta quinta-feira foi contra a PEC 241, a reforma da Previdência, a terceirização, privatização do pré-sal, congelamento dos investimentos por 20 anos e a reforma do ensino médio (por meio da Medida Provisória 84, anunciada hoje, que altera a Lei 9.394, de 1996).
 
“Inúmeras categorias fizeram assembleias em frente às fábricas, vieram para a capital. Tivemos hoje um termômetro muito claro que os trabalhadores já se atentam para os riscos que todos nós corremos com as propostas de retirada de direitos da classe trabalhadora. Foi um esquenta para a greve geral. São etapas que a gente vai somando, agregando forças com os trabalhadores, para poder garantir que tenhamos um dia de paralisação”, disse o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
 
“Foi apenas o início da mobilização para organizar a greve geral contra esse governo golpista”, afirmou Douglas. A paralisação está indicada para 28 de outubro, mas a data ainda será avaliada. “A expectativa do governo golpista é aprovar a PEC 241 em outubro. Ao longo do mês, continuaremos em brasília para fazer o enfrentamento no Congresso. Nos estados, também estaremos pressionando os deputados para que votem contra a emenda, que vai ser um retrocesso para a saúde e educação”, disse Douglas.
 
Lideranças
“Desde a manhã de hoje, no Brasil inteiro, a classe trabalhadora parou a produção num espetáculo de mobilização contra a reforma trabalhista e a reforma da Previdência”, destacou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre. Para ele, as reformas propostas pelo governo Temer para o mundo do trabalho fazem o Brasil retroceder para os tempos anteriores a Getúlio Vargas (1930-45/1951-54), criando um tipo de empresa sem trabalhadores, apenas com terceirizados.
 
“Querem privatizar o pré-sal, que é o nosso passaporte para melhorar a educação e a saúde. Não há um único trabalhador hoje que não tenha motivo para sair às ruas”, ressalto Nobre. Ele também manifestou solidariedade ao ex-ministro Guido Mantega que, na sua opinião, foi vítima da ação arbitrária de um juiz arbitrário autoritário, ao ser preso pela Polícia Federal no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.
 
O presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, destacou que ontem (21), em paralelo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), houve ato contra o golpe e em solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Nova York. “Para o movimento internacional, não é só um ataque contra uma lenda do movimento sindical que ajudou a reconstruir o sindicalismo no Brasil. O golpe é contra a classe trabalhadora.”
 
Segundo Felício, desde o ano passado os sindicalistas internacionais alertavam o mundo que o golpe no Brasil nunca foi porque este ou aquele político estivesse errado, mas, sim, porque estavam acertando. “A elite não gosta do povo pobre, dos trabalhadores, nem dos sindicatos, nem de Lula, nem de Dilma. O que eles querem é aplicar políticas para reduzir o papel do estado, e a esquerda é um empecilho a isso.”
 
“Imagina só um trabalhador começar a trabalhar aos 15 anos e só poder se aposentar aos 65. Isso é uma atrocidade. Imagina 13º e férias terem que ser negociados. Isso é um absurdo. Não aceitaremos as reformas. Se eles acham que vão conseguir impor esse projeto sem resistência dos trabalhadores, vão perder”, afirmou o presidente da CSI.
 
Secretário de Políticas Sociais da CTB, Carlos Rogério Nunes lembrou que tiraram uma presidenta eleita com 54 milhões de votos e colocaram alguém com 61 votos no Senado, com uma agenda que jamais passaria nas urnas. Segundo ele, também estão promovendo uma perseguição ao ex-presidente Lula.
 
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, destacou que o povo está nas ruas não só em São Paulo como em outras cidades. Lembrou que é importante lutar contra o governo golpista, mas principalmente lutar para defender os direitos conquistados. Ele garantiu que o MST vai se somar a todas as lutas, “com as foices afiadas”, para enfrentar Temer e o governo golpista.
 
Coordenador da Frente Brasil Popular em São Paulo e militante da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim ressaltou que são vários os golpes dentro do golpe. “O primeiro foi quando rasgaram a Constituição para tirar a Dilma. Agora, o novo golpe é a reforma da Previdência e para rasgar a CLT, desvincular os recursos da saúde e da educação. Essas são ações que atacam violentamente o povo brasileiro. Cada vez mais os objetivos do golpe ficam evidentes, nunca foi contra a corrupção. Temer tem vários corruptos no governo. O que querem é liquidar o pré-sal e os direitos sociais”, disse.
 
Para o integrante da secretaria executiva da CSP-Conlutas Wilson Ribeiro, é possível lutar e vencer essa “figura ridícula” que é o presidente Michel Temer, que “parece saído de um filme B de terror”. “Mostramos hoje, com os professores à frente, que é possível derrotar esse projeto terrível desse governo golpista que só vai atacar a classe trabalhadora.”
 
O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, lembrou que cresce a resistência à agenda do golpe, e que isso é visível nas ruas e nas empresas. “Essa agenda do Congresso e dos empresários quer acabar com os direitos garantidos na Constituição de 1988. Segundo ele, as mobilizações populares podem derrotar as propostas do golpe, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita os gastos públicos, e o Projeto de Lei Complementar (PLP) 257, que retira direitos trabalhistas. “Estamos mais fortalecidos, hoje ficou demonstrado isso. É preciso reduzir as taxas de juros, parar de transferir bilhões em dinheiro público para engordar o bolso dos banqueiros.”

Protestos para barrar retirada de direitos por governo Temer já tomam capitais do país

Belo Horizonte, Curitiba, Recife, entre outras capitais, amanheceram com manifestações convocadas por movimentos sociais e sindical ligados às frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, que convocaram os atos de hoje como preparatórios para uma possível greve geral contra o avanço da agenda de retrocessos de Michel Temer (PMDB). Entre os principais pontos apontados está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que impõe limites a gastos públicos em áreas como educação e saúde, as reformas trabalhista e previdenciária e outras.

Desde as primeiras horas da madrugada, trabalhadores de Belo Horizonte organizam paralisações em fábricas da região metropolitana. “Hoje estamos unidos com outras entidades sindicais e movimentos sociais para realizar estes atos. Os trabalhadores têm motivos de sobra para somarem à luta”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Região, Geraldo Valgas.

Já em Curitiba, organizações estudantis, somadas às das entidades sindicais reuniram-se em frente à sede da Caixa Econômica Federal, na região central da cidade. Um dos principais pontos do ato é rechaçar a política de privatizações já anunciada por Temer, inclusive em visita recente às Nações Unidas.

No último dia 13, o presidente anunciou a intenção de transferir 34 projetos de infraestrutura, incluindo hidrelétricas, aeroportos, áreas de exploração de petróleo, entre outras a empresas e grupos econômicos.

Porto Alegre registrou conflitos na madrugada entre integrantes de movimentos sociais, após terem sido atacados por soldados da Brigada Militar.

Para o secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Antônio Fermino, a agenda de Temer está aliada a projetos de retirada de direitos que tramitam no Congresso Nacional. O sindicalista citou as 55 medidas denunciadas pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que atentam contra os trabalhadores. “As 55 medidas retiram direitos. Não podemos permitir isso. Mesmo a Caixa vem sofrendo ataques do governo golpista. Ela é um banco social, gestor de programas sociais”, disse.

O interior do estado do Paraná também conta com atos nesta manhã. Petroleiros, petroquímicos e trabalhadores da montagem e manutenção industrial estão mobilizados desde as 7h na frente da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), na cidade de Araucária. Contra a retirada de direitos e em defesa da democracia, os manifestantes anunciam que este é apenas um aquecimento para uma greve geral que se avizinha. A mobilização exige realização de eleições diretas já, plebiscito para uma nova Constituinte, além do coro contra o desmonte da Previdência e a retirada de direitos trabalhistas.

Em Recife, a fábrica da Gerdau amanheceu fechada por cerca de 200 trabalhadores metalúrgicos que bloquearam a entrada do local a partir das 5h30. A ação foi coordenada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal) com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Além das pautas contra Temer, o vice-presidente da Sindimetal, Enoque Amâncio Neto, afirma que “a Gerdau foi a única empresa de Pernambuco que não aderiu ao acordo coletivo para aumento de salários”. Outra capital nordestina que segue a agenda de paralisações é João Pessoa.

Químicos fazem assembleia nas fábricas

O dia começou cedo, com protestos nas principais fábricas da categoria: Bayer, Mazda, Nitroquimica e Sansuy, dentre outras. Em seguida, representantes da Fetquim (Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico) entregaram a pauta para a bancada patronal. 

A pauta aprovada pelos químicos em assembleia reivindica 14% de reajuste, piso salarial de R$ 2.000,00 e PLR mínima de dois pisos reajustados (R$ 4.000,00).

De acordo com as estimativas do Banco Central, a inflação dos últimos 12 meses deve ficar bem próxima de 9%, portanto o reajuste contempla as perdas do período e garante um ganho real de aproximadamente 5%. 

Ação na porta da Bayer (foto: Wilton Andrade)

Ação na Sansuy (foto: Eduardo Oliveira)

Mais de metade de acordos coletivos fechados ficam abaixo da inflação

Mais da metade dos acordos coletivos fechados no mês de agosto ficaram abaixo da inflação do período, segundo levantamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas). Do total analisado, 162 negociações, 17 tiveram reajustes abaixo da inflação e também  redução de jornada com cortes salariais.

Os dados de agosto apresentam um aumento de 9,6% no número de negociações abaixo da inflação. Esse índice estava caindo desde de janeiro, quando quase 70% das negociações fecharam sem reposição. Porém de julho para agosto, este número subiu de 36,2% para 51,8%.

Greve dos bancários é a maior da história

A greve nacional dos bancários entrou na sua terceira semana e é a maior da história, com 13.071 agências paralisadas. Este número representa 56% do total de agências do Brasil.

O movimento apresenta crescimento em resposta ao desrespeito da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que não tem dado retorno às reivindicações da categoria  e propôs um reajuste inferior à inflação no período.

22 de setembro é Dia Nacional de Paralisação, rumo à greve geral

As principais centrais sindicais do Brasil – CUT, CTB, UGT, Força, NCST, CSP-Conlutas e Intersindical –, e as entidades que formam as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam no próximo dia 22 o  Dia Nacional de Paralisação, rumo à greve geral – Nenhum direito a menos.

As paralisações, atrasos e assembleias nas portas dos locais de trabalho, ocorrerão durante todo o dia em todo o País.

Em São Paulo, berço do golpe, os trabalhadores iniciam a concentração, às 10 h,  na avenida Paulista, em frente à Fiesp. Ás 11 h os sindicalistas entregam uma pauta de reivindicações e na parte da tarde haverá um ato público conjunto no vão livre do Masp.  


Nenhum direito a menos

Há 55 projetos tramitando no Congresso Nacional que visam retirar direitos dos trabalhadores,  entre eles, o projeto que libera o trabalho terceirizado e a  reforma da Previdência, com idade mínima de 65 anos e redução de benefício.

“É contra esses ataques aos direitos sociais e trabalhistas que todos os trabalhadores têm de participar do Dia Nacional de Paralisação e se preparar para a greve geral”, explica o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.

As centrais sindicais defendem um projeto de desenvolvimento com geração de emprego e distribuição de renda, trabalho decente, aposentadoria digna e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário.

 

Com informações da CUT