Outras categorias: mobilização geral neste segundo semestre

Metalúrgicos

Campanha nacional unificada

A CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), e a CNTM/Força Sindical (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), mobilizaram dia 18 de setembro, cerca de 200 mil trabalhadores em cem fábricas de 13 Estados do País, em manifestação definida como Dia Nacional de Lutas. Parte da categoria cruzou os braços para reivindicar a implementação do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho.

A categoria reivindica piso nacional único; redução da jornada de trabalho para 40 horas e a unificação da data-base.

O presidente da CUT-SP, Edílson de Paula, participou do protesto realizado na Ford. O ato dos metalúrgicos em todo o País, em especial no Grande ABC, é uma ação que integra a agenda da nossa Central. Através do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho será possível conquistar o piso único em todo o País e impedir que as empresas arrochem os salários, avalia.

Além disso, Edílson de Paula ressalta que a mobilização dos metalúrgicos inclui na pauta a ratificação da convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para inibir demissões imotivadas.

Isso é um exemplo de reivindicação importante para todos os trabalhadores, aponta. A CNM acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) para que a ratificação da convenção 158 se torne lei no Brasil.

Bancários

Mobilização e luta nas ruas

Na Capital paulista os bancários promoveram manifestação dia 17 de setembro, no centro da cidade (foto). Cerca de 30 agências abriram com uma hora de atraso. Mais de mil bancários participaram do protesto. Uma resposta rápida dos trabalhadores à falta de proposta dos banqueiros na rodada de negociação do dia 13, quando a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) rompeu a lógica que vigorava até então, ameaçando implodir o novo modelo negocial proposto pelo Comando Nacional dos Bancários e aceito inicialmente pelos banqueiros.

Mal o protesto havia acabado e uma rodada extra de negociação foi marcada pela Fenaban, já no dia seguinte, a partir das 14h. Estão pendentes os debates sobre as cláusulas econômicas – como aumento real, participação nos lucros e remuneração variável – e sobre emprego.

Correios

Trabalhadores dos Correios em greve

Em 22 estados e no Distrito Federal, os trabalhadores nos Correios entraram em greve, dia 12 de setembro. Mais de cinco mil funcionários participaram de uma assembléia na Praça da Sé e decidiram ir à luta contra os ataques da empresa.

A greve foi aprovada na maioria dos estados do país. Dos 34 sindicatos da categoria, 28 entraram em greve, a partir de 12 de setembro, à noite.

Em todo o país os ecetistas rejeitaram por unanimidade a proposta feita pela direção dos Correios, que ofereceu um reajuste de apenas 3,74%, o que equivale a R$ 50 de aumento real, a partir de janeiro de 2008 e um abono de R$ 400, parcelado em duas vezes.

Opinião: melhorou, mas pode melhorar ainda mais

O resultado da Pnad 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) referente ao crescimento de 7,2% da renda, divulgado, dia 14 de setembro, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), corrobora o posicionamento da CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores) de estimular as categorias do Estado de São Paulo a buscar aumento real nas Campanhas Salariais. A redução suave da concentração de renda aponta também para a necessidade imediata de intensificar as mobilizações para promoção da igualdade social.

As conquistas dos trabalhadores, conforme revela pesquisa de Acompanhamento das Campanhas Salariais do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), propiciam distribuição de renda. Dessa forma, a CUT-SP recomenda às direções de sindicatos filiados que reivindiquem à exaustão índices de reajuste que garantam reposição da inflação mais ganhos reais às categorias na mesa de negociação com o setor patronal.

Os indicadores positivos da economia, com perspectivas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) acima de 5% para este ano e as taxas elevadas do ritmo da produção, consumo e geração de emprego, tornam justíssima a reivindicação dos trabalhadores. Prova do crescimento da economia é a queda de 9,4% em 2005 para 8,5% da taxa de desemprego em 2006 – o menor índice dos últimos dez anos, segundo os resultados da Pnad.

Além disso, o reajuste de 13,3% do salário mínimo, adotado como política de valorização permanente do piso nacional e resultado da articulação negociada entre centrais sindicais e governo federal, contribuiu para o crescimento da renda média dos trabalhadores brasileiros no ano passado. A partir desta constatação, os dirigentes sindicais devem forçar cada vez mais a elevação dos pisos das categorias tendo como referência os reajustes do salário mínimo.

Notas

Renda 1

Em 2006 a pobreza no país atingiu seu nível mais baixo dos últimos 15 anos. É o que indica a pesquisa divulgada, em 19 de setembro último, pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Os dados mostram também uma redução na desigualdade social no país. Isso mostra o impacto positivo que as políticas sociais do governo federal têm na diminuição da pobreza. Os índices publicados são baseados nos números da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Renda 2

A FGV divulgou que nos últimos quatro anos, primeiro mandato do governo Lula, mais de 14 milhões de brasileiros deixaram a pobreza para trás. A redução da miséria bateu recorde em 2006, quando 15% dos pobres superaram a linha de pobreza. Para a FGV, miserável é o cidadão que vive com menos de R$ 125 por mês, tendo como referência o custo vida de São Paulo. O fato se deve há alguns fatores tais como: mérito próprio, investimentos em programas sociais, como ‘bolsa família’, ‘luz para todos’ e a recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo.

Renda 3

A partir do segundo ano do governo Lula o índice de pobreza no Brasil caiu para 25,38%, da população, seguido de 22,77% em 2005. Em 2006, sete milhões de pessoas saíram da miséria. Queda expressiva de 15%. Para os pesquisadores da FGV, mais que a redução da desigualdade social, o crescimento da economia foi o que mais espantou a miséria. Isto é distribuição de renda. Os 50% mais pobres cresceram o seu bolo em 12% e os 10% mais ricos, em 7,8%. Ou seja, o bolo cresceu para todos, mas com mais fermento entre os mais pobres.

Campanha Reivindicatória 2007/2008: assembléia geral para definir pauta

A pouco mais de um mês da data-base, que é 1º de novembro, depois de um intenso processo de mobilização nos locais de trabalho e nas regiões, categoria se reúne para debater e definir as reivindicações que serão encaminhadas ao sindicato patronal para negociação.

Com uma pauta extensa, os pontos de debate estão centrados na questão salarial e direitos dos trabalhadores no local de trabalho. Por exemplo: aumento real de 5% mais a reposição da inflação no período, PLR, redução de jornada e sábados livres, liberdade de organização na empresa, saúde e segurança no trabalho, igualdade de oportunidades profissionais e salário igual para trabalho igual entre homens e mulheres. E muito mais.

Neste dia, também, os trabalhadores associados do Sindicato vão decidir sobre temas como proposta de compra de um imóvel na Cidade de Praia Grande, no bairro Solemar, de acordo com o que prevê o estatuto do Sindicato, em seu artigo 122, bem como a proposta de filiação à ICEM (Federação Internacional de Trabalhadores do Ramo Químico), também previsto no estatuto da entidade no artigo 4º, inciso XI.

Diretoria do Sindicato reforça a convocação a todos os trabalhadores, pois os temas em debate e para deliberação são de interesse de todos, em especial no que diz respeito à campanha salarial. Além da aprovação da pauta, serão apresentadas propostas de atividades de mobilização da categoria, em cada local de trabalho.

Principais reivindicações deste ano

1. Reajuste salarial: a reposição da inflação mais 5% de aumento real
2. Contratação direta de trabalhadores: trabalho igual, direitos iguais
3. Redução da jornada e sábados livres
4. Saúde e segurança no trabalho, fim do assédio moral
5. Estabilidade para o acidentado
6. Igualdade de oportunidades para mulheres e homens
7. Garantia de OLT (Organização no Local de trabalho)

Editorial: reta de chegada a hora é agora

A próxima sexta, dia 28, marca a reta de chegada da campanha salarial dos trabalhadores dos setores químico, plástico, cosméticos, tintas e vernizes, que têm data-base em 1º de novembro. A negociação com o sindicato patronal em torno das nossas reivindicações vai apenas começar, mas a questão fundamental é que o essencial foi feito antes, que é a preparação da categoria para esse embate.

Diretores do nosso Sindicato marcam presença constante nas portarias das empresas para dialogar com os trabalhadores, levar informações e, principalmente, chamar a atenção para a importância da união da categoria nesse momento para garantir suas conquistas. A campanha salarial do setor farmacêutico, cuja data-base é abril, é uma boa referência para todos nós.

Na assembléia, vamos debater a pauta e aprová-la. Em seguida, encaminhamos ao sindicato patronal e entramos na agenda de negociações, através dos embates entre representantes dos trabalhadores de um lado e dos patrões de outro. Serão longas e tensas reuniões, sobretudo em razão da tradicional intransigência patronal.

Os indicadores econômicos revelam crescimento da indústria, em praticamente todos os ramos de produção, mas a choradeira dos patrões é velha conhecida da gente. Eles faturam, lucram, crescem e, mesmo assim, têm dificuldade em reconhecer o valor da sua mão de obra, seja trabalhador da produção ou da administração. É a lógica da voracidade na acumulação do capital sem reconhecer o valor do trabalho humano.

Não podemos, portanto, perder tempo “esperando” reconhecimento. Temos que fazer valer nossos direitos. E para isso é fundamental, nessa reta de chegada da campanha, reforçar a mobilização em cada local de trabalho, participar das reuniões, assembléias e outras atividades convocadas pelo seu Sindicato de classe.

Nossa luta é por aumento real nos salários mais a reposição da inflação no período, sábado livre e redução na jornada de trabalho sem redução nos salários, igualdade de oportunidade e salários iguais para a mesma função entre homens e mulheres, saúde e segurança no local de trabalho… Enfim, é uma pauta extensa, mas você precisa participar. Faça por merecer, reforce esta luta, em sua legítima defesa.

Diretoria colegiada

Empresas estão bem. E você?

Setor químico
As indústrias químicas brasileiras estão entre as 10 que mais faturam no mundo, ocupam a 9ª posição. Em 2006 o fatura-mento foi de 80 bilhões de dólares. O setor prevê, até 2011, investimentos na ordem de 12 bilhões de dólares.

Num período de seis anos, de 2000 a 2006 o setor cresceu 122%. Portanto, há condições de aumento real de salários.

Os projetos de investimentos para o setor químico são bastante elevados; somente para este ano estão previstos investimentos na ordem de US$ 2,83 bilhões.

Entre 2005 e 2011, o setor vai investir cerca de US$ 15,6 bilhões (US$ 12,3 bilhões entre 2007 e 2011). Só metade desse investimento corresponde ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) que está sendo construído pela Petrobrás.

O faturamento da indústria química em 2006 apresentou um crescimento de 2,4% medidos em reais.
De 2000 a 2006 o setor cresceu 122,0%.

Setor plástico
O setor plástico, dentre os setores do ramo químico, é o que mais cresceu em 2006. O faturamento no período foi de 40.593 bilhões de reais, um crescimento de 4,15% em relação ao ano de 2005.

A produção por empregados indica um total de 16,66 toneladas em 2005 e de 17 toneladas em 2007. O emprego neste segmento cresceu 5% entre 2005 e 2006. Em 2005 o setor empregava 252.931 trabalhadores, no ano seguinte passou para 266.787.

Para se ter uma idéia, a indústria de transformadores plásticos faturou cerca de 10 bilhões de dólares no primeiro semestre. Isto representa um aumento de 23,7% em relação à primeira metade do ano passado. O consumo de transformados plásticos (sacolas e produtos em geral) foi de 2,12 milhões de toneladas no período; ou seja, 2,9% superior ao do mesmo período de 2006.

Setor Tintas e vernizes
É um setor onde o nível de emprego não acompanha o crescimento da produção; ou seja, as empresas exigem maior produtividade com o mesmo, ou até menor número de funcionários.

Entre o ano 2000 e 2006 o setor cresceu 9% e o nível de emprego cai 2%. Em 2006 o crescimento foi 4,1% maior que em 2005. Para 2007 a previsão de crescimento do setor é de 5% a 10%. Mais uma razão para aumento real de salários e fortalecer a organização dos trabalhadores do setor para garantir melhorias na qualidade do emprego e aumento nas contratações.

Setor Cosméticos
Atuam no mercado brasileiro 1.494 empresas de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, sendo 15 empresas de grande porte. Com faturamento líquido acima dos R$ 100 milhões, elas representam 72,8% do faturamento total. Só no Estado de São Paulo estão localizadas 689 empresas.

Em relação ao mercado mundial, o Brasil ocupa a terceira posição. É o segundo mercado em produtos infantis, desodorantes e perfumaria. Nos dois primeiros lugares estão os Estados Unidos e o Japão, nesta ordem.

Higiene, cosméticos e perfumaria todas as pessoas usam. Por conta disso, é um dos setores que mais crescem no país. Em 11 anos o setor teve crescimento médio de 11%. Entre 2002 e 2006 as exportações cresceram 153%. Em 2006 o setor registrou lucro de 190 milhões de dólares. As previsões para 2007 são ainda mais animadoras para o setor, portanto, há espaço para aumento real de salários.

Campanha reivindicatória 2007/2008

Campanha salarial dos setores químico, plástico, cosmético, tintas e vernizes e similares entra em ritmo maior, a partir de agora. É o momento que exige muita mobilização, em cada local de trabalho e no conjunto da categoria. O sindicato convoca para as plenárias regionais e, em seguida, a assembléia geral para debate e deliberação sobre a pauta de reivindicações que será encaminhada ao sindicato patronal. Para isso, sua participação é fundamental. As plenárias acontecem nas regiões: Lapa, São Miguel Paulista, Santo Amaro, Taboão da Serra e Sede Central.

Principais reivindicações da campanha salarial deste ano

1. Reajuste salarial composto pela reposição da inflação mais 5% de aumento real
2. Pela contratação direta de trabalhadores: trabalho igual, direitos iguais
3. Redução da jornada e sábados livres
4. Saúde e segurança no trabalho, fim do assédio moral
5. Estabilidade para o acidentado
6. Igualdade de oportunidades para mulheres e homens
7. Garantia de OLT (Organização no Local de trabalho)

Um Grito que "Vale"

Luiz Bassegio e Luciane Udovic
 
Surgido em 1994, no final da Segunda Semana Social Brasileira, cujo tema era – Brasil, Alternativas e Protagonista – processo que buscava articular as forças sociais em vista da construção do Brasil que Queremos, o Grito dos/as Excluídos/as se realizou pela primeira vez, no dia 07 de setembro de 1995.

De um ano para o outro foi sempre crescendo. De cento e setenta localidades que realizaram manifestações em 95, hoje, o grito acontece em mais de 1000 lugares espalhados por todo o Brasil.

E, a partir de 1999 extrapolou fronteiras e está presente atualmente em mais de vinte e três países das Américas, Latina, Central e Caribe.

Refletindo sobre este processo, talvez pudéssemos atribuir este avanço à diferença de metodologia empregada pelo Grito. Uma metodologia inclusiva, aberta à participação de todos e todas, em igualdade de condições, como  protagonistas, em todo o processo.

As pessoas estavam cansadas dos métodos tradicionais de movimentos, associações, sindicatos ou partidos, baseados em muito discurso e palavra de ordem. O grito aposta também na dimensão mística. Muito mais do que a força da palavra, vale a força do exemplo, da simbologia da generosidade, da gratuidade. Vale a criatividade, a ousadia, a força e o protagonismo dos excluídos e excluídas. A partir das especificidades culturais próprias de cada região, o grito acontece sempre de forma inovadora, com gestos, e ações que possibilitam aos excluídos/as serem os “donos do microfone”, ou melhor, os donos da ação.

A cada ano, esta ousadia foi ganhando espaço. Em muitos locais até mesmo nos desfiles oficiais organizados no sete de setembro. As ações conspirativas, inesperadas, que causam impacto, garantem visibilidade. Tanto assim que a mídia já não consegue mais ignorar as manifestações do Grito. Nossas ações dividem com os desfiles militares, o horário nobre dos meios de comunicação social.

Uma das características do Grito é apostar na força dos processos de construção coletiva, das manifestações populares, da força dos movimentos sociais. Por ocasião do grito, já realizamos dois plebiscitos populares: um sobre a dívida em 2000, que levou mais de 6 milhões às urnas e outro, sobre a Alca. Neste último, foram mais10 milhões se manifestando contra este Acordo de Livre Comércio. O Grito e os Plebiscitos acontecem na semana da pátria, porque nestes processos pedagógicos discutimos a questão da Independência e Soberania em vista da construção de um projeto popular para o Brasil.

Por isso, neste 13º Grito dos/as Excluídos/as, estaremos juntos com outros movimentos e organizações populares, realizando mais um Plebiscito Popular. Neste ano, com o lema: “Queremos participação no destino da nação”, o grito entra com força total no plebiscito pedindo a nulidade do leilão de privatização da Cia Vale do Rio Doce porque entende que este processo foi fraudulento e feriu os interesses da população e a  soberania nacional.

Não valeu o governo de Fernando Henrique Cardoso, vender a preço de banana (3,3 bilhões de reais), uma Companhia altamente lucrativa para o país, maior exportadora de ferro do mundo e com jazidas suficientes para 400 anos. Vale lembrar que na época a Vale estava avaliada em 96 bilhões de reais. Não valeu ser transferido para mãos privadas, um bem que era patrimônio de todo povo brasileiro.

Mas tem ainda muita coisa que não vale em nosso país. Por isso, o Plebiscito deverá tratar também de outros temas que nos remetem a pensar que Brasil que queremos construir.

Não vale, por exemplo, o governo Lula querer fazer uma reforma da previdência que retira direitos já conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras deste a Constituição de 88. Mas é isso que tramita nas altas esferas. Querem tirar nossos direitos ao invés de ampliá-los. E vale lembrar que a previdência não é deficitária. Ao contrário, sobram recursos, sugados pela DRU para o “superávit primário”, que irão pagar juros da Dívida Interna (entre 15 e 30 bilhões por ano, nos últimos 5 anos!).
Bem, não vamos listar aqui tudo o que não vale.

O povo, no seu dia a dia, sabe muito bem das suas dificuldades , seja para ter acesso à saúde, à educação, à moradia e emprego digno etc. Então, o importante mesmo neste 13º Grito dos/as Excluídos/as é fazer ecoar por todo este Brasil o nosso Grito para o que Vale.

Vale a nossa formação, mobilização e organização para dar um basta a este modelo econômico atrasado que provoca cada vez mais o aprofundamento da separação entre ricos e pobres. Vale dizer ao presidente Lula que o povo quer a Companhia Vale do Rio Doce de volta.

Vale lutar pela ampliação dos nossos direitos fundamentais, vale lutar para que a energia elétrica, tão cara para o bolso dos brasileiros, deixe de ser explorada pelo capital privado e tenha um preço justo para o povo.

Vale cada cidadão e cidadã brasileiro/a sair às ruas e expressar sua opinião acerca das decisões que afetam sua vida e lutar por uma democracia efetivamente participativa.

Então, na semana da pátria e no dia do grito, vamos das um cartão vermelho para tudo aquilo que não vale, e um cartão verde para aquilo que vale, na construção de um projeto popular para o Brasil.

Por isso, na Semana da Pátria, procure uma urna de votação em seu bairro, sua igreja, sindicato, escola etc. Diga não a tanta desgovernança e corrupção. Diga sim ao seu direito de decidir por uma vida com dignidade e segurança.
 
Luiz Bassegio e Luciane Udovic, são da Secretaria do Grito dos Excluídos/as Continental e da coordenção nacional do Plebiscito da vale.

Mais de um milhão de empregos formais no 1º semestre

De janeiro a julho de 2007 o Brasil gerou 1,222 milhão de novos empregos com carteira assinada, significa 13,3% a mais do que no mesmo período de 2006 e praticamente igual ao total de vagas criadas em todo o ano passado, 1,228 milhão.

Os dados foram divulgados dia 22 de agosto pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e são relativos ao Caged (Cadastro Geral de Emrpegados e Desempregados) de julho.

Em julho, a criação de vagas formais foi de 126.992 postos. O número é 17% inferior ao registrado no mesmo mês em 2006.

Veja o documento publicado em pdf na página: http://www.dieese.org.br

A dança dos vampiros

Flávio Aguiar

No excelente filme de Roman Polanski, “A dança dos vampiros” (1967, com ele próprio e Sharon Tate), há uma cena em que os tão implacáveis quanto desajeitados caçadores dos dráculas contracenam com os próprios num baile. É uma cena inesquecível: alguns são mortos que dançam para parecer que estão vivos, outros são vivos que dançam para parecer que são mortos.

A verdade vem à tona quando, inadvertidamente, os caçadores e Sharon Tate passam diante de um espelho. Os vampiros, como se sabe, não têm imagem no espelho. A verdadeira imagem denuncia as mútuas fraudes, e naturalmente os caçadores se vêem implacavelmente caçados, e por aí se vai a comédia macabra.

A cena lembra o que aconteceu com as declarações do presidente da Philips, Paulo Zottolo, um dos animadores do movimento “Cansei”, desdenhando o estado do Piauí. É evidente que o sr. Zottolo cometeu um ato falho, isto é, um “ato involuntário”, no sentido de que não media então as conseqüências de seu gesto. Mas por isso mesmo deve ser levado a sério. Aquilo, por assim dizer, lhe saiu “pela boca afora”. Pode ser até que ele estivesse, como se diz juridicamente, “tomado de forte emoção”.

Que emoção? A do seu movimento, sem dúvida, a das raízes profundas do movimento “Cansei”. E que são, na verdade verdadeira, toda a coleção de preconceitos contra o povo brasileiro, por parte das auto-proclamadas “elites”, ou “élites”, como se dizia antigamente num pseudo-francês grotesco e macarrônico. Elites? Elite, convenhamos, é José Mindlin, é Antonio Candido, é Machado de Assis, é Lima Barreto, é Milton Santos, Raimundo Faoro, é Carvalho Pinto para citar alguém do campo conservador. Quem se auto-proclama “élite”, assim como quem se auto-proclama “formador de opinião” não merece ser levado muito a sério não.

O movimento “Cansei” tem na origem o entalhe do forte preconceito de que nossos problemas vêm de sermos obrigados a conviver com um “zé povinho” ou “zé povão”, sobretudo no que toca à escolha de governantes. Por extensão, é o mesmo preconceito que periodicamente se alevanta contra o presidente que, por duas vezes, esse “zé povinho” ou “zé povão” escolheu, em 2002 e 2006.

Agora o preconceito contra o presidente, que bate sempre na tecla da sua “ignorância”, do seu “despreparo”, envereda pelas suas declarações de que a crise econômica nas bolsas do mundo inteiro não deva nos afetar tanto. Tal declaração, assim de bandeja, só pode ter raiz no fato de que o presidente “não sabe” ou “não quer saber das coisas”. E é evidente que as declarações sobre o preconceito mal conseguem disfarçar a expectativa vampiresca de que sim, algo dê errado, que a vida do povão despenque de novo no buraco de onde mal e mal começa a sair, para que então a popularidade do presidente caia também e o Palácio do Planalto volte a cair nos braços de quem espelhe a imagem dessa “élite”, ou, quem sabe, o seu vazio de imagem, já que nem como burguesa consegue se ver, preferindo, num ato falho histórico, se ver para sempre no alpendre da casa grande, a contemplar os cafèzais.

De qualquer modo, pode-se dizer que a frase de Zottolo se transformou no epitáfio do “Cansei”.

Flávio Aguiar é editor da agência Carta Maior
Artigo publicado originalmente na página:http:// http:// www.cartamaior.org.br