Os tradicionais atos realizados pelos movimentos de mulheres no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, este ano se transformaram em grandes protestos em todo o País contra a reforma da previdência.
Em São Paulo, a concentração organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) no viaduto Santa Ifigênia contou com total apoio das trabalhadoras químicas. Mais tarde elas seguiram em caminhada pelo centro de São Paulo para se encontrarem com outros movimentos de mulheres que também protestavam.
A proposta do governo Temer é igualar as condições de aposentadoria entre homens e mulheres, ampliando o tempo de contribuição, sem levar em consideração as diferenças sociais e de gênero.
No caso das mulheres, a idade mínima para se aposentar passará dos atuais 60 anos para 65 anos, somada ao tempo mínimo de contribuição, que sobe de 15 para 25 anos. “O projeto não leva em conta a dupla jornada de trabalho da mulher. Também não considera que as mulheres são as mais vulneráveis ao desemprego e que dificilmente conseguem se manter no mercado de trabalho por tanto tempo”, explica Celia Alves dos Passos, secretária da Mulher, do Sindicato.
De acordo com a sindicalista, o governo desconsidera a discriminação que as mulheres ainda sofrem no mercado de trabalho. “As mulheres, em geral, ganham 25% menos que os homens e são excluídas das melhores ocupações”, alerta.
Além da questão previdenciária e da discriminação no mercado de trabalho, as mulheres lembraram que a violência ainda é um tema importante e que precisa ser combatido. O Brasil figura entre os cinco países do mundo com maior número de mulheres assassinadas por crimes de violência sexista. “A violência é ainda mais perversa entre as mulheres negras e as mais pobres. Por isso a independência financeira é tão importante”, avalia Celia.
Novos protestos em todo o País são chamados pela CUT e pelas demais centrais sindicais para o dia 15 de março (quarta-feira). Em São Paulo, a concentração será na Avenida Paulista.