Para especialistas, a economia na América Latina vai bem, mas os próximos meses preocupam

A situação econômica da América Latina está melhor, mas as expectativas para os próximos seis meses não são tão otimistas. É o que aponta o Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina divulgado hoje (18) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), elaborado em parceria com o instituto alemão Ifo. Ainda assim, segundo a FGV, o resultado deixa a região na fase de boom (crescimento súbito) do ciclo econômico, o que não ocorria desde julho de 2007.

O estudo mostra que o ICE subiu de 5,6 para 6 pontos entre abril e julho de 2010, influenciado pela avaliação positiva dos índices sobre a situação atual (ISA), que aumentou de 4,7 para 5,8 pontos, e de expectativas (IE), que caiu de 6,4 para 6,2 pontos, sugerindo um “boom cauteloso”.

O estudo alerta que especialistas esperam “o pior”. Avaliam melhor a situação presente sem segurança da solidez da recuperação. De acordo com a série histórica do ICE, criado em janeiro de 1990, 6 pontos é um resultado “muito favorável”. A média do ICE nos últimos dez anos para a região foi de 5,1 pontos, enquanto a do mundo caiu de 5,8 para 5,7 pontos.

Na América Latina, Peru, Brasil, Uruguai e Chile mantiveram as posições de liderança na lista dos quatro últimos trimestres. Equador e Venezuela continuaram em 10º e 11º lugares respectivamente. Paraguai, Argentina e México melhoraram de posição, enquanto Colômbia e Bolívia pioraram.

O Brasil manteve o mesmo ICE (7,3 pontos) da edição anterior da pesquisa. Houve melhora na percepção da situação atual (de 8,1 para 8,4 pontos) e piora nas expectativas (de 6,4 para 6,1 pontos).

Mais informações acesse: http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=745D2D9891EE337ED28E488B9A3CCCA1?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-3&p_p_col_count=5&_56_groupId=19523&_56_articleId=1022731

Universidade oferece bolsas de estudo à sindicalistas

A Global Labour University (GLU) convida sindicalistas e ativistas do trabalho a se candidatarem ao programa de mestrado “Economia Social e do Trabalho” na Universidade de Campinas em São Paulo, no Brasil. Utilizando uma perspectiva comparativa entre países avançados e em desenvolvimento, este curso vai focar na economia do desenvolvimento, desigualdade, pobreza, estratégias de sindicalismo e corporações multinacionais e o trabalho.

A GLU é uma rede de universidades, sindicatos nacionais e internacionais e organizações diversas, em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o objetivo de oferecer programas de mestrado para sindicalistas, ativistas do trabalho e especialistas no tema. Esta singular cooperação global oferece aos estudantes uma larga experiência prática e acadêmica. O grupo, composto de estudantes de todo o mundo, cria um ambiente de aprendizado e pesquisa diversificado e internacional.

A data limite para se candidatar é 1º de setembro de 2010. Os cursos são todos ministrados em inglês. Para mais informações sobre o perfil desejado e sobre os formulários e documentos necessários para inscrição, por favor visite nossa página na internet: http://www.global-labour-university.org ou envie suas dúvidas para glu.brazil@eco.unicamp.br.

O “Bureau for Workers’ Activities” e seus parceiros oferecerão um número limitado de bolsas para candidatos de países em desenvolvimento. Os candidatos deverão ter uma carta de endosso de um sindicato para se candidatar à bolsa.

Vinícius de Moraes é promovido pós-morte a embaixador

Em uma cerimônia, ontem (16), com parentes e amigos de Vinícius de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu o poeta e diplomata ao cargo de embaixador pós-morte, ocorrida em 1980.

Ao discursar, Lula afirmou que essa reparação poderia ter sido feita antes e criticou a aposentadoria compulsória do poeta ocorrida no período da ditadura militar após ele ter atuado por 26 anos na diplomacia brasileira. 

“As pessoas que tiveram a atitude de um dia propor a cassação de Vinícius de Moraes certamente não serão lembradas pela história. Amanhã ninguém está ou estará sentindo a falta dessa gente”, disse Lula.

Em 1968, Vinícius de Moraes foi aposentado compulsoriamente por meio do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) sob alegação de que seu comportamento boêmio não condizia com a carreira pública. Vinícius atuou na diplomacia brasileira, em geral em atividades burocráticas, servindo em Los Angeles (Estados Unidos), Paris (França) e Roma (Itália).

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que essa é uma das mais pesadas heranças que ficou da ditadura. “Quando puseram a assinatura na cassação de Vinícius era uma autocassação do Itamaraty que se diminui diante do mundo. Isso tudo hoje demonstra que a força do humanismo é maior do que a força da arma, que a força das ideias pré-concebidas”.

A aposentadoria de Vinícius foi publicada quando ele fazia um espetáculo em Lisboa (Portugal) com Chico Buarque de Hollanda e Nara Leão.

Na campanha em SP, Alckmin é quem mais gasta com pedágio

Quatro dos nove candidatos registrados na disputa ao governo de São Paulo gastaram R$ 2,9 mil em pedágios para percorrer 28,6 mil quilômetros em campanha. O levantamento produzido pela Rede Brasil Atual considera os compromissos anunciados nas agendas dos candidatos. Geraldo Alckmin (PSDB), candidato da situação, aparece como o recordista, com R$ 1058,75 consumidos em praças de cobrança de rodovias paulistas para comparecer a 42 cidades.

Depois de Alckmin, que também lidera as pesquisas de intenção de votos, Aloízio Mercadante (PT) é o segundo em volume de gastos com pedágio. Para percorrer 45 municípios, foram R$ 874,30 deixados como pedágio. Enquanto o tucano percorreu 9,9 mil quilômetros, o petista andou 9,5 mil. Celso Russomano (PP) gastou R$ 623,25 e Paulo Skaf (PSB), R$ 366,80.

O preço do pedágio é um dos temas recorrentes da campanha eleitoral no estado. O modelo oneroso de concessão de rodovias, adotado pelas gestões do PSDB – há 16 anos no Palácio dos Bandeirantes – exige o pagamento pela exploração das rodovias por parte das empresas ao governo paulista. Esse montante tem papel de destaque na definição do vencedor do leilão. Segundo críticos da fórmula, esse valor é repassado às tarifas de pedágio, o que explica os altos valores cobrados.

O cálculo das distâncias e do valor pago em pedágios durante a campanha baseou-se na agenda dos candidatos disponível no site de campanha ou fornecido pela assessoria de imprensa de campanha. As distâncias e o valor dos pedágios foram obtidos por meio do Mapeia.com.br.

Foi considerada a despesa de apenas um veículo de passeio por deslocamento, o que significa que a despesa pode ter sido maior. Para todos os compromissos, o levantamento considerou que o transporte foi feito por meio rodoviário.

A agenda de Alckmin fornecida pela página do candidato abarca os compromissos de 16 de julho a 15 de agosto. As atividades anteriores não foram listadas pela assessoria, apesar de pedidos da Rede Brasil Atual. A agenda de Mercadante conta com compromissos desde o primeiro dia de campanha oficial, 6 de julho, até domingo (15). O candidato do PP teve compromissos desde 15 de julho e Skaf, a partir de 23 do mês passado, segundo as respectivas campanhas.

No período, o ex-presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) teve 15 dias sem agenda de campanha. No caso de Russomano, foram nove ocasiões sem compromissos para angariar votos. Alckmin teve apenas dois dias sem agenda de campanha; Mercadante, três – incluindo dois dias dedicados a atividades parlamentares no Senado Federal.

Prioridades

Todos os quatro candidatos já passaram por duas vezes em municípios da região do ABCD. Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema esteve na rota, em geral em compromissos de um mesmo dia. Os candidatos com menos destaque nas pesquisas priorizaram ainda mais as áreas da Grande São Paulo.

A região metropolitana tem a maior densidade populacinal e de eleitores. Além da capital, Guarulhos, São Bernardo e Santo André figuram entre os 20 maiores colégios do país.

A região do Vale do Paraíba, a nordeste do estado, esteve na agenda de três concorrentes, com destaque para São José dos Campos. A sede da Embraer também já foi visitada pelos presidenciáveis mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais. Bauru e Marília, na região central, e Presidente Prudente, a oeste do estado, também receberam pelo menos três candidatos cada.

Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/na-campanha-em-sp-alckmin-e-quem-mais-gasta-com-pedagio

Saúde da Família adapta-se ao Centro de SP

No centro de São Paulo, o Programa da Saúde da Família tem peculiaridades, comparado a outras regiões. A política, aplicada em todo país e que atende a 98 milhões de brasileiros, foi ajustada à população que reside na área.

A Unidade Básida de Saúde (UBS) República foi aberta com o intuito de atender exclusivamente a população de rua. “Nosso dia a dia acabou confirmando um estudo da Secretaria Municipal de Saúde que indicava que o centro não era uma região sem moradores”, afirma Tatiana Alecrim, gerente da unidade.

Aí entra outra peculiaridade: na região central, não há tantas famílias com a constituição convencional de pais e filhos, mas muitos idosos morando sozinhos. Como há maior envolvimento com cada paciente, há, por consequência, vínculos maiores com a comunidade. O médico Daniel Ferreira, que havia formado na periferia grupos para discutir tabagismo, alcoolismo e hipertensão, deparou-se com novos desafios quando passou a atuar na República. Ficou claro que o isolamento das pessoas é um dos motivos para algumas doenças mais recorrentes nesta área.

“O médico deveria trabalhar muito mais na lógica da saúde do que na doença”, pontua. “A doença é uma possibilidade de transformação. Tentamos fazer da doença o casulo da lagarta. É apertado, é escuro, é ruim. Mas se tiver calma para sair de lá, vai sair uma borboleta, muito mais bonita”, compara.

Quebrar o gelo, sociabilizar passou a ser tarefa de Daniel, que todas as sextas-feiras reúne seu grupo para atividades. Alimentação saudável, cultura e estilo de vida estão entre os objetivos principais dos encontros, que começam à uma e meia da tarde na Galeria Olido.

Passeios

Alguns torceram o nariz para o passeio daquela sexta-feira. Acostumados a museus e a centros culturais, os integrantes do grupo estranharam quando souberam que o Cemitério da Consolação, o mais antigo de São Paulo, era o destino. Uma forma de discutir com os pacientes a aceitação da morte como um fenômeno natural, ao mesmo tempo em que se aproveita a caminhada para ver obras de arte e alguns dos maiores mausoléus do país e do continente.

Transporte público foi a forma de deslocamento para o grupo, que neste dia contava em torno de 15 pessoas. Um alongamento, uma breve conversa e já estavam todos preparados para iniciar o giro pelo luxuoso cemitério, que abriga famílias tradicionais, artistas, políticos. Maura Fernandes, violão em mãos, não descuida um segundo da parte musical do evento. Dona Marta, aos 84, garante não ter medo da morte e desfruta o passeio. Dona Cida, que relutou em vir devido a um problema no joelho, tenta esquecer a dor enquanto pode. Mário de Andrade, Prudente de Morais e Marquesa de Santos ficam para trás. O grupo se aproxima do final da visita. Durante algumas horas, amizades iniciadas graças a este trabalho se reforçaram, idosos deixaram problemas de lado; o silêncio do cemitério ajudou a trazer paz para os ânimos. No dia seguinte, estarão todos novamente reunidos para um sarau organizado pelo médico.

Outros exemplos de interação entre equipe de Saúde da Família e comunidade surgem pelo Brasil. Rompe-se, aos poucos e graças ao esforço de muitos profissionais que aceitam ganhar menos do que conseguiriam na iniciativa privada, o conceito da necessidade de consultas rápidas e frias, pilhas de exames, muitos remédios e pouca satisfação.

Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/saude/saude-da-familia-adapta-se-ao-centro-de-sp

Apesar de ação contra ProUni no STF, DEM agora defende programa

Seis anos depois de mover uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Democratas revisa sua posição. Agora, a legenda de oposição ao governo federal considera a manutenção necessária para a educação.

Procurado pela Rede Brasil Atual, o DEM manifesta uma posição contrária àquela de seis anos atrás. “Apesar de haver irregularidades”, o programa é visto atualmente pelo partido como “importante e necessário” à educação no Brasil. Segundo a assessoria de imprensa, o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, deve emitir nota oficial a respeito.

Nas últimas semanas, em dois eventos diferentes, a candidata governista à Presidência, Dilma Rousseff (PT) acusou os oposicionistas de quererem barrar o programa. Ela lembrou a ação no STF como mostra dessa disposição.

Em 2004, quando o programa foi lançado, o DEM e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) entraram com a ADI número 3330 contra o presidente da República. A ação tramita na mais alta corte do país, ainda sem julgamento, sob a alegação de que o governo federal não teria competência legal para gerir uma ação nos moldes do ProUni (clique aqui para acessar os detalhes da ADI 3330).

Ao mesmo tempo em que oferece bolsas a estudantes, o programa garante isenção de impostos como contrapartida às instituições de ensino que aderem. A desoneração é o ponto questionado pela Confenen e pelo DEM, à época ainda chamado de PFL.

Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/presidente-do-dem-afirma-que-prouni-e-necessario-a-educacao

Funcionários da TV Cultura tentam salvar patrimônio público

Após a série de informações publicadas por diversos veículos de comunicação de que a TV Cultura pretende efetuar demissão em massa de seus funcionários, dirigentes dos sindicatos dos jornalistas e radialistas e representantes da CUT solicitaram uma reunião com a direção da Fundação Padre Anchieta.

acesso o link abaixo e ouça a entrevista: http://www.redebrasilatual.com.br/radio/programas/jornal-brasil-atual/tv_cultura_demissoes.mp3

Governo brasileiro continua negociando asilo à iraniana condenada à morte, diz Vannuchi

O ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse hoje (16), em São Bernardo do Campo (SP), que o governo brasileiro continua negociando com o governo do Irã que a iraniana Sakineh Ashtiani, presa e condenada à morte em seu país, seja mandada para o Brasil na condição de asilada ou refugiada política.

Sakineh Ashtiani, de 43 anos, foi condenada sob acusação de manter relações sexuais com dois homens após ter se tornado viúva. A pena aplicada foi a de morte por lapidação, ou seja, apedrejamento. De acordo com as autoridades iranianas, Sakineh também foi condenada pelo assassinato do marido, fato negado por seu advogado.

O caso gerou repercussão internacional e o governo brasileiro propôs oficialmente que a mulher fosse enviada para o Brasil. Ontem (15), o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad disse não ver necessidade de tal medida e que autoridades do Poder Judiciário do país também são contrárias a acatar o pedido brasileiro.

“O governo Lula está pressionando diplomaticamente o governo iraniano para que permita que ela venha para o Brasil. E se esse ditador [Ahmadinejad] tiver um mínimo de bom-senso, deveria permitir que ela venha morar no Brasil e seja salva”, afirmou o ministro, para quem o Brasil é o único país que pode negociar com o Irã após o presidente Lula e o governo turco terem mediado as negociações entre o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) sobre o programa nuclear iraniano. Mahmoud Ahmadinejad, foi reeleito, em 2009, para a Presidência do Irã no primeiro turno com 62,6% dos votos, contra 33,75% de Mir Hossein Mousavi.

Para Vannuchi, o respeito internacional aos direitos humanos deve se sobrepor até mesmo ao respeito às diferenças e preceitos culturais. “O problema dos direitos humanos e os preceitos culturais é uma relação delicada que precisa ser conversada com muita calma. A ideia de que o preceito cultural tem que ser mantido nos levaria a tolerar o infanticídio, por exemplo, e não podemos aceitar isso, como não podemos aceitar a amputação de clitóris promovida por países islâmicos. Tem que questionar e discutir isso, mas não com tanques de guerra e sim com o diálogo, pressionando [de forma a fazer ver] que não se pode condenar alguém ao apedrejamento”, disse o ministro.

Vannuchi ainda defendeu a política externa do governo brasileiro, sustentando que a maior proximidade com os governos iraniano, venezuelano e cubano – acusados de violarem direitos humanos – não representam qualquer contradição no campo dos direitos humanos.

“Condenamos as violações de direitos humanos, seja no Irã, seja na Faixa de Gaza ou [na base naval norte-americana de] Guantánamo, mas não achamos que a violação dos direitos humanos em alguns países deve levar os Estados Unidos ou a ONU [Organização das Nações Unidas] a invadi-los militarmente, pois não há um único caso que tenha comprovado que uma intervenção militar ajude”, disse Vannuchi ao fim da cerimônia de abertura do 1º Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos, realizado pela Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Especificamente sobre Cuba, Vannuchi disse que a situação é “controversa”, já que embora o país tenha um sistema político que “se afasta muito dos valores do governo Lula”, também tem “avanços sociais que nenhum outro país da América tem”. “Além disso, desde 1960 Cuba não teve um momento sequer de trégua. Então, a situação cubana tem que ser discutida neste contexto. O que não pode haver, para nós, são presos de opinião. E o governo brasileiro faz pressões discretas neste sentido. Há sim problemas no regime cubano e destes nós discordamos”, afirmou.

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OIT alerta para surgimento de “geração perdida” de jovens sem emprego

O número recorde de quase 81 milhões de jovens desempregados no mundo em 2009, devido à crise econômica, cria o risco do surgimento de “uma geração perdida, constituída de jovens que abandonaram o mercado de trabalho e perderam as esperanças de poder trabalhar e ganhar a vida decentemente”, alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um relatório divulgado nesta quarta-feira.

O risco da existência de uma “geração perdida” afeta sobretudo os jovens de países desenvolvidos, onde “novos candidatos que ingressam no mercado de trabalho se somam às filas de desempregados”, disse à BBC Brasil Sara Elder, economista da OIT e autora do relatório Tendências mundiais do emprego dos jovens 2010.

O número de jovens desempregados nos países ricos passou de 8,5 milhões em 2008 a 11,4 milhões em 2009, o que representa um aumento de 34,1%.

No caso dos países em desenvolvimento e pobres, onde muitos trabalham de maneira independente e em setores informais e não podem contar com benefícios sociais, os jovens desempregados “perdem a oportunidade de sair da pobreza”, afirmou a economista.

“Nos países em desenvolvimento, os efeitos da crise econômica ameaçam agravar os déficits de trabalho decente dos jovens, tendo como resultado um aumento do número de jovens trabalhadores bloqueados na pobreza, prolongando o ciclo da pobreza no trabalho em pelo menos uma geração”, declarou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.

Já nos países ricos, muitos jovens desempregados acabam optando por prolongar seus estudos superiores após ficarem pelo menos um ano inativos. “Mas muitos se revoltam com a situação, se sentem desencorajados e abandonam a procura de um trabalho”, disse a economista.

Programas para jovens

Não há números globais em relação aos jovens que desistem de ingressar no mercado de trabalho, mas ela citou os exemplos de alguns países.

Na Grã-Bretanha, segundo a autora do estudo, 25% dos jovens inativos se sentem desencorajados para procurar um emprego.

Esse é o índice mais alto entre as economias desenvolvidas. Na Espanha, 10% dos jovens desempregados perderam as esperanças de encontrar um trabalho.

Elder disse que muitos países desenvolvidos, como os da União Europeia, criaram programas de formação e adotaram medidas fiscais para subsidiar a contratação de jovens.

“O perigo agora são as pressões para retirar esses incentivos”, afirmou, se referindo às restrições orçamentárias para reduzir os elevados déficits públicos dos países europeus.

Segundo o relatório, o número de jovens com idade entre 15 e 24 anos desempregados aumentou em 7,8 milhões no mundo entre 2007 e 2009, totalizando 80,7 milhões de pessoas.

A título de comparação, durante o período de dez anos que precedeu a crise atual (de 1996/97 a 2006/07), o número de jovens desempregados no mundo aumentou em 1,91 milhão.

A taxa de desemprego dos jovens passou de 11,9% em 2007 a 13% em 2009, a maior alta em termos percentuais dos últimos 20 anos em que a OIT dispõe de estatísticas internacionais.

A organização prevê que o índice de desemprego entre os jovens começará a diminuir somente em 2011.

Neste ano, a OIT estima uma leve alta na taxa, que deve atingir 13,1% dos jovens economicamente ativos.

Brasil

Embora o estudo da OIT retrate a situação apenas por regiões do mundo e não por países, a economista afirmou que o Brasil “é um caso muito especial e representa um bom exemplo de resposta à crise” do desemprego dos jovens.

Elder citou o programa Bolsa-Família, que teria contribuído, segundo ela, para a redução da taxa de desemprego dos jovens no Brasil.

O índice, no segundo trimestre deste ano, é de 17%. No mesmo período de 2007, a taxa era de 18,7%.

Na América Latina e Caribe, o número de jovens desempregados aumentou 11,4% entre 2008 e 2009, totalizando 8,8 milhões de pessoas.

Mais informações acesse: http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/08/11/oit-alerta-para-surgimento-de-geracao-perdida-de-jovens-sem-emprego.jhtm

Novo indicador social da ONU mostra percepção pessoal sobre serviços básicos

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), lançou na tarde da terça-feira (10) o Índice de Valores Humanos (IVH), que mede a percepção das pessoas sobre saúde, educação e trabalho e tenta dar uma dimensão mais ‘subjetiva’ às avaliações que o Pnud já faz com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Entre os dois estudos a diferença fundamental é que o IDH é calculado com base em dados objetivos como a mortalidade infantil, alfabetização e renda, conforme explicou o economista Flávio Comim, coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud.

O novo indicador social confirmou características já constatadas da sociedade brasileira em outras avaliações: as pessoas mais pobres e menos escolarizadas são menos bem atendidas nos hospitais e postos de saúde, têm as expectativas mais baixas quanto à educação e experimentam as piores vivências no trabalho.

Segundo o programa da ONU, o IVH do Brasil é de 0,59. A escala varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1 melhor a avaliação. O índice foi calculado a partir de uma pesquisa de opinião feita pelo Instituto Paulo Montenegro (ligado ao Ibope) com 2 mil pessoas, em 148 cidades de 23 estados e no Distrito Federal. Na Região Norte, o IVH é de 0,5; no Nordeste, 0,56; no Centro-Oeste, 0,58; no Sudeste e no Sul, 0,62.

O IVH também varia segundo a faixa de rendimentos individuais: é de 0,55 para quem recebe até um salário mínimo (R$ 510) e 0,71 para quem recebe de R$ 5.100 e R$ 10.200 (10 a 20 salários mínimos).

O índice também foi calculado, separadamente, em cada dimensão analisada. No IVH Saúde – feito com base nas opiniões sobre tempo de espera para o atendimento médico-hospitalar, linguagem utilizada e interesse da equipe médica – o índice nacional cai para 0,45.

Na Região Norte, o IVH Saúde chega a 0,31. Quanto à faixa de renda, quem recebe até um salário mínimo tem as piores vivências em serviços de saúde: o índice é de 0,39. Quem recebe entre dez e 20 salários mínimos tem experiências melhores e o índice chega a 0,68.

Para 51% das pessoas entrevistadas, o atendimento é demorado; 37% avaliam que a linguagem médica é complicada e 33% opinam que há pouco interesse no atendimento. “O médico não precisa falar difícil”, observou Comim. O coordenador esclareceu que a pesquisa não analisa especificamente o atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Com relação ao trabalho, o IVH contabiliza 17 vivências positivas no ambiente de trabalho (como realização profissional) e 15 vivências negativas (como esgotamento emocional). O resultado nacional foi de 0,79; atingindo 0,84 no Sul; e caindo a 0,68 no Centro-Oeste. Entre as faixas de rendimento, o índice é de 0,72 para quem recebe até um salário mínimo e de 0,95 entre os que percebem mais de 20 salários mínimos.

Já a dimensão de educação teve menor variação: 0,54 no Brasil; 0,55 no Sudeste e Sul; caindo a 0,47 no Norte. Comim assinala que “a educação tem objetivos diferentes conforme o estrato social”. Segundo ele, para as famílias mais pobres, ao contrário das mais ricas e mais escolarizadas, conseguir um emprego após o ensino é mais importante que tornar-se um bom cidadão

Para o coordenador, o IVH, ao se basear em opiniões e experiências de entrevistados, serve para analisar processos e não apenas resultados das políticas públicas. Ele enfatiza que, além do governo, o índice mostra que famílias, professores e médicos, por exemplo, podem influenciar no desenvolvimento humano.

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