Doria aceitou doações de medicamentos que não são distribuídos na rede pública

Entre as doações de medicamentos recebidas de laboratórios farmacêuticos pelo prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), estão medicamentos que não fazem parte da Relação Municipal de Medicamentos (Remume), mas mesmo assim foram encaminhados à distribuição nas Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Assistência Médica Ambulatorial (AMA). Segundo o titular da comissão executiva do Conselho Municipal de Saúde, Deodato Rodrigues, a prática é irregular e expõe uma situação grave. “Existe toda uma organização para estabelecer a Remume. Não pode mudar só para dar conta de um favor”, afirmou.

A relação de medicamentos é elaborada com base na lista nacional e revisada periodicamente. A última reavaliação foi feita no ano passado. A listagem deve conter os fármacos essenciais para atendimento da população. E devem ser de conhecimento de todos os profissionais do sistema de saúde, para indicação e orientação dos pacientes. “O corpo clínico trabalha em cima desta listagem. Inserir outros medicamentos aleatoriamente prejudica o bom andamento dos procedimentos. A preocupação dos profissionais demonstra esse problema”, explicou Rodrigues.

Dos fármacos que não constam da Remume, a rede recebeu o antidiabético Glimepirida 1mg e o corticoide Prednisolona 20mg. Os laboratórios que doaram receberam isenção de tributos por parte do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Documentos obtidos pela RBA mostram que os profissionais não foram orientados previamente sobre a entrega desses medicamentos e uma sucessão de orientações desencontradas se seguiu à entrega.

A Área Técnica de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde chegou a orientar que os farmacêuticos entregassem Prednisolona 20mg no lugar da Prednisona 20mg, citando uma nota do Conselho Federal de Medicina que, no entanto, diz que os medicamentos não são intercambiáveis. A orientação foi revogada em seguida.

O Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP) confirmou, por meio de nota técnica, que “Prednisona e Prednisolona são substâncias distintas entre si, não se aplica a intercambialidade entre elas, sendo esta não permitida”. A mesma situação se aplica aos antidiabéticos Glimepirida 1mg – recebido por doação – e Glibenclamida 5mg – que faz parte da Remume. “A troca destas substâncias entre si, por não serem intercambiáveis, caracteriza modificação do tratamento estabelecido ao paciente”, salientou o CRF-SP. Esta mudança só pode ser autorizada por um médico.

Além do recebimento de medicamentos que não fazem parte da Remume, os profissionais afirmam que a gestão Doria recebeu fármacos com validade inferior a seis meses e que têm sido realizadas entregas de poucos medicamentos nas unidades de saúde, contrariando o discurso do prefeito de racionalizar a logística – que seria um processo caro.

Antes do processo das doações, a rede tinha entregas periódicas semanais ou quinzenais, com quantidades grandes. Desde novembro do ano passado, a compra de medicamentos na rede municipal está irregular, deixando parte da população sem atendimento. Doria pretende repassar a entrega de medicamentos para a iniciativa privada, levando ao fechamento das farmácias da rede municipal. Essa medida será objeto de audiência pública nesta quarta-feira (5), às 12h, na Câmara Municipal.

Corujão

Ontem (3), a gestão Doria anunciou o atendimento de 485 mil pessoas que aguardavam por exames médicos, por meio do programa Corujão da Saúde, que contou com a parceria da rede privada. Essa fila corresponde às pessoas que aguardavam por exames em 31 de dezembro de 2016, não considerando as que ingressaram depois. Atualmente, há 86.918 pessoas aguardando por um exame na rede municipal de saúde, sendo 1.706 remanescentes do ano passado.

Foram efetivamente realizados 342.741 exames. As 145.919 pessoas restantes não realizaram qualquer procedimento, sendo 77.820 que não necessitavam mais realizar os exames e 68.099 pacientes que estavam havia mais de seis meses aguardando o agendamento e foram encaminhados para reavaliação médica, para considerar a necessidade do procedimento.

Do total de exames realizados, 79,78% – cerca de 273 mil – foram feitos em equipamentos municipais e 20,22% – aproximadamente 70 mil – em unidades conveniadas da rede privada. A gestão Doria gastou R$ 9 milhões com os atendimentos nos hospitais particulares. Outros R$ 8 milhões foram investidos na rede pública. A partir deste mês, a expectativa é que a população aguarde, no máximo, 60 dias por um exame na rede municipal, que tem capacidade de realizar até 150 mil exames mensais.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que “tanto o Prednisona quanto o Prednisolona fazem parte da Remume, porém, em distintas apresentações farmacêuticas”.

“Antes da doação, a empresa farmacêutica consultou a secretaria sobre a possibilidade de entrega do Prednisolona. Como ambas as apresentações tem o mesmo efeito terapêutico, a Assistência Farmacêutica da pasta validou o recebimento da doação e orientou que a dispensação ocorresse com a devida anotação em receita médica de tal entrega.

Tal autorização ocorreu de forma emergencial para possibilitar a continuidade do tratamento dos pacientes que, devido a decisão deliberada da gestão anterior em reduzir drasticamente, a partir de setembro de 2016, as compras de medicamentos e suprimentos, ficaram sem diversos insumos na rede pública, contribuindo para prejudicar a assistência na saúde municipal.

Já com relação ao Glimepirida, a pasta esclarece que devido à semelhança entre a caixa deste medicamento e a caixa do Glibenclamida, que faz parte da lista da Remume, apenas um lote com 30 caixas do insumo foi entregue erroneamente à secretaria pela empresa farmacêutica. No entanto, em nenhum momento o medicamento Glimepirida foi dispensando à população, sendo substituído pela empresa doadora após a constatação do equívoco.

Sobre o Corujão da Saúde, vale esclarecer que quando o programa foi lançado, a expectativa de gasto com os prestadores privados era de R$ 17 milhões. Atualmente, a pasta trabalha com a expectativa de R$ 9 milhões, uma vez que cerca de 80% dos exames realizados ocorreram na própria rede SUS, seja municipal, estadual ou filantrópica. Ressaltamos que somente ao término do programa será possível informar o valor exato do investimento, após as unidades realizarem o faturamento para pagamento, lembrando que todas seguirão os valores da tabela SUS.”

Trabalhadores saem às ruas em todo o País para defender direitos

O dia 31 de março foi marcado por manifestações em todo o País em defesa dos direitos dos trabalhadores. O governo Michel Temer quer implementar inúmeras reformas cujo principal objetivo é cortar direitos e precarizar o mercado de trabalho. Ele sancionou a lei que permite a terceirização para todas as atividades das empresas, deixando o trabalhador ainda mais vulnerável, e quer desmontar a previdência e aprovar uma reforma trabalhista que corta inúmeros direitos.

Em São Paulo 70 mil pessoas se reuniram na Avenida Paulista e de lá caminharam até a Praça da República. Todas as grandes capitais do País também tiveram fortes mobilizações, que estão sendo chamadas de “esquenta para a greve geral”. “O pacote de maldades cresce dia após dia, e a impopularidade do presidente cresce na mesma proporção. Recentemente foram divulgadas duas pesquisas: o instituto Ipsos diz que o presidente tem 90% de rejeição, e o Datafolha aponta que 79% dos brasileiros estão descontentes”, observa Osvaldo Bezerra, coordenador geral do Sindicato. 

Para Guilherme Boulos, coordenador geral do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), as mobilizações são um sinal claro de que a população está percebendo a importância da adesão aos movimentos contra a reforma da previdência, trabalhista e a lei que libera a terceirização. “É o caldo de rua da virada. Isso ficou muito claro no dia 15 e mais ainda no dia de hoje. O apogeu dessa mobilização vai ser a greve geral no dia 28 de abril”, diz Boulos.

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, aproveitou para mandar um recado aos deputados: “Temer é um cachorro morto. Vamos derrubá-lo este ano ainda. Os deputados que votarem a favor das reformas serão denunciados. Vamos colocar suas caras nos postes e eles nunca mais vão ser eleitos”.

Para o dia 28 de abril todas as categorias estão mobilizando suas bases. O objetivo é parar o País. Fique atento aos informes e participe!

Sindicato promove debate sobre o desmonte da previdência

O Sindicato dos Químicos está na luta contra o desmonte da previdência e, além de participar de todas as mobilizações de rua organizadas pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), resolveu transformar suas subsedes em comitês de esclarecimento aos trabalhadores.

Dentro dessa programação, a subsede Lapa realizou no dia 1º de abril um debate sobre o assunto com a participação de Valmir Prascidelli, deputado federal (PT/SP), membro da CCJC (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) e da Ctasp (Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público), e de Francisco Chagas, ex-deputado federal (PT/SP) e ex-dirigente do Sindicato.

As duas lideranças salientaram aos que estavam presentes os prejuízos que essa reforma traz a todos os trabalhadores. “O governo quer acabar com a previdência pública para que a previdência privada cresça. O objetivo é beneficiar os bancos. O pacote é grande. Também cortou investimentos em saúde e paralelamente quer implementar a terceirização e precarizar o trabalho”, explica Chagas.   

Prascidelli lembrou que o povo foi para as ruas porque estava descontente com o governo Dilma. Porém, o novo governo que assumiu não privilegia a produção Nacional. “Esse governo não quer só destruir a previdência, quer arrasar com o mercado de trabalho, com a aposentadoria e com a produção nacional”, explicou. 

Valmir Prascidelli, deputado federal (PT/SP)

Valmir Prascidelli, deputado federal (PT/SP)

 

Fotos: Eduardo Oliveira

Desemprego atinge 13,5 milhões

A taxa nacional de desemprego, medida pelo IBGE, atingiu 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro. Foi o maior índice da série histórica, iniciada em 2012. Isso corresponde a um número estimado também recorde de 13,547 milhões de desempregados – 1,415 milhão a mais em relação ao período anterior (11,7%) e 3,176 milhões a mais ante igual período do ano passado (30,6%). 

Reprovação a Temer dispara, popularidade despenca

Pesquisa do Ibope, divulgada hoje (31) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que a reprovação a Michel Temer disparou. Apenas 10% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom – eram 13% em junho do ano passado, o que mantém a margem de erro –, enquanto os que acham ruim ou péssimo passaram de 39% para 55%, chegando a 67% na região Nordeste.

Ontem, outra pesquisa, do instituto Ipsos, também indicou alta taxa de reprovação ao governo Temer e mostrou que o Brasil está no rumo errado para 90% dos brasileiros.

Segundo o Ibope, os que aprovam a maneira de governar passaram de 31% para 20%. A desaprovação subiu de 53% para 73%. À pergunta se confiam ou não confiam no presidente, 17% disseram “sim” e 79% responderam “não”.

Em outra questão, os pesquisadores pediram aos entrevistados que comparassem os governos Temer e Dilma. Para 18%, o atual é melhor, para 38% é igual e para 41%, pior – em junho do ano passado, esse último percentual era de 25%.

Em relação às perspectivas quanto ao restante do governo, mais da metade (52%) respondeu “ruim ou péssimo”, 28% consideraram “regular” e só 14%, “ótimo ou bom”.

A pesquisa habitualmente encomendada pela CNI trouxe uma novidade. Em seu material de divulgação, a entidade empresarial saiu em defesa do governo. Para a confederação da indústria, Temer paga um “custo político” por promover “as reformas necessárias para impulsionar o crescimento do país”.

Foram feitas 2 mil entrevistas em 126 municípios, dos dias 16 a 19. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Farmacêuticos aprovam reajuste de 5%

Os trabalhadores do setor farmacêutico aprovaram em assembleia, no último dia 1º de abril, a assinatura do acordo do setor que garante reajuste de 5% em todas as faixas salariais, até o teto de R$ 8.300; sendo que quem ganha acima desse valor terá um reajuste fixo de R$ 415.

Pela estimativa do INPC/IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação acumulada dos últimos 12 meses, referentes à data-base dos farmacêuticos (de abril a abril) deve fechar em 4,65%, portanto, a categoria deve garantir um ganho real de aproximadamente 0,3%. O índice ainda não foi oficialmente divulgado, mas tem sido revisto para baixo nos últimos dois meses.

Na PLR (Participação nos Lucros e Resultados) mínima para empresas que não têm um programa próprio de participação, o índice de reajuste foi de 6,9%. No vale-alimentação o reajuste foi de 9,5% para empresas menores e de 20% para empresas com mais de 100 trabalhadores.

As negociações também garantiram a renovação das cláusulas sociais por dois anos.

 

Fique por dentro do reajuste

5% de reajuste para salários até R$ 8.300.

Acima de R$ 8.300, reajuste fixo de R$ 415.

Pisos

R$ 1.447 para empresas até 100 trabalhadores.

R$ 1.629 para empresas acima de 100 trabalhadores.

PLR (para empresas sem programa próprio)

Reajuste de 6,9%.

R$ 1.577 para empresas até 100 trabalhadores.

R$ 2.188 para empresas acima de 100 trabalhadores.

Vale-alimentação

R$ 201,40 – 9,5% de reajuste para empresas até 100 trabalhadores.

R$ 300 – 20% de reajuste para empresas acima de 100 trabalhadores.

R$ Acima de 300 – 5% de reajuste 

Para quem ganha acima do teto, o valor mínimo passa para R$ 78.

Subsídio dos medicamentos

Reajuste de 2,63% em todas as faixas do subsídio.

Abril é mês de pagar a PLR dos químicos

Nas negociações do setor químico de 2015 houve alteração na data de pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

A empresa que optou por pagar em duas parcelas deve depositar a primeira parcela em 30 de abril e a segunda parcela  em 31 de outubro. Quem optar por pagar em uma única parcela deve depositar o valor ao trabalhador em 30 de junho.

A PLR mínima a ser paga pelas empresas que não têm um programa próprio é de R$ 930,00 (para empresas com menos de 50 trabalhadores) e de R$ 1.030 (para empresas com mais de 50 trabalhadores).  Fique atento as novas datas de pagamento e em caso de dúvidas ou denúncias procure o Sindicato!

Brasil está unido contra reformas do governo Temer, diz Vagner Freitas

Centrais sindicais e movimentos sociais realizarão hoje (31) diversas mobilizações em todo paíscontra a aprovação de projetos do governo Temer, como as reformas trabalhistas e da Previdência e a terceirização irrestrita. O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirma que a intenção é que o governo retire as propostas da pauta definitivamente.

“Os atos são para que o governo retire da pauta essas reformas que retiram os direitos dos trabalhadores. Esse governo não tem moral para fazer esse tipo de reforma. Não foi eleito, a sociedade é contra essas reformas e precisamos restabelecer a democracia no Brasil, com um governo que tenha condição de dialogar com a sociedade”, afirmou em entrevista à TVT.

Freitas avalia que o Brasil está unido contra as propostas do governo federal e afirma que o movimento só tende a crescer. “As centrais sindicais, os movimentos sociais, até a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) se colocam contra a reforma trabalhista, porque isso não interessa ao povo e à economia brasileira. Nós vamos ganhando um caldo de cultura contra a retirada de direitos, contra a precarização, e eu não tenho dúvida que esse momento vai crescer, porque está chegando no cidadão comum.”

O presidente da CUT diz que a presença dos trabalhadores da periferia na mobilização nacional em 28 de abrilserá importante para barrar de vez as reformas. “No dia que a periferia invadir a Avenida Paulista e vir para discussão e os trabalhadores estiverem participando efetivamente, como eu acho que vai ser na greve geral do dia 28, a gente tem muita condição de parar essas reformas. Se a gente consegue impedir que eles façam as reformas, o “Fora, Temer!” vem naturalmente, com as “Diretas já”, e vamos colocar o povo no poder novamente.”

Apenas 19% Campanhas Salariais de 2016 ficaram acima da inflação

Pesquisa feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que apenas 19% das campanhas salarias de 2016 resultaram em aumento real, apresentando ganhos acima do índice de inflação INPC-IBGE.

Foram analisados dados de 714 negociações salariais durante o ano de 2016 de diversos setores por todo o Brasil. Entre eles, 44% dos reajustes tiveram valor igual à inflação e 37% ficaram abaixo do índice.

Reforma da Previdência prejudica também quem já se aposentou

Engana-se quem pensa que só os que ainda vão aposentar que sofrerão os impactos com a aprovação da Reforma da Previdência, em discussão na Câmara Federal.

Com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, todas as trabalhadoras e trabalhadores serão impactados diretamente com o desmonte da aposentadoria, mas os aposentados e pensionistas também serão prejudicados com a proposta do governo ilegítimo de Michel Temer.

Para a secretária Nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos, Jandyra Uehara, a reforma não é reforma é uma destruição da aposentadoria também para quem já se aposentou.

“Essa reforma vai trazer um rebaixamento nos valores das aposentadorias, vai dificultar cada vez mais o acesso, inclusive para as pensões. Hoje você pode estar aposentado ou aposentada e também receber uma pensão, isso será cortado. Então mesmo quem está aposentado e que teria o direito a uma pensão do companheiro ou companheira, será extremamente prejudicado”, explica Jandyra.

A desvinculação do salário mínimo e a proibição do acúmulo da pensão por morte e a aposentadoria são medidas que afetarão em cheio a vida desses trabalhadores que contribuíram a vida toda.

“O que está em jogo no Brasil não é um ajuste fiscal, é uma mudança no modelo de sociedade”, afirmou o economista Eduardo Fagnani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante evento organizado pelo Dieese e centrais sindicais, que tentam unir forças para derrubar a PEC 287, do desmonte da previdência.

O presidente da Federação Nacional dos Aposentados e Pensionistas (FENAPI), Wilson Ribeiro conta indignado qual é a visão desse governo em relação aos que recebem a aposentadoria.

“Na visão do governo nossos somos inativos, não trabalhamos, não produzimos mais, então, para eles nós somos como um estorvo da sociedade. Nós temos o direito de receber porque nós contribuímos para que na nossa aposentadoria pudesse ter um salário digno e isso pode não acontecer mais”.

Para o presidente da FENAPI o salário diminuirá ao longo dos anos e o beneficio não garantirá uma velhice digna. “O idoso precisa se alimentar bem, comprar remédios, ter lazer e o beneficio tinha que garantir esses direitos básicos. Queremos condições de envelhecer dignamente”.

Segundo o relatório do DIEESE, “reformar para excluir”, a PEC 287 também propõe uma forte redução no valor das pensões a serem concedidas. Além da desvinculação ao salário mínimo, o benefício passa a ser de 60% do valor da aposentadoria que o segurado recebe ou receberia se se aposentasse por invalidez no momento do óbito. A esse benefício será concedido uma parcela de 10% para cada dependente adicional, até o limite de 100%. Como a pensão será fixada a partir da regra geral de cálculo da aposentadoria, a renda familiar deverá sofrer uma redução significativa com o óbito do segurado. Provavelmente, uma grande parcela dos futuros pensionistas terá renda equivalente a 60% do salário mínimo. A não reversibilidade das cotas dos demais beneficiários também penalizará o rendimento familiar

É o que comenta a secretária de Assuntos Jurídicos da FENAP e pensionista, Ivanize Artilhes do Espirito Santo. Para ela é um absurdo não poder acumular a aposentadoria e a pensão e disse que as mulheres serão as mais impactadas, já que são maioria entre os beneficiários.

 “Eu, como pensionista e aposentada, nessas novas regras tivesse que escolher um beneficio ou o outro teria meu rendimento cortado pela metade e eu não sei o que seria da minha vida”.

Para Wilson, os aposentados e pensionistas devem estar nas mobilizações contra a reforma da previdência. “Os trabalhadores precisam se mobilizar e convidar a gente pra mantermos a nossa luta, que sempre será ativa. Se eles não lutarem com a gente para barrar essa reforma e a terceirização será muito pior que em tempos de escravidão”, complementa.