Marco Civil da Internet é modelo internacional, afirma relator da ONU

O projeto foi elogiado na palestra “Internet e liberdade de expressão: novos desafios”

Durante o segundo dia do seminário “Liberdade de expressão e o Poder Judiciário”, organizado pela UNESCO em conjunto com o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justiça, o projeto de lei do Marco Civil da Internet foi destacado e elogiado pelos palestrantes do painel, cujo tema era a “Internet e liberdade de expressão: novos desafios”.

“Alegra-me muito dizer que este país estabeleceu uma lei-modelo, que é a lei do Marco Civil”, disse Frank La Rue, relator especial das ONU para a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e de Expressão. “Espero que seja aprovada”, completou, se referindo à tramitação no Senado, após ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados.

“Se a gente quer uma Internet colaborativa, vamos fazer um projeto de lei colaborativo”, explicou o professor da Fundação Getúlio Vargas, Joaquim Falcão. “Se o Marco Civil for aprovado, será uma legislação exemplar.”

O direito fundamental à informação

Moderado pelo diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa, o painel teve como foco as vantagens da Internet para a promoção dos direitos humanos e a universalização da informação, bem como os perigos da concentração midiática e do uso indevido da informação digital.

Mencionando duas liberdades importantes na Internet – a de conteúdo e de acesso –, Frank La Rue observou que, em relação ao acesso, enquanto países como Finlândia e Suécia garantem uma conectividade quase universal entre seus cidadãos, regiões menos privilegiadas, como o continente africano, apresentam um cenário oposto, principalmente devido a problemas de infraestrutura.

“A meu ver, o direito de utilizar a Internet deve existir desde as grandes cidades até as aldeias mais pobres, remotas e rurais de qualquer país do mundo”, diz. “Isto não necessariamente implica em um acesso pessoal e individual, mas comunitário. O inaceitável é que qualquer população fique excluída do acesso à informação.”

Ressaltando as diferenças históricas na formação da web nos EUA e no Brasil, o professor Falcão defendeu que os brasileiros estão mais inclinados a uma conectividade democrática e participativa.

“Nos EUA, a Internet nasceu de pesquisas militares e se desenvolveu no departamento de comércio. No Brasil, ela entrou pela comunidade científica, e qual é o pressuposto fundamental de um cientista? É a liberdade de pensar, testar, dialogar, de ouvir opiniões contrárias e de ser refutado.”

Monopólios na web ameaçam diversidade da informação

“Para que a comunicação seja democrática”, disse La Rue, “é necessário que seja aplicado o princípio da diversidade de informação e de ideias, e isso necessariamente implica em combater os monopólios e a grande concentração de serviços.”

“Olhando além do valor da transação”, complementou Luiz Fernando Moncau, pesquisador gestor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, “o Facebook tem demonstrado o interesse principal, talvez, na presença de um aplicativo nos celulares de todas as pessoas – portanto, capaz de monitorar agendas de contato, acessar nossas redes e uma série de outras informações.”

“Parte da solução para este problema”, concluiu, na última fala da sessão, “é o Marco Civil na Internet, pois reforça o princípio da neutralidade de rede e afirma que novos competidores vão entrar neste mercado – algo que, sem a neutralidade, será praticamente impossível.”

Químicos participam da marcha por direitos

Uma grande comitiva de trabalhadores químicos participou da marcha organizada pela CUT nesta quarta-feira (9), em São Paulo.

Os manifestantes se reuniram na Praça da Sé e seguiram em caminhada pela Avenida Brigadeiro Luiz Antonio até a avenida Paulista. O objetivo das centrais é pressionar o Executivo e o Congresso Nacional e retomar as negociações da pauta dos trabalhadores. 

Os trabalhadores reivindicam redução da jornada de trabalho para 40 horas, sem redução de salário; fim do fator previdenciário; combate à demissão imotivada, com aprovação da Convenção 158 da OIT; igualdade de oportunidades e de salários entre homens e mulheres; valorização das aposentadorias; dentre outras. 

Ipea corrige dado sobre pesquisa

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) corrigiu o dado sobre a violência contra as mulheres, divulgado na semana passada. O órgão informou que 26% dos brasileiros, e não 65%, concordam, total ou parcialmente, com a afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. O instituo explicou que houve uma troca de gráficos que gerou a confusão.  “Ainda assim, o resultado assusta e mostra o quanto é importante avançar na luta em defesa da igualdade de gênero e contra a violência”, avalia Elizabete Maria da Silva, a Bete, secretária da Mulher Trabalhadora.    

Comunicação é tema do 1º de Maio da CUT

Para celebrar o 1º de Maio deste ano, a CUT escolheu o tema Comunicação, o Desafio do Século, que está sendo discutido em seminários realizados em todas as subsedes.  A central também está promovendo um concurso de fotografia cujo tema é Trabalho Decente e um Campeonato de Futsal, que  conta com a participação de oito times de trabalhadores filiados ao nosso Sindicato. 

Ato pela saúde

Os movimentos sociais e populares se uniram num ato unificado por melhoria no Sistema Único de Saúde (SUS), na Praça da Sé, hoje (7), em comemoração ao Dia Mundial da Saúde.  

Todas as mulheres devem ser respeitadas

No mês de março o IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada) divulgou dois importantes estudos sobre o tema do estupro. O primeiro, intitulado “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados de Saúde”, se refere a uma análise produzida no âmbito da Secretaria de Vigilância em Saúde, órgão integrante do Ministério da Saúde, com base em notificações relacionadas à violência doméstica e sexual. Já no segundo estudo são divulgados os resultados de uma pesquisa realizada pelo IPEA sob o título “Tolerância social à violência contra as mulheres”. Trata-se de uma pesquisa domiciliar e presencial que visa captar a percepção das famílias acerca das políticas públicas implementadas pelo Estado, independentemente de ser usuário ou não dessas políticas – o tema abordado é a violência sexual.

A divulgação da segunda pesquisa causou uma forte reação de parte da sociedade, que expressou em diferentes veículos de comunicação, mas principalmente nas redes sociais, sua indignação em relação aos resultados. De fato, é difícil acreditar que dois terços da sociedade brasileira atribuem às mulheres a responsabilidade pelo estupro, associando-o ao seu modo de vestir e de se comportar.

Os resultados explicitam que a luta pela igualdade é longa e deve ser travada cotidianamente porque, a despeito de todos os avanços conquistados pelas mulheres nas últimas décadas, a sociedade é fortemente pautada pelas relações de poder entre mulheres e homens e pela reafirmação dos papéis sociais que são herança do escravagismo – homens negros e mulheres negras eram tratados como coisas, sem alma, sem dignidade. Passado mais de um século, as mulheres continuam sendo agredidas, assediadas e estupradas porque ousaram pisar em um território masculino, o espaço público, gerando uma profunda intolerância de parte da sociedade que ainda trata as mulheres como seres inferiores, sem dignidade e sem direito a liberdade.

A cultura machista que ainda se perpetua na sociedade julga e condena as mulheres a uma vida de obediência, castidade e isolamento social, pois não podem embarcar em trens lotados, não podem andar nas ruas, não podem se vestir da forma que desejam, mais confortável. No entanto, esse comportamento conservador e machista tolera a forma como a mídia explora e utiliza a imagem das mulheres para vender carros, cigarros e bebidas. Na esteira do desrespeito às mulheres está presente uma cultura de desprezo às opções sexuais dos outros, homofóbica, racista e intolerante com a diversidade.

Quando se analisa os dados dos estupros apresentados no primeiro estudo, alguns aspectos chamam a atenção. As vítimas são mulheres de todas as idades, mas com uma forte incidência sobre crianças e adolescentes; em 2011, em mais de 70% das notificações as vítimas eram crianças e adolescentes, ou seja, mais da metade tinha menos de 13 anos de idade. Entre as crianças, os dados revelam que 24,1% dos agressores são os próprios pais ou padrastos e que 32,2% são amigos ou conhecidos das vítimas; o indivíduo desconhecido passa a figurar como principal autor do estupro na medida em que a idade da vítima aumenta, respondendo por mais de 60% dos casos na fase adulta.

Assim, a responsabilização atribuída às mulheres como principais responsáveis por atrair o instinto machista e selvagem dos homens ao se vestir de forma inadequada não se sustenta quando se analisa o perfil dos estupradores e das próprias vítimas. O que atrai o estupro é um comportamento que considera as mulheres propriedade, a cultura dominante que reproduz estereótipos, banaliza a violência e responsabiliza a vítima, o que equivale a um profundo retrocesso social porque o próximo passo será delimitar os espaços para homens e mulheres, destinando o público aos homens e confinando as mulheres ao espaço privado, onde inclusive a violência sexual também está presente de forma expressiva. A luta das mulheres e dos movimentos sociais pela superação das heranças machistas é relativamente recente na história dos países ocidentais, teve início com os movimentos do século XVIII e XIX. No Brasil essa luta já tem mais de 100 anos, mas até os anos de 1970 a tese da “legítima defesa da honra” era admitida para inocentar quem assassinava mulheres.

Até 2009, em nossa legislação o estupro ainda era tipificado como um crime de ação privada contra os costumes. Desse ano em diante, por meio da Lei n. 12.015, o estupro passou a ser considerado um crime contra a dignidade e liberdade sexual. Ou seja, todo ser humano tem o direito de ser protegido e de exigir respeito em relação a sua vida sexual, assim como deve respeitar as opções sexuais alheias.

A indignação e a revolta devem ser transformadas em ferramentas de luta para que as práticas sexistas sejam combatidas cotidianamente, com a denúncia do abuso sexual, do assédio e de todas as formas de violência contra as mulheres. Porque todas as mulheres devem ser respeitadas.

Marilane Oliveira Teixeira é economista, pesquisadora e assessora sindical e de relações de trabalho e gênero

ANA defende racionamento de água

A ANA (Agência Nacional de Águas) defendeu ontem o racionamento de água.  De acordo com o diretor-presidente, Vicente Andreu Guillo, a crise é grave e exige medidas de curto prazo. “Temos que atuar com cenários restritivos, e a população é mais compreensiva do que os políticos imaginam”, disse. 

Ontem, o reservatório Cantareira, responsável pelo abastecimento de 15 milhões de pessoas na Grande São Paulo, operava com 13,3%, menor índice da história.  Na próxima semana, a ANA se reúne com os governos de São Paulo e do Rio para discutir o uso da água do Paraíba do Sul. 

Marcha em defesa da pauta dos trabalhadores

A CUT, em conjunto com outras centrais sindicais, promove a 8ª Marcha da Classe Trabalhadora por mais Direitos e Qualidade de Vida, no dia 9 de abril, em defesa da pauta dos trabalhadores.

Entregue à presidenta Dilma Rousseff no ano passado, a pauta continua parada no Congresso. Dentre as principais reivindicações apresentadas estão a redução da jornada para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, o combate à demissão imotivada e a não votação do PL n. 4.330, que regulamenta a terceirização e corta importantes direitos dos trabalhadores.

O Sindicato dos Químicos participará do ato representado por uma comitiva de trabalhadores. A concentração será às 10 horas, na Praça da Sé. Depois haverá caminhada até o Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista.

Terceirização

Desde o ano passado o Sindicato dos Químicos vem denunciando o retrocesso que o PL n. 4.330 significa para os trabalhadores. A entidade também organizou uma audiência pública que reuniu especialistas, políticos e juristas, e todos alertaram que a regulamentação da terceirização da forma como está sendo proposta significará um retrocesso.

Conheça as reivindicações:

– Igualdade de oportunidades para mulheres e homens

– Fim dos leilões de petróleo
– Transporte público de qualidade
– Redução da jornada para 40 horas
– Fim do fator previdenciário
– 10% do PIB para a educação
– Negociação no setor público
– Reforma agrária e agrícola
– 10% do orçamento da União para a saúde
– Combate à demissão imotivada
– Valorização das aposentadorias
– Correção da tabela do Imposto de Renda
– Não ao Projeto de Lei n. 4.330, da terceirização