Ministro quer ampliar debate sobre participação social

Durante encontro com movimentos da juventude, na última quarta-feira (18), o ministro-chefe da Secretaria da Presidência da República, Gilberto Carvalho, pediu a dedicação de todos para ampliar o debate sobre o fortalecimento de políticas públicas para participação social. O pedido ocorreu em resposta aos ataques, originários da direita conservadora, sofridos pelo decreto da presidência que estabeleceu a participação social como método de governo e ampliou a possibilidade da sociedade civil debater e contribuir com propostas – segundo Pedro Pontual, diretor de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência, a partir do decreto, programas e políticas de Estado terão de ser construídos através de diálogo e debate com a sociedade civil.

Presente à reunião, Alfredo Santos Jr., secretário nacional de Juventude da CUT, exaltou a iniciativa do governo mas defendeu uma reforma política como ferramenta principal na promoção de mudanças significativas, lembrando que movimentos sociais realizarão, entre 1 e 7 de setembro, o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. “2015 será o ano da reforma política, da democratização dos meios de comunicação, da reforma agrária, das reformas de base, porque o país precisa dar continuidade no processo de fortalecimento das políticas públicas com participação popular”.

Arquivado processo contra Serra no caso do cartel de trens

Foi arquivada pela Procuradoria Geral de Justiça, a investigação contra o ex-governador José Serra, que apontava indícios de seu envolvimento em conluio que favoreceu a empresa CAF espanhola na compra e venda de trens para a CPTM e do Metrô, do projeto Boa Viagem.

A investigação baseou-se em denúncias feitas pelo ex-diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti. Segundo seu depoimento, a reunião em que esteve com o ex-governador, José Serra, teria acontecido em uma feira na Holanda em 2008. Na ocasião, Serra sugeriu que a Siemens desqualificasse a empresa espanhola CAF em uma licitação, o que garantiria a anulação do processo licitatório pelo governo do Estado.

Em sua decisão, o procurador-geral afirmou que faltaram provas aos autos para que a investigação seguisse adiante: “o que torna ilógico o prosseguimento do feito, ressalvada a hipótese do surgimento de novas provas” declarou o chefe do MP. Pela Lei Orgânica do Ministério Público, somente o Procurador-Geral pode investigar crimes de ex-governadores e governadores. 

Bolsa Família reduziu trabalho infantil no Brasil

A Organização Mundial do Trabalho (OIT), no Relatório Mundial sobre Proteção Social, elogiou a política brasileira de distribuição de renda, enfatizando a importância do Bolsa Família no combate ao trabalho infantil e à pobreza. Segundo a organização, o grande mérito do programa é vincular o benefício à frequência escolar.

“Reduções no trabalho infantil são mais evidentes onde os benefícios financeiros são integrados com elementos adicionais como os programas de ensino integral, como existentes no Brasil”, explica o documento. O Brasil também mereceu destaque no relatório pela continuidade e expansão da sua política de distribuição de renda – citando-se, como exemplo, a ampliação da cobertura da proteção social e do salário mínimo desde 2009.

“O caso brasileiro prova que fortalecer políticas públicas promove o crescimento econômico, ao mesmo tempo que reduz a pobreza e a desigualdade”, conclui o texto.

Encaminhamentos para hospitais diminuem 70% em São Paulo, graças ao Mais Médicos

O programa Mais Médicos reduziu em 70% o encaminhamento de pacientes para hospitais em São Paulo, devido à melhoria do atendimento na atenção primária.  De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a prioridade agora será melhorar a infraestrutura dos equipamentos de saúde e aumentar o número de vagas dos cursos de medicina do país – o Ministério da Saúde já negocia com o Ministério da Educação a abertura de novos cursos de medicina em Cubatão e no Guarujá.

Através do programa federal, o estado de Sãoju Paulo recebeu 2.187 médicos, distribuídos por 345 municípios, que atendem 7,5 milhões de pessoas. Além disso, houve um aumento de 5,7% no total de agendamentos de consultas, assim como no número de atendimentos em saúde mental (15,1%) e de pacientes com diabetes (12%). Em âmbito nacional, o número de consultas na atenção básica cresceu 35% no mesmo período, o atendimento de pacientes com diabetes, 45% e as consultas aos pacientes com hipertensão, 5%. O total de pré-natais também aumentou 11% e os encaminhamentos para hospitais, 20%. Atualmente, 9.501 médicos integram o programa, distribuídos em 3.101 cidades e 32 distritos indígenas, beneficiando 33 milhões de brasileiros.

Aumento de pedágios em SP será de 6,5%

O governo de Geraldo Alckmin cedeu e anunciou o aumento das tarifas de pedágio para o próximo dia 1º de julho: 6,5% será o índice de reajuste, calculado pelo IPCA para os 6,4 mil quilômetros da malha rodoviária concedida à iniciativa privada, nas 127 praças de pedágio do Estado de São Paulo.

O aumento das tarifas foi suspenso ano passado devido às manifestações de rua, mas os lucros das empresas se mantiveram elevados. Devido à suspensão do aumento do último ano, foi utilizada uma medida compensatória de cobrança por eixo suspenso de caminhões, que não entravam na cobrança da tarifa até então. As viagens pedagiadas mais caras são as da rodovia Marechal Rondon, com 14 praças de cobrança. Com o aumento programado para o começo do próximo mês, o percurso entre São Paulo e a  Baixada Santista, do sistema Anchieta-Imigrantes, deve passar de R$ 21,20 para R$ 22,55.

Bancada petista contesta a medida

Embora o reajuste esteja previsto nos contratos entre o governo e as concessionárias, as empresas que administram as rodovias tiveram um lucro indevido de R$ 2 bilhões até 2012 devido a aditivos assinados em 2006, que prorrogam os contratos até 2018. O lucro elevado das concessionárias é objeto de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que está em andamento na Assembleia Legislativa do Estado. Os deputados da bancada do PT questionam os lucros exorbitantes das empresas, e apresentaram um requerimento sugerindo ao governador que suspenda esse reajuste.

Assembleia Legislativa encerra ciclo de 21 audiências ao Orçamento do Estado 2015

A Comissão de Finanças e Orçamento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo promoveu ontem, 17, às 19h, a 21ª Audiência Pública do Orçamento 2015, na Câmara Municipal de Guarulhos, com a participação dos Deputados membros efetivos e suplentes da Comissão, e a população da região metropolitana de Guarulhos.

A vice-presidente da comissão, deputada Beth Sahão, defende a regionalização do Orçamento, assim comop a bancada de oposição da Alesp. Para a deputada, este modelo de audiência está esgotado e seria necessária uma nova postura por parte da própria comissão, para que o atendimento das demandas se concretizasse, e revertesse em conquistas para as regiões. Muitas entidades apresentam o mesmo pleito há mais de 8 anos. 

Conquistas

Uma conquista significativa para o processo de participação popular, alcançada pela classe artística, foi a destinação de mais recursos para o PROAC (Programa de Ação Cultural) que conseguiu, devido à expressiva mobilização dos artistas das 21 cidades do Estado, um aporte ao orçamento no valor de R$ 10 milhões. Outras demandas ainda necessitam resposta, como por exemplo, o histórico pedido de pagamento de precatórios do Estado aos aposentados com mais de 65 anos.

OIT atualiza convenção sobre trabalho forçado

Na última quarta-feira (11), a 103ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou, com a corroboração de 185 países, uma atualização da Convenção 29, referente às práticas de trabalhos forçados. A medida visa adequar as recomendações da entidade às formas mais modernas de trabalhos forçados, assim como orientar a implementação de ferramentas para enfrentar a prática.

“O que aprovamos são instrumentos modernos e equilibrados, que permitem não apenas punir os responsáveis pelo trabalho forçado, mas também adotar ações concretas para proteger as vítimas, compensá-las pelo dano causado, bem como prevenir, de forma efetiva e sustentada, o reaparecimento do trabalho degradante”, declarou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, defendendo que as formas modernas de trabalho forçado exigem novos mecanismos de combate. No Congresso Nacional, a Emenda Constitucional 81/2014, que determina a expropriação dos imóveis onde for constatada a utilização de mão de obra escrava, foi promulgada, mas ainda aguarda regulamentação.

O combate à miséria está no rumo certo

No casebre de paredes maltratadas havia uma única porta, a que se abriu para a inesperada visita de uma assistente social. Nos demais cômodos, a privacidade só era assegurada por cortinas improvisadas. Foi de pés descalços sobre o chão rústico, em meio à inquietude dos dois filhos no colo, que Bárbara da Silva, de 22 anos, descobriu ter direito ao Bolsa Família para superar a extrema pobreza. “Fiquei surpresa. Nunca fui atrás, porque não tinha todos os documentos. Não faz nem um mês, consegui tirar o Título Eleitoral e o CPF”, conta a nova beneficiária, incluída no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal naquela abafada tarde do fim de maio.

Para viver na modestíssima casa em Formosa, interior de Goiás, Bárbara paga 150 reais de aluguel. É o valor que o antigo companheiro costuma enviar à mãe solteira para contribuir com a criação do filho Kauã Lukas, de 1 ano e 8 meses. Todas as demais despesas são custeadas com os 300 reais ganhos com o emprego de babá. O trabalho não lhe garante, porém, segurança alimentar. “Nem sempre dá para comprar o leite dos meus filhos. Não posso contar com o pai de Ana Beatriz, de 2 anos e 5 meses, que sumiu no mundo. Agora, com o Bolsa Família, espero que não falte nada em casa.”

 

A babá e seus filhos representam uma do mais de 1,1 milhão de famílias incluídas no programa pela busca ativa do governo federal nos últimos três anos. Desde o lançamento do Plano Brasil sem Miséria, em junho de 2011, quando Dilma Rousseff assumiu o compromisso de erradicar a extrema pobreza no País, as ações na área sofreram profundas mudanças. Em vez de esperar a iniciativa dos mais pobres, o Estado decidiu ir até eles.

Além disso, o desenho do Bolsa Família foi aperfeiçoado. Se antes os valores transferidos dependiam essencialmente do número de crianças e adolescentes, com o lançamento da Ação Brasil Carinhoso, em 2012, o cálculo passou a considerar a intensidade da miséria em cada família. E o governo se dispôs a complementar a renda doméstica de forma que cada integrante disponha de, no mínimo, 70 reais mensais, renda per capita usada pelo Ministério do Desenvolvimento Social para definir quem está abaixo ou acima da linha da extrema pobreza.

Mesmo antes das mudanças, o Brasil havia conquistado um feito inimaginável duas décadas atrás. Em 1990, a população com renda inferior a 70 reais mensais somava 13,4%. Segundo os organismos internacionais, que usam como parâmetro a renda per capita de 1,25 dólar por dia, 25,5% dos brasileiros eram extremamente pobres. Em 2012, o cenário captado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, era diferente: 3,5% dos habitantes viviam com menos de 70 reais mensais, ou 3,6% com renda de 1,25 dólar ao dia.

O Brasil estaria muito próximo, portanto, de erradicar a miséria, uma vez que o Banco Mundial considera residual uma taxa de 3%. A Pnad de 2013, a ser divulgada em setembro, espera o governo, deve confirmar a superação dessa barreira.

 

“Essa meta de 3% leva em conta o fato de a pobreza não ser um fenômeno estático. Muitos fatores podem levar famílias à miséria, choques conjunturais como a perda do emprego ou questões mais perenes como doenças incapacitantes”, explica a economista norte-americana Deborah Wetzel, diretora do Banco Mundial para o Brasil. “Na maioria dos contextos não é possível chegar a um nível zero de extrema pobreza. A preocupação principal é eliminar as formas crônicas desse fenômeno.”

De acordo com a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, o Brasil erradicou a extrema pobreza, se levar em conta apenas o critério da renda. “Não há mais beneficiários do Bolsa Família na miséria. Mais de 22 milhões de brasileiros abandonaram essa condição somente com as mudanças feitas no desenho do programa no governo Dilma.” Em junho deste ano, emenda a ministra, o valor das transferências foi reajustado de forma a garantir que todas as famílias tenham renda per capita superior a 77 reais. “Hoje, só permanece na miséria quem está fora do Bolsa Família. Por isso iniciamos a busca ativa.”

Pelas estimativas da pasta, falta incluir cerca de 300 mil famílias extremamente pobres. Ninguém sabe o número exato, até pela dificuldade em encontrar os indivíduos. “Há casos de famílias com quatro gerações sem documentos”, explica Campello. “Mas todas as projeções indicam que, hoje, estamos com um índice abaixo de 2%.”

A última Pnad, sustenta a ministra, não captou os efeitos das recentes mudanças no programa, mas uma simulação do Ipea revela um promissor potencial de redução da miséria. O instituto traçou três cenários distintos. O primeiro indica uma prevalência de 10% da extrema pobreza entre crianças e adolescentes, e cerca de 5% entre os adultos, caso o programa não existisse. No segundo cenário, com o formato do Bolsa Família de 2011, o porcentual cai para menos de 6% na infância e gira em torno de 3% na idade adulta. Com o novo desenho dos benefícios a partir de 2013, todas as faixas etárias se aproximam de 1%.

“Tudo indica que, em 2013, houve drástica redução da extrema pobreza. Não sabemos se a próxima Pnad vai captar isso, mas a expectativa é de que a média fique abaixo dos 3%”, diz Rafael Osório, diretor do Departamento de Políticas Sociais do Ipea.

A expectativa é compartilhada pelo representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Jorge Chediek. “Esperamos que as pesquisas confirmem a superação dessa marca de 3%. O Brasil teve um avanço extraordinário e é uma das nações que mais contribuíram para a diminuição da miséria no mundo.”

A China, aponta o Pnud, teve uma queda mais expressiva: 60,2% de sua população era extremamente pobre em 1990, porcentual reduzido a 13,1% em 2008. No início dos anos 1980, metade da população da Índia era miserável. Em 2010, passou a 32,7%. “Em números absolutos, eles tiveram uma evolução maior, mas só o Brasil está próximo da erradicação”, compara Chediek. “Este é o novo milagre do País. Nos anos 1970, a economia cresceu de forma notável, mas a concentração de renda aumentou. O milagre de hoje é do ponto de vista social.”

Quem vive com pouco mais de 1,25 dólar por dia continua, obviamente, em situação bastante precária. Tal linha, explica Wetzel, do Banco Mundial, representa “uma severa privação no atendimento das necessidades humanas básicas, inclusive comida, água potável, educação, saúde e moradia”. Os especialistas consultados por CartaCapital destacam que a renda é apenas um dos critérios usados na medição da pobreza. E o estabelecimento de uma única linha, para o mundo ou para o Brasil, pode encobrir distorções.

Por essa razão, o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) lida em diferentes linhas de pobreza extrema, baseadas em especificidades regionais. A linha da indigência na região metropolitana de São Paulo, a maior do País, foi estimada em 108,6 reais em 2012, bem acima dos 70 reais estabelecidos pelo governo. Na zona rural da Região Nordeste, só quem ganha menos de 59,3 reais é considerado miserável.

 

“O custo de vida varia muito de um lugar para outro. Isso indica que o governo subestima a miséria na periferia das metrópoles e a superestima no campo”, afirma a economista Sônia Rocha, pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. “De toda forma, é inegável o êxito do Bolsa Família. Muitos exigem que o programa apresente portas de saída, mas é besteira. Seu objetivo é distribuir renda e ponto. A saída está na educação, na geração de empregos.”

Transferir renda é só o primeiro passo, reconhece Campello. “O desafio agora é universalizar o acesso aos serviços públicos e, na medida do possível, fazer com que eles cheguem primeiro aos setores mais vulneráveis da sociedade.” Para ampliar o acesso das crianças mais pobres em creches, o governo federal oferece um repasse adicional às prefeituras para cada vaga destinada aos beneficiários. Também busca convencer os estados e municípios a priorizá-los nas escolas de tempo integral. Hoje, dos 48,5 mil colégios públicos com jornada ampliada de estudo, 31,7 mil têm mais de 50% dos alunos inscritos no programa. “Com as crianças na creche ou na escola em período integral, elas têm a garantia de cinco refeições diárias. E a mãe tem ao menos um turno livre para trabalhar.” Mais de 1,2 milhão de brasileiros de baixa renda, destaca a ministra, estão matriculados em cursos do Pronatec e 405,9 mil beneficiários do Bolsa Família se tornaram microempreendedores.

Inscrita no programa há sete anos, a cabeleireira Vivian de Souza Cruz improvisou um salão de beleza em um cômodo de sua casa. Fez um curso de inglês pelo Pronatec e pretende se inscrever em outro, de design de sobrancelhas. Seu marido também passou por qualificação e hoje é operador de máquinas agrícolas. A renda é modesta, mas assegura uma vida digna às duas filhas, de 11 e 14 anos. “Agora, ele ganha dois salários mínimos e eu consigo mais uns trocados no salão. Cobro 10 reais pelo corte de cabelo. Só em mulher, senão perco o marido”, brinca.

A família quer trocar a velha moto de 100 cilindradas por um carro usado. Vivian Cruz tem confiança na capacidade de realizar o sonho em breve. Só muda a feição otimista ao lembrar-se das privações do passado. “Meu marido vivia de bicos de pedreiro nem sempre tinha trabalho. Por falta de pagamento, ficamos sem água, luz e gás várias vezes. Tive até de cozinhar com cavacos de madeira”, conta. “O benefício ajudou a manter as contas em dia e não faltar nada para as meninas. Aos poucos, nos reerguermos.”

*Publicado originalmente na edição 803 de CartaCapital sob o título “Miséria residual”

Risco de demissão cai 61% nos últimos 10 anos

Segundo pesquisa do Banco Central sobre o comportamento do mercado de trabalho, o risco de demissão caiu 61% nos últimos dez anos.

O estudo mostra também que no período houve uma estabilização das vagas já existentes nas empresas, além de novas contratações, contrastando com o comportamento da década anterior,  quando era comum o processo de enxugamento. 

Quase 100 mil empregos e projeção de R$ 30 bi no PIB: é o legado da Copa ao Brasil

“O Brasil já ganhou com a Copa. É um momento histórico de oportunidades, com obras de infraestrutura, promoção do país e qualificação de trabalhadores”. A afirmação é de José Claudeonor Vermohlen, assessor da Secretaria de Relações Político-Sociais da Presidência da República e debatedor da mesa “O Legado da Copa”, realizada no final de maio durante a 14ª Plenária Estatutária da CUT São Paulo, em Guarulhos.

Construção de 12 estádios multifuncionais; projetos de mobilidade urbana com 42 obras viárias, terminais, estações e corredores exclusivos; intervenções em 12 aeroportos e reformas em seis portos; investimentos em segurança pública e em telecomunicações. Isso sem contar a geração de 50 mil postos de trabalho na construção dos estádios e outros 47 mil empregos no setor turístico das cidades-sede. Para quem ainda tem dúvida sobre o legado da Copa do Mundo ao Brasil, vale destacar que estes dados são apenas parte do saldo positivo do evento.
 

Além de demonstrar uma série de benefícios ao Brasil, dados do Portal da Transparência e do Portal da Copa 2014 desmontam o mito de que os investimentos na competição são maiores do que o governo federal aplica em educação e saúde.

Para a construção e a reforma de estádios foram consumidos R$ 8 bilhões, dos quais R$ 4 bi são financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – valor que retornará ao caixa do banco com pagamento de juros -, R$ 1,4 bilhão do governo do Distrito Federal e o restante oriundo de recursos privados, mas sem dinheiro federal para a área.

Para as obras de infraestrutura foram gastos outros R$ 17,6 bilhões, sendo os maiores aportes: R$ 8 bilhões em 42 projetos de mobilidade urbana; R$ 6,3 bi em 30 projetos nos aeroportos e R$ 1, 9 bilhão em segurança pública nos centros integrados de comando e controle e aquisição de equipamentos para o setor. Somando estes custos e os das 12 arenas, foram R$ 25,6 bilhões destinados à realização do evento.

Em contrapartida, ano passado foram investidos R$ 101,9 bi em educação e mais R$ 83 bi em saúde. Em 2014, a previsão de investimento em cada área é de, respectivamente, R$ 107 bi e R$ 91,5 bi. Desde 2010, quando as obras da Copa começaram, o governo federal destinou R$ 825 bilhões nos dois segmentos.

Vale destacar, ainda, que, no ano passado, a Copa das Confederações acrescentou R$ 9,7 bilhões ao PIB e, para 2014, a projeção é de R$ 30 bi de incremento com a realização da Copa do Mundo.
 

Impactos sociais e econômicos – Segundo Vermohlen, 165 mil jovens e trabalhadores já fizeram ou estão matriculados em cursos oferecidos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) na área turística, e 840 catadores serão contratados e capacitados para realizar a coleta de resíduos sólidos nos estádios da Copa para reciclagem. Também foram distribuídos gratuitamente 50 mil ingressos aos beneficiários dos programas sociais do governo federal.

Os investimentos em novos negócios para micro e pequenas empresas são da ordem de R$100 milhões e, de acordo com estimativa da Embratur, a expectativa é de que os turistas gastem R$ 25 milhões no país. Até 2016, serão 422 novos empreendimentos de hospedagem e, destes, 154 foram inaugurados entre 2011 e 2013.

“A Copa tem ainda como legado a revitalização de espaços e apoio a projetos ligados às artes, ao artesanato e à diversidade cultural brasileira, além do intercâmbio com outros povos, transparência na divulgação de dados e fiscalização das obras pelos órgãos de controle”, finaliza Vermohlen.