O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou na última semana a manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 10,5%. A justificativa para a decisão é a expectativa futura de suposta tendência de aumento da inflação e de desvalorização do Real.
O economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Cavarzan, explica que a Selic tem influência importante no desempenho econômico do país.
“Juros altos prejudicam o governo, com aumento de custos no pagamento dos títulos da dívida pública, reduzindo recursos para outras áreas importantes, como saúde e infraestrutura. A Selic também influencia nos juros de todo o sistema financeiro, com isso, o crédito fica mais caro para famílias e empresas, aumentando o endividamento e, ao mesmo tempo, impedindo investimentos na economia real e, portanto, na criação de mais empregos”, resumiu
No início da semana, em entrevista à rádio CBN, o presidente Lula fez duras críticas ao Banco Central. “Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil neste instante. É o comportamento do Banco Central”, pontuou. “Um presidente do Banco Central que não tem nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, completou.
O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, termina em dezembro de 2024. A expectativa, portanto, é que, a partir de 2025, o nome que será indicado por Lula para assumir o cargo, esteja alinhado com o plano de governo petista, de retomada de investimentos em infraestrutura e na indústria nacional, e com o pleno emprego.