O espaço público será ocupado pela sociedade neste domingo, 28 de abril de 2024, para relembrar os mortos, os acidentados e os adoecidos pelo trabalho, mas também para lutar pela vida. O Ato e Canto pela Vida, organizado por mais de 40 entidades, acontece a partir das 11h na Praça Vladimir Herzog, no Centro de São Paulo/SP, para celebrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. A data foi instituída pelo movimento internacional de trabalhadores e remete a morte de 78 pessoas que trabalhavam em uma mina nos Estados Unidos, após explosão, em 28 de abril de 1969.
Passados 55 anos, trabalhadores e trabalhadoras continuam se acidentando, adoecendo e morrendo: estima-se que, a cada 15 segundos, uma pessoa morre no mundo por acidentes de trabalho. No Brasil, a cada 50 segundos, um acidente de trabalho é notificado. Esses números são destacados pelo Manifesto do Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho – Ato e Canto pela Vida – Basta de sofrimento e morte!, assinado por dezenas de instituições, entre elas, a Fundacentro.
Segundo o Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho, entre 2012 e 2022, 6.774.543 acidentes do trabalho foram notificados no país, o que gerou 2.293.297 afastamentos acidentários. Esses acidentes resultaram em 25.492 mortes, equivalentes a aproximadamente a uma morte a cada 3 horas e meia. Os dados abrangem apenas os acidentes registrados junto ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), deixando de fora todos os ocorridos com trabalhadores sem registro formal em carteira e com os servidores públicos estatutários.
Alerta à sociedade
As mais de 40 entidades, que assinam o Manifesto, querem tornar visível essa questão para toda a sociedade. “É fundamental a Fundacentro estar alinhada na tarefa de trazer luz à gravidade da persistência dos altos índices de acidentalidade e, particularmente, aos índices de adoecimentos relacionados ao trabalho, que seguem sendo largamente invisibilizados”, afirma o presidente da Fundacentro, Pedro Tourinho.
Nesse universo, as doenças relacionadas à saúde mental são a terceira maior motivação para afastamento do trabalho. Apesar do visível crescimento de casos de transtornos mentais, muitas vezes, o nexo causal é desconsiderado. Para Tourinho, cada vez mais o reconhecimento do papel do trabalho no adoecimento psíquico se torna algo dado, mas ainda há muito que pesquisar e legislar em termo de proteção da saúde mental do trabalhador e da trabalhadora.
“As mortes, a invalidez permanente, os acidentes típicos que ainda ocorrem são um atentado à vida, à segurança e à saúde dos trabalhadores. É por isso que recordamos a data do 28 de abril para estabelecer um pacto para que a sociedade possa se organizar para ter um trabalho seguro e decente voltado para a promoção, a proteção e a prevenção da saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras”, conclui o diretor de Conhecimento e Tecnologia, Remígio Todeschini.
Mudanças Climáticas
O Manifesto destaca ainda que a Saúde e Segurança do Trabalhador e da Trabalhadora é um direito fundamental de cidadania reconhecido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Desde 2003, a OIT também considera o 28 de abril como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. Em 2024, a OIT escolheu o tema Impactos das mudanças climáticas na segurança e saúde no trabalho, questão que vem sendo estudada pela Fundacentro.
O Monitor IBUTG busca auxiliar trabalhadores, empregadores e profissionais de SST na avaliação da exposição ocupacional ao calor, sem fontes artificiais, em ambientes de trabalho externos. A ferramenta pode ser acessada pelo site ou por celular (Android ou IOS).
Também estão em andamento dois projetos de pesquisa sobre essa temática: Impacto da exposição ao frio sobre o trabalho a céu aberto e Inovação tecnológica e pesquisa sobre exposição ocupacional ao calor a céu aberto. Conheça mais detalhes no site da instituição.
Ato e Canto pela Vida
Programação especial do tradicional encontro gastronômico cultural “Todo mundo tem que falar, cantar e comer!”
11h – Encontro e reencontro dos participantes, familiares e entidades;
12h – Apresentação musical com o cantor Paulinho Timor, trazendo o Samba do Trabalhador;
13h – Ato em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho;
Simultaneamente: Almoço no sistema “Quem pode, paga, quem não pode, pega”; e realização de uma obra coletiva com a marca das mãos dos participantes.
Local: Praça Vladimir Herzog e Centro Cultural a Céu Aberto Elifas Andreato, localizado na Rua Santo Antônio, 33, ao lado da Câmara Municipal de São Paulo e perto da estação Anhangabaú do Metrô.