Há 40 dias seguidos o país registra média diária acima de mil mortos. Ontem (2) foram 1726 mortes e o mês de fevereiro, apesar de ter só 28 dias, foi o segundo pior de toda a pandemia de Covid-19 no país.
Tem pacientes a espera de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em várias cidades – só em Santa Catarina, 220 pacientes estão na fila de espera – e o governo de Minas Gerais está transferindo pacientes para São Paulo por causa do colpaso do sistema de saúde do estado. Até agora, mais de 255.720 pessoas perderam a vida para a Covid-19 no Brasil e 10,5 milhões foram contaminadas desde o início da pandemia.
Especialistas apontam que no mês de março o cenário pode ser ainda mais grave. A piora da pandemia no Brasil, com a explosão de casos, mortes e falta de leitos, vacinas e até medicamentos básicos vai transformar março ‘no mês mais triste das nossas vidas’, afirmou à BBC News Brasil a pneumologista Margareth Dalcolmo, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Mais uma vez a médica alertou que o país precisa tomar medidas mais drásticas, com o fechamento de muitos serviços, para diminuir a circulação de pessoas e reduzir a transmissão viral, disse Margareth, que criticou as medidas de controle sanitário controversas e ineficientes e afirmou que a solução é a vacina.
O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, já havia feito o mesmo alerta. Em entrevista à CNN Brasil, ele disse que o mês de março pode ser não apenas o pior momento da pandemia, mas também o pior momento da história do Brasil e também recomendou lockdown.
Na mesma linha, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defende a adoção imediata do lockdown nas regiões com ocupação de leitos acima de 85%, medida rejeitada pelo presidente Bolsonaro, que nega a gravidade da situação desde o início da pandemia.
Os secretários justificam o pedido afirmando, por meio de uma carta assinada pelos secretários das 27 unidades da federação, que o país vive “o pior momento da crise sanitária” provocada pelo vírus e pedem mais rigor nas medidas restritivas para evitar o colapso no sistema de saúde.
“O atual cenário da crise sanitária vivida pelo país agrava o estado de emergência nacional e exige medidas adequadas para sua superação. Assim, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde manifesta-se pela adoção imediata de medidas para evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde”, diz trecho do texto divulgado pelos secretários, que reúne 27 gestores da área.
Entre as medidas recomendadas pelo Conass estão toque de recolher nacional, a suspensão das aulas presenciais e até mesmo um lockdown para frear o aumento de casos e mortes em todo o país.
No texto da carta, que é direcionado à “população brasileira”, os secretários de Saúde fazem um alerta ao agravamento da pandemia de Covid-19 e falam ainda da ausência de coordenação nacional como um dos fatores para a queda na adesão a medidas de isolamento e pedem que haja um “pacto pela vida”.
“Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo”, apontam os gestores no documento