Governo atende ruralistas e libera exploração do trabalho no campo

O ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira atendeu a um antigo pedido da bancada ruralista no Congresso Nacional e reduziu o conceito de trabalho escravo por meio de uma portaria publicada ontem (16), no Diário Oficial da União.  

Sob a justificativa de regulamentar a concessão de seguro-desemprego aos resgatados do trabalho escravo, benefício que lhes é garantido desde 2003, uma nova interpretação para os elementos que caracterizam a escravidão e que, portanto, norteiam a ação das operações de fiscalização foi publicada.

Hoje, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea: trabalho forçado, servidão por dívida, condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida do trabalhador) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).

A nova portaria estabelece a existência de cerceamento de liberdade como condicionante para a caracterização de ”condições degradantes” e de ”jornada exaustiva”, ao contrário do que está no artigo 149 do Código Penal. Segundo a lei, qualquer um dos quatro elementos é suficiente para caracterizar esse tipo de exploração.

Dessa forma, as condições de trabalho a que estão submetidas as vítimas, por piores que sejam, passam a ser acessórias para os flagrantes de trabalho análogo ao de escravo pelos auditores fiscais e a concessão de seguro-desemprego aos resgatados. O texto da portaria obriga a todas as fiscalizações a obedecerem a nova interpretação do conceito.

Alerta das Nações Unidas  Há projetos no Congresso Nacional que tentam mudar a definição do que seja trabalho escravo contemporâneo. Pelo menos três tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal a fim de reduzir os elementos que caracterizam escravidão e, portanto, a sua punição. Contam com o apoio da bancada ruralista, entre outros setores econômicos, e de nomes próximos a Michel Temer, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR), responsável por um deles.

Em abril do ano passado, a Organização das Nações Unidas defendeu oficialmente a manutenção do atual conceito de trabalho escravo no vigente no Brasil. O documento assinado por várias agências da ONU destaca avanços significativos do país, lembrando que ele é referência internacional no combate a esse crime. Mas faz alertas contundentes sobre ameaças ao sistema de combate à escravidão e traz recomendações. ”Nesse cenário de possíveis retrocessos, cabe à ONU lembrar à comunidade brasileira seu lugar de referência no combate ao trabalho escravo para a comunidade internacional.”

”Em 2003, o país atualizou sua legislação criminal, introduzindo um conceito moderno de trabalho escravo, alinhado com as manifestações contemporâneas do problema, que envolve não só a restrição de liberdade e a servidão por dívidas, mas também outras violações da dignidade da pessoa humana”, afirma o documento das Nações Unidas.  ”Esse conceito, tido pela Organização Internacional do Trabalho como uma referência legislativa para o tema, está em consonância com suas Convenções”, conclui.

O texto alerta sobre os projetos que visam a mudar o conceito: ”Situações em que trabalhadores são submetidos a condições degradantes ou jornadas exaustivas, maculando frontalmente sua dignidade, ficariam impunes caso essa alteração legislativa seja aprovada”.

Cita diretamente o projeto de lei 432/2013 que regulamenta a emenda à Constituição número 81/2014, antiga PEC do Trabalho Escravo – que prevê o confisco de propriedades em que escravos forem encontrados e sua destinação a reforma agrária e ao uso habitacional urbano.

Parlamentares ruralistas transformaram o projeto de regulamentação em um ”Cavalo de Tróia” para a mudança no conceito. O senador Paulo Paim (PT-RS), relator do projeto, propôs incluir uma explicação do que seja ”condições degradantes” e de ”jornada exaustiva” utilizadas, hoje, nas operações de fiscalização a fim de dirimir dúvidas, mas seu relatório foi rejeitado pelos ruralistas.

 

 

75% da população avalia que as escolas estaduais de São Paulo estão piores

Uma pesquisa realizada pela Apeoesp/Instituto Locomotiva apurou que 75% da população avalia que as escolas do governo pioraram nos últimos anos. A avaliação é compartilhada por grande parte dos professores entrevistados (75%), dos pais (60%) e dos estudantes (58%).  A maioria da população (89%) também discorda da forma como a progressão continuada está sendo adotada.

A pesquisa questionou se a valorização e motivação dos professores são fundamentais para uma educação de qualidade. Houve concordância de 94% dos pais, 92% da população em geral, 89% dos estudantes e 100% dos professores.

Para os entrevistados, a educação pública no Brasil está longe de ser de qualidade para 84% da população, para 82% dos professores e 68% dos pais e dos estudantes. É considerada de qualidade para apenas 2% dos estudantes e dos professores e para 1% dos pais e população em geral.   Este é um breve resumo do quadro das escolas públicas mantidas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo.

 

Assinaturas pela anulação do impeachment

Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment de Dilma Rousseff está coletando assinaturas para enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O movimento espera colher 1,3 milhão de assinaturas para pressionar o STF. A coleta acontece em diversas cidades e possui um ponto fixo na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Campinas, no centro de São Paulo. 

Na quarta-feira (11), será realizado o Ato Nacional pela Anulação do Impeachment, em Brasília, a partir das 12h. A manifestação contará com atividades culturais e um debate com a participação de deputados do PT.  

Lula denuncia o desmonte da Educação em todo o Brasil

“A Educação pra mim é uma questão de honra. Quero que todos os filhos de trabalhadores tenham a oportunidade que eu não tive na vida. Sou de uma família que ninguém, nenhum dos meus oito irmãos, teve chance sequer de fazer o ensino médio. E eu sei o que é o abandono da classe pobre pela elite brasileira. E é por isso que me insurgi”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (9), durante o seminário Educação Pública – Desenvolvimento e Soberania Nacional, em Brasília.

Durante o evento, que teve como foco a defesa das políticas públicas voltadas para a Educação, Lula voltou a criticar os cortes do atual governo nos investimentos da área. “Os letrados devem sentir vergonha de ter um torneiro mecânico mais preocupado com a educação nesse país do que toda a elite brasileira”, afirmou Lula, que, sem nunca ter conquistado um diploma universitário, tornou-se o presidente que mais inaugurou universidades federais no país. 

“Tenho orgulho do que fizemos pela Educação, mas ainda é pouco perto do que o Brasil precisa”, ressaltou, ao relembrar que o atraso educacional no país decorre desde o período colonial. “Em 1538, Santo Domingo já tinha uma universidade. O Peru, em 1551. Em Córdoba, já tinha universidade em 1792. A elite brasileira só foi construir uma universidade em 1920. E foi pra poder conceder um título de Doutor Honoris Causa pro rei da Bélgica”. 

O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, enumerou as conquistas das gestões petistas na área. “O que aconteceu na Educação foi o começo de uma revolução. A educação é importante porque, junto com a ciência e tecnologia, e a cultura, são as áreas que dialogam com o futuro. O que esse governo está fazendo é afundar essas áreas, por isso a juventude é a parcela que está mais sentindo o desastre que é o governo Temer”, avaliou.

Eleições 2018

O ex-presidente Lula também comentou a possibilidade de uma nova candidatura ao Planalto e sobre tentativas de deixá-lo inelegível para as eleições de 2018. “Eles trabalham todo dia com a certeza de que vão me tirar da disputa. Acham que o problema é o Lula. Mas o problema deles são os milhões de homens e mulheres que já aprenderam a ter consciência política. Se acham que me tirando da disputa isso vai resolver o problema deles, façam. E vamos 

OEA aceita denúncia de centrais e promove audiência sobre Reforma Trabalhista

A Organização dos Estados Americanos (OEA) promove no dia 23 de outubro, em Montevidéu (Uruguai), às 14h30 (horário local) uma audiência pública sobre a reforma trabalhista e a terceirização sem limites aprovadas no Congresso. A audiência é uma resposta a solicitação da CUT, de outra central sindical e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

A audiência contará com representantes da Comissão, das centrais e do governo denunciado. O caso afeta a imagem do Brasil, que pode vir a ser investigado pela Assembleia da OEA e até mesmo processado perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Em petição enviada ao órgão, as centrais apontam que o Estado brasileiro está implementando alterações sociais profundas de forma acelerada e sem um debate social mais amplo. Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, o avanço da reforma é uma preocupação para todas as organizações que zelam pelo trabalho decente.  “A Reforma Trabalhista e a Terceirização representam um brutal ataque aos Direitos Humanos e o desrespeito de diversas normas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A aprovação da Reforma Trabalhista e da Terceirização fez o Brasil regredir séculos em termos de relações de trabalho decente e de garantia aos Direitos Humanos e se não for freado, pode se tornar uma referência negativa para o mundo”, alertou.

 

Lula: eu vou voltar

Presente no ato em defesa da Petrobras, ontem (3), no Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai  “voltar para recuperar a autoestima deste País” e que não adianta persegui-lo. “O Lula não é o Lula, é uma ideia. É uma ideia representada por milhões de mulheres e homens. Se preparem, porque o povo trabalhador vai voltar a governar este País”, afirmou.

 
Para Lula, o atual governo não tem competência e, por isso, está vendendo todo o patrimônio nacional, agindo mais como “Casas Bahia” do que como governante e “abrindo mão de instrumentos de política econômica”, citando Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNDES, Eletrobras e Casa da Moeda, entre outras empresas, além da indústria naval.
 
“A Petrobras é um instrumento de desenvolvimento. Diziam que era impossível a gente explorar o pré-sal”, acrescentou Lula, fazendo ainda menção a uma reportagem, publicada nesta terça-feira, em que empresários norte-americanos se dizem “decepcionados” com a reforma trabalhista brasileira. “Eles ainda acham que ter uma hora de almoço é muito, licença remunerada (para mulheres gestantes) é demais. O que eles querem é que este País volte ao tempo da escravidão, e a gente não vai voltar.”

Protestos na Caixa contra o fim do Minha Casa, Minha Vida

Movimentos ligados a moradia ocuparam a sede da Caixa Economica Federal hoje, (4), em Brasilia.  O protesto foi motivado  pelo congelamento de recursos destidnados ao programa Minha Casa, Minha Vida.

Na proposta de orçamento para 2018, o presidente Temer destinou praticamente zero  para a construção de moradias, além de determinar cortes em outras áreas, como assistência social e educação.

Além da cobrança pela retomada dos investimentos em habitação de interesse social, os movimentos também defendem as empresas públicas brasileiras que constam do pacote de privatização do governo, como a própria Caixa.  

 

Cesta básica mantém queda

O custo da cesta básica medido pelo Dieese continua em queda . As principais quedas foram apuradas em cidades do Nordeste: Maceió (-5,22%), Fortaleza (-4,85%), João Pessoa (-4,62%), Salvador (-4,09%), São Luís (-3,97%) e Natal (-3,64%). A única alta foi registrada em Campo Grande (1,17%).

De acordo com o instituto, a cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 436,68), seguida de  São Paulo (R$ 421,02) e Florianópolis (R$ 419,17), enquanto os menores valores médios foram apurados em Salvador (R$ 318,52), Natal (R$ 323,90) e Recife (R$ 328,63). Com base na cesta de maior valor, o Dieese calculou em R$ 3.668,55 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de um trabalhador e sua família – 3,92 vezes o valor oficial (R$ 937). Essa proporção era de 4 vezes no mês anterior e de 4,56 vezes em setembro de 2016.

No período de 12 meses, até setembro, o custo da cesta teve redução em todas as cidades, com destaque para a queda de 19,11% em Cuiabá. No ano, o preço também caiu de forma generalizada, principalmente em capitais do Centro-Oeste: Cuiabá (-13,91%), Campo Grande (-11,96%) e Brasília (-11,28%). 

Órgãos de defesa do Consumidor se manifestam contra planos de saúde

As entidades de defesa do consumidor – Idec, Proteste, Abrasco e Procons – classificam as alterações na Lei dos Planos de Saúde, que tramitam em comissão especial na Câmara dos Deputados, como “grave retrocesso à saúde e aos direitos do consumidor”.  

Em manifesto divulgado nesta quarta-feira (4), Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Associação Brasileira de Procons, dentre outras,  classificam as alterações na Lei dos Planos de Saúde que tramitam em comissão especial na Câmara dos Deputados, como “grave retrocesso à saúde e aos direitos do consumidor”. Também afirmam que não houve transparência na discussão do projeto, que tramita em regime de urgência.

 “A Comissão Especial da Câmara aproveita o caos político em que se encontra o País para ‘desregulamentar’ a saúde suplementar, retroceder nos abusos praticados na década de 1990, antes da Lei nº 9.656/98, atendendo aos interesses particulares e demandas exclusivas das empresas de planos de saúde”, diz um trecho do manifesto.

O documento diz ainda que as mudanças divulgadas pelo relator do projeto, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), atendem exclusivamente aos interesses das empresas e donos de planos de saúde, e não às necessidades de usuários, pacientes e médicos do sistema público.