No mês de julho o governo Temer retirou 543 mil beneficiários do Bolsa Família, inclusive desempregados e moradores de ocupações. Desde o início do governo golpista mais de um milhão de famílias foram excluídas do programa. O corte inclui cancelamentos e as chamadas suspensões para análise, sob alegação de que as análises permitem retirar famílias que não precisam mais do benefício e incluir outras que não recebiam.
O pesquisador da ONG Ação e Cidadania, André Luzzi, lembra que em tempos de crise, com mais de 14 milhões de desempregados, o Bolsa Família se torna ainda mais necessário, como recomposição de renda e também para ajudar a movimentar a economia. “O Banco Mundial aponta que o combate à pobreza na América Latina é quase condicionado ao Bolsa Família e demais estratégias brasileiras de superação da miséria. Quase metade da população da América Latina conseguiu superar a fome e a miséria com programas de transferência de renda”, explica.
Com esse corte de 543 mil benefícios, o governo anuncia uma economia de 100 millhões por mês. Mas, para o pesquisador, o teto de gastos adotado pelo governo Temer não deveria cortar programas sociais. “Não faz nenhum sentido, é uma política perversa, que retira direitos da população que mais precisa e que, ao longo do período de ascensão econômica que o Brasil teve, foi o indutor de processos de grande dinamização da economia local e de melhoria da renda e da alimentação das pessoas”, afirma.