Em novo revés para Alckmin, juíza agora suspende aumentos em linhas intermunicipais

A juíza da 15ª Vara da Fazenda, Simone Leme, que determinou a suspensão do reajuste na tarifa de integração, decidiu hoje (11) que os aumentos em ônibus intermunicipais das regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Vale do Paraíba, Campinas e Sorocaba também estão suspensos. As linhas são operadas pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). A juíza atacou o pedido de uma ação civil pública impetrada por movimentos sociais e pela bancada do PT na Assembleia Legislativa paulista.

“A juíza entendeu que esse aumento é abusivo e indevido”, disse o deputado Alencar Santana (PT) em vídeo divulgado nas redes sociais. “Os usuários de diversas cidades estavam pagando a mais pelo transporte público desde o dia 8 de janeiro. O governo disse que não aumentaria tarifa e aumentou na prática, prejudicando as pessoas que mais precisam do transporte público.” Foi cancelada também a taxa de embarque que estava sendo cobrada em alguns terminais intermunicipais.

O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, ainda não foi notificado da decisão. “Esperamos que não faça como governador e tente se esconder do oficial de Justiça”, disse Santana. O governo do estado chegou a alegar que não cumpriu a primeira liminar que cancelou o aumento de R$ 5,92 para R$ 6,80 na integração, expedida na última sexta-feira (6), porque não foi notificado. Apesar disso, a Procuradoria-Geral do Estado entrou com um recurso contra a liminar, na qual foram transcritos trechos da ação civil que deu origem ao processo.

Pelo não cumprimento imediato da decisão judicial, deputados e movimentos sociais acusam Alckmin de improbidade administrativa. Santana se reuniu ontem com o presidente do Tribunal de Justiça, Paulo Dimas, para apresentar provas de que Alckmin descumpriu a decisão judicial. Dimas, no entanto, afirmou que cabe à juíza responsável, Simone Leme, decidir se os indícios apresentados comprovariam o fato. O deputado afirma que seguirá mobilizado para comprovar a possível improbidade administrativa praticada pelo governador.

Especialistas desmentem propaganda oficial da reforma da Previdência

Em propaganda que defende a reforma da Previdência, que está sendo veiculada na TV, no rádio e em jornais de todo o país, o governo Temer insiste na tese de que a reforma é a única saída para salvar a aposentadoria dos trabalhadores. “Ou reforma a Previdência, ou ela quebra”, diz um dos slogans da campanha. Especialistas, contudo, contestam e afirmam que o propalado rombo, na verdade, não existe. 

Assista a matéria do Seu Jornal, da TVT, que desmente essas alegações: 

 

Justiça faz nova notificação a Alckmin, e reajuste no transporte é suspenso

Após a recusa do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de receber a notificação da liminar que suspende o reajuste da integração do ônibus com Metrô e trens na sexta-feira (6), a juíza responsável pelo processo, Simone Leme, da 15ª Vara da Fazenda, expediu nova notificação hoje (10), que já foi entregue ao governador. Em nota, a assessoria de Alckmin confirmou o recebimento: “Após a notificação, o Governo do Estado enviou ofício informando a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos para que tome as providências. A secretaria notificará a SPTrans, que gerencia o sistema de cobrança eletrônico das tarifas integradas”. Apesar de acatar a suspensão, o governo paulista está recorrendo da decisão.

Deputados e movimentos sociais acusam Alckmin de improbidade administrativa por não ter cumprido ordem judicial já na sexta-feira e alegam que o caso dá base para pedido de impeachment. Hoje, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou pedido da Procuradoria-Geral do Estado e manteve a decisão liminar que suspendeu o aumento da tarifa de integração. Segundo o presidente do TJ, desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, “no caso presente, a decisão questionada entendeu que a redução do desconto que beneficiava significativa parcela dos usuários do transporte público metropolitano, em especial aqueles que utilizam o sistema integrado, e que resultou em reajuste bem acima dos índices inflacionários, não foi devidamente justificada”.

O governo do estado alega que não cumpriu a liminar que cancela o aumento de R$ 5,92 para R$ 6,80 na integração porque não foi notificado. O novo valor passou a vigorar ontem (9). Mesmo assim, Alckmin entrou com recurso para suspendê-la, lembrou o deputado Alencar Santana (PT-SP). “Se não ele não tinha conhecimento da liminar para cancelar (o reajuste) como pode ter recorrido? No recurso, ele cita nossa decisão. Portanto, se ele tinha conhecimento, tinha que ter cumprido e cancelado o aumento”, disse o parlamentar.

No recurso, a Procuradoria-Geral do Estado transcreve trechos da ação civil que deu origem à liminar, como por exemplo o trecho em que os autores da ação defendem que com o reajuste os usuários ficarão “obrigados a maiores gastos em momento de crise econômica” e que “a medida é mais benéfica a quem reside em locais mais centrais e se utiliza apenas do Metrô”.

Na tarde de hoje, Santana se reuniu com o presidente do TJ para apresentar provas de que Alckmin descumpriu a decisão judicial. Dimas, no entanto, afirmou que cabe à juíza responsável, Simone Leme, decidir se os indícios apresentados comprovariam o fato. O deputado afirma que seguirá mobilizado para comprovar a possível improbidade administrativa praticada pelo governador.

A Procuradoria pede que o aumento na integração dos transportes seja mantido para “não ocasionar grave lesão à ordem e à economia públicas”. O recurso também sustenta que o reajuste oneraria uma proporção pequena dos usuários: “Os bilhetes temporais representam apenas 4,68% no Metrô e 3,46% na CPTM. O 24 Horas Integrado é usado por 0,1% no Metrô e na CPTM por 0,006% dos passageiros transportados. O 24 Horas Comum também tem pouca representatividade: 0,033% no Metrô e 0,086% na CPTM. Finalmente a Integração ônibus-trilho é usada por 19% no Metrô e 15% na CPTM”, diz o texto.

Mas, ainda segundo Paulo Dimas, “faltou, em uma análise inicial, detalhamento técnico que demonstrasse a existência de situação fática autorizadora do reajuste (ou redução de descontos em algumas modalidades de tarifas) nos patamares praticados”. Ele afirmou aidna, em sua decisão, que “considerados os próprios fundamentos da ordem liminar, não há como aferir aqui que a sua manutenção representará irreparável impacto e prejuízo ao erário.”    

“A alegação para o aumento é que não executá-lo trará prejuízo aos cofres públicos, mas na argumentação diz que poucas pessoas serão atingidas. Se é um número pequeno de usuários, como vai desequilibrar o sistema?”, questiona Santana.

Na próxima quinta-feira (12), o Movimento Passe Livre irá realizar ato em repúdio ao aumento na tarifa para integração. A concentração será às 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Os manifestantes seguirão até a casa do prefeito João Doria, no Jardim Europa, zona oeste da cidade.

“Apesar de amplamente divulgado na imprensa, o governador Geraldo Alckmin fingiu que não sabia da decisão judicial impedindo o aumento nas integrações dos ônibus com trens e metrô. O Alckmin está nitidamente passando por cima da decisão da Justiça, enquanto milhares de jovens, trabalhadores e trabalhadoras, principalmente das regiões pobres e periféricas gastam seu dinheiro para arcar com mais esse aumento”, diz a integrante do movimento Sofia Sales.

Sorteio de vagas para o Carnaval

O sorteio de vagas para o feriado de Carnaval (28 de fevereiro) nas colônias de Caraguatatuba, Solemar e no Clube de Campo de Arujá, será realizado no dia 5 de fevereiro, domingo, às 10 horas, na sede do Sindicato (Rua Tamandaré, 348 – Liberdade). O período de estadia é entre os dias 24 de fevereiro e 1º de março.

Para participar, os sócios interessados devem retirar uma senha entre os dias 12 de janeiro e 3 de fevereiro na subsede mais próxima. É preciso levar o RG, ou outro documento com foto, e a carteirinha de associado. Cada sócio receberá uma senha e as regras do sorteio.

No dia 5 de fevereiro, o sócio deverá comparecer à sede do Sindicato com a sua senha, RG, ou outro documento com foto, e a carteirinha de associado. Se o sócio não puder comparecer no dia, ele pode ser representado por outra pessoa que deve estar com os documentos do associado. É importante lembrar que cada pessoa pode representar apenas um sócio. 

O portão será fechado às 10h para o início do sorteio, e o horário será rigorosamente respeitado. 

Para os outros períodos do ano, as reservas para o clube de campo e para as colônias podem ser feitas diretamente no Sindicato com antecedência mínima de 30 dias.

Doria e Alckmin extinguem modais do Bilhete Único temporal e criam tarifas em terminais

O prefeito da capital paulista, João Doria, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ampliaram as formas de cobrança tarifária sobre a população que utiliza os sistemas de ônibus municipal, intermunicipal, trens e Metrô. A partir do próximo sábado (7), os terminais que tinham integração gratuita entre o transporte municipal e da Região Metropolitana terão cobrança entre R$ 1 e R$ 1,62. Além disso, a gestão Doria decidiu acabar com mais seis modelos de Bilhete Único temporal, que eram usados por trabalhadores (vale-transporte) e estudantes. Só o bilhete mensal do tipo comum vai continuar sendo vendido.

Os terminais que passarão a cobrar R$ 1 pela integração são: Piraporinha, Diadema e São Mateus. Os três movimentam cerca de 27 mil pessoas por dia. Eles fazem a ligação entre os ônibus da capital paulista e os que utilizam o Corredor ABD, que liga as regiões do Morumbi e Jabaquara, na zona sul, e São Mateus, na zona leste, a São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema, no ABC. Em São Mateus, administrado pela gestão Doria, a cobrança passa a valer no dia 15.

Os terminais Capão Redondo e Campo Limpo, que têm integrações com a Linha 5-Lilás do Metrô, oferecendo ônibus para Itapecerica da Serra, Embu das Artes e Taboão da Serra, passarão a cobrar R$ 1,12, para quem chegar de ônibus e acessar o Metrô, e R$ 1,62 para quem fizer o caminho inverso. Nestes terminais, transitam cerca de 100 mil pessoas por dia.

Além disso, as 571 linhas metropolitanas da Grande São Paulo terão reajuste de até 7,18%, acima da inflação do último ano, que ficou em 6,4%. Os valores do reajuste variam de acordo com o itinerário e a distância da capital. As 13 linhas do Corredor ABD, onde será instituída a cobrança nos terminais, passarão de R$ 4 para R$ 4,30, um aumento de 7,5%, também acima da inflação. Os aumentos passam a valer no domingo (8).

Nos municípios de Barueri, Cajamar, Caieiras, Carapicuíba, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, o aumento será de 6,58%. Em Juquitiba, São Lourenço da Serra, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Embu, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista e Cotia, o reajuste será de 6,65%.

Para as cidades de Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Biritiba Mirim, Salesópolis, Itaquaquecetuba, Poá, Guararema e Suzano, o aumento será de 6,64%. Já em Guarulhos, Arujá, Mairiporã e Santa Isabel, a passagem aumentará 7,18%. As linhas que atendem os terminais do Capão Redondo e Campo Limpo não terão reajuste.

Bilhetes temporais

Outra novidade é a extinção dos bilhetes temporais Vale Transporte (VT) e Estudante. A gestão Doria vai comercializar somente os bilhetes comuns Mensal e  Diário. A vantagem dos bilhetes extintos era o uso contínuo por 30 dias, com o desembolso de 6% do salário pelo trabalhador e o restante pago pelo empregador, no caso do VT, e da meia tarifa proporcional ao bilhete mensal comum, no caso do estudante.

Segundo dados da São Paulo Transporte (SPTrans),que administra o sistema municipal de ônibus, são realizadas, em média, 4 milhões de viagens por mês com o Bilhete Único Mensal Vale Transporte e 700 mil com o Bilhete Único Mensal Estudante.

Doria e Alckmin anunciaram na segunda-feira (2) que a tarifa básica do transporte coletivo por ônibus, Metrô e trens permaneceria em R$ 3,80 neste ano. No dia seguinte anunciaram uma série de medidas que instituem novas cobranças sobre a população, como o aumento da tarifa de integração entre ônibus e o sistema de Metrô e trem.

Os reajustes de até 35,7% no Bilhete Único Mensal e nas integrações entre ônibus municipais e o sistema de trens e Metrô vão atingir cerca de 23 milhões de passageiros por mês na capital paulista. Segundo a SPTrans, em 2016 a média mensal de usuários que pagaram tarifas integradas (comum ou mensal) foi de 13,1 milhões. Os outros 10 milhões usam o bilhete mensal comum, vale-transporte ou estudante todo mês. Com a extinção de alguns destes modais temporais, o impacto sobre essa parcela da população será maior.

O sistema municipal de ônibus recebe, em média, 120 milhões de passageiros pagantes por mês. Outros 69,6 milhões são estudantes, deficientes físicos, idosos ou profissionais com direito à gratuidade. O sistema contabiliza ainda 60,7 milhões de integrações entre ônibus, que não proporcionam receita. Segundo a SPTrans, a receita tarifária atualmente está em R$ 5,3 bilhões anuais. O restante que falta para manter o sistema – cerca de R$ 2 bilhões – é investido pela prefeitura na forma de subsídios.

O Bilhete Único Mensal, criado pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) com objetivo de baratear o deslocamento de quem realizava mais de 38 viagens por mês, vai passar de R$ 140 para R$ 190. Um aumento de 35,7%, que deixa o modal inútil para quem fizer menos de 51 viagens por mês.

Já o modelo mensal para integração entre ônibus e o sistema de trens e Metrô vai subir de R$ 230 para R$ 300 – reajuste de 30,4%. A inflação acumulada desde o lançamento do bilhete, em janeiro de 2015, foi de 26,6%.

A integração entre os ônibus e sistema metroferroviário será reajustada dos atuais R$ 5,92 para R$ 6,80, a partir da próxima segunda-feira (9). Um aumento de 14,8%, bem acima dos 6,4% da inflação projetada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os usuários do Bilhete Diário – que permite integrações ilimitadas durante 24 horas – vão pagar R$ 15, ante os atuais R$ 10 (50%). E o modelo integrado vai de R$ 16 para R$ 20 (33%). Além destes, também serão atingidos pelas medidas os usuários do bilhete Madrugador e Da Hora, exclusivos do Metrô e dos trens.

O Movimento Passe Livre (MPL) está organizando uma manifestação para o dia 12 (quinta-feira), contra o reajuste da tarifa de integrações e do bilhete mensal proposto por Alckmin e Doria. “Não é nenhuma surpresa que eles tenham prometido o congelamento das tarifas em 2017 e agora anunciem o aumento: o compromisso desses senhores não é com a população, e sim com aqueles que financiam suas campanhas e sustentam suas máfias e cartéis. Dissimulados e covardes, Alckmin e Doria aumentam a tarifa pelas bordas, tirando cada vez mais dinheiro da população que precisa se deslocar pela cidade”, diz a convocatória do ato, nas redes sociais.

Além da capital paulista, o Passe Livre está organizando manifestações contra o aumento das passagens em Carapicuíba, Guarulhos, Santo André, Barueri, Osasco e Mauá, todas na Região Metropolitana.

Cesta básica teve alta em todas as capitais no ano passado

O preço da cesta básica aumentou em todas as capitais no ano passado, segundo o Dieese. As maiores altas acumuladas foram registradas em cidades do Norte/Nordeste: Rio Branco (23,63%), Maceió (20,69%) e Belém (16,70%), enquanto as menores variações foram apuradas em Recife (4,23%), Curitiba (4,61%), São Paulo (4,96%) e Campo Grande (5,04%). Produtos como leite integral, feijão agulhinha, café em pó, manteiga, açúcar e óleo de soja subiram de preço em todas ou quase todas as capitais, de acordo com o instituto. O do tomate caiu em 26.

De novembro para dezembro, o movimento foi inverso, com queda de preços da cesta em 25 capitais e destaque para Aracaju (-5,11%), Campo Grande (-4,16%) e São Luís (-4,13%). As únicas elevações ocorreram em Manaus (0,22%) e Rio Branco (0,97%).

A cesta mais cara em dezembro foi a de Porto Alegre (R$ 459,02), seguida de Florianópolis (R$ 453,80), Rio de Janeiro (443,75) e São Paulo (R$ 438,89), nas regiões Sul e Sudeste. Os menores valores médios, todos do Nordeste, foram os de Recife (R$ 347,96), Aracaju (R$ 349,68) e Natal (R$ 351,96).

Com base na cesta mais cara, o Dieese calculou em R$ 3.856,23 o salário mínimo para as despesas básicas de um trabalhador e sua família. O valor corresponde a 4,38 vezes o mínimo oficial (R$ 880), relação que era de 4,48 em novembro.

No mês passado, o tempo médio para adquirir os produtos da cesta foi de 98 horas e 59 minutos, abaixo de novembro (110 horas e 56 minutos). Na relação com o salário mínimo, o trabalhador comprometeu 48,9% do rendimento para comprar os itens da cesta básica, ante 49,87% no mês anterior.

Em 2016, o preço médio do leite integral, feijão, arroz agulhinha, café em pó e manteiga aumentou em todas as capitais, e o do açúcar e óleo de soja subiu em 26 cidades.

Para ler a matéria na íntegra, acesse o link.

PEC 287: 4 milhões de pensionistas podem passar a ganhar menos que o salário mínimo

Reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico desta segunda-feira (2) mostra que, caso seja aprovada a PEC da “reforma” da Previdência, cerca de 4 milhões de pensionistas podem passar a ganhar menos que o salário mínimo.

Segundo a matéria, 55% do total de 7,41 milhões de pensionistas da Previdência Social ganham atualmente o valor do piso nacional. Como, de acordo com a proposta do governo, seus benefícios serão desvinculados do salário mínimo, as correções devem ser feitas com base somente na inflação.

Já os novos pensionistas, caso o texto da PEC 287 seja aprovado como está, poderão receber menos que o piso. Pela proposta, o benefício será equivalente a 50% do valor da aposentadoria mais 10% para cada dependente que o segurado tiver. Assim, se a viúva não tiver filhos, vai receber 60% do valor.

Mas não são somente os pensionistas que poderão receber menos que o piso. Aqueles que recebem benefícios de amparo assistencial (LOAS) também terão seus vencimentos desvinculados da política de reajuste do salário mínimo, de acordo com a proposta do governo. Pelo último Boletim Estatístico da Previdência Social, eles somam quase 4,4 milhões de pessoas, sendo pouco menos de 2 milhões de idosos e 2,4 milhões de pessoas com deficiência.

Mínimo vai a R$ 937, com reajuste abaixo da inflação prevista pelo próprio governo

Foi publicado no dia 30 de dezembro, no Diário Oficial da União, o decreto fixando em R$ 937 o valor do salário mínimo a partir de 1º de janeiro, conforme anunciado na véspera pelo governo. O reajuste é de 6,48% sobre o atual, de R$ 880. E fica menor que a inflação medida calculada pelo próprio governo: a estimativa do Ministério da Fazenda para 2016 é de 6,74%.

O novo valor do piso nacional também está abaixo da aprovado pelo Congresso no Orçamento Geral da União para o próximo ano, que foi de R$ 945,80 – isso representaria um reajuste de 7,48%. Nesse caso, o governo argumentou que o INPC, usado como referência no cálculo, ficará abaixo do previsto inicialmente. “Em virtude da inflação menor em 2016, o reajuste será menor do que o previsto na LOA (Lei Orçamentária Anual). Trata-se, portanto, de aplicação estrita da legislação”, diz, em nota, o Ministério do Planejamento.
Nem tanto, considerando-se que o reajuste ficará abaixo do INPC de 2016 – o índice de dezembro será divulgado pelo IBGE em 11 de janeiro. De janeiro a novembro, a inflação está acumulada em 6,43%.
A lei a que o Planejamento se refere é a 13.152, de 29 de julho deste ano, ainda no governo Dilma, que fixa uma política de valorização do salário mínimo de 2016 a 2019. A regra prevê aplicação do índice de inflação (INPC) do ano anterior mais, a título de aumento real, o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. No caso de 2017, já se sabia que não haveria ganho real, porque houve queda no PIB de 2015 (-3,8%).
A questão é se haverá aumentos reais em 2018 e 2019, caso o PIB brasileiro cresça nesses anos, por causa da chamada PEC do teto, a proposta de emenda à Constituição aprovada neste mês pelo Senado. Se o governo ultrapassar o limite de despesas, o salário mínimo não terá reajuste acima da inflação, acabando com uma política conquistada após mobilização das centrais sindicais, que a partir de 2004 fizeram uma série de marchas a Brasília. De acordo com o Dieese, de 2003 a 2016, o mínimo foi reajuste em 340%, enquanto a inflação do período somou 148,34%, com um ganho de 77,18%.
Confirmada a restrição ao ganho real, seria mais uma iniciativa do governo contrária aos gastos sociais. Na mesma nota em que informa sobre o novo valor, o Planejamento afirma que o reajuste significa incremento de R$ 38,6 bilhões na massa salarial, ou 0,62% do PIB, o que terá, acrescenta, “efeitos positivos na retomada do consumo e do crescimento econômico ao longo do ano”.
Um pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, depois contestado pela FGV, chegou a fazer simulação e demonstrou que, caso as regras da PEC valessem desde 1998 o salário mínimo atual seria de aproximadamente de R$ 400, menos de metade do valor oficial.
O Dieese aponta o salário mínimo como um fator de ampliação do mercado e de redução da desigualdade. Em 1995, com um piso nacional era possível comprar 1,02 cesta básica. Neste ano, 2,14, em valores de janeiro. O instituto calcula que 48 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo, inclusive aposentados e pessoal da ativa.

Aumento de até 35,7% em integração e bilhete mensal afeta 23 milhões de passageiros

Os reajustes de até 35,7% no Bilhete Único Mensal e nas integrações entre ônibus municipais e o sistema de trens e Metrô, anunciados pelo prefeito de São Paulo, João Doria, e o governador paulista, Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, vão atingir cerca de 23 milhões de passageiros por mês na capital paulista. Segundo dados da São Paulo Transporte (SPTrans), que administra o sistema municipal de ônibus, em 2016, a média mensal de usuários que pagaram tarifas integradas (comum ou mensal) foi 13,1 milhões. Os outros 10 milhões usam o bilhete mensal comum, vale-transporte ou estudante todo mês.

O sistema municipal de ônibus recebe, em média, 120 milhões de passageiros pagantes por mês. Outros 69,6 milhões são estudantes, deficientes físicos, idosos ou profissionais com direito à gratuidade. O sistema contabiliza ainda 60,7 milhões de integrações entre ônibus, que não proporcionam receita. Segundo dados da SPTrans, a receita tarifária atualmente está em R$ 5,3 bilhões anuais. O restante que falta para manter o sistema – cerca de R$ 2 bilhões – é investido pela prefeitura na forma de subsídios.

O reajuste das integrações foi a “solução” do prefeito e do governador para manter congelada a tarifa básica em R$ 3,80. O Bilhete Único Mensal, criado pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) com objetivo de baratear o deslocamento de quem realizava mais de 38 viagens por mês, vai passar de R$ 140 para R$ 190. Um aumento de 35,7%, que deixa o modal inútil para quem fizer menos de 51 viagens por mês.

Já o modelo mensal para integração entre ônibus e o sistema de trens e Metrô vai subir de R$ 230 para R$ 300 – reajuste de 30,4%. A inflação acumulada desde o lançamento do bilhete, em janeiro de 2015, foi de 26,6%.

A integração entre os ônibus e sistema metroferroviário será reajustada dos atuais R$ 5,92 para R$ 6,80, a partir da próxima segunda-feira (8). Um aumento de 14,8%, bem acima dos 6,4% da inflação projetada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os usuários do Bilhete Diário – que permite integrações ilimitadas durante 24 horas – vão pagar R$ 15, ante os atuais R$ 10 (50%). E o modelo integrado vai de R$ 16 para R$ 20 (33%). Além destes, também serão atingidos pelas medidas os usuários do bilhete Madrugador e Da Hora, exclusivos do Metrô e dos trens.

O corte de gratuidade para idosos com idades entre 60 e 65 anos, que não estejam aposentados, também vai impactar uma parcela dos usuários do sistema, mas ainda não foi divulgado o número de benefícios que serão cancelados. Durante a gestão Haddad, o benefício obrigatório para maiores de 65 anos foi estendido para pessoas a partir de 60 anos.

Protestos

O Movimento Passe Livre (MPL) está organizando uma manifestação para o dia 12, contra o reajuste da tarifa de integrações e do bilhete mensal proposto por Alckmin e Doria. “Não é nenhuma surpresa que eles tenham prometido o congelamento das tarifas em 2017 e agora anunciem o aumento: o compromisso desses senhores não é com a população, e sim com aqueles que financiam suas campanhas e sustentam suas máfias e cartéis. Dissimulados e covardes, Alckmin e Doria aumentam a tarifa pelas bordas, tirando cada vez mais dinheiro da população que precisa se deslocar pela cidade”, diz a convocatória do ato, nas redes sociais.

Além da capital paulista, o Passe Livre está organizando manifestações contra o aumento das passagens em Carapicuíba, Guarulhos, Santo André, Barueri, Osasco e Mauá, todas na Região Metropolitana de São Paulo.

 

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