Manifestações sinalizam descontentamento com governo Temer

O governo Temer enfrenta cada dia mais novas manifestações contra as medidas que tenta instaurar no País. Ontem (17) cerca de 20 mil pessoas se reuniram na Avenida Paulista para protestar contra a PEC 241.

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto também havia feito um protesto algumas horas antes e se juntou ao movimento contra a PEC 241. O líder do MTST, Guilherme Boulos, disse que irá cobrar a promessa do governo de retomar os investimentos no programa Minha Casa, Minha Vida.  

Pela manhã de hoje (18) foi a vez dos estudantes protestarem contra a PEC 241 e a reforma do Ensino Médio. O ato acontecia ao mesmo tempo em que centrais sindicais protestavam contra a taxa de juros, em frente ao Banco Central.  

Centrais sindicais se unem contra agenda de retrocessos

Representantes de nove centrais sindicais (CUT, CTB, CSB, Força Sindical, Nova Central, UGT, CGTB, CSP-Conlutas e Intersindical) participaram de reunião ontem (17) para organizar um dia de luta conjunta.

As centrais compreendem a urgência de combater medidas que prejudicam os trabalhadores, como a reforma trabalhista, a reforma da previdência e o desemprego no País.

A CUT sinalizou uma greve geral no dia 11 de novembro, incluindo pautas como a luta contra a PEC 241, a reforma do Ensino Médio e a terceirização ampla.

Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do DIEESE, analisa que o Brasil está caminhando para se moldar a uma nova lógica. “Há um processo de redução do tamanho do Estado, de redução do custo do trabalho e de transferência do patrimônio nacional”, disse. 

Manifestações contra PEC 241 acontecem hoje pelo País

Diversas capitais da região Sudeste sediarão atos contra a PEC 241, proposta pelo governo Temer. A medida tem sido amplamente combatida por estudantes, profissionais da saúde de movimentos sociais, que lutam contra o congelamento dos investimentos, principalmente nas áreas da saúde e educação.

Em São Paulo, a manifestação será às 18h no vão do MASP, na Avenida Paulista. Também estão marcados atos no Rio de Janeiro, Vitória, Goiânia, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte.  

Professores fazem manifestação em frente à casa de Doria

No último sábado (15), no Dia do Professor, docentes da Educação Infantil de São Paulo realizaram uma manifestação em frente à casa do prefeito eleito João Doria.

Os professores reivindicaram a contratação dos aprovados em concurso promovido pelo prefeito Fernando Haddad e também criticaram medidas de Doria como parcerias com igrejas para que cedessem espaço para a implementação de creches.

Já é o segundo protesto que ocorre em frente à residência de Doria. Na quarta-feira (5) ciclistas protestaram no local contra o aumento das velocidades nas marginais e contra o fim das ciclofaixas, promessas eleitorais de Doria. 

Propina da merenda escolar é citada em depoimento

A operação Alba Branca, que investiga esquema de corrupção na merenda escolar, avançou mais um capítulo.

Segundo a Folha de S. Paulo, o delator do processo declarou em depoimento que a Assembleia Legislativa de São Paulo foi local para pagamento de propina a dois ex-assessores de Fernando Capez (PSDB), presidente da Alesp.  

O esquema de propina envolve a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) e a Secretaria da Educação do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A cooperativa vendia o suco de laranja por um preço mais caro e destinava o lucro ao pagamento de propinas. 

CUT lança cartilha sobre previdência social

A CUT lançou na segunda-feira (10) uma cartilha sobre a previdência social no Brasil. O material, produzido pela Presidência Nacional da CUT e pela subseção Dieese da CUT Nacional, conta com textos de esclarecimento e desmistifica a real situação da previdência no País.

Além da PEC 241, que pretende congelar gastos do governo, a reforma da previdência é outro tema polêmico, que fere os direitos da população e atende a interesses do governo ilegítimo.

Confira a cartilha “Previdência: Seu Direito está em Risco”.   

Dez questões que respondem a dúvidas e desmontam a PEC 241

Em sua página na rede social Facebook, a economista e professora da USP Laura Carvalho organizou uma lista de perguntas e respostas sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o crescimento dos gastos públicos.

Para organizar a lista, a Laura baseou-se na apresentação que fez na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, no início da semana. “Espero que ajude aqueles que estão sendo convencidos pelo senso comum. Lembrem-se: o orçamento público é muito diferente do orçamento doméstico”, escreveu

A economista aponta as principais dúvidas sobre a proposta do governo Temer, que congela investimentos públicos por 20 anos, ao impor que o Orçamento seja corrigido anualmente apenas pela inflação do ano anterior. De forma didática, Laura ajuda a desconstruir alguns mitos em relação ao tema.

1. A PEC serve para estabilizar a dívida pública?

Não. A crise fiscal brasileira é sobretudo uma crise de arrecadação. As despesas primárias, que estão sujeitas ao teto, cresceram menos no governo Dilma do que nos dois governos Lula e no segundo mandato de FHC. O problema é que as receitas também cresceram muito menos – 2,2% no primeiro mandato de Dilma, 6,5% no segundo mandato de FHC, já descontada a inflação. No ano passado, as despesas caíram mais de 2% em termos reais, mas a arrecadação caiu 6%. Esse ano, a previsão é que as despesas subam 2% e a arrecadação caia mais 4,8%.

A falta de receitas é explicada pela própria crise econômica e as desonerações fiscais sem contrapartida concedidas pelo governo e ampliadas pelo Congresso. Um teto que congele as despesas por 20 anos nega essa origem, pois não garante receitas, e serve para afastar alternativas que estavam na mesa no ano passado, como o fim da isenção (de 1995) sobre tributação de dividendos, o fim das desonerações e o combate à sonegação. A PEC garante apenas que a discussão seja somente sobre as despesas.

A PEC também desvia o foco do debate sobre a origem da nossa alta taxa de juros – que explica uma parte muito maior do crescimento da dívida, já que se refere apenas às despesas primárias federais. Uma elevação da taxa de juros pelo Banco Central tem efeito direto sobre o pagamento de juros sobre os títulos indexados à própria taxa Selic, por exemplo – uma jabuticaba brasileira.

A PEC é frouxa no curto prazo, pois reajusta o valor das despesas pela inflação do ano anterior. Com a inflação em queda, pode haver crescimento real das despesas por alguns anos (não é o governo Temer que terá de fazer o ajuste). No longo prazo, quando a arrecadação e o PIB voltarem a crescer, a PEC passa a ser rígida demais e desnecessária para controlar a dívida.

2. A PEC é necessária no combate à inflação?

Também não. De acordo com o Banco Central, mais de 40% da inflação do ano passado foram causados pelo reajuste brusco dos preços administrados que estavam represados (combustíveis, energia elétrica…). Hoje, a inflação já está em queda e converge para a meta. Ainda mais com o desemprego aumentando e a indústria com cada vez mais capacidade ociosa, como apontam as atas do BC.

3. A PEC garante a retomada da confiança e do crescimento?

O que estamos vendo é que o corte de despesas de 2015 não gerou uma retomada. As empresas estão endividadas, têm capacidade ociosa crescente e não conseguem vender nem o que são capazes de produzir. Os indicadores de confiança da indústria, que aumentaram após o impeachment, não se converteram em melhora real. Os últimos dados de produção industrial apontam queda em mais de 20 setores. A massa de desempregados não contribui em nada para uma retomada do consumo. Que empresa irá investir nesse cenário?

Uma PEC que levará a uma estagnação ou queda dos investimentos públicos em infraestrutura física e social durante 20 anos em nada contribui para reverter esse quadro, podendo até agravá-lo.

4. A PEC garante maior eficiência na gestão do dinheiro público?

Para melhorar a eficiência é necessário vontade e capacidade. Não se define isso por uma lei que limite os gastos. A PEC apenas perpetua os conflitos atuais sobre um total de despesas já reduzido. Tais conflitos costumam ser vencidos pelos que têm maior poder econômico e político. Alguns setores (da atividade econômica) podem conquistar reajustes acima da inflação, e outros pagarão o preço.

5. A PEC preserva gastos com saúde e educação?

Não, estas áreas tinham um mínimo de despesas dado como um percentual da arrecadação de impostos. Quando a arrecadação crescia, o mínimo crescia. Esse mínimo passa a ser reajustado apenas pela inflação do ano anterior. Claro que como o teto é para o total de despesas de cada Poder, o governo poderia potencialmente gastar acima do mínimo.

No entanto, os benefícios previdenciários, por exemplo, continuarão crescendo acima da inflação por muitos anos, mesmo se aprovarem outra reforma da Previdência (mudanças demoram a ter impacto). Isso significa que o conjunto das outras despesas ficará cada vez mais comprimido.

O governo não terá espaço para gastar mais que o mínimo em saúde e educação (como faz hoje, aliás). Gastos congelados significam queda vertiginosa das despesas federais com educação por aluno e saúde por idoso, por exemplo, pois a população cresce.

Outras despesas importantes para o desenvolvimento, que sequer têm mínimo definido, podem cair em termos reais: cultura, ciência e tecnologia, assistência social, investimentos em infraestrutura, etc. Mesmo se o país crescer…

6. Essa regra obteve sucesso em outros países?

Nenhum país aplica uma regra assim, não por 20 anos. Alguns países têm regra para crescimento de despesas. Em geral, são estipuladas para alguns anos e a partir do crescimento do PIB, e combinadas a outros indicadores. Além disso, nenhum país tem uma regra para gastos em sua Constituição.

7. Essa regra aumenta a transparência?

Um Staff Note do FMI de 2012 mostra que países com regras fiscais muito rígidas tendem a sofrer com manobras fiscais de seus governantes. Gastos realizados por fora da regra pelo uso de contabilidade criativa podem acabar ocorrendo com mais frequência.

O país já tem instrumentos de fiscalização, controle e planejamento do orçamento, além de metas fiscais anuais. Não basta baixar uma lei sobre teto de despesas, é preciso que haja o desejo por parte dos governos de fortalecer esses mecanismos e o realismo/transparência da política fiscal.

8. A regra protege os mais pobres?

Não mesmo! Não só comprime despesas essenciais e diminui a provisão de serviços públicos, como inclui sanções em caso de descumprimento que seriam pagas por todos os assalariados. Se o governo gastar mais que o teto, fica impedido de elevar suas despesas obrigatórias além da inflação. Como boa parte das despesas obrigatórias é indexada ao salário mínimo, a regra atropelaria a lei de reajuste do salário mínimo impedindo sua valorização real – mesmo se a economia estiver crescendo.

O sistema político tende a privilegiar os que mais têm poder. Reajusta salários de magistrados no meio da recessão, mas corta programas sociais e investimentos. Se nem quando a economia crescer, há algum alívio nessa disputa (pois o bolo continua igual), é difícil imaginar que os mais vulneráveis fiquem com a fatia maior.

9. A PEC retira o orçamento da mão de políticos corruptos?

Não. Apesar de limitar o tamanho, são eles que vão definir as prioridades no orçamento. O Congresso pode continuar realizando emendas parlamentares clientelistas. No entanto, o Ministério da Fazenda e do Planejamento perdem a capacidade de determinar quando é possível ampliar investimentos e gastos como forma de combate à crise, por exemplo. Imagina se a PEC 241 valesse durante a crise de 2008 e 2009?

10. É a única alternativa?

Não. Há muitas outras, que passam pela elevação de impostos sobre os que hoje quase não pagam (os mais ricos têm mais de 60% de seus rendimentos isentos de tributação, segundo dados da Receita Federal), o fim das desonerações fiscais que até hoje vigoram e a garantia de espaço para investimentos públicos em infraestrutura para dinamizar uma retomada do crescimento. Com o crescimento maior, a arrecadação volta a subir.

Crédito consignado é limitado a aposentados por invalidez

Os brasileiros já estão sofrendo as consequências de medidas anunciadas pelo governo de Michel Temer. Preparando-se para a reforma da previdência, alguns bancos anunciaram que já suspenderam novas concessões de crédito consignado a aposentados por invalidez.

A medida é válida para pessoas com menos de 60 anos. Segundo a Folha de S. Paulo, 1,2 milhões de beneficiários do INSS serão submetidos a uma nova perícia para comprovação de invalidez.  

Alckmin deve R$500 milhões por obra atrasada do metrô

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) gerou uma dívida de mais de R$500 milhões com o metrô de São Paulo. O pagamento do valor deveria ter sido feito em 2014 e é reivindicado pelo presidente da ViaQuatro, empresa responsável pela linha 4-amarela do metrô.

Ele também questionou o prazo de entrega das novas estações da linha. Em meio a diversas denúncias de falta de verba e sucateamento de trens, Alckmin já havia manifestado interesse em conceder outras linhas do metrô à iniciativa privada. 

Brasil terá vacina para meninos contra HPV

A rede pública de saúde oferecerá a partir de 2017 a vacina de HPV para meninos de 12 a 13 anos. O Brasil será o primeiro País da América Latina a oferecer a vacina conta HPV para meninos.  

A prevenção será feita em duas doses, mas para quem já convive com a doença, serão três doses. A expectativa do governo federal é imunizar 3,6 milhões de adolescentes no próximo ano.