Professores e alunos marcam presença em audiência da Assembleia Legislativa

Professores e alunos da rede pública reuniram-se ontem (27) na Assembleia Legislativa de São Paulo para protestar por mudanças no Projeto de Lei 1.083, relativo ao Plano Estadual da Educação. Junto com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), movimentos estudantis e deputados de oposição ao governador Geraldo Alckmin, entregaram um documento com novas propostas.  

 
As entidades cobram transparência das intenções do governador, como uma definição de quanto será investido até metade do tempo de validade do Plano (cinco anos) e até seu prazo final, de dez anos.  A presidente da Apeoesp, Maria Izabel de Azevedo Noronha, criticou a medida por considerar que ela não define seus recursos e, consequentemente, não produz metas a serem cumpridas.
 
Outra crítica é a ligação do Plano Estadual à Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita certas despesas do governo até metade do valor do orçamento.
 
Amanhã (29) será realizado o Grito em Defesa da Escola Pública de Qualidade no Estado de São Paulo, às 17h, no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. 

“Mulheres têm o direito de viver sem violência”, diz Maria da Penha

Em entrevista ao Portal Brasil, Maria da Penha Maia Fernandes, comenta sobre a violência contra a mulher e a repercussão sobre o tema da redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.

A lei que pune a violência contra a mulher recebe seu nome, pois Maria da Penha lutou para que seu ex-marido fosse condenado pelas agressões e tentativas de homicídio que cometeu contra ela. Maria da Penha é paraplégica por conta de um tiro de espingarda.

Confira a entrevista abaixo:

O que a senhora achou do fato de a redação do Enem deste ano ter abordado a persistência da violência contra a mulher no Brasil?

Foi algo muito importante. Traz uma visibilidade muito grande para o assunto por parte de quem organizou o Enem. As estatísticas de agressões contra as mulheres estão aí e a população conhece a Lei, embora muita gente não saiba exatamente como ela funciona. Será através dessa dissertação que vamos ter um apanhado sobre como está o entendimento por parte dos jovens a respeito do funcionamento da Lei, ou seja, se as pessoas estão entendendo a finalidade, se é considerada um avanço e, principalmente, se as mulheres estão conscientes sobre os seus direitos. A redação irá permitir medir o quanto os jovens estão conscientes que bater em uma mulher é crime e que, se isso acontecer, eles serão punidos.

A redação do Enem também tratou da cultura da violência contra a mulher, que vai além da agressão física. Isso é algo claro para as pessoas?

Acredito que se parcela da população chegou a se interessar pelo assunto e consegue enxergar a cultura de agressão, isso será registrado na redação. A partir dessa redação teremos o conhecimento de quem realmente entende a finalidade da Lei Maria da Penha e porque ela existe. Acredito que parte da população não entende e, por isso, também ficará registrado que a cultura machista continua interferindo para que a Lei não seja amplamente aplicada.

O governo federal tem o serviço de atendimento e orientação através da Central de Atendimento – Ligue 180 e que, segundo o último balanço, tem registrado aumento do número de relatos de agressão. A senhora acha que o atendimento por telefone pode ajudar essas mulheres?

Esse é um serviço importantíssimo. Inclusive conheço pessoas que já utilizaram o atendimento através do “Ligue 180” e foram bem orientadas a procurar ajuda, da melhor forma. É um número acessível, de qualquer local do País e a qualquer hora do dia ou da noite. Acho que esse número deve ser bem divulgado para que as mulheres, principalmente as de pequenos municípios, que às vezes não têm a quantidade adequada de políticas públicas para encorajá-las a fazer a denúncia. Que elas, por meio do “Ligue 180”, sejam orientadas para buscar ajuda.

É um mecanismo mais importante para a área rural, por exemplo?

Maria da Penha – Exatamente. Os municípios menores são os mais desprotegidos. São raríssimas as pequenas cidades que possuem uma política e uma estrutura que atenda a mulher em uma situação assim. Na carência de locais que orientem a mulher a sair da situação de violência doméstica, o 180 é número mais indicado para ajudar.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres criou neste ano as Patrulhas Rurais da Lei Maria da Penha, com grupos de policiais mulheres que vão percorrer as cidades com os maiores índices de violência contra a mulher no campo. Como a senhora avalia essa nova etapa da Lei?

Maria da Penha – A mulher precisa ser ajudada de várias maneiras e o atendimento itinerante é uma delas. Se nesses municípios não há política pública adequada, que pelo menos essas novas formas de aplicar a Lei Maria da Penha estejam capacitadas.

No último balanço do “Ligue 180” foi registrado o crescimento no número de pessoas conhecidas das vítimas ligando para relatar casos de agressão contra as mulheres. Isso significa que as pessoas estão mudando a mentalidade?

Esse número pode significar isso, mas eu entendo de outra forma. Como o serviço da Central de Atendimento a Mulher – Ligue 180 é conhecido, esse número é massivamente divulgado para os movimentos de mulheres, através das instituições que abraçaram a causa. Acho que de boca em boca esse número vai sendo repassado e as mulheres telefonam para ver se são bem atendidas, para conhecer como funciona o atendimento de perto. Essa rede de recomendação tem funcionado para demonstrar a importância da orientação feita pela Central do “Ligue 180”.

Qual é a mensagem que a senhora daria para mulheres que, em situações semelhantes, já passaram ou passam por algum tipo de violência doméstica?

Acho que toda mulher tem medo de denunciar o seu agressor, principalmente por causa das agressões mais violentas. É natural esse receio. Às vezes, a mulher é vítima de uma violência psicológica que maltrata, mas é a violência física faz com que a mulher tenha medo e, mais tarde, acabe sendo mais machucada ainda. Toda mulher deve se conscientizar dos seus direitos. Se ela não sabe, ligue para o 180 e peça ajuda para conhecer como proceder no caso. Não pode deixar de tomar uma atitude, porque nós, mulheres, precisamos e devemos ser respeitadas. A Lei Maria da Penha veio para garantir isso. Ela não é para punir o homem, como alguns falam, mas sim para punir o homem agressor e, principalmente, proteger a mulher. Nós temos a necessidade e o direito de viver a nossa vida sem violência porque agora temos uma Lei para garantir isso.

VI Plenária Nacional da CNQ-CUT acontece em novembro

Será realizada nos dias 10,11 e 12 de novembro a VI Plenária Nacional da CNQ-CUT. Com o tema Organização e Fortalecimento, o encontro será em Cabreúva, no interior de São Paulo. Lá, diretores delegados se reunirão para debater temas como conjuntura internacional, nacional e setorial, desafios para o crescimento da CNQ-CUT e temas ligados a gênero, juventude e o plano de lutas e ações.

 
Os convidados para a mesa de debate são Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás, Paulo Pimenta, deputado federal da Frente Parlamentar do Setor Químico e Roni Anderson Barbosa, secretário de comunicação da CUT.   

Dados do Ministério do Trabalho apontam crescimento no mercado

O ministério do Trabalho e Previdência Social divulgou sexta-feira passada (23) dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). O resultado da pesquisa mostra que o número de empregados no País em setembro foi de 40,5 milhões, maior número para o mês depois dos anos de 2013 e 2014.  

 
Esse dado mostra um crescimento dos empregos ao longo dos meses, fruto da política de formalização de empregos implementada pelo Governo Federal. Desde 2007, o número de trabalhadores formais ultrapassou o de trabalhadores informais, representando 56% dos empregos no País. Em 2013, estimava-se 46% de trabalhadores formais e 55% informais no Brasil.  

População continua com protestos contra o fechamento de escolas

O governo do estado de São Paulo anunciou que ‘disponibilizará’ 94 escolas da rede pública, que serão fechadas. A medida implica a transferência de alunos e professores para nova unidades escolares. O governador Geraldo Alckmin propõe que os alunos do ensino médio, anos iniciais (1º ao 5º) e anos finais (6º ao 9º) sejam divididos por prédios de acordo com a respectiva série.

 
Pais, alunos e professores continuam protestando contra a nova medida educacional. De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), mais de 3.390 classes foram fechadas desde o começo do ano.
 
Hoje acontece uma manifestação em frente à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, na Praça da República. A partir das 14h a Apeoesp estará em uma audiência pública sobre o Plano Estadual de Educação, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.  
 
A Secretaria de Educação informa que ainda não foi divulgada a lista com as escolas que serão fechadas, pois os diretores de ensino serão comunicados primeiramente. A população se reunirá na quinta-feira (29) para o Grito em Defesa da Escola Pública de Qualidade no Estado de São Paulo, às 17h, no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. 

Comando Nacional dos Bancários orienta a aceitação de proposta salarial

A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) ofereceu uma nova proposta aos bancários, que prevê um reajuste de 10% para os salários, PLR e piso e um ajuste de 14% para vale refeição e alimentação. Além disso, os banqueiros concordaram em não descontar os dias de greve. O abono seria de 63% dos dias parados para quem tem jornada de seis horas e de 72% dos dias para quem faz jornada de oito horas.

 
A orientação do Comando Nacional dos Bancários é de que os sindicatos aceitem a proposta, que repõe a inflação.
 
Haverá uma assembleia hoje (26) na base do Sindicato dos Bancários, no Centro Trasmontano (Rua Tabatinguera, 294, Sé), às 17h. 

Químicos aprovam reajuste de mais de 10%

Em Assembleia na última sexta-feira (23), os químicos aprovaram a proposta de reajuste de cerca de  10,07%, que é a estimativa do INPC. A negociação garante a reposição da inflação no período, que será oficialmente anunciada no dia 6 de novembro.

Além do reajuste, todas as cláusulas sociais foram renovadas por mais dois anos. No entanto, a PLR se mantém congelada. A categoria julgou que a proposta é boa, principalmente ao considerar o andamento de outras negociações que acontecem no segundo semestre.

Com data-base em 1º de novembro, o reajuste é válido para todas as faixas salariais da categoria até o teto de R$ 7.929,13.

Como ficam os salários (se a inflação se confirmar em 10%)

Reajuste de 10% para todas as faixas salariais até o teto de R$ 7.929,13.

Piso salarial para empresas com até 49 empregados: R$ 1.351

Piso salarial para empresas com mais de 49 empregados: R$ 1.385

PLR para empresas com até 49 empregados: R$ 930

PLR para empresas com mais de 49 empregados: R$ 1.030

Renovação de todas as cláusulas sociais por mais dois anos

Ato em defesa das escolas públicas

Estudantes, pais e professores participarão de um ato na próxima quinta-feira  (29) em defesa da escola pública e contra a nova medida escolar prevista para o ano que vem pelo governo de Geraldo Alckmin.  

 
A concentração será às  15h  no vão livro do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista. Primeiro haverá uma reunião de educadores e, em seguida, às 17 horas, o   Grito em Defesa da Escola Pública de Qualidade no Estado de São Paulo.
 
Os educadores e estudantes manifestam contra a ação do governo que está fechando escolas públicas, com o intuito de unir no mesmo prédio alunos de mesmo ano escolar. Eles alertam para o fato de que pode haver superlotação de salas de aula, o que levaria a uma queda na qualidade de ensino.
 
O Sindicato dos Professores aponta que desde o começo do ano, 3.390 classes foram fechadas. Hoje, a rede estadual comporta 3,8 milhões de alunos e 5.108 escolas.

Taxa de desemprego permanece estável em setembro

A taxa de desemprego para o mês de setembro ficou estável em relação ao mês passado, em 7,6%. O cálculo é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e leva em consideração as seis principais regiões metropolitanas do Brasil.

 
A estabilidade pode ser explicada pelo fato de que houve pouca movimentação no mercado de trabalho. O IBGE estima em 22,683 milhões o número de ocupados, e em 11,322 milhões de trabalhadores do mercado privado com carteira assinada. Nenhum dos resultados varia na comparação mensal deste ano.  

Juros e salários no Brasil

A despesa governamental com o pagamento dos juros da dívida pública equivale a qualquer outro tipo de despesa do Estado. Mas no Brasil, o atendimento da dívida pública alcançou enorme centralidade, a tal ponto de utilizar como indicador da qualidade das finanças públicas o conceito fiscal de superávit ou déficit primário.

Ao isolar do conjunto das despesas governamentais para somente o pagamento incomprimível do custo da dívida pública, introduz-se a diferenciação entre juros e a demais despesas consideradas menos importantes. Por conta disso, a contabilidade das contas governamentais realça o fato de o Estado fazer ou não economia com as despesas para garantir recursos orçamentários ao pagamento dos juros aos rentistas do dinheiro público.

Em geral, a variável fundamental na determinação do comportamento das despesas financeiras é a taxa básica de juros estabelecida pelo Banco Central. Como a trajetória dos juros, por definir o preço do dinheiro, impacta o conjunto dos preços da economia e motiva o crescimento ou não das atividades produtivas, cabe relacionar o seu comportamento no tempo com a situação do salário médio real dos trabalhadores.

Assim, percebe-se, por exemplo, que entre 2003 e 2014, a taxa de juros básica do Banco Central (Selic) foi, em média, de 6,8% acima da inflação anual. Para o mesmo período de tempo, o crescimento real do salário médio do trabalhador nas seis principais regiões metropolitanas foi de 1,3% ao ano.

Em síntese, para cada 1 ponto percentual de aumento real na taxa básica de juros do Banco Central, o salário médio real do trabalhador cresceu 0,19 pontos percentuais ao ano.

O mais grave ainda ocorreu no governo FHC. Entre 1995 e 2002, por exemplo, a Selic foi, em média, de 15,1% acima da inflação anual.

No mesmo período de tempo, o decréscimo real do salário médio do trabalhador nas seis principais regiões metropolitanas foi de -1,1% ao ano. Noutras palavras, a cada 1 ponto percentual de aumento real na taxa básica de juros do Banco Central, o salário médio real do trabalhador diminuiu -0,07 pontos percentuais ao ano.

O diferencial de tratamento entre os preços do dinheiro e do trabalho no Brasil revela preferências governamentais distintas. Ao mesmo tempo indica o poder do rentismo, capaz de encapsular o Banco Central na defesa de taxa de juros reais sempre positivas.

Noutras economias, o poder do rentismo também segue expressivo, porém não comparável com o Brasil. Nas economias ricas, a taxa de juros tem se mantido próxima de zero, com resultado real negativo, mesmo que sejam países com endividamento público muito maior que o brasileiro.

Por conta disso, o gasto público com o serviço do endividamento público tem sido muito menor do que o verificado no país. Os defensores dos juros altos defendem insistentemente que o governo deve sempre cortar os demais gastos públicos, sobretudo aqueles de investimentos e sociais, para que assim seja possível economizar mais recursos orçamentários para dar solvência ao rentismo. Até quando?

 

*Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia da Unicamp (SP)