Após a eleição, um ataque aos direitos trabalhistas

O auxiliar de limpeza Anderson Baptista, pai de três filhos com idades entre 6 e 15 anos, não quer mais fazer parte de uma empresa terceirizada, condição de 12 milhões de trabalhadores formais no Brasil, o equivalente a 25% do total. Uma decisão tomada há três anos, quando foi contratado diretamente pela administração de um edifício comercial em São Paulo. Antes, passou por três empresas terceirizadas, além de frigoríficos e construtoras. “Prefiro fazer bico a voltar para esse mercado”, afirma.  Hoje ganha 1.080 reais (270 reais acima do salário mínimo), mais 400 reais em benefícios e horas extras por plantões aos sábados. Em 2007, exerceu a mesma função em uma terceirizada. Recebia um salário mínimo e um vale-cesta de 90 reais, sem possibilidade de fazer horas extras. Sempre havia serviço além do contratado e o pagamento às vezes atrasava. “Não vale a pena. Além de pagarem mal, demitem a todo momento.” O novo emprego permitiu-lhe pagar um curso de cabeleireiro para a esposa, dona de casa e disposta a montar um negócio próprio. Ele pensa em concluir os estudos, interrompidos no ensino médio, e estudar inglês e alemão.

A mudança profunda nas suas condições de vida foi possibilitada pelo seu ingresso na parte que melhor representa o mundo criado pelo presidente Getúlio Vargas, há mais de 70 anos. Em 1º de maio de 1943, no Rio de Janeiro, em um Estádio de São Januário repleto de trabalhadores, Vargas assinou o Decreto-Lei nº 5452, de criação da Consolidação das Leis do Trabalho, sistematização e unificação da legislação trabalhista a partir de 1930. Um “inegável avanço em relação ao período republicano anterior, no qual as relações entre capital e trabalho eram encaradas como uma questão de polícia e os empregados ficavam à mercê das arbitrariedades dos patrões, sem praticamente nenhuma legislação que lhes assegurasse os direitos básicos”, escreve o historiador Lira Neto na biografia Getúlio. A CLT regulamentou o salário mínimo, as férias anuais, o descanso semanal e outros benefícios à classe trabalhadora. O instrumento contribuiu para a sustentação política de Vargas e constituiu o seu “legado simbólico mais eloquente”, até hoje de pé. A normatização permitiu regulamentar as relações entre o capital e o trabalho em um período de expansão da indústria e aumento do número de operários e comerciários a partir da criação das estatais Companhia Siderúrgica Nacional e Vale do Rio Doce, grandes fornecedoras do setor manufatureiro, às quais se somaria a Petrobras, instituída em 1951.

Hoje há 48,9 milhões de trabalhadores formais no País, segundo a Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho em 2013. A parcela de 25% de terceirizados recebe salários inferiores àqueles dos contratados diretos para as mesmas funções, tem menos benefícios, está mais sujeita a acidentes, à violação de direitos trabalhistas e ao trabalho em condições análogas às da escravidão. A forte pressão empresarial para ampliar o uso de terceirizados põe tudo em risco. Para o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, “franquear a terceirização é desconstruir todo o sistema trabalhista”, parte integrante da democracia brasileira.

Segundo levantamento da CUT e do Dieese, em 2010 os terceirizados recebiam em média 27% a menos do que os contratados diretos para exercer funções semelhantes, tinham uma jornada semanal 7% maior e permaneciam menos tempo no mesmo trabalho (em média 2,6 anos, ante 5,8 anos para os trabalhadores diretos). Em sondagem da CNI, 60% das empresas dizem oferecer aos terceirizados e aos contratados o mesmo tratamento.

Dos 40 maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão nos últimos quatro anos, 36 envolviam empresas terceirizadas, segundo levantamento do cientista social Vitor Filgueiras, do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp. Doenças e mortes entre terceirizados são mais frequentes. Na construção de edifícios, com mortalidade duas vezes superior à média em acidentes de trabalho, 55,5% dos óbitos foram de terceirizados em 2013. A causa não seria a terceirização, mas falhas na fiscalização, dizem os empresários. “A terceirização benfeita evitará a precarização”, diz Romeu Camargo, assessor jurídico da Federação do Comércio de São Paulo. Cerca de 75% das empresas dizem fiscalizar o cumprimento do pagamento de encargos trabalhistas e das normas de saúde e de segurança das terceirizadas.

Desde 1993, a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho restringe o trabalho temporário aos serviços de vigilância e limpeza e a funções não relacionadas às principais atividades das empresas. Descumprir a lei custa indenizações milionárias às companhias, que reclamam de insegurança jurídica e de falta de clareza na definição dos conceitos de atividades-fim e meio. Há 17 mil processos contra terceirizadas em andamento na Justiça do Trabalho. “Existe uma cultura do ‘garantismo’ legal, mas precisamos privilegiar a negociação. Temos uma legislação fomentadora de conflitos”, diz Alexandre Furlan, vice-presidente da Confederação Nacional das Indústrias.

A articulação de entidades empresariais para derrubar as limitações à contratação de terceirizados ganhou força nos anos 1990, com o avanço do neoliberalismo e das propostas para reduzir custos e desregulamentar o trabalho. O Enunciado 256 do TST, vigente até 1993, proibia a terceirização no País e a Súmula 331 foi considerada um retrocesso pelo movimento sindical. Diante da ofensiva do setor empresarial, hoje os sindicatos lutam para manter a Súmula e garantir um limite.

Mais de dois terços das indústrias contrataram serviços terceirizados nos últimos três anos, segundo sondagem da Confederação Nacional da Indústria. Montagem e manutenção de equipamentos, logística e segurança são os serviços mais terceirizados e 84% das empresas pretendem manter ou aumentar o seu uso nos próximos anos.

A batalha para avançar na liberação sofreu revezes no TST e no Congresso, onde as entidades empresariais tentam aprovar o Projeto de Lei nº 4330, do deputado peemedebista e empresário Sandro Mabel, de acolhimento da terceirização em todas as atividades dos setores privado e público. A sua votação foi suspensa no fim do ano passado por pressão do movimento sindical e do TST. A proposta provocará uma “gravíssima lesão” de direitos contra os trabalhadores, argumentaram 19 dos 26 ministros da Corte em documento enviado ao autor do projeto. Mabel desconsiderou a ponderação dos ministros e prometeu publicamente ao empresariado colocar o projeto em votação logo após as eleições.

A terceirização, segundo a CNI, faz parte de uma tendência mundial e é essencial para o ganho de produtividade e competitividade. “Nos anos 90, os projetos neoliberais no Brasil falavam em ampliar as possibilidades de terceirização para gerar empregos. A ampliação não ocorreu, mas o emprego aumentou. Agora adotam uma nova justificativa, a do aumento da produtividade. É uma nova mentira”, rebate Magda Biavaschi, pesquisadora do Cesit e integrante do Fórum Nacional em Defesa dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização.  Na América do Sul, diferentemente do Brasil, a maioria dos países regulamentou a terceirização em lei e estabeleceu a responsabilidade solidária das empresas contratantes. Aqui, a responsabilidade é subsidiária e, portanto, recai sobre a companhia contratada, quando há condenação.

Um fato novo aumentou a esperança dos empresários na liberação da terceirização. Pela primeira vez, o assunto está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, encarregado de apreciar o recurso da fabricante de celulose Cenibra, de Minas Gerais, contra a decisão da Justiça do Trabalho de condená-la a pagar 2 milhões de reais por terceirização ilegal. A condenação baseou-se em uma denúncia do Ministério Público do Trabalho e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Guanhães, de terceirização nas atividades de florestamento e o reflorestamento, ligadas à operação principal da empresa.

O ministro Luiz Fux, relator, no início rejeitou o recurso da Cenibra e a decisão foi mantida em agravo regimental. Em seguida, após apreciar embargos declaratórios, modificou radicalmente o seu entendimento e acolheu o recurso empresarial. O assunto seguiu para exame da existência de repercussão geral (indispensável ao julgamento dos recursos extraordinários), situação em que a decisão a ser tomada pela Corte deve ser aplicada a todos os casos em tramitação na Justiça. A maioria dos ministros considerou existente a repercussão geral, com votos contrários de Rosa Weber, Teori Zavascki e Ricardo Lewandowski. O processo aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República e mobiliza, de um lado, inúmeras entidades de classe e sindicais preocupadas com os efeitos de uma possível aceitação definitiva do recurso e, na posição oposta, entidades empresariais, como a CNI, interessadas na ampliação das hipóteses de terceirização para reduzir os custos salariais.

Em reforço à ofensiva empresarial contra os direitos trabalhistas, foi proposta a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 324. Nela, a Associação Brasileira do Agronegócio pede a suspensão do andamento de qualquer processo em curso na Justiça do Trabalho em que se discuta a legalidade da terceirização empreendida por empresário. Caberá ao ministro Luís Roberto Barroso a relatoria da ação, contestada pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho e à espera de um parecer da Procuradoria-Geral da República.

“O que está em debate é a destruição ou a preservação de tudo o que construímos nos últimos cem anos de lutas trabalhistas no Brasil”, diz a secretária da CUT Maria das Graças Costa. Entidades sindicais, organizações de juristas do trabalho e instituições acadêmicas solicitaram uma audiência pública que deve ser agendada nas próximas semanas.

Marina Silva foi a única entre os candidatos à Presidência a defender de modo explícito a posição empresarial. “A terceirização de atividades leva à maior especialização produtiva, à maior divisão do trabalho e, consequentemente, à maior produtividade das empresas… Há no Brasil um viés contra a terceirização”, lê-se em seu programa de governo. Em 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, do partido do candidato Aécio Neves, enviou ao Congresso um projeto de lei para acabar com as restrições ao trabalho terceirizado, engavetado em 2003, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. A candidata à reeleição, Dilma Rousseff, em encontros recentes com sindicatos, manifestou-se contrária à retirada de qualquer conquista trabalhista, mas a CUT cobra uma formalização do compromisso.

Para a pesquisadora Magda Biavaschi, a proposta de Marina Silva é radical e prevê a retirada da responsabilidade da Justiça do Trabalho para arbitrar sobre as normas das relações entre empregadores e empregados. Marina defende a fiscalização do cumprimento das normas pelos sindicatos, “mas com a terceirização sem limites, os patrões escolherão com quais sindicatos vão negociar”.

No setor público, o maior problema está relacionado à inadimplência das terceirizadas com os trabalhadores ao fim do contrato. A exigência da licitação pelo menor preço leva à contratação de empresas frágeis financeiramente. De acordo com o Sindicato dos Vigilantes da Bahia, em um caso há mais de 5 mil trabalhadores que reclamam uma dívida do governo do estado, de 15 mil reais por funcionário. Para coibir os calotes, o Distrito Federal, a Bahia e o governo federal assinaram medidas para obrigar a retenção dos valores relacionados ao pagamento dos direitos trabalhistas em uma conta que a terceirizada não pode movimentar sem a autorização do contratante.

Amado e combatido há mais de meio século, o legado getulista está nas mãos dos ministros do STF.

*Reportagem publicada originalmente na edição 817 de CartaCapital, com o título “Direitos Ameaçados”

Trabalhadores paulistas cobram R$ 50 mi do governo estadual

Em resposta à CUT São Paulo, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região de São Paulo (TRT-2) informou que a maior demissão em massa de servidores públicos da Fundação Casa (antiga Febem), considerada arbitrária, já soma aproximadamente R$50 milhões. O processo envolve 923 trabalhadores e foi aberto após a demissão de 1.751 agentes quando o atual governador Geraldo Alckmin (PSDB) também comandava o estado. A justiça determinou que parte dos funcionários fosse reintegrada em 2005 e 2007, porém o governo precisará expedir precatórios (dívida judicial do Estado) por conta dos salários atrasados, danos morais e direitos trabalhistas.

“Eles não negociam, esperam que a gente chegue aos tribunais para resolver as questões. Acabam gastando muito mais do dinheiro do contribuinte com as ações judiciais, em casos que poderiam ser resolvidos por meio do diálogo. O quinquênio, por exemplo, é um dos nossos benefícios que o governo não paga”, acusou Aldo Damião Antônio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família (Sitraemfa). Na época, para justificar a demissão, Alckmin chegou a afirmar que estava dispensando agentes torturadores. “Isso causou danos porque funcionários passaram a ser ofendidos nas ruas, na própria vizinhança ou dentro da família. Temos casos de servidores que adoeceram, um que se tornou mendigo e quatro trabalhadores que cometeram suicídio”, relata Edson Brito, secretário de Assuntos Jurídicos do Sitraemfa.

Dilma defende manutenção de direitos trabalhistas

Após  participar de um encontro com empresários na Associação Comercial e Industrial de Campinas, semana passada,  a presidenta Dilma Rousseff (PT) afirmou que, em caso de um segundo mandato, não promoverá reformas na legislação trabalhista que retirem direitos dos trabalhadores conquistados ao longo dos anos. “Eu não mudo direitos na legislação trabalhista. Férias, décimo terceiro, FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço], hora extra, isso não mudo nem que a vaca tussa”, afiançou a candidata à reeleição.

Dilma acha possível, entretanto, realizar algumas atualizações na lei, sem, porém, efetuar qualquer redução nos direitos já garantidos. A presidenta citou, por exemplo, o caso de jovens aprendizes em micro e pequenas empresas, que, segundo a lei, devem ter a formação bancada pelos empresário – para estimular a contratação, o governo anunciou que, agora, os estudos serão custeados com recursos do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). “Quando se tem mudança na relação de trabalho, a legislação tem que mudar. Agora, essas mudanças na legislação não podem comprometer direitos”, sintetizou.

Sorteio de vagas nas colônias para os próximos feriados

O sorteio para vagas no clube de campo de Arujá e nas colônias de férias de Solemar e Caraguatatuba para o feriado da Consciência Negra (20 de novembro) será realizado no dia 19 de outubro, domingo, às 10h na sede do Sindicato (Rua Tamandaré, 348 – Liberdade). 

 
Para os feriados de Natal e Ano-Novo, o sorteio será realizado no dia 9 de novembro, domingo, no mesmo local e horário.
 
Para participar é necessário apresentar a carteirinha de sócio (ou o último holerite que comprove o pagamento) e um documento com foto. Se o sócio não puder comparecer no dia, ele pode ser representado por outra pessoa que deve estar com os documentos do associado. É importante lembrar que cada pessoa pode representar apenas um sócio. 
 
O portão será fechado às 10h para o início do sorteio, e o horário será rigorosamente respeitado. 
 
Para os outros períodos do ano, as reservas para o clube de campo e para as colônias podem ser feitas diretamente no Sindicato com antecedência mínima de 30 dias.

No aniversário de 40 anos, vagão de metrô pega fogo

Uma composição da linha 3 – Vermelha do Metrô , pegou fogo no último dia 14 de setembro por volta das 9hs da manhã, quando estava parada na estação Sé. A data, coincidiu com o aniversário de 40 anos do Metrô.

Funcionários da companhia relataram que o fogo foi causado pelo travamento de um rolamento, que superaqueceu o motor e gerou as chamas.

Segundo o Relatório de Ocorrência Técnica, o trem estava cheio e precisou ser evacuado. Ainda com fumaça, a composição seguiu vazia para um estacionamento na estação Palmeiras/ Barra Funda, onde as chamas voltaram. Foi preciso acionar reforço e a operação para apagar o incêndio durou cerca de  uma hora e meia.

Em reportagem do site SPressoSP, a direção do Metrô nega o incidente. Na mesma reportagem, os metroviários informam que incidentes como esse, de maiores ou menores proporções, ocorrem periodicamente na linha 3 – Vermelha. 

Desde a aquisição dos equipamentos reformados, os da Frota K, entregues em 2011, vários incidentes ocorreram. No mesmo dia da entrega, há 3 anos, um trem pegou fogo. Já foram ao menos outros três eventos relatados pelos funcionários do metrô: dia 21/05,  fogo no K19 próximo a estação Vila Matilde; dia 03/09,  fogo no K15 próximo a estação Carrão; dia 11/09, fumaça no K03 próximo a República.

Essas reformas estão sob investigação do Ministério Público de São Paulo, sob suspeita de formação de cartel. Segundo investigação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) uma das empresas responsáveis pela reforma está envolvida no esquema de licitações fraudulentas, comprovadas por documentos entregues pela empresa Siemens ao MP.

O escândalo que ficou conhecido como “propinoduto tucano” ou “trensalão”, começou na gestão do ex-governador Mário Covas e continuou durante os governos de José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.

Governo Alckmin censura discussão sobre reforma política

Realizado entre os dias 1º e 7 de setembro, o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político do Brasil espalhou urnas por todo o país para consultar a sociedade sobre a realização de uma reforma política nacional. Nas escolas estaduais de São Paulo, entretanto, o governo Alckmin (PSDB) dificultou que o debate fosse levado até os alunos, proibindo a entrada de urnas ou qualquer material sobre a reforma política.

“Está claro que o governo do Estado de São Paulo não quer que os estudantes tenham conhecimento para criar um senso crítico”, analisou Fernando Souza de Melo, integrante da Comissão da Juventude Metalúrgica do ABC, Segundo Melo, professores receberam orientação das diretorias das escolas para não levar o assunto às salas de aula. “A circular que ele [Geraldo Alckmin] soltou nas escolas da rede e que culminou nessa ação truculenta por parte das direções das instituições de ensino faz lembrar o período do regime ditatorial”, comparou Artur Paes Aranão, coordenador do Comitê Operativo Municipal de São Bernardo.

Ato em defesa do pré-sal ocupa Avenida Paulista

A CUT e demais centrais sindicais ocuparam a avenida Paulista, na última segunda-feira (15), para um  Ato em Defesa do Pré-Sal, da Petrobras e do Brasil. O objetivo do protesto é alertar a  sociedade sobre os riscos para o  desenvolvimento no país caso a exploração da maior reserva de petróleo brasileira deixe de ser prioridade, como sugere o plano de governo da candidata Marina Silva do (PSB).  “Vamos dar um não ao retrocesso, um não àqueles que querem entregar a nossa empresa”, declarou José Maria Rangel, coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros). De acordo com o sindicalista Marina agora está do lado dos tucanos. “Os candidatos de oposição estão do lado  do empresariado, dos banqueiros, e têm projetos que  visam entregar tudo pro capital internacional e nós não vamos permitir”, afirmou sobre os candidatos de oposição Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), durante ato no Rio de Janeiro. O governo Dilma, ao contrário, destinou os lucros do pré-sal para a educação e a saúde.

Polícia de Alckmin reprime manifestantes no centro de São Paulo

O centro da Capital paulista assistiu a mais uma ação exagerada da Polícia Militar do Governo Alckmin, nesta terça-feira (16), durante uma ação de reintegração de posse do hotel Aquarius, ocupado por cerca de 200 famílias, há seis meses.. 

O confronto teve início por volta das 7h da manhã, quando a PM forçou os moradores a saírem do local. Entretanto, não foram oferecidas as condições para o transporte, pois não haviam caminhões suficientes para a retirada dos pertences de todos.

Como os moradores se negaram a sair, a PM invadiu o prédio com violência utilizando bombas de efeito moral, balas de borracha e gás de pimenta. Várias mulheres e crianças estavam dentro do prédio no momento da ação. A Tropa de Choque foi chamada e ocupou as ruas do entorno.Um ônibus foi incendiado e mais de 80 pessoas foram detidas durante a ação. Dois jornalistas ficaram feridos por balas de borracha e pelo menos outras sete pessoas deram entrada na Santa Casa com ferimentos leves.

Por volta das 16h, nova movimentação do Choque pelas ruas do Centro, mas dessa vez, não se viam manifestantes. A PM marchou pelas ruas disparando bombas e balas aleatoriamente, num movimento que durou cerca de 30 minutos. As pessoas que presenciaram a ação ficaram sem entender o que estava acontecendo.

Endividamento das famílias paulistas é o menor em dois anos

A  proporção de famílias com pagamento de dívidas em atraso no Estado de São Paulo, caiu de 17,4% para 13%, o menor nível desde outubro do ano passado, de acordo com pesquisa divulgada esta semana pela Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

O endividamento das famílias caiu 0,7 ponto percentual, ficando em 49,4%, na comparação com o mês anterior (julho) e 3,2 pontos percentuais na comparação com agosto do ano passado (52,6%).

Os pagamentos com cartão de crédito caíram  três pontos percentuais, sendo a opção escolhida por 66,2% dos consumidores, ante 69,2% em julho. Na sequência surgem os financiamentos de carro (19,8%); pagamentos com carnê (17,1%);  crédito pessoal (13,5%); financiamento de casa (12,6%); uso do cheque especial (7,2%) e crédito consignado (3,9%).

Trabalho análogo à escravidão é outra face do sucateamento no Butantan

São Paulo – Sem carteira assinada e com salários atrasados, 24 operários trabalham nas dependências do Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Sem uniforme, eles rebocam, pintam, assentam pisos e azulejos, consertam o telhado e levantam paredes de puxadinhos que são erguidos no núcleo habitacional dos funcionários da instituição, que dará lugar a novos laboratórios e salas administrativas. Embora comum, relações de trabalho irregulares como essa ganham contornos de maior imoralidade quando envolvem instituições públicas, que deveriam zelar e fiscalizar a garantia de direitos.

A maioria desses trabalhadores vem de países africanos e alguns nem falam português. Começaram a trabalhar em 22 de julho e só receberam o primeiro salário ontem (11), depois que a reportagem da RBA foi ao local. Apenas uma ajuda para o transporte, café da manhã e almoço. Conforme contam, vêm de bairros distantes e não desistem do trabalho porque temem não conseguir receber os atrasados.

Graças à solidariedade de amigos e vizinhos, eles se viram enquanto o salário não vem para pagar o aluguel, comprar comida e mesmo pagar a passagem para ir trabalhar. Há aqueles solteiros, sem compromisso ou dependentes, mas há também trabalhadores que deixaram mulheres, filhos, pais e mães nos países de origem, como Burkina Faso, Burundi, Guiné-Bissau, Malawi, Mali. Ou quem tenha deixado para trás pais doentes, que precisam de ajuda financeira.

Com escolaridade equivalente ao ensino médio brasileiro, em geral fluentes em mais de dois idiomas, além de dialetos, com experiência em diversas áreas da construção civil, mostram um sorriso que entrega a esperança em dias melhores. Tanto que muitos deles sonham com a universidade, a maioria na área de engenharia civil, carente de profissionais em seus países.

De acordo com a advogada especialista em Direito do Trabalho Elaine Coelho, a situação ilegal configura trabalho análogo à escravidão porque os operários trabalham sem receber. “A primeira irregularidade é que os trabalhadores não têm carteira assinada, sem os direitos básicos assegurados. A segunda é que estão contratados por empresas que, pela lei, não poderiam terceirizar sua atividade fim. Ou seja, uma construtora não poderia estar passando o trabalho para uma terceira.”

Existem suspeitas de irregularidades também nos contratos, que deveriam ser feitos a partir de licitação caso o contratante seja o Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. E mesmo que seja pela Fundação Butantan, há regras a serem seguidas.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP) desconhecia a situação dos trabalhadores. Mostrando-se indignado, seu presidente, Antonio de Sousa Ramalho, prometeu inspecionar.

Falta transparência

Não há placa oficial informando valores, prazos e nem o nome da construtora contratada, mas uma visita ao local permite constatar que as residências são reformadas para abrigar novos laboratórios e salas administrativas. Alguns deles funcionam ali, como a Seção de Hepatite e Serviço de Virologia, na casa de número 45.

Numa outra casa, uma placa na porta indica o nome de uma das empreiteiras: Tenatech. Ali funciona o escritório da empresa de construção civil que assinou contrato com a Fundação Butantan. De acordo com um dos sócios, Flávio Barone Bitelli, o serviço contratado se limita ao gerenciamento da obra de reforma. A gestão da mão de obra, no entanto, foi repassada para a Empreiteira Estrela e para a Alphatec.

À primeira estão vinculados os trabalhadores dos serviços de reforma propriamente dito, com salários atrasados. À segunda, os técnicos responsáveis pela instalação elétrica necessária para o suporte aos equipamentos dos laboratórios que funcionarão. De acordo com eles, a dificuldade para receber é bem maior do que imaginavam a princípio.

Barone, no entanto, não deu mais detalhes sobre o contrato e nem respondeu às perguntas que a reportagem encaminhou por e-mail, conforme combinado.

O empreiteiro Pedro Lopes Estrela garantiu à reportagem que os trabalhadores que não pode registrar os trabalhadores em carteira, pois os contratos são para serviços pequenos e também porque os trabalhadores preferem não ter o registro. “Por fora, eles ganham muito mais do que se fossem registrados. O piso de pedreiro é R$ 1.200, mas chegam a ganhar R$ 4 mil”, disse.

Não há também informações nos arquivos do Diário Oficial referentes à contratação da Tenatech pelo Butantan, seja por meio da Fundação ou do Instituto, ambos presididos pelo médico Jorge Kalil.

Procurada por meio da assessoria de comunicação, a diretoria da Fundação Butantan e do Instituto Butantan não foi encontrada. O retorno, no dia seguinte, limitou-se a uma nota, segundo a qual o Butantan “tem investido nos últimos anos na modernização e reforma de prédios e parque fabril.

Num desses setores, a Fundação Butantan tem como contratada a empresa Tenatech para a realização das obras. Com relação a possíveis atrasos no pagamento dos salários dos funcionários, o Butantan tomou conhecimento na última quarta-feira (10) e exigiu da empresa o pagamento em até 12h, sob a pena de multas e outras sanções contratuais. Segundo a empresa, os salários foram regularizados. O Butantan também esclarece que “solicita das empresas contratadas documentação que comprove a relação de trabalho dos funcionários que irão atuar no Instituto”.