CUT doa seis cisternas para enfrentar seca no Ceará

A CUT formalizou, na última segunda-feira (22), a doação de um valor equivalente à construção de seis cisternas de placas de concreto no Nordeste ao Comitê Betinho. As cisternas serão construídas em parceria com a Cáritas na cidade de Itapipoca, no Ceará, e terão capacidade de armazenamento de 16 mil litros de água da chuva, suficiente para manter uma família de seis pessoas por oito meses.

“A CUT reforça a posição de combate à fome e garantia de vida digna ao trabalhador. Nós iniciamos esta conversa sobre a doação no auge da seca e conseguimos realizá-la agora, no período de chuvas, que é o momento ideal de recolha das águas para serem utilizadas no período de seca”, destacou Expedito Solaney, secretário nacional de Políticas Sociais da CUT, que também ressaltou que a iniciativa é simbólica e política, por fortalecer a pressão sobre o poder público para o desenvolvimento de políticas que combatam a seca na região.

Incentivada pelo governo, agricultura familiar reduz fome no Brasil

Divulgado na última semana, um relatório elaborado pela ONU apontou o Brasil como referência mundial no combate à fome. De acordo com o estudo, o Brasil reduziu em 50% o número de pessoas que passam fome, representando apenas 1,7% da população local, e deixou o Mapa Mundial da Fome. Ainda segundo a organização, 70% do consumo interno brasileiro é proveniente da agricultura familiar, impulsionada por iniciativas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, citados como fundamentais para os resultados atingidos no país.

Representante adjunta da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) para América Latina e Caribe, Eve Crowley declarou que o Brasil é um grande exemplo ao mundo por definir o combate à fome como prioridade nacional. Jorge Chediek, coordenador residente do sistema das Nações Unidas no Brasil, também destacou que o País não enfrentou o problema somente aumentando a produção e distribuindo alimentos, “mas com uma multiplicidade de ações e programas”. O levantamento constatou que, entre os anos 2000 e 2012, os investimentos em programas sociais aumentaram mais de 128%.

Acidentes de trabalho não estão sendo notificados corretamente

Apesar do governo federal ter instituído, em 2011, a obrigatoriedade de mortes e acidentes de trabalho serem notificados pelos órgãos municipais de saúde pública, um levantamento realizado pela Rádio Brasil Atual constatou que o descumprimento da norma tem adulterado os dados sobre a saúde do trabalhador brasileiro. Em Guarulhos, por exemplo, no ano de 2012, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) autorizou mais de 5 mil benefícios por acidente de trabalho, porém o Sistema de Informação de Agravos de Notifcação registrou apenas 71.

“Acreditamos que os servidores da saúde têm diversas atribuições. Então, essa notificação da saúde do trabalho, embora esteja na lei, os profissionais acabam deixando um pouco de lado por causa da demanda”, defende Marcelo Lemes, engenheiro de segurança do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador. Já Rosimeire Rosa Pereira, enfermeira e especialista em saúde do trabalho, aponta para o pequeno número de funcionários na área de Recursos Humanos das empresas, gerando uma falta de pessoal disponível para efetuar o registro – apesar do problema, porém, dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil é o quarto país do mundo em número de acidentes de trabalho.

Cantareira está cada dia mais seco

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) comunicou no último final de semana que o nível de água do Sistema Cantareira chegou a 8,1% da sua capacidade.

O nível do reservatório atingiu no sábado, o mesmo índice de maio quando a companhia decidiu captar a água do volume morto do Sistema para garantir o abastecimento. No domingo a quantidade de água dos reservatórios do Sistema Cantareira continuou caindo.

O índice pluviométrico de setembro deste ano (39,1 mm) está muito abaixo do que é registrado para o mês neste período (91,9 mm). A Companhia não declarou racionamento oficial, bem como não apresentou um plano de combate ao desabastecimento, colocando a carga desse momento crítico apenas na questão climática. 

A Sabesp também divulgou, por meio do site oficial, o nível de água de outros reservatórios. O Sistema Alto Tietê está com 12,6%; o Sistema Gurapiranga está com 53,4%; o Sistema Alto Cotia está com 35,4%; o Sistema Rio Grande está com 77,7% e o Sistema Rio Claro está com 65,5%. Os dados são atualizados diariamente.

Alckmin deixou de investir cerca de R$ 8 milhões no Metrô e na CPTM

A bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo apresentou um estudo sobre o corte de aproximadamente R$ 8 bilhões em investimentos no Metrô e na CPTM (Companhia Metropolitana de Trens Metropolitanos)  promovido pelo Governo de Geraldo Alckmin entre os anos de 2011 e 2013. As informações são do site Viomundo.

No Metrô deixaram de ser investidos R$ 7,490 bilhões, ou seja, 52,7% do total previsto no orçamento de R$ 14,197 bilhões. Abaixo alguns exemplos da queda dos investimentos em recapacitação e expansão das linhas:

Linha 1 – Azul – corte de R$ 142 milhões

Linha 5 – Lilás – corte de R$ 17 milhões

Linha 4 – Amarela – corte de R$ 780 milhões

Linha 17 (Monotrilho) – corte de R$ 894 milhões

Linha 18 (Monotrilho) – corte de R$ 639 milhões

Linha 16 – Prata – corte de R$ 25 milhões

Na CPTM foram prejudicados projetos de expansão e modernização de linhas. Entre os anos de 2011 e 2013, a gestão Alckmin deixou de aplicar na CPTM mais de R$ 600 milhões em recursos já previstos no Orçamento do
Estado para investimentos (obras). Abaixo alguns exemplos da queda dos investimentos em modernização de linhas férreas na Região Metropolitana de São Paulo:

Linha 10 – Luz-Rio Grande da Serra – corte de R$ 143,2 milhões

Linha 11 – Luz-Estudantes (Mogi das Cruzes) – corte de R$ 422,9 milhões

Linha 12 – Brás-Calmon Viana – corte de R$ 125,3 milhões

Linha 7 – Luz-Jundiaí – corte de R$ 33,3 milhões

A falta de investimentos afetou também os projetos de trens regionais de passageiros que atenderiam Santos, Jundiaí e Sorocaba. Segundo o estudo, no Orçamento de 2014 o governo Alckmin incluiu além dessas três ligações
regionais a implantação do Expresso ABC, Expresso Oeste-Sul e Metrô Leve Guarulhos-ABC. Entretanto, destinou apenas R$ 1 mil para esses projetos.

Dilma sobe nas pesquisas e amplia diferença com a segunda colocada

A última pesquisa do Datafolha apresenta a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) com uma vantagem de 7 pontos percentuais sobre a segunda colocada: Dilma aparece com 37% das intenções de voto enquanto a segunda colocada, Marina Silva (PSB),  tem 30% das intenções. 

Em um eventual segundo turno, a pesquisa aponta um empate técnico entre as duas candidatas: 46% e 44%.

O terceiro colocado na pesquisa tem 17% das intenções de voto. A pesquisa também detectou aumento da rejeição ao PSB ( 22%). Há um mês, esse número era de 11%. O instituto atribui esse aumento aos constantes ataques realizados pela candidata do PSB ao pré-sal; o projeto de independência do Banco Central; suas alianças com banqueiros e uma proposta de revisão dos direitos da CLT, entre outros contraditórios do programa de governo.

O Datafolha ouviu 5.340 eleitores nas cinco regiões do país, e mostra a Presidenta Dilma como favorita em todas as regiões. Apenas no Sudeste, Dilma aparece numa situação de empate técnico.

Estudo alerta para sub-representação de minorias nas eleições

Um levantamento realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), batizado de Sub-representação de Negros, Indígenas e Mulheres: Desafio à Democracia, lançado na última sexta-feira (19), alerta para a sub-representação de minorias nas eleições deste ano, reforçando a necessidade de se promover uma reforma política. Esta será a primeira eleição na qual os candidatos tiveram de declarar raça e cor. “A partir de agora, com os dados oficiais, a gente tem uma forma concreta de pressionar uma mudança no sistema partidário, como foi com a questão do gênero que já tem a legislação que garante 30% de candidatas mulheres. A gente sabia que tinha desigualdade, mas não tinha um dado oficial”, esmiuçou Carmela Zigoni, assessora política do instituto.

O exemplo mais contundente de falta de representação se refere aos indígenas, que, em 2014, possuirão apenas 83 (0,32%) dos 25,9 mil candidatos que disputam as eleições, sendo que nenhum concorrerá à Presidência da República ou aos governos estaduais. Já no caso dos negros, embora já haja um equilíbrio maior em número de candidaturas com os brancos, Zigoni afirma que isso não se reflete na formação do Congresso. “Hoje quem financia as campanhas é um conjunto de interesses privados. Essas candidaturas  – de negros, índios e mulheres – normalmente são minoritárias, têm menos recursos e menos espaço na mídia”, explicou a assessora, realçando a dificuldade dessas candidaturas divulgarem suas propostas.

Dilma: povo não vai aceitar ameaça a direitos trabalhistas

No último sábado (20), em campanha no Largo Treze, São Paulo, a presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) voltou a abordar o tema dos direitos trabalhistas. Em sua visão, eles são conquistas históricas da sociedade e não podem ser ameaçados em qualquer circunstância – pelo contrário, devem ser continuamente defendidos. “Férias, décimo terceiro, horas extras, fundo de garantia. São conquistas que o povo brasileiro não vai deixar isso ser ameaçado ou combatido. O povo brasileiro não vai deixar. É algo que conquistamos ao longo da história de lutas”, afirmou.

Dilma também aproveitou a chance para enfatizar a boa situação do País em relação às taxas de desemprego, sobretudo, se os números forem comparados aos encontrados na Europa, onde, nos últimos quatro anos, houve uma redução de postos de trabalho e direitos trabalhistas. “Quando a gente conquista uma coisa, a gente quer conquistar mais. Tá certo isso. É assim que todo mundo quer. Agora, conquista que a gente fez é conquista que a gente defende. Por isso, vamos defender aquilo que conquistamos”, argumentou a presidenta.

As ameaças da terceirização

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, está prestes a julgar um agravo interposto pela empresa Cenibra. Condenada em todas as instâncias inferiores por ter contratado trabalhadores terceirizados para suas atividades-fim, a vitória da empresa pode deflagrar profundas transformações nas relações trabalhistas, O ministro Fux pretende dar “repercussão geral” à sua decisão sobre o mérito da questão.

Os brasileiros estão diante de mais uma etapa da flexibilização dos mercados de trabalho. “Flexibilização” é o codinome de “regressão dos direitos sociais”. Conquistados a duras penas, na Europa e nos Estados Unidos, pelas classes subalternas, depois de duas guerras mundiais e da Grande Depressão dos anos 30, os direitos sociais e econômicos estão prestes a sofrer as dores dos projetos de “competitividade” nascidos da intensificação da concorrência entre as grandes empresas que dominam a arena global. 
As consignas da “competitividade” são desfraldas em todos os rincões do planeta como solução para o declínio econômico das nações, mesmo que esses projetos, em sua execução, destruam as condições de vida dos cidadãos comuns que labutam cotidianamente na busca da sua sobrevivência e de sua família.

A economia capitalista dos últimos 40 anos foi restaurada em suas formas essenciais no momento em que a força política das classes proprietárias e dominantes submeteu o Estado e o colocou como executor dos projetos da desregulamentação financeira, como fautor da flexibilização dos mercados de trabalho e garantidor dos movimentos de internacionalização da grande empresa. Entregue ao jogo entre a proteção desmedida de seus propósitos pelo Estado e as forças “naturais” que a movem na direção da concentração da riqueza e da renda, a economia capitalista falhou com grande escândalo em sua capacidade de gerar empregos, de oferecer segurança aos que ainda conseguem empregar ou de alentar os já empregados com perspectivas de melhores salários.

A dita flexibilização e seus tormentos assolam os trabalhadores da economia globalizada. O desempenho sofrível dos rendimentos dos assalariados e da maioria dos que trabalham por conta própria combinou-se com a aceleração do crescimento dos rendimentos do capital para produzir um inevitável aumento nos índices de desigualdade na distribuição funcional da renda. Desde os anos 80, as reformas propostas para os mercados de trabalho não fazem outra coisa senão aumentar a participação dos rendimentos do capital na renda agregada. Leia Piketty.

Fatores decisivos para o comportamento decepcionante dos rendimentos da maioria da população nas regiões “ricas”, particularmente nos Estados Unidos, foram, sem dúvida, a diminuição do poder dos sindicatos e a redução no número de sindicalizados, o crescimento do trabalho em tempo parcial e a título precário e a destruição dos postos de trabalho mais qualificados na indústria de transformação, sob o impacto da migração das empresas para as regiões onde prevalece uma relação mais favorável entre produtividade e salários.

No mundo desenvolvido, a flexibilização das relações trabalhistas subordinou o crescimento da renda das famílias ao aumento das horas trabalhadas, sobretudo por causa da maior participação das mulheres, das casadas em particular, no mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, as mães de família com filhos acrescentaram, entre 1979 e 2000, 500 horas de trabalho ao total despendido pelo casal.

Em artigo publicado na revista Science & Society de julho de 2010, o economista Edward Wolff sustenta que a evolução miserável dos rendimentos das famílias americanas foi determinada pelo desempenho deplorável dos salários. Entre 1973 e 2007, os salários reais por hora de trabalho caíram 4,4%, enquanto, no período 1947-1973, o salário horário cresceu 75%. A despeito da queda dos salários, durante algum tempo a renda familiar, como dito acima, foi sustentada pelo ingresso das mulheres casadas na força de trabalho. Entre 1970 e 1988, elas aumentaram sua participação de 41% para 57%. A partir de 1989, no entanto, o ritmo caiu vertiginosamente.

As políticas ditas neoliberais não deixaram de pé sequer a ilusão de que a maior desigualdade foi compensada por uma maior mobilidade das famílias e dos indivíduos, desde os níveis mais baixos até os mais elevados da escala de renda e riqueza. Para surpresa de muitos, o estudo mostra que a mobilidade social nunca foi tão baixa no país das oportunidades.