Todas as mulheres devem ser respeitadas

No mês de março o IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada) divulgou dois importantes estudos sobre o tema do estupro. O primeiro, intitulado “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados de Saúde”, se refere a uma análise produzida no âmbito da Secretaria de Vigilância em Saúde, órgão integrante do Ministério da Saúde, com base em notificações relacionadas à violência doméstica e sexual. Já no segundo estudo são divulgados os resultados de uma pesquisa realizada pelo IPEA sob o título “Tolerância social à violência contra as mulheres”. Trata-se de uma pesquisa domiciliar e presencial que visa captar a percepção das famílias acerca das políticas públicas implementadas pelo Estado, independentemente de ser usuário ou não dessas políticas – o tema abordado é a violência sexual.

A divulgação da segunda pesquisa causou uma forte reação de parte da sociedade, que expressou em diferentes veículos de comunicação, mas principalmente nas redes sociais, sua indignação em relação aos resultados. De fato, é difícil acreditar que dois terços da sociedade brasileira atribuem às mulheres a responsabilidade pelo estupro, associando-o ao seu modo de vestir e de se comportar.

Os resultados explicitam que a luta pela igualdade é longa e deve ser travada cotidianamente porque, a despeito de todos os avanços conquistados pelas mulheres nas últimas décadas, a sociedade é fortemente pautada pelas relações de poder entre mulheres e homens e pela reafirmação dos papéis sociais que são herança do escravagismo – homens negros e mulheres negras eram tratados como coisas, sem alma, sem dignidade. Passado mais de um século, as mulheres continuam sendo agredidas, assediadas e estupradas porque ousaram pisar em um território masculino, o espaço público, gerando uma profunda intolerância de parte da sociedade que ainda trata as mulheres como seres inferiores, sem dignidade e sem direito a liberdade.

A cultura machista que ainda se perpetua na sociedade julga e condena as mulheres a uma vida de obediência, castidade e isolamento social, pois não podem embarcar em trens lotados, não podem andar nas ruas, não podem se vestir da forma que desejam, mais confortável. No entanto, esse comportamento conservador e machista tolera a forma como a mídia explora e utiliza a imagem das mulheres para vender carros, cigarros e bebidas. Na esteira do desrespeito às mulheres está presente uma cultura de desprezo às opções sexuais dos outros, homofóbica, racista e intolerante com a diversidade.

Quando se analisa os dados dos estupros apresentados no primeiro estudo, alguns aspectos chamam a atenção. As vítimas são mulheres de todas as idades, mas com uma forte incidência sobre crianças e adolescentes; em 2011, em mais de 70% das notificações as vítimas eram crianças e adolescentes, ou seja, mais da metade tinha menos de 13 anos de idade. Entre as crianças, os dados revelam que 24,1% dos agressores são os próprios pais ou padrastos e que 32,2% são amigos ou conhecidos das vítimas; o indivíduo desconhecido passa a figurar como principal autor do estupro na medida em que a idade da vítima aumenta, respondendo por mais de 60% dos casos na fase adulta.

Assim, a responsabilização atribuída às mulheres como principais responsáveis por atrair o instinto machista e selvagem dos homens ao se vestir de forma inadequada não se sustenta quando se analisa o perfil dos estupradores e das próprias vítimas. O que atrai o estupro é um comportamento que considera as mulheres propriedade, a cultura dominante que reproduz estereótipos, banaliza a violência e responsabiliza a vítima, o que equivale a um profundo retrocesso social porque o próximo passo será delimitar os espaços para homens e mulheres, destinando o público aos homens e confinando as mulheres ao espaço privado, onde inclusive a violência sexual também está presente de forma expressiva. A luta das mulheres e dos movimentos sociais pela superação das heranças machistas é relativamente recente na história dos países ocidentais, teve início com os movimentos do século XVIII e XIX. No Brasil essa luta já tem mais de 100 anos, mas até os anos de 1970 a tese da “legítima defesa da honra” era admitida para inocentar quem assassinava mulheres.

Até 2009, em nossa legislação o estupro ainda era tipificado como um crime de ação privada contra os costumes. Desse ano em diante, por meio da Lei n. 12.015, o estupro passou a ser considerado um crime contra a dignidade e liberdade sexual. Ou seja, todo ser humano tem o direito de ser protegido e de exigir respeito em relação a sua vida sexual, assim como deve respeitar as opções sexuais alheias.

A indignação e a revolta devem ser transformadas em ferramentas de luta para que as práticas sexistas sejam combatidas cotidianamente, com a denúncia do abuso sexual, do assédio e de todas as formas de violência contra as mulheres. Porque todas as mulheres devem ser respeitadas.

Marilane Oliveira Teixeira é economista, pesquisadora e assessora sindical e de relações de trabalho e gênero

ANA defende racionamento de água

A ANA (Agência Nacional de Águas) defendeu ontem o racionamento de água.  De acordo com o diretor-presidente, Vicente Andreu Guillo, a crise é grave e exige medidas de curto prazo. “Temos que atuar com cenários restritivos, e a população é mais compreensiva do que os políticos imaginam”, disse. 

Ontem, o reservatório Cantareira, responsável pelo abastecimento de 15 milhões de pessoas na Grande São Paulo, operava com 13,3%, menor índice da história.  Na próxima semana, a ANA se reúne com os governos de São Paulo e do Rio para discutir o uso da água do Paraíba do Sul. 

Marcha em defesa da pauta dos trabalhadores

A CUT, em conjunto com outras centrais sindicais, promove a 8ª Marcha da Classe Trabalhadora por mais Direitos e Qualidade de Vida, no dia 9 de abril, em defesa da pauta dos trabalhadores.

Entregue à presidenta Dilma Rousseff no ano passado, a pauta continua parada no Congresso. Dentre as principais reivindicações apresentadas estão a redução da jornada para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, o combate à demissão imotivada e a não votação do PL n. 4.330, que regulamenta a terceirização e corta importantes direitos dos trabalhadores.

O Sindicato dos Químicos participará do ato representado por uma comitiva de trabalhadores. A concentração será às 10 horas, na Praça da Sé. Depois haverá caminhada até o Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista.

Terceirização

Desde o ano passado o Sindicato dos Químicos vem denunciando o retrocesso que o PL n. 4.330 significa para os trabalhadores. A entidade também organizou uma audiência pública que reuniu especialistas, políticos e juristas, e todos alertaram que a regulamentação da terceirização da forma como está sendo proposta significará um retrocesso.

Conheça as reivindicações:

– Igualdade de oportunidades para mulheres e homens

– Fim dos leilões de petróleo
– Transporte público de qualidade
– Redução da jornada para 40 horas
– Fim do fator previdenciário
– 10% do PIB para a educação
– Negociação no setor público
– Reforma agrária e agrícola
– 10% do orçamento da União para a saúde
– Combate à demissão imotivada
– Valorização das aposentadorias
– Correção da tabela do Imposto de Renda
– Não ao Projeto de Lei n. 4.330, da terceirização

COPOM agrada mercado financeiro e prejudica os trabalhadores

O Copom, do Banco Central, aumentou nesta quarta-feira (2) a taxa básica de juros, a Selic, de 10,75% para 11% ao ano.

Para a CUT, a política de elevação das taxas de juros é totalmente equivocada. Além de prejudicar os/as trabalhadores/as e o desenvolvimento do Brasil, esses aumentos – como já está comprovado – não contribuem para controlar os índices inflacionários, como alega o Copom.

A decisão do Copom de elevar pela nova vez seguida a taxa de juros prejudica  a classe trabalhadora, em especial os que ganham menos, o desenvolvimento do País, a justiça social e a distribuição de renda.

Os aumentos dos juros desestimulam os investimentos, encarecem o crédito e prejudicam a demanda interna. O resultado é a piora sobre as expectativas futuras e consequente desaceleração da atividade econômica, que pode afetar negativamente o mercado de trabalho com aumento do desemprego e queda nos salários. Além disso, os custos financeiros das empresas crescem e elas podem repassar aos preços, causando inflação.

A CUT entende que a solução para o desenvolvimento econômico, com geração de emprego e distribuição de renda, é juros baixos.

Nota do Coletivo Nacional de Mulheres da CUT

Nós, mulheres reunidas no Coletivo Nacional de Mulheres da CUT nos dias 1 e 2 de abril de 2014, vimos com muita preocupação os resultados da pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres” realizada pelo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA).  

De acordo com os resultados da pesquisa, a maioria dos homens entrevistados considera que as mulheres seriam “provocadoras” do estupro devido à maneira como se comportam. Muitos entrevistados, apesar de concordarem que “marido que bate na mulher” deve ser preso, acreditam que as brigas de casais devem ser resolvidas entre quatro paredes.

Em nossa sociedade a violência é a faceta mais cruel das desigualdades entre homens e mulheres e acontece toda vez que somos desqualificadas, agredidas, associadas a objetos de posse ou submetidas ao poder dos homens. Durante muito tempo a violência foi considerada um problema das famílias ou exclusivo das mulheres.  No entanto, estamos nas ruas, sindicatos e redes para dizer que a violência contra as mulheres é um assunto público e político. Por isso, em se tratando de briga de “marido e mulher nós metemos a colher”. 

Não toleramos a violência contra as mulheres e tampouco o discurso que atribui às próprias mulheres a culpa pela violência que sofrem. Refutamos a imposição de um padrão de comportamento para as mulheres e afirmamos que nossos corpos não estão à disposição do desejo dos homens. Estamos em luta para reafirmar que somos mulheres livres e trabalhadoras e que nada justifica a violência contra a mulher! Somos livres para usar a roupa que considerarmos adequadas e estamos unidas para denunciar e cobrar a punição dos agressores e assediadores, seja, no transporte público, na rua, no ambiente de trabalho ou doméstico!

Nós, mulheres trabalhadoras, moradoras da periferia e de bairros pobres vivemos a violência cotidiana da ausência de iluminação pública e segurança, o que nos coloca em constante estado de alerta diante de um possível agressor. Também sofremos com o transporte público precário e com o assédio dentro dos ônibus, trens e metrô.

Portanto, garantir o fim da impunidade também é nossa exigência. Reconhecemos que a Lei Maria da Penha significou um grande avanço, demonstrando que a violência contra a mulher não pode ser esquecida, mas deve ser julgada e punida. Essa conquista não se constitui como um ponto de chegada, mas um estímulo para que o Estado potencialize suas medidas para prevenir e coibir a violência contra a mulher e para estimular que mais mulheres rompam o silêncio, denunciem seus agressores e busquem apoio. Temos que conquistar mais delegacias especializadas no combate à violência contra a mulher e maior articulação de políticas públicas para as mulheres junto a setores como educação, transporte, saúde e segurança.

Ação pela correção do FGTS contempla só os sócios

A procura pela ação coletiva para recuperar as perdas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) tem sido grande e, em função disso, o Sindicato resolveu ampliar o prazo de sindicalização até o dia 30 de abril.   

A ação irá questionar a correção do FGTS atrelada à TR (Taxa Referencial), que nos últimos anos ficou abaixo da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

A lei do FGTS, que existe desde 1990, determina que o fundo seja corrigido pela TR mais juros de 3% ao ano. Porém, essa correção ficou várias vezes abaixo da inflação nos últimos 23 anos.

É importante observar que só tem correção a receber o trabalhador com carteira assinada depois de 1991. Antes desse período não existe perda a ser reivindicada. Outra questão importante é que mesmo quem sacou o FGTS tem direito a reivindicar as perdas. No entanto, elas serão referentes apenas ao período em que o dinheiro esteve aplicado no fundo.

Para mais informações, consulte a equipe de sindicalização ou o Departamento Jurídico, pelo tel. 3209-3811, ramal 214. 

Cuidado com os aproveitadores

Muitos trabalhadores estão sendo assediados por advogados que oferecem seus serviços nas redes sociais ou em panfletos distribuídos nas ruas. Eles informam sobre as perdas da correção do FGTS e se oferecem para abrir a ação mediante um pagamento adiantado a título de honorários. “Não explicam como é o processo e que há risco de a ação não ser vitoriosa. Além disso, mesmo que o trabalhador ganhe a ação, o dinheiro não irá para a mão dele, será depositado na conta do FGTS”, explica Elaine D’Ávila Coelho, assessora jurídica do Sindicato dos Químicos.

De acordo com a advogada, a forma mais segura de ingressar com a ação é a coletiva. Isso porque, no caso de perda da ação, o Sindicato arcará com as despesas do processo.