Proposta de fim da multa adicional do FGTS opõe empresários a trabalhadores

Ao confirmar para 3 de julho a votação do Projeto de Lei Complementar 200/2012, que acaba com a multa adicional de 10% sobre o FGTS devida pelos empregadores à União em casos de demissão sem justa causa, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reacendeu um debate que opõe empresários, sindicalistas e parlamentares.

Aprovado em agosto do ano passado no Senado, o projeto prevê a extinção da contribuição social – cobrada além dos 40% previstos em lei – criada em 2001 para que os empresários arcassem com uma parte das despesas com o ressarcimento aos trabalhadores pelas perdas nas contas do FGTS causadas pelos sucessivos planos econômicos lançados pelo governo. Somente os planos Verão (1989) e Collor I (1990) criaram, segundo o governo, um passivo de R$ 42 bilhões, o que, na ocasião, trouxe a necessidade de geração de patrimônio em igual montante para o FGTS.

Doze anos depois, os empresários, organizados em torno da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras entidades representativas do setor, querem o fim da contribuição social ou, como preferem chamar, multa adicional. As centrais sindicais, por sua vez, são contrárias à proposta e prometem se mobilizar até o segundo semestre para que a atual movimentação política dos empresários e seus representantes no parlamento não dê início a um novo ciclo de tentativa de rebaixamento de direitos conquistados pelos trabalhadores brasileiros.

Na linha de frente pela aprovação da extinção do recolhimento adicional de 10% ao FGTS, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou na terça-feira (28) o estudo “Adicional de 10% do FGTS: Um Peso Injustificável às Empresas”, no qual afirma que em 2011 as empresas brasileiras desembolsaram R$ 3,6 bilhões somente para honrar esse adicional.

Segundo a entidade, “a manutenção da contribuição de 10% não mais se justifica, pois o patrimônio do FGTS e da Caixa Econômica Federal (CEF), seu agente operador, não sofrem mais os problemas financeiros que motivaram sua criação”, uma vez que o déficit causado pelos planos econômicos foi totalmente coberto em julho do ano passado. Além disso, diz a Firjan, “a eliminação da contribuição adicional de 10% permitirá a redução da carga tributária para empresas de todos os setores e portes” e “certamente será um impulso à competitividade dos produtos e serviços brasileiros e à formalização do mercado de trabalho”.

Na opinião do presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, “é inaceitável” a manutenção da cobrança desses 10% adicionais aos empresários: “Apelamos ao bom senso dos parlamentares para que votem pelo fim de mais esse encargo imposto às empresas brasileiras”, diz. Gouvêa Vieira também promete “mobilizar a sociedade brasileira” até julho, data prevista para a votação do PLP: “Levar ao conhecimento da sociedade o custo de se manter a multa adicional de 10% sobre o FGTS nas demissões sem justa causa é mais um esforço do Sistema Firjan em favor da competitividade e da eliminação do ‘Custo Brasil’”, diz.

Fundo contra desemprego

Enquanto os empresários alegam que o objetivo para o qual foi criada a multa adicional já foi alcançado e querem deixar imediatamente de pagar esses recursos, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) afirma que estes deveriam ser destinados diretamente aos trabalhadores: “Nós achamos que essa variante de 10% deveria ser repassada a um fundo garantidor de empregos. Aqui no Brasil, seria de bom alvitre aproveitar esse debate entre 50% ou 40% e constituir essa diferença para a consolidação de um fundo que garantiria o emprego dos trabalhadores em momentos de crise econômica profunda”, diz o presidente da central, Vagner Freitas.

Freitas refuta a argumentação de que os empresários sofreram perdas desnecessárias nos últimos anos por conta desse adicional de 10% sobre a multa do FGTS: “O que nem a CUT nem as demais centrais aceitamos é simplesmente essa argumentação falsa do empresário que diz que já foi coberto o rombo do Fundo e que agora a multa pode voltar de 50% para 40%. Nós sabemos que durante a vigência dessa determinação os empresários embutiram esse custo nos preços. Pode ter certeza de que eles não tiveram problema nenhum com isso. O que eles estão querendo na realidade é mais uma vez colocar o dinheiro no bolso. Acho que melhor que isso seria a instituição desse fundo que, pelo menos, teria maior valor social e seria mais importante para o Brasil”, diz.

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), também critica a proposta: “Nós somos contra o fim dessa multa. Com o fim desses 10%, daqui a pouco os empresários vão querer voltar aos 10% iniciais. Por mais que esse recurso vá para o Tesouro Nacional, ele está sendo usado para desonerar a folha. As centrais sindicais ainda não discutiram a fundo, por falta de oportunidade, mas esse é um tema muito importante. Vamos retomar essa discussão e estaremos juntos para defender o interesse dos trabalhadores”, diz.

Correção da TR

O debate sobre o FGTS promete esquentar também na esfera judicial. Na terça-feira (28), as centrais sindicais Força Sindical, UGT, Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) deram entrada na Justiça do Distrito Federal em 33 ações que exigem o cálculo retroativo da Taxa Referencial (TR), usada para corrigir o Fundo. As ações afirmam que desde 1999, ano em que a TR começou a ser gradualmente reduzida, as perdas dos trabalhadores já acumulam 88,3%. Segundo as centrais, se comparadas a correção oficial do FGTS com a inflação registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), as perdas dos trabalhadores somam 11% somente desde 2011.

“A redução da TR é o maior assalto aos trabalhadores da história do país”, diz o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho. Secretária nacional de Cidadania e Direitos Humanos da Força, Ruth Coelho Monteiro afirma que a correção do FGTS “não tem sido feita de forma correta” pela Caixa Econômica Federal: “Os trabalhadores emprestam dinheiro para a construção de casas e para vários projetos que a CEF desenvolve, mas, na verdade, a remuneração do Fundo de Garantia não tem acompanhado nem mesmo os índices de inflação reais. É uma remuneração baixíssima, por isso a Força Sindical quer sua revisão”, diz.

Receita libera nos próximos dias consulta ao lote de restituição do IRPF 2013

A Receita Federal libera nos próximos dias a consulta ao primeiro lote de restituições do Imposto de Renda Pessoa Física 2013. A data de início da consulta ainda está sendo definida pelo órgão, mas o dinheiro das restituições referentes ao primeiro lote estará no banco no dia 17 de junho.

Ao todo, são sete lotes regulares. O último está previsto para o dia 16 de dezembro. O calendário de restituição está no Ato Declaratório 3 da Receita Federal publicado no Diário Oficial da União. Quem não receber a restituição até dezembro deve procurar o extrato no  site da Receita para ver o motivo de ter caído na malha fina.

Após o processamento, o extrato da declaração é disponibilizado no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) no qual se encontram outras informações relativas ao imposto de renda. Quem enviou as informações e identificou algum erro não precisa esperar o extrato. O ideal, segundo a Receita, é enviar uma declaração retificadora.

Para utilizar o e-CAC é necessário usar o código de acesso gerado na própria página da Receita ou o certificado digital emitido por autoridade habilitada. Para gerar o código, o contribuinte precisará informar o número do recibo de entrega das declarações de Imposto de Renda dos dois últimos exercícios. Com o código, o contribuinte pode fazer a autorregularização caso encontre algum erro.

 

Primeiro lote

17 de junho

Segundo lote

15 de julho

Terceiro lote

15 de agosto

Quarto lote

16 de setembro

Quinto lote

15 de outubro

Sexto lote

18 de novembro

Sétimo lote

16 de dezembro

 

 

Parada LGBT reúne 1,5 milhão

A 17ª Parada do Orgulho LGBT reuniu 1,5 milhão de pessoas na Avenida Paulista no último domingo, dia 2 de junho.  O tema deste ano foi “Para o Armário Nunca Mais, União e Conscientização na Luta contra a Homofobia”, com o objetivo de alertar as pessoas contra retrocessos e intolerância.

O Sindicato, como todos os anos, participou do ato representado pelas dirigentes Celia Alves dos Passos e Alessandra Cruz, ao lado de trabalhadores da categoria. Para Célia, a resolução promulgada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), no último dia 14 de maio, que garante o casamento entre pessoas do mesmo sexo, deve ter reflexos na convenção coletiva dos trabalhadores.  “A Justiça já reconheceu o direito, portanto as convenções coletivas também vão ter que contemplar o assunto”, observa.