Livro sobre Assédio Moral é lançado no México

Dois meses após seu lançamento oficial, o livro “Do Assédio Moral à Morte de Si – Significados Sociais do Suicídio no Trabalho” será lançado no México, no I Congresso Iberoamericano sobre Perseguição no Trabalho e Institucional. Além disso, o livro já foi lançado em diversos locais como Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Goiás, Bauru, Diadema e agora também faz parte da bibliografia do curso para docentes de Educação e Trabalho da UBA (Universidade de Buenos Aires).


O livro faz parte do trabalho do Sindicato pelo fim do Assédio Moral. Trabalho que traz grandes conquistas, como trouxe para uma companheira da categoria (não apresentaremos o nome para preservar a identidade da trabalhadora). Ela viveu uma história conhecida por muitos trabalhadores. Durante seis anos sofreu com o assédio de um chefe: “Eu ouvia palavras ofensivas dele o dia inteiro, as pessoas que viam falavam com ele, mas não adiantava”.


A companheira conta que não era a única a sofrer o assédio dentro do ambiente de trabalho, mas seus companheiros achavam que denunciar não daria em nada. Além disso, acreditavam que deveriam passar por cima dessa situação, pois precisavam do salário que ganhavam ali.
 

Só em 2010, quando procurou a ajuda do Sindicato, é que a companheira resolveu entrar na justiça e buscar os seus direitos. Aqui no Sindicato ela foi ouvida pela Dra. Margarida Barreto, na época, médica do trabalho da entidade, que a aconselhou a buscar ajuda de um advogado. A companheira ganhou recentemente a ação e recebeu sua indenização. Para ela, essa conquista “é uma porta aberta para que outros busquem seus direitos, assim como eu fiz e saí vitoriosa”.


 

Liminar suspende a lei que bane as sacolinhas plásticas

A tentativa de demonizar as sacolinhas plásticas como a grande vilã do meio ambiente não encontrou eco na Justiça. O Sindicato das Indústrias Plásticas do Estado de São Paulo conseguiu liminar que suspende a decisão tomada na Câmara Municipal de São Paulo contra a distribuição de sacolinhas plásticas nos supermercados da Capital.


Entre outros motivos parece inconstitucional a proibição de um tipo de material, até porque não há indícios concretos de mal ao meio ambiente, mas tão somente uma artimanha para promover o lucro desenfreado de um setor específico. O resultado, em primeira análise, é um custo maior nas compras dos consumidores.


A luta dos trabalhadores do setor contra a proibição dá conta que haverá um número elevado de desemprego na categoria e estudos mostram que a sacolinha não faz um mal maior que outros produtos ao meio ambiente. A Câmara Municipal terá 30 dias para se pronunciar, mas estamos confiantes numa decisão favorável.

O banco dos réus deveria, nesse momento, ter outro ocupante. A sugestão é que a mesma Câmara Municipal que aprovou o banimento das sacolinhas pense em um projeto que estabeleça o banimento da sujeira na cidade e a coleta seletiva, que é inexistente em São Paulo. Parece ser mais inteligente organizar o lixo do que tirar empregos de milhares  de trabalhadores.

Dia Nacional de Mobilização dos trabalhadores

A CUT organizou no dia 6 de julho o Dia Nacional de Mobilização em todo o país. Os dirigentes do Sindicato dos Químicos de São Paulo participaram da atividade na Capital paulista. Milhares de militantes sindicais e de organizações sociais querem intervir de forma decisiva em importantes questões nacionais como educação, terceirização, reforma política e tributária, trabalho decente, fim do Fator Previdenciário, entre outros temas. A manifestação também marca o início das campanhas salariais do segundo semestre, inclusive a dos setores Químicos, Farmacêuticos, Cosméticos, Tintas e Vernizes, Plásticos e Similares.

Há uma disputa na sociedade sobre o fator gerador de inflação e alguns setores defendem que os aumentos salariais e de benefícios aos trabalhadores são os principais motivos. A CUT e os movimentos sociais têm clareza que isso é uma grande bobagem e que o argumento é apenas criado por quem quer mais lucro e não quer pagar melhores e mais justos salários. A iniciativa não teve participação de outras centrais sindicais porque há o entendimento de que o conteúdo da pauta não seria o mesmo e também o enfoque da atividade. Ideologicamente a CUT tem uma posição muito diferenciada e, por isso, é importante uma atividade que a diferencie das demais centrais.

Principais Temas Discutidos

Convenção 87 e Imposto Sindical
Lutamos por liberdade e autonomia sindical; pelo fim do imposto sindical e a implementação de uma contribuição da negociação coletiva.

Reformas Política e Tributária
Por uma reforma política que amplie a democracia direta e que fortaleça a democracia representativa e por uma reforma tributária que seja progressiva com base na renda e no patrimônio.
 
Educação
Defesa da implantação do Plano Nacional da Educação com a destinação de 10% do PIB brasileiro para a educação; a ampliação da educação no campo e a qualificação profissional.
 
Trabalho Decente
Pela implementação da agenda do trabalho decente, com mais e melhores empregos, por igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, a luta contra a precarização e a terceirização, e a redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário; pelo fim do fator previdenciário e pela regulamentação da convenção 151 da OIT. 
 
Terceirização
A terceirização é responsável por acidentes de trabalho e vem sendo utilizada para precarizar as condições de trabalho, reduzir custos, enfraquecer o movimento sindical. Propomos o PL apresentado pelo deputado federal Vicentinho (PT-SP), restringindo a terceirização.
 
Convenção 151 da OIT
Precisamos aprovar rapidamente a regulamentação da 151, para que ela possa entrar em vigor em todo o território nacional, democratizando as relações de trabalho no setor público.
 
Fim do Fator Previdenciário
Milhões de trabalhadores aguardam as discussões sobre o fim do fator previdenciário para decidir o que fazer de suas vidas. Somos favoráveis ao Fim do Fator Previdenciário.
 
Alimentos
Defesa da reforma agrária, aprovação da PEC do trabalho escravo, do limite de propriedade da terra para diminuir a enorme concentração hoje existente; a mudança do modelo agrário, com a ampliação dos recursos e de políticas públicas para a agricultura familiar; a luta contra os agrotóxicos e contra os especuladores do agronegócio.

Termina prazo para matrícula dos aprovados na primeira chamada do ProUni

Termina nesta quarta-feira (6) o prazo para matrícula dos aprovados na primeira chamada do Programa Universidade para Todos (ProUni). A documentação necessária para a matrícula nas instituições particulares de educação superior pode ser conferida na página do programa, no site do Ministério da Educação (MEC).

A segunda chamada deverá ser divulgada na próxima terça-feira (12), com prazo para matrícula até o dia 19. A terceira e última chamada será publicada no dia 25, com prazo até o dia 29 para a matrícula.
 
Ao fim das três chamadas, os candidatos excluídos da pré-seleção ou pré-selecionados em cursos sem formação de turma podem manifestar interesse em entrar na lista de espera. O prazo para manifestação de interesse vai de 6 a 8 de agosto. A lista será usada pelas instituições de ensino participantes do programa para a oferta das bolsas ainda existentes.
 
Criado em 2004, o ProUni oferece a estudantes de baixa renda bolsas de estudos em instituições de educação superior
particulares em cursos de graduação e sequenciais de formação específica.
 
Para mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/2011/07/termina-nesta-quarta-prazo-para-matricula-dos-aprovados-na-primeira-chamda-do-prouni

Deputados apresentam proposta alternativa para crimes na internet

Um grupo de deputados apresentou uma proposta para punição de crimes cometidos na internet alternativa ao substitutivo do PL 84/99, apelidado de “AI-5 digital”. Sem incluir pontos criticados por ativistas digitais por ameaçar a privacidade na rede, como o armazenamento de dados dos usuários, a iniciativa mira principalmente invasores de sites e sistemas de informações e prevê penas que variam de dois meses a seis anos de reclusão.

A proposta alternativa, elaborada na Câmara, tem como autores as deputadas Manuela D’ávila (PCdoB-RS) e Luiza Erundina (PSB-SP) e os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), João Arruda (PMDB-PR), Brizola Neto (PDT-RJ) e Emiliano José (PT-BA). Os mesmos parlamentares conseguiram, há uma semana, adiar a votação do substitutivo de autoria do então senador e hoje deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
 
A iniciativa conjunta prevê menos crimes que o PL 84/99, que segundo Paulo Teixeira, “ameaça a privacidade, na medida em que manda guardar os dados de acesso à internet sem dizer como”. Manuela D’ávila afirma que “a proposta (de Azeredo) permite a criação de um espaço de vigilância na internet”.
 
O texto relatado pelo tucano, que apensou uma série de proposições sobre o tema, enfrentou duras críticas e ficou parado desde 2009. Um dos principais pontos polêmicos diz respeito à guarda por três anos, pelos provedores de conteúdo e de acesso, dos logs (arquivos com dados de endereçamento eletrônico da origem, hora, data e a referência GMT da conexão e do acesso).
 
Paulo Teixeira afirma que a discussão sobre o armazenamento de dados dos usuários é um tema que não deve ser debatido nesse projeto. “Isso tem que ser feito na proposta de marco civil da internet”, observa.
A nova proposição ainda traz um destaque que agrava a pena em um terço daquele que obtiver dados confidenciais, instalar vulnerabilidade em um sistema ou ainda destruir ou alterar arquivos particulares.

Ex-presidente Itamar Franco morre aos 81 anos em São Paulo

O senador e ex-presidente da República Itamar Franco (PPS) faleceu na manhã deste sábado (2), aos 81 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 21 de maio para tratamento de leucemia.

Em nota divulgada há pouco, o hospital informou que o falecimento de Itamar se deu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Itamar morreu às 10h15 de hoje. De madrugada, ele sofreu o AVC, entrou em coma e acabou não resistindo.
 
O tratamento quimioterápico contra a leucemia surtiu efeito, mas, posteriormente, o senador contraiu uma pneumonia. Itamar foi internado na unidade de terapia intensiva nesta semana e seu estado de saúde piorou nesta sexta-feira, quando passou a respirar com a ajuda de aparelhos.
 
O ex-presidente será velado nas cidades mineiras de Juiz de Fora e Belo Horizonte, onde seu corpo será cremado.
Itamar Franco nasceu em 28 de junho de 1930 e chegou à Presidência da República em 1992, após a renúncia de Fernando Collor de Mello, envolvido em denúncias de corrupção. O senador, que exercia atualmente a vice-presidência do PPS, foi também governador de Minas Gerais e prefeito de Juiz de Fora.
 
Para mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2011/07/ex-presidente-itamar-franco-morre-aos-81-anos-em-sao-paulo

Governo afasta quatro integrantes da cúpula do Ministério dos Transporte por suspeita de cobrança de propina

O Ministério dos Transportes comunicou neste sábado (2) o desligamento temporário de quatro servidores citados em reportagem da revista Veja desta semana. Segundo a publicação, há um esquema no ministério de pagamento de propina para integrantes do PR – partido do ministro Alfredo Nascimento -, em troca de contratos de obras.

De acordo com a nota oficial, na próxima segunda-feira (4) será formalizado o afastamento do chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa da Silva, do assessor do gabinete, Luís Tito Bonvini, do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luís Antônio Pagot, e do diretor-presidente da empresa pública de ferrovias Valec, José Francisco das Neves.
 
O comunicado do ministério diz que Alfredo Nascimento “rechaça, com veemência, qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de qualquer ato político-partidário envolvendo ações e projetos do Ministério dos Transportes”.
 
O ministro decidiu instaurar uma sindicância interna para apurar o suposto envolvimento de dirigentes nos fatos mencionados pela revista. Também foi pedida a participação da Controladoria-Geral da União (CGU).
 
Para mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2011/07/governo-afasta-quatro-integrantes-da-cupula-do-ministerio-dos-transporte-por-suspeita-de-cobranca-de-propina

Mobilizações da CUT em 6 de julho dão início às campanhas do segundo semestre

 A Central Única dos Trabalhadores (CUT) irá realizar na próxima quarta-feira (6) uma série de mobilizações em todo o país que, de forma simbólica, dão início às campanhas salariais de diversas categorias no segundo semestre. Temas ligados às futuras reivindicações, a valorização da educação e um modelo de distribuição de renda que descentralize a política econômica e a importância do aumento real para a economia serão destacados durante os atos.

Movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Central de Movimentos Populares (CMP), a Marcha Mundial de Mulheres, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e outras entidades da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) participarão dos atos em apoio ao processo.
 
O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, lembra que pautas como a jornada de 40 horas semanais, o combate à terceirização e aprovação do Plano Nacional de Educação serão colocadas em discussão. “Queremos retomar toda a pauta que tivemos no Congresso Nacional de março, em conjunto às campanhas salariais do segundo semestre. Este é um momento importante para os trabalhadores ampliarem a distribuição de renda. Não acreditamos no argumento de que salário cria inflação, pelo contrário”, disse.
 
O presidente da CUT, Artur Henrique, explicou o porquê de a CUT não realizar ato unificado com as demais centrais. “A diferença não é só de pauta, mas de concepção e prática, mesmo nos pontos em que supostamente há convergência. A proposta deles não tem uma linha sobre negociação coletiva”, criticou. Segundo ele, o impasse sobre o fim do fator previdenciário e sobre a terceirização também influenciaram para a decisão.
 
“Nós somos contra, mas algumas centrais querem fortalecer as empresas prestadoras de serviço para ampliar alguns sindicatos, mesmo que isso signifique a morte de trabalhadores e
menores salários”, disse o dirigente.
 
Atividades nas capitais
A segunda edição da Marcha dos Catarinenses abriu as atividades no sul do país. Segundo a CUT-SC, cerca de 4 mil pessoas compareceram à mobilização na sexta-feira (1º) para cobrar trabalho decente e políticas públicas que visem ao desenvolvimento e estimulem a valorização da renda. Na avaliação do presidente da CUT-SC, Neudi Antonio Giachini, o governador Raimundo Colombo (ex-DEM) não dá reconhecimento às categorias do estado.
 
“É um governo que não tem compromisso com a sociedade. Defendemos a realização de conferências regionais, mas o governo já alegou que não tem recursos. Se levarmos como base os anos anteriores, quando o governo catarinense deixou de lado as conferências, sendo que a maioria foi realizada por vontade e articulação dos movimentos organizados, teremos grandes desafios pela frente”, pontuou o dirigente.
 
Em São Paulo, a mobilização será realizada a partir das 10h na Praça da Sé. Para o presidente da CUT no estado, Adi dos Santos Lima, as reivindicações atingem o cotidiano dos paulistas. “Faremos um grande ato no centro da cidade para levarmos à população paulista nossas reivindicações e lutas do próximo período. Explicaremos, por exemplo, a política de privatização realizada no estado há anos, como no caso dos pedágios, que neste mês de julho chegaram a ter o aumento de até 9,77%”, disse o dirigente. Cerca de 10 mil militantes são esperados em passeata, até a Praça do Patriarca.
 
A mobilização no Rio de Janeiro seguirá o lema dos aumentos reais dos salários e o fim do fator previdenciário. Em especial, as reivindicações terão exemplos recentes dos movimentos que acontecem na cidade, como a dos servidores públicos da saúde, educação e segurança. A concentração do ato ocorrerá na Igreja da Candelária, região central da capital fluminense.
 
Na Bahia, haverá ato também neste sábado (2), durante desfile cívico que marca a separação definitiva de Brasil e Portugal, com bandeiras do Dia Nacional da Mobilização. No dia 6, os militantes farão panfletagem no centro de Salvador pela manhã e à tarde, na estação de transbordo de Cajazeras.
 
Para conferir a programação completa das capitais, visite o site da CUT Nacional.

Um mês após morte de camponeses, Ibama fecha madeireiras de Nova Ipixuna

Pouco mais de um mês após a morte do casal de líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna (PA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contabiliza o fechamento de todas as 12 madeireiras que atuavam no município. A região é um polo madeireiro mas, atualmente, toda e qualquer atividade do setor é considerada ilegal por falta de licença ambiental, de acordo com o órgão.

Segundo dados atualizados do Ibama, cerca de 30 fiscais começaram, nesta quinta-feira (30), a retirar máquinas e madeira dos estabelecimentos. Eles contam com apoio de homens do Exército, da Força Nacional e da Polícia Federal.
 
A Operação Disparada, iniciada em 28 de março com frentes em outros três municípios paraenses (São Felix do Xingu, Santana do Araguaia e Pacajá), pediu a cassação de todas as 12 licenças ambientais de madeireiras e serrarias de Nova Ipixuna, pelo histórico de reincidência de práticas ilegais.
 
Foram arrecadados R$ 3,4 milhões em multas aplicadas desde o final de maio. As apreensões somam 768 m³ de madeira em tora e 631m³ de madeira serrada, além do embargo de 315 hectares de áreas desmatadas.
 
Para o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Rodolfo Salm, praticamente toda a exploração madeireira na região amazônica infringe a lei. Mesmo em explorações formalmente legalizadas, não se tem clara a amplitude dos efeitos sobre a floresta.  “A indústria madeireira na Amazônia por si só já causa um grande impacto”, define o professor.
 
Paulo Vinicius Marinho, gerente-executivo do Ibama em Marabá (PA), conta que todas as madeireiras já receberam algum tipo de autuação do Ibama. Mas a Secretaria de Meio Ambiente do Pará, por muitas vezes, concedia licença ambiental novamente. “Nós conseguimos o cancelamento das licenças pela própria insustentabilidade dessas serrarias na região”, destaca.
 
O Ibama reconhece que apesar de fiscalizar por meio de operações aquela região do estado desde 2007, apenas em maio deste ano, após a morte dos extrativistas e da evidente ação ilícita de madeireiros, o órgão intensificou a fiscalização.
 
Reação aos crimes
Ele afirma que o órgão se baseia prioritariamente na apuração de crimes ambientais – alguns deles, inclusive, denunciados pelo próprio casal assassinado. Porém, Marinho diz que não compete ao Ibama promover ações em áreas onde se encontram lideranças rurais ameaçadas de morte. Ao órgão, segundo ele, cabe apenas apurar denúncias de crimes ambientais e analisá-las. “Vale dizer que o Ibama é um orgão de proteção ambiental, não é um orgão de segurança pública”, pontua.
 
Ele conta que no caso do assassinato do casal em Nova Ipixuna uma reunião foi realizada logo após o crime, na qual participaram representantes do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Meio Ambiente, Ministério Público Federal e Polícia Federal. Foram definidas ações de cada órgão diante da visibilidade do caso.
 
No entanto, o professor Rodolfo Salm acredita que as ocorrências na região Amazônica, como assassinatos, desmatamento e extração ilegal de madeira não são exceção, mas representam a regra na região.
 
O gerente-executivo do Ibama detalha a ação no município paraense: “O município está na posição 68ª no ranking do desmatamento, tinha ações fiscalizações pontuais, mas não tão energéticas como em outros municípios que exigem uma presença maior do Ibama. Quando aconteceu o assassinato do casal, houve a necessidade tanto para dar uma resposta à sociedade e à altura do crime cometido de se fazer uma ação mais impactante.”
 
A ideia então, segundo o gerente do Ibama, foi combater  todo o polo, seja serrarias, seja quem, de fato, realiza o desmatamento. “O colono não derruba a madeira dele, se ele não tem pra quem vender”, analisa.
 
Ele explica que, durante a operação, o Ibama vem realizando uma comunicação contínua com o Incra, oferecendo informações referentes ao comércio de lotes. Marinho admite que há claros indícios de que assentados pelo programa de reforma agrária estejam cometendo crimes ambientais, principalmente a extração ilegal de madeira.
 
A Secretaria de Meio Ambiente do Pará foi procurada para confirmar a cassação das licenças e responder sobre como se dá a obtenção de licenças ambientais por madeireiras, mas não respondeu à solicitação da Rede Brasil Atual.
 
Para mais informações acesse: http://redebrasilatual.com.br/temas/ambiente/2011/06/um-mes-apos-morte-de-lideres-extrativistas-nova-ipixuna-fecha-todas-as-madeireiraswww.

Para cobrar pedágio de motorista irritado, só com bom humor

Sob sol forte ou chuva intensa, os arrecadadores de pedágio trabalham em cabines ou na pista dos pontos de cobrança para garantir a passagem rápida de veículos em 227 praças de pedágio no estado de São Paulo. O estado tem o maior número de pontos de cobrança do Brasil.

A função, relativamente nova, cresce com a expansão dos pedágios no país. A rotina de quem mantém as praças oscila entre o desafio de atender bem e rapidamente e o perigo de trabalhar entre veículos de todo tipo e tamanho. Somado ao convívio nem sempre harmonioso com o público.
 
O dia é de sol, mas o vento forte que atinge a praça de pedágio é tão intenso quanto o ruído de caminhões e carros que passam aos milhares pela praça de Barueri (a 20 quilômetros do centro da capital paulista).
 
A arrecadadora de pedágio Tairini Figueiredo é preparada para atender em cabines e pista, mas gosta mesmo de atender os carros que param com problemas no asfalto, próximo às cabines, diz. Apesar do perigo, ela anda com desenvoltura e segurança entre as ilhas de concreto que separam os módulos de cobrança. O local parece um labirinto de asfalto, concreto, cancelas e veículos barulhentos. “Eu já me acostumei e mantenho atenção redobrada”, explica.
 
Na pista, a trabalhadora atende os motoristas que passaram na cabine errada ou esqueceram a carteira em casa, por exemplo. Sempre que a sirene soa é sinal de que houve um imprevisto e os arrecadadores de pista correm contra o tempo para liberar o motorista o mais rápido possível.
 
Gentileza gera gentileza
A disposição de Tairini em resolver problemas nem sempre é bem interpretada pelos motoristas. “O carro não pode ficar parado”, ensina Tairini. Agressões verbais são comuns e junto com acidentes são o principal problema dos trabalhadores ouvidos pela Rede Brasil Atual.
 
Neste dia 1º de julho, quando passam a valer as novas tarifas nos pedágios do estado de São Paulo, com aumentos de até 10%, os atendentes já imaginam que vão ouvir no mínimo algumas brincadeiras. “O assalto vai ser com arma ou sem arma”, ironizam motoristas ao passar pelo local de cobrança. “Eu respondo com tranquilidade e discrição sem retrucar ou atacar”, explica a arrecadadora Aline Garcia, entrevistada na cabine de pedágio. “Somos preparados para lidar com todo tipo de situação”, argumenta.
 
Além do aumento do preço, a principal reclamação dos motoristas é sobre a própria existência do pedágio. Mas a irritação decorrente de problemas pessoais dos usuários também sobra para os profissionais que trabalham nas praças. “Tem gente que nos coloca para cima e tem gente que nos coloca para baixo”, detalha Aline.
 
Ela já passou por humilhações de usuários, mas diz ter uma receita infalível. “Eu quebro qualquer falta de educação com educação e gentileza”, diz a trabalhadora, que cursa psicologia.
 
Para Tairini, o segredo do trabalho é ser atenciosa com o usuário e se manter atenta com as vias que oferecem risco de atropelamento. “Ao encontrar uma pessoa irritada, meu desafio é que ela saia bem daqui, mais calmo pelo menos”, indica.
 
Episódios de maus tratos por parte de quem passa pelo pedágio e de acidentes são discutidos pelos menos três vezes por semana em reuniões com a chefia e quando necessário com psicólogos. “Eu aprendi: o que acontece aqui, fica aqui”, aponta o arrecador Valdomiro Lopes Jr.
 
Tairini chegou a ser alvo de ataque de um usuário, que jogou o carro em cima da trabalhadora e depois fugiu. “Eu atendia uma pessoa na lateral da pista, quando percebi o carro passou e levou meu RT (rádio). Meu equipamento quebrou o retrovisor, se não fosse isso eu teria sido levada pelo carro. Fiquei abalada de início, mas me recuperei”, lembra, ainda sem entender o motivo do quase atropelamento.
 
A rotina literalmente corrida e o desafio de lidar com o público são as principais motivações da arrecadadora. “Lidar com o público não é para qualquer um. Aqui é um microcosmo da sociedade. Lidar com pessoas diferentes e poder ser útil e gentil é o que me anima”, revela.
 
Dois metros por um
Aline trabalha numa cabine de dois metros por um, aproximadamente, durante sete horas diárias. Quando a reportagem entrou na cabine, ela ainda atendia algumas pessoas que estavam na fila até que o fechamento do local começasse a valer.
 
Uma motorista parou no pedágio, pagou a tarifa e manteve-se ao celular todo o tempo. Segundo Aline, 90% dos usuários passam pelo local ao telefone. “A não ser quando há blitze da polícia”, lembra.
 
Ela também diz perceber que parte dos motoristas passa desatento. Em geral, os motoristas não recordam se já pagaram ou qual valor foi entregue à atendente. “Outro dia um usuário me deu R$ 100. Eu perguntei se ele tinha nota de R$ 20. Aí ele percebeu a troca de notas”.
 
Aline tem de 12 segundos a 1 minuto para atender cada carro. Em média ela diz que atende 390 veículos por hora, independentemente de ocorrências que possam atrapalhar o procedimento padrão.
 
Além de atender com gentileza e realizar a cobrança da tarifa de pedágio, muitas vezes os arrecadadores têm de acalmar motoristas irritados ou com problemas. Aline já atendeu uma usuária que foi avisada ao passar pela cabine que o filho fora acidentado. A profissional teve de garantir atendimento médico para a passageira.
 
Lidar com artistas, famosos e casos inusitados também fazem parte do dia a dia. “Temos de ter educação e discrição a todo momento não importa se é famoso ou se vemos algo estranho acontecer no carro”, diz. O lado cruel do trabalho, segundo a futura psicóloga, são os acidentes, causados em geral por motoristas desatentos. “Às vezes ocorrem pequenas batidas traseiras, um vai batendo no outro. Às vezes o usuário passa bêbado”, descreve Aline.
 
Se o lado difícil são as pessoas, o lado bom do trabalho também são elas. “Um dia nunca é igual ao outro. Gosto muito de ver pessoas diferentes”, explicita.
 
Para mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/trabalho/2011/07/arrecadadores-de-pedagio-apostam-no-bom-humor-para-lidar-com-usuarios-irritados