Lula reafirma em São Bernardo que deixa a Presidência, mas não a política

São Bernardo do Campo (SP) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado na noite do dia 1º em São Bernardo do Campo. Ao chegar à cidade em que iniciou a carreira política, ele foi recebido com festa e falou sobre seu futuro: “O fato de eu ter deixado a Presidência da República não significa que eu deixei a política.”

A festa foi organizada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em frente ao prédio em que Lula voltará a morar. Cerca de 2 mil pessoas participaram do evento, apesar da garoa que caia em São Bernardo.

O ex-presidente chegou por volta das 22h45, com mais de três horas de atraso. Foi recebido com uma bateria de fogos de artifício, com a música-tema das vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1 e aplausos.

Emocionado, Lula começou o discurso dizendo que não falaria muito, pois não queria mais chorar. Agradeceu aos colegas de partido pela festa, ao prefeito de São Bernardo do Campo, o petista Luiz Marinho, pela recepção e ao apoio da população.

O ex-presidente lembrou dos problemas enfrentados durante os dois mandatos e disse que sofreu preconceito por ser metalúrgico e não ter diploma universitário. Lembrou ainda os altos índices de aprovação de seu governo para dizer que deixa a Presidência satisfeito. “Volto para casa com a cabeça erguida e com a sensação de dever cumprido”, afirmou.

Lula ainda pediu o apoio dos cidadãos à presidenta Dilma Rousseff. “Amem a Dilma como vocês me amaram.”.

Ele disse também que está orgulhoso de entregar a faixa presidencial à primeira mulher eleita presidente do Brasil. Afirmou ainda que estará pronto para ajudá-la sempre que for convocado.

“Eu quero descansar pelo menos 20 dias para começar a pensar o que eu vou fazer neste país”, afirmou. “Se a companheira Dilma me convocar, estarei pronto para ajudar.”

Mais Informações: http://agenciabrasil.ebc.com.br/ultimasnoticias?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=3154200

Conheça os ministros do governo Dilma Rousseff

A presidente eleita Dilma Rousseff definiu nesta quarta-feira, 22, os últimos integrantes de sua equipe ministerial.

Dos 37 auxiliares, 17 são filiados ao PT, seis ao PMDB e dois ao PSB. O PP, o PDT, o PR e o PCdoB ficaram com uma pasta cada um. Há nove mulheres na equipe.

Veja abaixo os ministros do futuro governo que assume em 1º de janeiro:

* AGRICULTURA – Wagner Rossi (PMDB) – Fazendeiro de Ribeirão Preto (SP) com extensa carreira em cargos públicos, é formado em Direito pela USP com diversos cursos de pós-graduação, alguns no exterior. Foi deputado federal por três legislaturas e deputado estadual por duas em São Paulo, além de ter assumido diversas secretarias paulistas.

* BANCO CENTRAL – Alexandre Tombini – Funcionário do BC desde 1995, tem experiência no combate à inflação, mas terá que mostrar capacidade de resistir a pressões políticas. Aos 46 anos, trabalhou na formulação do regime de metas de inflação.

* CASA CIVIL – Antonio Palocci (PT) – Ex-ministro da Fazenda da gestão Lula (2003-2006), deixou a pasta sob escândalo e retorna como homem de bastidor que faz a ponte do governo com setores da economia. Na Fazenda, obteve a confiança do mercado financeiro pela austeridade com as contas públicas e na Casa Civil terá a função de coordenar as ações de governo. Tem 50 anos.

* CIDADES – Mário Negromonte (PP-BA) – Deputado e advogado de 60 anos, já pertenceu ao PMDB e PSDB. Va substituir Marcio Fortes, também do PP. Muito cobiçada, a pasta de Cidades, criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, é responsável pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

* CIÊNCIA E TECNOLOGIA – Aloizio Mercadante (PT) – Economista e senador eleito com mais de 10 milhões de votos em 2002, saiu derrotado das eleições para o governo paulista em 2006 e 2010. Sem mandato a partir do ano que vem, foi contemplado com o ministério. Aos 56 anos, ensaiou deixar a liderança do PT no Senado para marcar sua insatisfação contra orientação da direção do partido pelo arquivamento de processos contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

* CULTURA – Ana de Hollanda – Irmã do compositor Chico Buarque de Hollanda, é atriz e cantora. Tem 62 anos e foi diretora do centro de música da Funarte. Ela estreou em 1964 em show musical no colégio Rio Branco, integrando o vocal Chico Buarque e As Quatro Mais, em SP. Após divulgação de seu nome para integrar ministério, postou no twitter que “o desafio é enorme, mas nada que seja impossível para quem respira cultura”.

* COMUNICAÇÕES – Paulo Bernardo (PT) – Sem ter concluído curso universitário, o ex-bancário de 58 anos, eleito três vezes deputado federal pelo Paraná, direcionou sua vida política a assuntos relacionados a finanças públicas, caminho que o levou a ser escolhido para assumir o Ministério do Planejamento de Lula em 2005. Terá como desafios assumir o novo marco regulatório das comunicações e introduzir o Plano Nacional da Banda Larga.

* DEFESA – Nelson Jobim (PMDB) – Chegou ao comando da Defesa em 2007 em meio ao caos aéreo, após o acidente com um avião da TAM em São Paulo. No seu currículo, possui a marca de ter ocupado cargos de primeiro escalão nas três esferas de poder. Gaúcho de 64 anos, foi indicado ministro do Supremo Tribunal Federal em 1997 e presidiu a Corte entre 2004 e 2006. Já foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul e comandou o Ministério da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso.

* DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – Afonso Florence (PT) – Sua indicação mantém a Democracia Socialista (DS), tendência do PT, à frente da pasta que cuida da reforma agrária, repetindo medida do governo Lula. Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, era secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia até este ano. Tem 60 anos e elegeu-se deputado federal neste ano.

* DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – Fernando Pimentel (PT) – Ex-prefeito de Belo Horizonte e militante contra a ditadura militar, é um dos fundadores do PT. Formado em Economia e mestre em Ciências Políticas, é amigo pessoal de Dilma Rousseff. Deixou a coordenação da campanha da petista após citação em escândalo. Saiu derrotado da eleição ao Senado em Minas. Tem 59 anos.

* DESENVOLVIMENTO SOCIAL – Tereza Campello (PT) – É subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil, onde se dedica ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e atua desde agosto de 2004. É gaúcha, economista e foi secretária do governo do Rio Grande do Sul antes de atuar no governo de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.

* EDUCAÇÃO – Fernando Haddad (PT) – Assumiu a pasta em 2005 e tem a confiança de Dilma. Foi mantido no posto mesmo após dois momentos críticos relacionados ao Enem. Paulistano, de 47 anos, liderou a expansão das universidades federais e o programa Prouni.

* ESPORTE – Orlando Silva (PCdoB) – Baiano de Salvador, chegou ao comando da pasta em 2006. Aos 39 anos, leva no currículo a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, e a conquista dos direitos para sediar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.

* FAZENDA – Guido Mantega (PT) – Aos 61 anos, foi mantido no cargo que ocupa há cinco anos no governo Lula. Sob sua gestão, a economia brasileira cresceu de forma consistente em meio a críticas de pouco rigor com as contas públicas. O desempenho econômico favorável, que levou as taxas de desemprego a mínimas históricas, foi decisivo para garantir a eleição de Dilma Rousseff, mas não assegurou a Mantega a preferência de analistas do mercado financeiro.

* INTEGRAÇÃO NACIONAL – Fernando Bezerra Coelho (PSB) – Pernambucano de Petrolina, Bezerra, de 53 anos, atuava como secretário de Desenvolvimento de Pernambuco. Foi prefeito de sua cidade natal por três vezes. Elegeu-se também deputado estadual, em 1982, e deputado federal, quatro anos depois. Foi a principal indicação do PSB no governo Dilma.

* JUSTIÇA – José Eduardo Cardozo (PT) – Advogado paulistano de 51 anos, é secretário-geral do PT e foi coordenador da campanha eleitoral de Dilma. Atuou na primeira gestão da Prefeitura de São Paulo com a prefeita Luiza Erundina (1989-1992). Deputado federal por dois mandatos, desistiu de concorrer na última eleição.

* MEIO AMBIENTE – Izabella Teixeira – Brasiliense, é bióloga e funcionária de carreira do Ibama desde 1984. Tem mestrado em Planejamento Energético e doutorado em Planejamento Ambiental e se mantém à frente da pasta que assumiu em abril deste ano.

* MINAS E ENERGIA – Edison Lobão (PMDB) – Já ocupou a pasta no governo Lula. Reeleito para o Senado pelo Maranhão nas eleições de outubro, Lobão, de 74 anos, é ligado ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Antes sem experiência em energia, conquistou a confiança da presidente eleita.

* PLANEJAMENTO – Miriam Belchior (PT) – Coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula, de 52 anos, foi secretária da prefeitura petista de Santo André e é viúva do ex-prefeito da cidade Celso Daniel. Levará para o Planejamento a gestão do PAC.

* PREVIDÊNCIA SOCIAL – Garibaldi Alves (PMDB-RN) – Aos 63 anos, foi eleito este ano para um terceiro mandato de senador. Com intensa carreira política, foi duas vezes governador do Rio Grande do Norte, prefeito de Natal e três vezes deputado estadual. Presidiu o Senado entre 2007 e 2009. É formado em direito e jornalista de profissão.

* RELAÇÕES EXTERIORES – Antonio Patriota – Ex-embaixador do Brasil em Washington, tem boas relações com autoridades norte-americanas. Patriota, de 56 anos, defende a ampliação da relação do Brasil com a África e a busca por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

* RELAÇÕES INSTITUCIONAIS – Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira (PT) – Deputado federal reeleito para um quarto mandato a partir de 2011, é presidente do PT-RJ e foi líder da bancada na Câmara entre 2007 e 2008. Ex-metalúrgico, trabalhou no estaleiro Verolme em Angra dos Reis e presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade em 1987. Em 1993, assumiu a prefeitura de Angra dos Reis (RJ). Tem 52 anos.

* SAÚDE – Alexandre Padilha (PT) – Médico infectologista graduado pela Unicamp com pós na USP, de 39 anos, é militante petista desde o movimento estudantil. Em 2009 assumiu a pasta das Relações Institucionais, responsável pela articulação política. Ainda quando ocupava a subchefia de Assuntos Federativos do Planalto acompanhava a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff em reuniões da base aliada. Foi diretor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

* TRABALHO – Carlos Lupi (PDT) – Representante do PDT no primeiro escalão, comandou a pasta no governo Lula a partir de 2007 e alavancou a geração de empregos. Usou os instrumentos que estavam ao seu alcance, como o conselho curador do FGTS e o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), para expandir o crédito durante a crise econômica mundial de 2008/2009.

* TRANSPORTES – Alfredo Nascimento (PR-AM) – Derrotado na disputa pelo governo do Amazonas neste ano, Nascimento já comandou a pasta nos dois mandatos do presidente Lula. Foi prefeito de Manaus e eleito senador em 2006.

* TURISMO – Pedro Novais (PMDB- MA) – Advogado, exerce seu sexto mandato como deputado federal. Tem 80 anos e elegeu-se pela primeira vez em 1983. Antes, foi deputado estadual, em 1979. Já integrou as comissões de Orçamento, Constituição e Justiça e Finanças e Tributação. Há duas denúncias contra ele publicadas na imprensa depois de sua indicação.

* SECRETARIA-GERAL – Gilberto Carvalho (PT) – Chefe de gabinete de Lula desde 2003, é amigo pessoal e homem de confiança do presidente. Paranaense nascido em 1951, é católico praticante ligado à Igreja Católica. Fará a ponte do governo com entidades da sociedade civil.

* SECRETARIAS: Moreira Franco (PMDB-RJ) (Assuntos Estratégicos); senadora Ideli Salvatti (PT-SC) (Pesca e Aquicultura); deputada Maria do Rosário (PT-RS) (Direitos Humanos); Luiza Helena Bairros (PT) (Igualdade Racial); Helena Chagas (Comunicação); Leônidas Cristino (PSB) (Portos), deputada Iriny Lopes (PT) (Políticas para as Mulheres)

* ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO (AGU) – Luís Inácio Lucena Adams, mantido; CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO (CGU) – Jorge Hage, mantido; GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL (GSI) – general José Elito Siqueira; CHEFE DE GABINETE – Giles Azevedo.

Mais Informações: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=279552

Erradicação da pobreza e união de forças no centro do governo Dilma

Em seu discurso de posse, no Congresso Nacional, na tarde do sábado (1º), a presidente Dilma Rousseff destacou seu compromisso com a continuidade dos avanços conquistados pelo governo Lula, realçou o orgulho por ser a primeira mulher a governar o país e deu especial importância ao desenvolvimento com inclusão social como metas prioritárias de seu governo.

A cerimônia de posse da nova presidente começou sob forte chuva, o que impediu a realização do desfile de Dilma e o vice, Michel Temer, em carro aberto, num percurso de cerca de dois quilômetros entre a Catedral de Brasília e o Congresso.

Do lado de dentro, a nova presidente iniciou seu discurso lembrando que, pela primeira vez, a faixa presidencial seria colocada sobre os ombros de uma mulher. “Hoje é um dia em que todas as mulheres devem sentir orgulho de ser mulher.”

Em seguida, Dilma disse abriu a exposição de sua plataforma de governo afirmando que foi eleita para fazer o Brasil”avançar no caminho de ser uma nação geradora das mais amplas possibilidades” a todos os brasileiros.

Disse que vai encaminhar reformas institucionais há tempos reivindicadas pela sociedade, como as reformas política e tributária. Reiterou ainda que programas já em andamento, como o PAC e o Minha Casa, Minha Vida, seguirão como principais promotores do desenvolvimento do país.

O ponto alto de seu discurso, que durou cerca de 40 minutos e que foi interrompido várias vezes por aplausos, foi quando ela lembrou o discurso de posse de Lula, que em 2003 disse que seu principal objetivo era o de erradicar a pobreza e a fome. “A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.”

A presidente citou as UPPs e o caso do Rio de Janeiro para falar sobre segurança pública, mas este foi o tema que mereceu o menor tempo de seu discurso. Em seguida, abordou o fortalecimento pretendido do sistema público de saúde e de educação. “Só existirá educação de qualidade se o professor for tratado como a verdadeira autoridade (no assunto).”

Memória

Dilma emocionou-se ao lembrar que muitos companheiros dos tempos de combate à ditadura não puderam compartilhar o momento de sua chegada ao Planalto. Em seguida, porém, afirmou não guardar mágoas ou ressentimentos, prometendo governar com todas as forças políticas do país, inclusive as que não apoiaram sua candidatura.

 

Mais informações: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2011/01/posse