Na carteira de identidade ele é Reginaldo Ferreira da Silva, mas todos o chamam de Ferréz, homenagem dele a outro Ferreira – o Virgulino, conhecido como Lampião – e a Zumbi dos Palmares, de quem tirou o Z.
Um artista? Como assim? As pessoas se definem assim quando fazem algo artístico, no seu caso, escrevem… É, eu estou mais para autista. Tem essa letra diferente aí do “r” para o “u”. Eu acho que sou bem mais autista porque tenho vontade de construir um mundo próprio bem melhor.
Acho que é positiva. Acabei virando uma espécie de exemplo. As mães passam por mim com os filhos e dizem “olha, você tem que estudar, pra ficar inteligente assim”.
Alguns estados proibiram: Bahia, Minas Gerais. Algumas pessoas não entendem o propósito, né? Parece que as crianças precisam ler a Disney.
Todo escritor tem que ter uma escola de linguagem, e a minha escola de linguagem é o rap, que me ensina gíria. Eu me considero do hip-hop também. Tem vários escritores que também tiveram movimento na música. Eu sou um cara que precisa disso, dessa música. E o rap é uma música mais real.
Estamos montando um instituto para o ano que vem. A gente já tem projetos sociais há muito tempo, e tivemos essa ideia do instituto. O que a gente quer com o instituto é poder apresentar o bairro de uma forma legal, né? Estamos terminando de fazer o estatuto, tem muita gente legal.
Tem o pessoal da Atitude Brasil, tem muita gente ajudando a gente, o próprio Alexandre de Maio também. E vários empresários aqui da região que querem que o bairro melhore junto com a gente.
Estou escrevendo há seis anos esse livro novo, que se chama Deus foi Almoçar. Já deu muito trabalho, mas vou lançar este ano. A revista em quadrinhos, em parceria com o Alexandre de Maio, já tem vários anos que a gente está fazendo. Agora já é uma revista com mais de 150 páginas e a gente está entrando em contato com as editoras para publicar. A revista se chama Mil Fitas. Tem um lado criminal, mas fala bastante do lado humano dos caras, o lado problemático, de solidão também.
É a nossa história. É a prova de que as pessoas se interessam pelo nosso convívio. Enquanto as pessoas aqui nos censuram, outras querem saber um pouco da nossa história.