Lula diz que quando há exagero decide pelo veto, ao comentar aprovação dos royalties do pré-sal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou hoje (10) a aprovação pelo Senado de emenda que distribui os royalties do pré-sal igualmente entre estados e municípios. Lula não disse se vetará a decisão caso ela seja aprovada também na Câmara, mas disse que quando há exagero, ele decide pelo veto. Ele voltou a afirmar que em ano eleitoral os parlamentares ficam pressionados a votar facilidades e benesses.

“É um momento quase que atípico de votação, há quem diga que não se deveria votar nada em ano eleitoral. De qualquer forma, acho que o Congresso contribuiu muito com meu governo, votou 99% das coisas quando queríamos que fossem votados, quando há algum exagero, eu veto”, disse Lula em Aracaju (SE) em entrevista à Rádio FM Sergipe, ao ser perguntado sobre a aprovação da emenda.

Lula disse que, ao contrário do que muitos pensam, votar facilidades em ano eleitoral não ajuda. Para ele, é preciso estar alerta de modo a não comprometer a estabilidade econômica do país.

“As pessoas muitas vezes pensam que votar facilidades, benesses, ajuda eleitoralmente e não ajuda, porque o povo brasileiro está compreendendo que o momento que o Brasil está vivendo é outro. Eles sabem que nós poderemos fazer qualquer coisa, mas não podemos perder a seriedade com a estabilidade economia, com o controle da inflação e o crescimento sustentado”.

Na madrugada de hoje, os senadores aprovaram por 41 votos a 28, a emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS) que prevê que os royalties do pré-sal sejam divididos de forma igual entre todos os estados e municípios, conforme critério do Fundo de Participação dos Municípios e do Fundo de Participação dos Estados.

Para compensar os estados produtores, que atualmente ganham mais para compensar os impactos da exploração, caberá a União pagar, com sua parte nos royalties, a diferença recebida a menos com o novo modelo de divisão. A matéria volta pra apreciação da Câmara, e depois segue para sanção presidencial.

Lula falou também sobre o reajuste de 7,7% para os aposentados, que ele tem até o próximo dia 15 para aprovar ou vetar. Ele disse que está analisando economicamente o assunto, contou, como exemplo, um episódio em que precisou ter coragem para dizer não a seu filho caçula, que queria viajar a Miami com a turma da escola, e disse que se for preciso também terá coragem para fazer o mesmo com o reajuste.

“Da mesma forma que eu disse a ele que não tinha dinheiro, tenho coragem de dizer ao povo brasileiro que não vou fazer isso, porque pode parecer bom agora, mas amanhã o prejuízo será em cima do povo pobre”.

Sobre o projeto do Fundo Social, também aprovado hoje, Lula considerou que a destinação dos recursos foi excessivamente “carimbaba” e, para ele, isso irá compromenter a mobilidade do governo na execução de políticas sociais.

“Carimbaram muito o Fundo Social, 50% para educação, tem 50% pra isso, daqui a pouco o governo não tem como fazer política social por que já está carimbado, mas tudo isso vamos conversar e ver o que podemos fazer por que vai voltar para  Câmara”.

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Funcionários da USP ocupam reitoria

Os funcionários da USP em greve há 35 dias ocuparam na manhã desta terça-feira, 08, o prédio da reitoria da universidade. O protesto ocorreu porque a instituição não pagou o salário de aproximadamente mil trabalhadores que permanecem em greve. “Houve o corte de ponto. É uma violência deixar um chefe de família sem salário”, frisa o diretor de base do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Magno de Carvalho.

Segundo o sindicalista, das 20 unidades paralisadas, duas cortaram o ponto de seus funcionários. “Justamente aquelas onde as pessoas têm salários mais baixos. Isso gerou muita revolta.” As duas unidades a que Magno se refere são a Prefeitura do Campus, responsável pela manutenção e pelo transporte interno (ônibus circulares) e a Coseas (Coordenadoria de Assistência Social), que cuida dos serviços de saúde, creche, moradia e restaurantes (bandejões).

A greve começou no dia 05 de maio porque o  Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) rompeu a isonomia entre o reajuste salarial de professores e funcionários da USP, Unicamp e Unesp conquistado com a autonomia universitária, no final da década de 80.

Este ano o conselho de reitores resolveu dar reajustes diferenciados para as duas categorias. Professores e funcionários conquistaram 6,57% de reajuste, pago em junho, mas aos docentes o Cruesp concedeu mais 6% de reajuste retroativo a fevereiro sob o argumento de que se trata de uma recomposição salarial para a reestruturação da carreira docente. O argumento é contestado por professores e funcionários.


Magno afirma que a ocupação da reitoria permanecerá até que a instituição reconsidere a decisão e pague o salário dos funcionários que tiveram o ponto cortado. Para o sindicalista a possibilidade da PM invadir novamente a USP não intimida os funcionários. “Com esse cara (reitor Rodas) que está administrando a USP, tudo pode acontecer. Ele chamou a polícia para invadir a Faculdade de Direito, quando era diretor. Não pretendemos sair daqui. Vamos resistir na medida do possível”, adverte.

Repressão

Nesta quarta-feira, 09, a repressão da PM contra funcionários e estudantes da USP completa um ano. A Adusp (Associação dos Docentes da USP) organiza um debate no auditório do Instituto de Física, às 17 horas, para lembrar a data. O evento conta com o apoio de funcionários e estudantes. Participam os professores Fábio Konder Comparato e Maria Victória Benevides.

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ProUni vai oferecer pelo menos 60 mil bolsas em instituições privadas

Os estudantes interessados em disputar uma das bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) para o segundo semestre de 2010 devem fazer a inscrição pela internet a partir da próxima terça-feira (15) até o dia 19 de junho. As regras do processo seletivo foram divulgadas hoje (9) no Diário Oficial da União (DOU).

O programa oferece bolsas para alunos de baixa renda em instituições privadas de ensino superior. Para se candidatar ao benefício é necessário ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009 e ter cursado todo o ensino médio em escola pública ou na rede particular na condição de bolsista.

O Ministério da Educação (MEC) ainda não fechou o total de bolsas que serão oferecidas, mas, segundo a secretária de Ensino Superior, Maria Paula Dallari Bucci, serão no mínimo 60 mil – 39 mil integrais e 21 mil parciais. O benefício pode ser integral, que custeia 100% da mensalidade, ou parcial, que arca com 50% dos custos.

As bolsas integrais são destinadas aos alunos com renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo e meio (R$ 765). As bolsas parciais são para os candidatos cuja renda familiar mensal per capita não seja superior a três salários mínimos (R$ 1.530).

Os candidatos podem escolher três opções de instituições de ensino, cursos ou turnos. A nota no Enem 2009 será usada como critério para o preenchimento das vagas. De acordo com a portaria do MEC, é vedada a inscrição de candidatos que tenham nota inferior a 400 nas provas ou tirado zero na redação daquele exame.

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Conselho de Segurança da ONU aprova sanções contra o Irã; Brasil e Turquia votam contra

A construção de um dique e de um parque, numa ação conjunta entre prefeitura e estado, vai obrigar cerca de 600 famílias a deixarem suas casas O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou no final da manhã de hoje (9) um novo pacote de sanções contra o Irã. Dos 15 países que compõem o órgão, 12 votaram favoravelmente. Apenas o Brasil e a Turquia foram contrários e o Líbano se absteve. Para a maioria dos integrantes do conselho, o programa nuclear iraniano é uma ameaça por esconder a produção de armas atômicas e não seguir as orientações da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).

Os membros permanentes do conselho são os Estados Unidos, a França, a Inglaterra, a Rússia e a China. Dez países são membros rotativos do órgão: Brasil, Turquia, Bósnia Herzegovina, Gabão, Nigéria, Áustria, Japão, México, Líbano e Uganda. Apenas os permanentes têm direito a veto, os demais podem apenas votar.

Foi a quarta vez que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma série de medidas punitivas contra o Irã, na tentativa de forçar o governo daquele país a atender às definições do órgão e da Aiea. Mas o governo iraniano avisou que eventuais punições seriam respondidas em tom de confrontação e não levariam a futuras negociações.

O pacote aprovado hoje determina várias ações de restrições ao Irã. As principais medidas são o aumento da fiscalização dos carregamentos de exportação destinados ao Irã, a suspensão da venda de armas pesadas para os iranianos e a rigorosa inspeção nos navios com bandeira do país.

A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, lamentou a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo a diplomata, as sanções não são medidas eficientes. O governo brasileiro defendeu a busca do diálogo como meio de encerrar o impasse envolvendo o Irã e parte da comunidade internacional.

A campanha em favor das sanções foi liderada pelos Estados Unidos. Para os aliados dos norte-americanos, há receio de que o Irã enriqueça urânio para produzir armas atômicas. Porém, o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, nega as acusações e insiste que o programa nuclear desenvolvido no país tem fins pacíficos.

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Márcio Pochmann: ''Eleições este ano serão mais ideológicas''

Portal Sul 21: Qual a perspectiva para a economia, neste ano de eleições?


Márcio Pochmann: Penso que 2010 será um ano singular na realidade econômica e social do Brasil. Antes, o debate era em torno da alta da inflação, a queda nos índices da economia, enfim, uma série de temas conjunturais que pautavam o debate político nas eleições. Diferente de outros períodos, agora a agenda de discussões será em torno de um programa de longo prazo, e não será meramente técnica. Vai depender dos candidatos e das opções políticas e ideológicas dos partidos e não apenas de consultorias contratadas para isso. Os partidos terão que mostrar quais são os seus projetos para o futuro do país.

Portal Sul 21: Isso já está aparecendo nesta pré-campanha?


MP: Não é possível saber ainda qual será a linha de cada um. Não tem nada claro. As diferenças estão nas entrelinhas e pouco ainda sobre as ideias do plano de governo que cada um pretende. Mas, é evidente, por exemplo, que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff (PT) defende a continuidade do governo atual. E, se formos comparar, em 2002 o pré-candidato José Serra (PSDB) não utilizava o mesmo discurso. Ele inclusive falava que seria um “continuísmo sem continuidade”. Os argumentos dele hoje, no que se refere ao debate na economia, são declarações vazias e apenas críticas ao modelo atual. Embora ele respeite e elogie o presidente Lula e diga que fará “mais do mesmo”, é o que diz o slogan: O Brasil pode mais.

Portal Sul 21: Pode-se afirmar, como fazem alguns ‘especialistas’, que o sucesso do governo Lula com a política econômica se deve às ações do governo FHC?


MP: Não há como comparar as medidas do governo de Lula, diante da crise de 2008-2009, com o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997-1998. Naquela época, a crise foi muito menor e houve elevação dos juros, aumento da carga tributária, as alíquotas de sete impostos foram remarcadas para cima, além da cobrança de um novo tributo e corte nos gastos públicos. A crise financeira mundial de 2008- 2009 foi mais severa que a dos anos 90. Em vez de aumentar impostos, o governo desonerou setores industriais, baixou o IPI dos carros, a carga tributária caiu, nós não reduzimos os investimentos públicos, pelo contrário, e o salário mínimo teve um ganho real de 6,4%.

Portal Sul 21: É possível identificar que existiram dois governos Lula? O primeiro até 2005 e um segundo, depois desse período?


MP: Há continuidade nos dois governos, principalmente no que se refere às políticas sociais. A continuidade vem desde a recuperação do papel do Estado e a consolidação dos direitos sociais, dando efetividade a Constituição de 88, até a ampliação dos gastos sociais, que aconteceram desde 2003. Porém, há descontinuidade em relação a outros temas, como na política fiscal de um governo para o outro. A partir do segundo governo passou-se a trabalhar com metas para geração de emprego formal, crescimento acelerado acima de 5%, com Plano de Aceleração do Crescimento, o Plano de Desenvolvimento da Educação, investimento em tecnologia, e um papel mais protagonista no financiamento dos investimentos produtivos através dos bancos públicos. No segundo governo, também aconteceu uma reestruturação no Ipea para aumentar a eficiência e evitar sobreposição de ações. Investimos na formação dos pesquisadores e no trabalho do Instituto de forma articulada. Outra ação diz respeito às redes que nós constituímos com diferentes instituições, para buscar a complementação, a cooperação no âmbito de pesquisa e investigação. E, todos esses fatores contribuem para a descentralização do país como Estado gastador, inchado, com excesso de funcionários.

Portal Sul 21: Dizia-se que os direitos trabalhistas eram empecilho para o crescimento do trabalho formal e que o salário mínimo não seria um instrumento para impulsão de crescimento. O que os estudos do IPEA revelam sobre isso?


MP: Há 10 anos, quando se falava em aumentar o salário mínimo, diziam que teríamos uma inflação mais alta, a quebra das microempresas e um déficit previdenciário. Mas depois da ousadia do governo Lula, que encontrou uma forma de reajustar o mínimo, justamente em um período recessivo, com políticas de transferência de rendas, percebeu-se que o salário mínimo não impacta na inflação. Tivemos melhorias no mercado de trabalho brasileiro, programas sociais, redução das desigualdades, incremento e ampliação no salário mínimo. O crédito melhorou e há recuperação do volume de gastos sociais. Todos esses fatores permitiram que o país voltasse a ter mobilidade social ascendente em grande escala, o que não ocorreu durante a década de 90.

Portal Sul 21: A reforma agrária, em sua visão, está tendo a atenção devida?


MP: A pequena propriedade tem participação importante na economia do país, mas acredito que a relevância da reforma agrária está em dois fatores diferentes e pouco discutidos. Primeiro: a reforma agrária hoje é uma questão de soberania nacional, em razão da disputa por fontes de água doce e pela própria soberania territorial para a produção alimentar. Países como a China estão hoje comprando grandes áreas de terra para sua produção, assim como grandes corporações internacionais. A África hoje é um exemplo disso. Muitos países praticamente já não possuem acesso às suas fontes de água e às suas terras produtivas. O segundo tema é a sustentabilidade ambiental. O monopólio na produção agrícola serve de vetor da degradação. O Estado tem muito mais condições de regular a degradação ambiental em relação ao pequeno e médio produtor rural. No entanto, para discutirmos a reforma agrária precisamos mudar a forma de ação do Estado para atuações integradas. O assentamento não é um tema da agricultura de maneira isolada, ele requer uma ação matricial do Estado. É necessário investir em educação, tecnologia, saúde, linhas de crédito, capacitação, enfim, ações setoriais, mas articuladas.

Portal Sul 21: Qual foi o dado mais significativo resultante da Pnad (Pesquisa Nacional pela Amostra de Domicílios)?


MP: A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad 2008 é a melhor pesquisa que temos hoje sobre a realidade social do Brasil. A pesquisa comprova a volta da mobilidade social no país. A partir da década de 30, a mobilidade social foi um dos charmes da industrialização brasileira, comparado ao que a China tem hoje. Na década de 80 e 90 tivemos uma escassez de mobilidade social. Durante os anos noventa chegou-se a dizer que era a época que vivíamos no “Brasil de 2/5”, isto é, apenas 2/5 da população teriam efetivo acesso aos direitos sociais e ao emprego formal. Foi naturalizada a ideia de que a estrutura econômica brasileira era uma pirâmide de base larga e ponta estreita. A Pnad demonstra que desde 2003 temos a volta da mobilidade social, e a estrutura social do país já se aproxima do desenho de um barril, com o crescimento de todas as camadas da população e as classes médias maiores.

Portal Sul 21: O Rio Grande do Sul vem caindo no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Qual a sua avaliação da estrutura produtiva e social do estado gaúcho no início de século? O RS está preparado para os desafios do século 21?


MP: O estado gaúcho enfrenta dificuldades em se recompor frente ao restante do país. No Rio Grande do Sul ainda se mantém uma desigualdade singular. A Metade Sul vive como se estivesse no século XIX. A Região Norte, fortemente marcada pela agropecuária, tem o perfil do século XX. E, a Região Nordeste apresenta setores mais dinâmicos, alguns deles apontando para o que estamos vendo nascer no século XXI. Para o Rio Grande do Sul enfrentar os desafios do século 21, ele precisa recuperar perante as outras regiões o seu papel na produção de grãos e na indústria, que está hoje muito defasado. Uma alternativa para o RS, e também para o Brasil, é desenvolver mais instituições financeiras e bancos voltados para o financiamento à agricultura familiar, e bancos comunitários. É inadmissível um país do tamanho do nosso ter menos de 160 bancos.

Portal Sul 21: Depois da crise de 2008-2009, já é possível identificar avanço na governança mundial?


MP: Ainda vivemos o mesmo modelo de desgovernança mundial anterior à crise. Temos um descompasso entre o poder das corporações internacionais e os poderes públicos. Depois de alguns séculos de superação do poder das corporações sobre as sociedades, voltamos a viver em um mundo dominado por elas. Hoje, 500 corporações detêm 50% do PIB mundial e colocam em xeque a democracia. Não podemos mais dizer que os países têm empresas, mas são empresas que têm países. Se alguma dessas grandes corporações quebra, ela arrasta consigo os países, como foi o caso do Lehman Brothers. O modelo de governança mundial construído ao longo da segunda metade do século 20, com instituições como a ONU, Banco Mundial e o FMI vive uma profunda crise de legitimidade e capacidade de regulação dos mercados. Outro elemento propulsor da crise e que demonstra essa desgovernança mundial é o padrão de produção e consumo que agride o meio ambiente e que é regido pelos interesses privados das corporações. Por isso, pensar em sustentabilidade em longo prazo é tão difícil. Precisamos pensar um novo modelo de governança mundial pública para superar esses elementos.

Portal Sul 21: Na sua avaliação, os desdobramentos da crise na Europa podem afetar a economia brasileira em 2010?


MP: Estamos falando de um capitalismo globalizado aqui. Países tão importantes para o crescimento industrial, como os da Europa, têm impacto em todos os lugares do mundo sim. Mas não diretamente no Brasil. Nós temos apostamos no mercado interno e nos investimentos em exportação, o que é uma alternativa diante da crise européia.

Portal Sul 21: Recentemente a revista britânica The Economist publicou artigo sobre o nível de crescimento da economia brasileira. Para a publicação, o ritmo do Brasil pode ser comparado com o da China, o que seria um problema, pois “o Brasil não é a China”. O que você pensa sobre isso?


MP: Na minha opinião, a revista The Economist não tem condição de fazer esta análise. Esta opinião é muito mais de fundo ideológico do que técnico. Não é uma visão realista. O Brasil pode tranquilamente ser considerado a China da década de 50, pois somos o país que mais cresceu no mundo nos últimos tempos. O crescimento tende a ser de 7 a 8% ao ano. Para que se sustente isso, é preciso política econômica, fiscal, e isso tudo foi construído no governo atual.

Portal Sul 21: O movimento de união dos Bancos Centrais para salvar o mercado financeiro foi mais uma demonstração de força da hegemonia neoliberal?


MP: Foi uma ação muito importante dos Estados, que demonstraram capacidade de atuar sob o padrão monetário global. Em razão desse movimento, foi possível evitar que, após a recessão, entrássemos em um momento de depressão. Foi importante perceber que as economias dos países são totalmente interdependentes. É curioso perceber, por exemplo, que os EUA são cada vez mais dependentes das decisões do Comitê Central do Partido Comunista Chinês. Porém, percebe-se o início de uma tentativa de retorno do discurso neoliberal, defendendo que o Estado já pode se afastar da economia. É preciso desconstruir essa noção do neoliberalismo que trata o Estado como um hospital ou uma ambulância, que resgatam mortos e feridos no campo de batalha, e, mostrar que o Estado deve ser um indutor permanente de um crescimento equilibrado e sustentável.

Mais informações acesse: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=6990

Em ritmo chinês, Brasil tem crescimento anualizado de 11,2%

O Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 9% no primeiro trimestre de 2010 ante o mesmo período do ano anterior, segundo divulgou nesta terça-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior alta da série histórica, iniciada em 1995, na comparação com igual trimestre de ano anterior – levando-se em conta todos os trimestres da série. O resultado nesta comparação veio dentro das estimativas do AE Projeções, que variavam de 7,74% a 9,20%, com mediana de 8,55%. Em 12 meses, o PIB acumula alta de 2,4%. (Ao final do texto, leia a explicação sobre o que é o PIB.)

Na comparação com quarto trimestre de 2009, o PIB apresentou alta de 2,7%, a maior ante trimestre imediatamente anterior desde o primeiro trimestre de 2004 – levando-se em conta todos os trimestres. O resultado também veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções (2,20% a 3,10%) e acima da mediana projetada de 2,50%. Ainda segundo o IBGE, o PIB do primeiro trimestre somou R$ 826,4 bilhões.

A forte expansão no período equivale a um crescimento anualizado de 11,2%, mesmo resultado registrado pela China no trimestre, segundo a BBC. O cálculo é uma projeção de qual seria a expansão do PIB caso o ritmo de crescimento do primeiro trimestre se mantivesse ao longo de um ano. Os economistas lembram, no entanto, que “é improvável” pensar que o PIB continuará crescendo a essa velocidade nos próximos trimestres, já que alguns indicadores, como o da produção industrial, já desaceleraram nos últimos meses. 

A expectativa do mercado, segundo a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central junto a instituições financeiras, é de que o PIB deste ano cresça 6,6%, mas algumas instituições já falam em um crescimento de 7,5% em 2010.

Indústria é destaque entre os setores produtivos

O PIB da indústria registrou forte expansão nas duas bases de comparação e ajudou a impulsionar as contas nacionais. O setor cresceu 4,2% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009. Já na comparação com o primeiro trimestre de 2009, o PIB do setor subiu 14,6%.

O PIB da agropecuária, por sua vez, subiu 2,7% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o quarto trimestre do ano passado. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a expansão foi de 5,1%.

O PIB de serviços, por fim, registrou expansão de 1,9% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2009, e de 5,9% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

Investimentos têm maior alta desde 1995

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), constituída principalmente por máquinas e equipamentos e pela construção civil, cresceu 7,4% no primeiro trimestre deste ano ante o quarto trimestre do ano passado. Já na comparação com o primeiro trimestre de 2009, a FBCF subiu 26,0% no primeiro trimestre deste ano, a maior alta da série do IBGE, iniciada em 1995.

Ainda segundo o IBGE, a taxa de investimento (FBCF/PIB) ficou em 18,0% no primeiro trimestre deste ano. No primeiro trimestre do ano passado, a taxa de investimento foi de 16,3%.

Setor externo volta a contribuir negativamente

O forte crescimento das importações fez com que o setor externo, que tinha contribuído positivamente para o resultado do PIB em 2009, tenha voltado a dar uma contribuição negativa no cálculo do Produto, segundo destacou a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. As importações entram com sinal negativo nas contas do PIB e cresceram bem acima das exportações no início deste ano.

Segundo o IBGE, as importações de bens e serviços aumentaram 13,1% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009, enquanto as exportações subiram 1,7% no período. Rebeca explica que essa forte expansão das importações reflete o câmbio, o aumento da demanda doméstica e a elevação dos investimentos, que leva à importação de máquinas e equipamentos.


Na comparação com igual trimestre do ano passado, as importações de bens e serviços aumentaram 39,5% no primeiro trimestre de 2010, enquanto as exportações registraram alta de 14,5% no período.

Consumos das famílias e do governo crescem

O consumo das famílias, principal componente das contas brasileiras pelo lado da demanda, aumentou 1,5% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, houve aumento de 9,3% no consumo das famílias. Em 12 meses até março deste ano, o consumo das famílias acumula alta de 6,0%.

Já o consumo do governo teve alta de 0,9% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009 e subiu 2,0% ante igual trimestre do ano passado. Em 12 meses até março, o consumo do governo acumula alta de 3,1%.

Entenda o que é o PIB

O Produto Interno Bruto representa o total de riquezas produzido num determinado período num país. É o indicador mais usado para medir o tamanho da economia doméstica. No Brasil, o cálculo é realizado pelo IBGE, órgão responsável pelas estatísticas oficiais, vinculado ao Ministério do Planejamento.

O cálculo do PIB leva em conta o acompanhamento de pesquisas setoriais que o próprio IBGE realiza ao longo do ano, em áreas como agricultura, indústrias, construção civil e transporte. O indicador inclui tanto os gastos do governo quanto os das empresas e famílias. Mede também a riqueza produzida pelas exportações e as importações. O IBGE usa ainda dados de fontes complementares, como o Banco Central, Ministério da Fazenda, Agência Nacional de Telecomunicações e Eletrobrás, entre outras.

O PIB pode ser medido de duas formas, para um mesmo resultado. Quando o PIB é analisado pela ótica de quem produz essas riquezas, entram no cálculo os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços (65%) e agropecuária (5%).

Outra maneira de medir o PIB é pela ótica da demanda, ou seja, de quem compra essas riquezas. Nesse caso, são considerados o consumo das famílias (60%), o consumo do governo (20%), os investimentos do governo e de empresas privadas (18%) e a soma das exportações e das importações (2%).

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PIB cresce 9% no primeiro trimestre, o maior resultado da série histórica

A economia brasileira cresceu 9% no primeiro trimestre deste ano em comparação a igual período de 2009, a maior alta da série histórica nesse tipo de comparação.

A indústria cresceu 14,6%, seguida pelo setor de serviços, com 5,9% e a agropecuária, 5,1%. A formação bruta de capital (investimentos em máquinas e equipamentos) aumentou 26%, a construção civil aumentou 14,9% e importações de bens e serviços, 39.5%

Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de bens e serviços produzidos no país – até março foi de 2,7%, o mais alto para o período desde 2004. A industria foi o setor que apresentou o maior avanço, com alta de 4.2%. O setor agropecuário teve expansão de 2,7% e o de serviços, de 1,9%.

Os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são das Contas Nacionais Trimestrais.


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