Garantia de empregos na indústria plástica

O meio ambiente pede medidas urgentes de preservação. Há uma nova consciência de que o desenvolvimento deve ser pensado de forma sustentável e, por isso, as atividades que promovem o bem-estar devem levar em consideração os danos causados. O Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo tem uma história de luta e engajamento ambiental, e não é de hoje.

Nas empresas em que o Sindicato atua esse tema é sempre objeto de fiscalização. São inúmeros processos judiciais e inúmeras vitórias. O Sindicato defende a integridade dos trabalhadores e a preservação do planeta. A defesa dos trabalhadores é sempre responsável e ampla, contempla a melhor discussão e envolvimento dos trabalhadores na busca das melhores soluções.
 
No governo da ex-prefeita Luiza Erundina, o Sindicato foi pioneiro na coleta seletiva. A Prefeitura passava periodicamente e recolhia os materiais recicláveis. Infelizmente o projeto não teve continuidade. Hoje, nada é feito para resolver os problemas ambientais em São Paulo. As discussões são frágeis e não buscam uma eficaz solução para os problemas da cidade.
 
Educação
Talvez, resida na educação o maior problema ambiental. Não há uma ação concreta que permita a criança e o jovem, menos ainda o adulto, pensarem e praticarem o respeito ao meio ambiente. As ações de preservação são escassas e têm origem em atividades isoladas, sem a devida participação do poder público. É comum ver ruas sem qualquer lixeira, algo simples de se fazer.
 
Bode expiatório
Um projeto de lei prevendo o fim da produção de sacolas plásticas tramita na Câmara Municipal de São Paulo. O primeiro e mais importante efeito desse projeto, se aprovado, será a extinção de 20 mil empregos dos trabalhadores do Setor Plástico. O projeto quer que as sacolas sejam vendidas nos supermercados e assim tenham utilização reduzida. Como a produção será proibida, a compra terá que ser feita em outras cidades, porque parar a produção não parece ser viável. A proposta de lei não pensa em educar, na verdade deseduca quando escolhe a sacolinha plástica como vilã da história ambiental.
 
Onde colocar o lixo doméstico?
É comum a utilização das sacolas plásticas para acomodar o lixo doméstico. Qualquer que seja a medida, o fato é que as sacolas plásticas continuarão existindo e já fazem parte dos orçamentos dos supermercados e afins.
 
Manifestação
No dia 17 de novembro, os dirigentes do Sindicato estiveram presentes na Câmara Municipal de São Paulo para protestar contra o projeto de lei 528/2009. Além da ineficácia da lei, que só teria publicidade e nenhum efeito prático, ela despreza totalmente a questão do emprego de 20 mil trabalhadores. “Os vereadores precisam pensar no desenvolvimento sustentável, e ignorar as famílias é fechar os olhos para as questões sociais e econômicas”, afirmou o coordenador de Administração e Finanças do Sindicato, Osvaldo Bezerra (Pipoka).
 
A manifestação surtiu efeito e o projeto não foi votado. O vereador Francisco Chagas, que é dirigente licenciado do Sindicato dos Químicos de São Paulo, é o principal representante dos trabalhadores plásticos na Câmara. Chagas critica o projeto de lei e lembra que não há uma política ambiental eficaz aplicada pelo poder executivo municipal. O projeto não tem previsão para entrar na pauta. De qualquer forma, o Sindicato continuará acompanhando os trâmites.
 

Encontro das Trabalhadoras Químicas e Plásticas de São Paulo

Sexualidade, aborto, violência contra mulher, relações homoafetivas e participação política foram os temas que prenderam a atenção de 100 mulheres no Encontro das Trabalhadoras Químicas e Plásticas de São Paulo. A atividade ocorreu nos dias 27 e 28 de novembro, em Atibaia, no Hotel Gran Roca.

 
No primeiro dia do Encontro, o tema foi sexualidade. As participantes tiveram a oportunidade de conversar com Valéria Melki Busin, membro da ONG “Católicas pelo Direito de Decidir” e com Maria Isabel da Silva, diretora de Políticas Sociais da FETEC/SP.
 
No segundo dia, a deputada federal Janete Pietá (PT) falou sobre a participação política das mulheres e sobre a Lei Maria da Penha. As trabalhadoras receberam uma cartilha que continha a Lei e mais uma vez puderam tirar suas dúvidas.
 
Para Célia Passos, coordenadora da Secretaria de Gênero, a atividade superou todas as expectativas. “As companheiras participaram, fizeram perguntas, ouviram as opiniões umas das outras, riram, se divertiram, enfim, foi um grande aprendizado para todas nós.”
 
Elaine Blefari, também dirigente do Sindicato, acredita que “os temas debatidos esse ano deram para essas mulheres, além de conhecimento, uma força interna muito grande, porque aqui elas perceberam que não estão sozinhas, e juntas somos mais fortes”.
 
Para as participantes essas atividades são importantíssimas. Elas se sentem, sem dúvida nenhuma, fortalecidas não só como trabalhadoras, mas como mulheres.
 

Schering-Plough é condenada por danos morais e racismo

A Indústria Farmacêutica Schering-Plough foi condenada a pagar indenização a um trabalhador que era chamado de saci por gerentes da empresa. A condenação impôs o pagamento por danos morais e mais uma indenização no valor de 12 meses de salários após o fim do auxílio-doença por problemas psicológicos devido ao assédio moral, além de férias, gratificação natalina, 13º salário e FGTS.

Atividades reforçam luta por direitos iguais

A CUT SP organizou, em São Bernardo, a CUT – Cidadã, com serviços sociais e shows. A atividade durou todo o dia e contou com a participação de dirigentes sindicais de diversas categorias. No Centro de São Paulo, aconteceu a 7ª Marcha da Consciência Negra. A atividade homenageou o João Cândido, um dos líderes da Revolta da Chibata, com apresentações de capoeira e shows.

 
Na tarde do dia 20, na Sede Central do Sindicato, foram apresentados dois curtas-metragens: “Negro e Argentino” e “Sou negro não sei sambar”, com a presença do diretor Patrício Salgado. Os dois documentários tratam da vida de Patrício. O primeiro fala dos preconceitos e contradições dentro da própria família – Patrício é filho de pai negro e mãe argentina e conta que seu avô materno era racista.
 
No segundo documentário, Patrício tenta ir contra os estereótipos. Para ele, o papel do negro dentro da sociedade é muito demarcado. “Quero ter o direito de escolher o que eu quero pra mim”, diz o diretor. O mote principal do filme é ele mesmo, que é negro e não sabe sambar. Mesmo com seu avô sendo muito importante durante a criação da escola de Samba Nenê da Vila Matilde, sua família não tem envolvimento nenhum com o samba. Resolve, então, entrar para a bateria da escola de samba (aprende a tocar cuíca para isso) e desfilar no Carnaval.
 

Para Lula, país alcançará meta de redução do desmatamento antes de 2020

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira(6) que o Brasil vai alcançar “muito antes de 2020” a meta de redução do desmatamento da Amazônia em 80%. “Muita gente achava que era impossível”, disse ele, em seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente.

Para Lula, a redução de 14% no desmatamento da Amazônia registrada este ano – a menor taxa em 22 anos – abre caminho para que a meta estabelecida em Copanhague no ano passado seja alcançada.
“Há uma lição para todos. O governo aprendeu que não basta proibir, não basta a Polícia Federal prender, não basta multar, é preciso conversar e dialogar”, afirmou. Para o presidente, é importante que o governo federal envolva prefeitos e governadores e coloque à disposição meios para que os estados possam se desenvolver sem precisar do desmatamento.
 
“A gente percebe que (desta forma) todo mundo participa e que os resultados são mais extraordinários do que apenas proibir ou perseguir”, disse. “E, se houver desmatamento, que seja uma coisa feita de forma bem cuidada, com o manejo correto da floresta”, completou.
 
Escolas
 
No mesmo programa, Lula disse que a entrega de escolas técnicas, de universidades e de extensões universitárias durante o seu governo colocam o  Brasil no patamar de países desenvolvidos. “Estou convencido de que a companheira Dilma vai continuar esse processo”, disse.
 
Ele lembrou a inauguração de 30 escolas técnicas e de 25 extensões universitárias na semana passada. “Vamos terminar de entregar tudo o que prometemos”, afirmou, ao se referir a 214 escolas técnicas e 126 extensões universitárias.
 
Lula destacou que com o Programa Universidade para Todos (ProUni), cerca de 704 mil alunos frequentam o ensino superior. Já por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a renovação de estudantes na rede federal mais que duplicou, segundo ele.
 
“Esse é um passo extremamente importante porque vai colocando o povo brasileiro em uma confiança de que nós poderemos dar os passos que não demos nas décadas passadas”, disse.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/ambiente/2010/12/para-lula-pais-alcancara-meta-de-reducao-do-desmatamento-antes-de-2020
 

Segundo Apeoesp, sala de aula lotada e carga horária excessiva causam doenças nos professores

Quase metade dos professores de escolas públicas de São Paulo tem diagnóstico de estresse, mostra pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Encomendado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), o levantamento será divulgado nesta quarta-feira (1º), durante o 23º congresso da entidade, em Serra Negra.

Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, o estudo mostra alguns dos efeitos das condições de trabalho a que são submetidos os docentes. “A maior incidência é naqueles que têm jornada de mais de 30 horas semanais e enfrenta outros fatores, como superlotação de sala de aula”, afirmou. Para Bebel, “além da saúde do professor, a prática afeta também a qualidade do ensino”.
 
Os resultados preliminares indicam que 48,5% dos professores entrevistados têm diagnóstico confirmado de estresse. Do total, 63,6% dos entrevistados afirmam lecionar mais do que a carga horária designada e 54% disseram ter mais de 35 alunos por sala de aula.
 
A respeito do “adoecimento” dos professores, a presidente do sindicato defende a necessidade de que se garantir licença médica para a categoria. “O profissional doente terá de se tratar. Ao fazer isso, ele tem que se afastar da escola e isso cria uma cadeia de problemas”, aponta.
 
A pesquisa indica ainda que 35,4% disseram ter deixado de comparecer a consultas médicas para não ter faltas no trabalho. A Lei Complementar nº 1.041 de 2008 restringe apenas seis faltas médicas (desde que apresentado comprovante e atestado) por ano.
 
Segundo Maria Izabel, não existe protocolo no Ministério do Trabalho nem no da Saúde para designar estresse como acidente de trabalho ou previsão de mudanças na lei. “Nossa luta é protocolar como doença profissional para que possa ser feito o trabalho de prevenção a respeito”, finaliza. Ela relata que inflamações nos braços (tendinites) e doenças mentais, como a depressão, são as mais comuns entre os docentes.
 
A íntegra do estudo deve ser divulgada nos próximos dias. A pesquisa foi realizada em setembro, com 1.615 entrevistados.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/trabalho/2010/11/segundo-apeoesp-sala-de-aula-lotada-e-carga-horaria-excessiva-causam-doencas-nos-professores-em-sp

SP: um ano depois de enchentes, moradores dizem que Jardim Pantanal está esquecido

Na tarde de 8 de dezembro de 2009, os moradores do Jardim Pantanal, Chácara Três Meninas e Jardim Romano, zona leste da capital paulista, foram surpreendidos com inundações que deixaram a população debaixo d´água por mais de 60 dias.

Um ano depois das enchentes, os moradores do Jardim Pantanal e da Chácara Três Meninas, ouvidos pela Rede Brasil Atual, afirmam que “pouco foi feito” e a área “está esquecida” pela prefeitura. No Jardim Romano, um dique, em construção, é a esperança da população.
 
“Na Chácara pouca coisa foi feita para evitar as enchentes”, afirma Maria Zélia Andrade. “Durante um tempo limparam o rio Tietê, mas pararam na altura da pedra que fica próxima ao bairro”, descreve a moradora. “O rio continua assoreado, como o nível (do rio) está baixo, dá para ver a areia no fundo”, revela.
 
Em muitas ruas, o cenário é de destruição. “A prefeitura destruiu casas à beira do rio, mas deixou entulho”, conta Maria das Dores, há 16 anos na Chácara Três Meninas. “Além dos escombros, tem lixo, rato e mosquitos”, critica a moradora. O bairro, segundo ela, foi no passado um excelente lugar para morar, mas atualmente “piorou muito”. “O bairro está esquecido”, relata.
 
No Jardim Pantanal, as reclamações se repetem. “Depois das demolições, a beira do rio virou área de despejo de entulho”, conta o morador Vagner Moura.
 
Nos dois bairros, o clima é de revolta e medo de futuras enchentes. “Lideranças foram procurar o subprefeito de São Miguel para questionar o asfaltamento de algumas ruas sem a construção de um sistema de esgoto e receberam a informação da chefia de gabinete de que ‘estão preparando o corpo de bombeiros'”, afirma Moura.
 
A reportagem aguarda resposta da prefeitura desde 11 de novembro sobre ações antienchente do Executivo nos bairros afetados por inundações em 2009. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, a prefeitura está realizando um levantamento para responder à Rede Brasil Atual.
 
Destino incerto
 
Os moradores também estão preocupados com a retirada das famílias que ficaram. Eles estimam que 4 mil famílias saíram dos dois bairros, mas outras milhares ainda vivem no local.
 
A prefeitura concedeu auxílio-aluguel para as famílias que aceitaram deixar as casas para demolição, com o compromisso de que serão realocadas em prédios a serem construídos. Mas, um ano depois, os moradores dizem que os terrenos desapropriados pelo Executivo municipal para construção de moradias, ainda estão vazios. “Os terrenos desapropriados estão sem nenhuma construção”, denuncia um funcionário público que prefere não se identificar.
 
Diversas famílias também reclamam que o auxílio-aluguel foi cortado. Outras criticam o constante atraso no pagamento. “É como se não tivesse havido enchente durante três meses”, lembra o morador.
 
Diante do destino incerto e com receio de novas enchentes, Vagner Moura afirma que há muitos casos de depressão no local. “Vemos muitas mulheres com depressão, pessoas doentes porque perderam tudo, não refizeram a vida e ainda com novos riscos”, identifica.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidades/2010/12/sp-um-ano-depois-de-enchentes-moradores-dizem-que-jardim-pantanal-esta-esquecido

Tentativa de resgate de vítimas da ditadura termina nesta sexta em Vila Formosa

Procurador e Policial Federal examinam as covasAs equipes da Polícia Federal realizam nesta quinta-feira (2) uma tentativa de exumar os corpos de vítimas do regime militar enterrados no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste da capital paulista.

Os trabalhos estão focados agora na atual quadra 47, antiga quadra 50, onde podem estar os restos mortais de Sérgio Correia e Virgílio Gomes da Silva, militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) mortos em 1969. Ao longo da semana, Ministério Público Federal, Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e Polícia Federal estão realizando um trabalho conjunto na tentativa de resgatar essa parte da história da repressão. As atividades, pelo menos nesta primeira ofensiva, serão encerradas nesta sexta-feira (3).
 
Ao longo dos três primeiros dias, foram trabalhadas duas frentes. Na primeira, foi possível comprovar a existência de um ossário clandestino nos quais podem estar os corpos de vítimas da ditadura (1964-85). Na segunda, a ideia é assegurar a localização exata da cova em que foram enterrados os integrantes da ALN e realizar a exumação dos corpos. O cemitério passou, na década de 1970, por uma grave descaracterização, com mudança na numeração das quadras, encurtamento das mesmas, plantio de árvores sobre túmulos e ocultação de covas. Por isso, ao longo de três dias, as equipes trabalharam para tentar reconstituir a numeração original das covas, o que foi conseguido na tarde de quarta-feira (1º).
 
Nesta quinta, os trabalhos estão focados no resgate do corpo de Correia, cuja localização, acredita a PF, está mais próxima da exatidão. Para chegar aos restos mortais que podem ser do militante morto na Rua da Consolação no fim da década de 1960, no entanto, é preciso realizar a exumação dos corpos que estão mais próximos da superfície: ao longo das décadas, vários enterros são feitos sobre uma mesma cova.
 
Já a tentativa de encontrar as ossadas de Virgílio pode ocorrer na sexta-feira (3) ou, a depender do andamento dos trabalhos, em outra ocasião. A PF ainda não tem absoluta certeza sobre a localização da cova que pode abrigar os restos mortais do Comandante Jonas, coordenador do sequestro do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick. Além disso, existe a possibilidade de que as ossadas tenham sido removidas por agentes da repressão ou mesmo ao longo das décadas seguintes por falta de cuidado.
 
Por outro lado, se as ossadas ainda estiverem no local, será preciso averiguar em que condições se encontram. Caso tenham ficado em contato com a terra ao longo destes anos, hipótese mais provável, o material genético pode ter sofrido um desgaste irreversível, o que impossibilitaria a comparação com a informação genética da família de Virgílio, que tenta desde 1990 a localização do corpo.
 
O Ministério Público Federal, com tudo isso, trabalha com a possibilidade de erguer um memorial em homenagem às vítimas da ditadura enterradas na Vila Formosa. “Se conseguirmos chegar a um resgate integral desta história, ainda que não identifique um cadáver especificamente, terá sido um avanço”, afirmou Eugênia Gonzaga, procuradora da República em São Paulo, em conversa com a reportagem, acrescentando que, desta maneira, as famílias terão uma maneira de colocar um ponto final na busca por seus parentes.
 
O MPF conseguiu detectar que ao menos outros oito desaparecidos políticos foram enterrados em Vila Formosa, mas a localização destes corpos é mais difícil pelo fato de estarem em quadras que foram ainda mais desfiguradas, com aterramento, remoção de ossos e sepultamentos em diferentes posições.
 
Primeira frente
 
Na primeira ofensiva dos trabalhos, em frente ao escritório da administração foi localizado um ossário que não constava nos registros do cemitério. Com três metros e meio de profundidade e nove metros quadrados de superfície, o espaço demandou escavações durante os primeiros três dias desta semana.
 
Após a retirada de 92 sacos em que estavam acondicionados corpos ou fragmentos de ossos, aparentemente posteriores à década de 1980, as equipes chegaram, na quarta, a ossadas que estão soltas na terra. A avaliação dos profissionais do Serviço Forense da Polícia Federal é de que são milhares de corpos que se encontram misturados e, devido às décadas exposição a peso excessivo e umidade, o material não tem mais condições de identificação genética.
 
“O objetivo daqui pra frente não é a identificação do material, mas saber o perfil do que aconteceu, por que esses ossos estavam lá, a que período pertencem”, explica Jeferson Evangelista Correa, chefe da área de Serviço Forense da PF. Ele acredita que será possível, até março, elaborar um relatório conjunto com o Instituto Médico Legal de São Paulo esclarecendo a origem do ossário.
 
Pelo que se apurou ao longo da semana, também por meio de depoimentos de funcionários, sabia-se da existência do local há bastante tempo. Há relatos de que, em 2002, um cruzeiro que ficava sobre o ossário foi removido, revelando a existência de corpos sob a superfície. Essas informações são reforçadas pelo fato de haver indícios claros de que a terra despejada no local é deste período, contendo lápides daquele ano.
 
Osvaldir Barbosa de Freitas, superintendente do Serviço Funerário do Município entre 2001 e 2004, afirmou em conversa telefônica com a reportagem desconhecer a existência do ossário. Ele afirmou que a abertura deste tipo de depósito é comum em cemitérios, servindo ao armazenamento de corpos que são exumados para a criação de novos espaços de sepultamento. Freitas acrescentou que esse procedimento, quando não apresenta nada de anormal, é feito apenas pelos administradores locais.
 
A reportagem tentou, por meio do Serviço Funerário Municipal, a localização dos diretores do cemitério, mas não obteve resposta. O Ministério Público Federal informou à reportagem que vai investigar os erros das sucessivas administrações municipais e espera obter explicações sobre o porquê de não haver sido informada a existência do ossário.
 

Muita luta e conquistas marcam o ano de 2010

O ano de 2010 foi excelente para a luta dos trabalhadores associados ao Sindicato dos Químicos de São Paulo. Avançamos muito na organização dentro e fora das empresas. Conquistamos importantes reajustes salariais para nossa base com aumentos acima da inflação. Aprofundamos os debates em temas como: juventude, gênero, raça, direitos humanos, lgbt, entre outros. Organizamos atividades relacionadas à cultura. Discutimos a saúde do trabalhador. Elegemos a primeira mulher para a Presidência da República. Esse foi um ano dos trabalhadores!

 A luta de classes é contínua, os patrões defendem seus interesses e nós, trabalhadores, lutamos a cada dia por mais humanização no ambiente de trabalho. Entendemos que além das condições de saúde, necessárias para a realização das atividades impostas, também precisamos de salários justos que sejam suficientes para a sobrevivência de nossas famílias. Por isso, lutamos muito nas campanhas salariais de 2010. Mobilizamos trabalhadores de inúmeras fábricas e montamos nossas pautas de reivindicações. O resultado foi organização, aumentos: salariais e de benefícios acima da inflação.
 
Um tema foi destaque nas atividades do Sindicato em 2010, a homenagem à memória de Virgílio Gomes da Silva, operário da nossa categoria desaparecido durante o período da Ditadura Militar. Fizemos várias atividades para lembrar o companheiro e tivemos como resultado uma busca pelos restos mortais de Virgílio, feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. O primeiro passo foi dado em 2009 e estamos bem próximos de conseguir encontrar, talvez, ainda em 2010.
 
Organizamos várias atividades com objetivo de conscientizar toda a categoria sobre importantes temas sociais como: valorização da participação das mulheres na sociedade; inclusão sem qualquer discriminação das pessoas com as mais diferenciadas orientações sexuais; discussão de como reparar os danos causados pela escravidão e suas conseqüências ainda hoje; pensar em como a juventude pode ter acesso a emprego e cultura; promoção de campeonato de futebol society, concurso de poesia, entre outras atividades para integrar os trabalhadores.
 
Fora das atividades sindicais os trabalhadores venceram a disputa de projeto. Dilma Roussef venceu! Temos pela primeira vez na história do Brasil uma mulher na Presidência. Continuamos com o compromisso de avanços para os trabalhadores e investimentos sociais. Para 2011 as perspectivas são as melhores possíveis, com Dilma na Presidência o Brasil continuará no caminho de desenvolvimento que o presidente Lula traçou nos últimos oito anos.
 
Em 2011 contamos com todos os companheiros para conquistarmos ainda mais. Desejamos a todos um Natal repleto de alegrias e um Ano Novo de mais conquistas para todos. Grande abraço.
 

MPF espera exumar nesta quinta corpo de comandante Jonas

O Ministério Público Federal espera realizar nesta quinta-feira (2) a exumação dos restos mortais de Virgílio Gomes da Silva, o comandante Jonas, enterrado no Cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. O trabalho, realizado em conjunto por MPF e Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, teve início na segunda-feira (29).

As equipes da Polícia Federal conseguiram, após três dias de trabalhos,  reconstituir a localização original dos túmulos, antes da descaracterização promovida, na década de 1970, por agentes da ditadura militar. Acredita-se que Virgílio foi enterrado ali em 1969, logo após ser morto durante sessão de tortura. O comandante Jonas foi responsável pela coordenação política do sequestro do então embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick.
Na ocasião, os agentes do regime fizeram grande esforço para descaracterizar o cemitério, com mudança na numeração, reposicionamento de quadras e plantio de árvores sobre túmulos. Agora, com ajuda de uma retroescavadeira, os policias conseguiram localizar corpos cujas lápides foram retiradas e, na prática, deixaram de aparecer nos registros. Com isso, foi possível restaurar a contagem e indicar a provável localização do túmulo de Virgílio.
 
O sucesso da operação, no entanto, ainda depende de alguns fatores. Em primeiro lugar, é preciso saber se os restos de Virgílio não foram, em algum momento, transferidos para um ossário coletivo. Além disso, caso estejam no local, a possibilidade de identificação do material genético depende de como os ossos estão acondicionados – se estiveram em contato direto com a terra durante todas estas décadas, são reduzidas as chances de êxito.
 
Outros avanços
 
Ao mesmo tempo, as equipes descobriram mais restos mortais em um ossário clandestino que ficava em frente à Quadra 1 do cemitério. Na terça-feira (31), os peritos haviam, após escavarem quase dois metros, chegado a um conjunto de ossadas acondicionadas em sacos plásticos que, provavelmente, eram posteriores ao período da repressão.
 
Nesta quarta (1º), após retirar mais dezenas de sacos destas ossadas, foi encontrado um material sem nenhum tipo de identificação ou separação. Pode ser a confirmação da hipótese que se aventava desde o começo das buscas, indicando que ali funcionou um ossário que abrigou os restos de presos políticos.
 
“Teremos de avaliar como será feita a retirada dos ossos daquele local. Devido à umidade da terra, a conservação do material está muito ruim”, relatou Ivan Seixas, da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, à reportagem.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2010/12/mpf-espera-exumar-nesta-quinta-corpo-de-comandante-jonas