Um milhão de brasileiros deixam a pobreza em 2009 apesar da crise, diz pesquisa

Cerca de um milhão de pessoas deixaram a condição de pobreza no Brasil entre 2008 e 2009, aponta pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo completo deve ser divulgado nesta sexta-feira (10). De acordo com Marcelo Neri, chefe do Centro de Estudos Sociais da FGV, a crise global reduziu o crescimento econômico, mas não impediu o combate à pobreza.

 
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicínio (PNAD), o número de pobres caiu de 29,8 milhões para 28,8 milhões em um ano. As pessoas com renda familiar per capita por mês de até R$ 140 representam agora 15,32% da população brasileira (e não mais os 16,02% do ano anterior). “A queda não é tão expressiva quanto nos anos anteriores, mas significativa para quem esperava “um empate em 2009”, admitiu o pesquisador ao Último Segundo.
 
Com a expectativa de maus resultados, o especialista da FGV imaginava que o período seria um “ponto fora da curva” em relação aos últimos anos. Os dados consolidam, porém, uma década de melhoria nos indicadores de pobreza no país.
 
O levantamento também mostra que a concentração de renda segue caindo. A renda média dos 40% mais pobres do país avançou 3,15%, enquanto a dos 10% mais ricos cresceu 1,09%. Entretanto, o processo de redução da pobreza desacelerou-se. De 2003 a 2008, cerca de 20 milhões de brasileiros deixaram a pobreza. Entre 2007 e 2008, houve recuo de 12% e em 2009, o recuo foi de 4% na miséria.
 
Para Neri, a redução do pobreza no Brasil se deve à combinação de crescimento com redução de desigualdade social. O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, atribuiu a queda à eficácia dos programas sociais do governo, inclusive o Bolsa-Família.
 
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Fetquim define eixos para a Campanha Salarial

Coordenados pela FETQUIM/ CUT, dirigentes sindicais do ramo químico paulista definem slogan e eixos da Campanha Salarial 2010 dos químicos, plásticos e similares. O slogan: “Químico, sua participação tem peso!”. O objetivo é convocar a categoria para se envolver na Campanha Salarial. Vale lembrar que ela tem base em 1º de novembro.

 Para João Carlos de Rosis, secretário geral do Sindicato, essa Campanha Salarial é muito importante para a categoria: “Além da tradicional luta por aumento real, valorização do Piso da categoria, vamos intensificar a luta pela Redução da Jornada de Trabalho, que já conquistamos no Setor Farmacêutico”.

 Os dirigentes sindicais definiram ainda o calendário da campanha. Os sindicatos filiados à Federação (Químicos de São Paulo, ABC, Unificados de Osasco, Vinhedo e Campinavs, Jundiaí e São José dos Campos) têm até o dia 14 de setembro para definirem com suas bases as propostas para a pauta de reivindicações. No dia 15, os dirigentes se reúnem em plenária para definirem a pauta que será entregue para o CEAG- 10 (grupo que reúne os sindicatos patronais na FIESP).

 Ainda no mês de setembro os dirigentes manterão contato permanente com os trabalhadores nas empresas. Em outubro acontecem as reuniões de negociação com o sindicato patronal.

 

Os eixos da campanha são os seguintes:

 Reajuste de 13%

Piso Salarial de R$ 1.060,00

PLR de R$ 1.200,00

Redução de Jornada para 40 horas com sábados livres e sem redução de salários

Organização no Local de Trabalho

Licença-maternidade de 180 dias

Direitos iguais para os terceirizados

Campanha Salarial lutará por 13% de reajuste salarial

Coordenados pela FETQUIM/ CUT, dirigentes sindicais do ramo químico paulista, definem slogan e eixos da Campanha Salarial 2010 dos químicos, plásticos e similares. O slogan: “Químico, sua participação tem peso!”. O objetivo é convocar a categoria para se envolver na Campanha Salarial. Vale lembrar que ela tem base em 1º de novembro.

 Para João Carlos de Rosis, secretário Geral do Sindicato, essa Campanha Salarial é muito importante para a categoria, “além da tradicional luta por aumento real, valorização do Piso da categoria, vamos intensificar a luta pela Redução da Jornada de Trabalho, que já conquistamos no Setor Farmacêutico”.

 Os dirigentes sindicais definiram ainda o calendário da campanha. Os sindicatos filiados à Federação (Químicos de São Paulo, ABC, Unificados de Osasco, Vinhedo e Campinas, Jundiaí e São José dos Campos) têm até o dia 14 de setembro para definirem junto às suas bases as propostas para a pauta de reivindicações. No dia 15 os dirigentes se reúnem em plenária para definirem a pauta e no dia 29 de setembro entregam a pauta no CEAG-10 (Grupo que reúne os sindicatos patronais na FIESP).

 Ainda no mês de setembro os dirigentes manterão contato permanente com os trabalhadores nas portarias das empresas. Em outubro acontecem as reuniões de negociação com o sindicato patronal.

 

Os eixos da campanha são os seguintes:

• Reajuste e aumento real 13%

• Valorização do Piso Salarial de R$ 1.060,00

• PLR de R$ 1.200,00

• Redução de Jornada para 40 horas com sábados livres

• Organização no Local de Trabalho

• Licença maternidade de 180 dias

• Igualdade de condições para os terceirizados

Classe média cresce com emprego formal e educação, diz relatório da FGV

Desde o ano passado a chamada nova classe média representa mais da metade da população brasileira, enquanto o número de pessoas nas classes de mais baixa renda vem caindo. De acordo com o relatório A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres, divulgado hoje (10) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o processo de emergência da classe média no Brasil foi motivado pela redução da desigualdade, mesmo durante a crise financeira mundial.

Segundo Marcelo Néri, coordenador da pesquisa, a classe C se “defendeu melhor” durante a crise. De acordo com o levantamento, quase 30 milhões de brasileiros passaram a ingressar a classe C (definida como nova classe média pela FGV) em 2009. A pesquisa mostra que esta parcela da população foi a que mais cresceu entre 2003 e 2009, chegando a abranger 94,9 milhões de pessoas (50,5% do total da população). No mesmo período, mais de 20 milhões de brasileiros subiram para as classes A e B, de renda maior. Os brasileiros que se enquadravam nas classes D e E passaram de pouco mais de 96 milhões para 73 milhões de pessoas.

“Como a desigualdade caiu e a economia está crescendo, as pessoas são empurradas de baixo para cima e é isso que aconteceu no Brasil no período de 2003 a 2009 e é isso que está acontecendo agora”, explicou Néri. O deslocamento dos brasileiros para classes de renda mais altas revela, segundo ele, o investimento da população em educação e o aumento da oferta de empregos formais, com número crescente de carteiras assinadas no país. Segundo ele, um processo sustentável. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que, nos sete primeiros meses deste ano, foram gerados 1,7 milhão de postos de trabalho formais.

“O grande símbolo dessa nova classe média é o emprego com Carteira de Trabalho que agora, em sete meses do ano, já bateu recorde. E a boa notícia é que tem sustentabilidade. Não é porque os brasileiros estão indo mais às lojas, ou porque tem programa social, ou porque tem crédito. Isso é parte da história. A parte principal é que o brasileiro fez o dever de casa, gerou renda e está trazendo renda para casa porque trabalha e estuda. Ele é o grande personagem dessa emergência da classe média, ele que fez esse processo”, disse Néri.

O levantamento aponta ainda que o Brasil saiu da crise “não em fevereiro de 2010, mas em fevereiro de 2009”. Segundo Néri, o cenário coloca o Brasil em situação “bem diferente de países como Índia e China, onde a economia está crescendo com aumento de desigualdade. No Brasil a economia não cresce tanto quanto nos outros Brics [acrônimo que representa os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China], mas cresce com a redução da desigualdade, que era a nossa principal chaga”. Marcelo Néri afirmou ainda que o Brasil está cumprindo a Meta do Milênio na metade do tempo previsto. “A pobreza tinha que cair 2,7% ao ano e está caindo 4,32%, taxa que foi registrada no ano de crise”.

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Contra privatização de hospital em SP, sindicato aciona Ministério Público

No começo da próxima semana, o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde) vai denunciar o processo de desmonte e privatização do Complexo Hospitalar do Juquery ao Ministério Público de São Paulo e ao Conselho Estadual de Saúde.

Na manhã de quarta-feira (8), a entidade coordenou um ato público no centro de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, em protesto contra a ação promovida pela secretaria estadual de Saúde.
 
Participaram trabalhadores e usuários do complexo, além de sindicalistas e políticos. Na ocasião, começaram a ser colhidas assinaturas em defesa da manutenção, pelo estado, da oferta do serviço de saúde na cidade, além de melhorias e restauração do antigo conjunto arquitetônico. Até agora, já foram colhidas mais de 3 mil assinaturas.
 
Raquel Alves Massinelli, da direção regional do Sindsaúde em Franco da Rocha, explica que a população carente do município conta hoje apenas com um pronto socorro mal equipado, além de uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
 
Segundo a atendente de enfermagem, que há 25 anos trabalha no Juquery, o atendimento com especialistas em ortopedia, dermatologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, traumatologia buco-maxilo-facial, reumatologia e urologia é feito no complexo que está prestes a ser desmontado.
 
“Há pouco mais de um ano, o serviço de ginecologia e obstetrícia deixou de ser oferecido, e as pacientes têm de ir para Caieiras (a oito quilômetros de distância)”, diz Raquel. “Já houve caso de mulher que deu à luz no trem, a caminho da maternidade.”
 
Mais recentemente, o complexo deixou de oferecer atendimento pediátrico. E a chamada praça da saúde, um pronto atendimento construído pela prefeitura – com clínico geral, pediatra e dentista –, ainda não  funciona plenamente por falta de profissionais, como médicos e enfermeiros.
 
Para complicar, segundo a dirigente, o estado construiu um prédio que abrigará um hospital regional referenciado, administrado pela organização social (OS) Santa Casa de Misericórdia. “É bom que haja um hospital novo e equipado, que atenda o município e também toda a região. O problema é que, para ser atendido ali, o usuário precisará de encaminhamento. E onde o morador de Franco da Rocha irá para obter a guia se não houver um pronto socorro na cidade?”, lamenta. Segundo Raquel, os cidadãos terão de recorrer a serviços já sobrecarregados de cidades vizinhas.
 
Lindair Ferreira da Silva sabe bem o que é isso. Em agosto passado, seu filho mais velho sofreu um acidente de moto e foi levado para um hospital na vizinha Francisco Morato. “Três dias depois de operado ficou largado num canto, sem receber remédio, nem cuidado. Não aguentou e assinou um termo de responsabilidade. Disse que ‘preferia morrer em casa do que lá’, onde era mal cuidado por  não ser da cidade”, diz.  Agora, ele deverá passar por consulta no complexo (do Juquery). “A gente tem que lutar pelo nosso direito”, completa.
 
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Saúde não deu entrevista. Apenas divulgou uma nota na qual afirma que “o novo prédio abrigará um amplo centro de especialidades, onde serão feitas cirurgias e atendimentos de alta complexidade, como cardiologia ou politraumas. E o Hospital de Clínicas (onde atualmente funcionam os ambulatórios de especialidades) será transformado em hospital de referência”.
 
Sem sangue
 
Até as 18h30 desta quinta-feira (9), a secretaria não havia respondido se o hospital será aberto à população sem necessidade de guia de encaminhamento para a consulta ou se receberá pacientes encaminhados por outras unidades. Os enfermeiros qualificam esse tipo de serviço de “hospital sem sangue”.
 
Outra preocupação é a transferência dos 2.400 funcionários do complexo, já que apenas 250 permanecerão no hospital que será terceirizado e “quarteirizará” a mão de obra. “O medo de muitos é de que sejam transferidos para lugares distantes, como Casa Branca ou Santa Rita do Passa Quatro”, diz Raquel. “Sem contar o assédio moral aos que se recusarem a sair”. Segundo ela, do jeito que o Estado está privatizando a rede, não sobrará lugar para absorver os funcionários.
 
Ainda conforme a nota da secretaria, os servidores que atuam no Juquery e que “não quiserem continuar trabalhando na nova unidade serão remanejados para outras unidades do Estado e não haverá demissões, já que esses trabalhadores são concursados”.
 
Pouca gente na cidade sabe sobre as mudanças apontadas pelo Sindsaúde e que o governo estadual paulista desconversa. Os usuários, ao saberem da notícia, ficam indignados. É o caso de Michelle Santos de Santana. Ela conta que no final do ano passado, seu filho de 10 anos fraturou o braço e foi levado a um ambulatório de um convênio, onde sequer fez exames. Com o passar dos dias, a mão do menino ficou cada vez mais inchada e ele passou a sentir muita dor.
 
“Levei então no ortopedista do Juquery. Ele foi grosso, mas competente. Localizou a fratura e tratou com cuidado. Dia sim, dia não, queria ver o menino para acompanhar se estava melhorando. Se não fosse ele, o caso tinha complicado e precisaria cirurgia e colocação de pino”, conta Michelle, que tem inúmeras histórias sobre o atendimento do complexo hospitalar público de Franco da Rocha.
 
“Uma amiga, aos seis meses de gravidez, foi para lá porque estava com dores. A criança nasceu logo que ela chegou”, lembra. “O medo de que o bebê não sobrevivesse era grande. Mas os médicos de lá prometeram fazer de tudo e fizeram mesmo. Hoje a menina tem dois anos, é forte e perfeita.”
 
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Operação da PF prende governador do Amapá

A Polícia Federal (PF) confirmou há pouco que o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias de Carvalho, está sob custódia em sua residência, enquanto os agentes cumprem mandado de busca e apreensão. A finalidade é encontrar indícios do envolvimento de Pedro Paulo no desvio de recursos públicos. A ação da PF faz parte da Operação Mãos Limpas que se iniciou hoje (10) no estado.

Segundo a Polícia Federal, o governador e mais 17 pessoas entre políticos, servidores públicos e empresários presos serão trazidos para Brasília ainda hoje. Alguns detidos deverão ser encaminhados à sede da Polícia Federal e outros serão levados para presídios.
 
Os envolvidos estão sendo investigados pelas práticas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, advocacia administrativa (patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública), ocultação de bens e valores, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, tráfico de influência, formação de quadrilha, entre outros crimes.
 
Integram as investigações, que se iniciaram em agosto de 2009, a Receita Federal, a Controladoria-Geral da União e o Banco Central e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro João Otávio de Noronha, da Corte Especial do STJ, decretou as prisões.
 
Trabalham na operação 600 policiais federais. Foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça 18 mandados de prisão temporária, 87 mandados de condução coercitiva e 94 mandados de busca e apreensão. Além do estado do Amapá, os mandados estão sendo cumpridos no Pará, na Paraíba e em São Paulo. Participam da ação 60 servidores da Receita Federal e 30 da Controladoria-Geral da União.
 
Segundo a Polícia Federal as apurações revelaram indícios de um esquema de desvio de recursos da União que eram repassados à Secretaria de Educação do Estado do Amapá, provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).
 
Foi verificado pela PF que a maioria dos contratos firmados pela Secretaria de Educação não respeitava as formalidades legais e beneficiava empresas previamente selecionadas. Apenas uma empresa de segurança e vigilância privada manteve contrato emergencial por três anos com a Secretaria de Educação, com fatura mensal superior a R$ 2,5 milhões, e com evidências de que parte do valor retornava, sob forma de propina, aos envolvidos.
 
As investigações constataram também que o mesmo esquema era executado em outros órgãos públicos. Foram identificados desvios de recursos no Tribunal de Contas do Estado do Amapá, na Assembleia Legislativa, na Prefeitura de Macapá, nas secretarias de Estado de Justiça e Segurança Pública, de Saúde, de Inclusão e Mobilização Social, de Desporto e Lazer e no Instituto de Administração Penitenciária.
 
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Candidatos à Presidência concordam em estabelecer verba mínima para saúde

Os três candidatos à Presidência da República concordam sobre a necessidade de aprovação da Emenda 29, que prevê percentuais mínimos a serem aplicados pelos entes federativos no campo da saúde.

Em linhas gerais, a União deve aplicar o mesmo empenhado no ano anterior, mas corrigido pela variação do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois anos anteriores. Os estados e o Distrito Federal deveriam destinar 12% de seus impostos, e os municípios, 15%.
 
A maior discordância no que diz respeito à Emenda 29 é a criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), um tributo destinado ao financiamento da área. A oposição não concorda com a criação do imposto e apresentou um destaque para que a CSS seja retirada do texto. A leitura do governo federal, no entanto, é de que se trata de um imposto de baixo impacto para a população e que, na soma geral, tem papel importante para o fomento à saúde.
 
Outras propostas
 
Por outro lado, de acordo com levantamento feito pela Agência Câmara, os candidatos têm discordância em relação às demais propostas para o setor. Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) estão de acordo quanto à sequência do processo de fortalecimento do Programa de Saúde da Família, tema que não está entre as prioridades de José Serra (PSDB).
 
O tucano tem enfatizado a criação da Rede de Reabilitação Zilda Arns, que seriam unidades para atender a traumas e a pessoas com deficiência. Serra, que ressalta em sua campanha seu passado como ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), promete ainda a ampliação da distribuição de medicamentos gratuitos.
 
Dilma, que foca nos remédios para diabetes e hipertensão, gostaria também de fortalecer o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), criado em 2003 pelo governo Lula para atendimentos de emergência.
Marina Silva lembra a necessidade de diminuir as desigualdades regionais no acesso à saúde e lembra a importância de valorizar os profissionais do setor. Além disso, a candidata do PV entende que é preciso estabelecer parâmetros e indicadores para aprimorar as políticas públicas.
 
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) destoa das propostas. O candidato promete encerrar as parcerias com Organizações Sociais (OSs), que são organizações privadas que passam a gerir setores da saúde pública. As OSs se tornaram prática comum em diversas prefeituras de variados partidos e no governo paulista, comandado pelo PSDB. Na mesma linha, Plínio promete extinguir fundações privadas que atuem na gestão pública de saúde.
 

Analfabetismo funcional alto mostra fracassos na educação, diz pesquisadora

O alto índice de analfabetismo funcional no Brasil detectado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009), divulgada na quarta-feira (8), é resultado de problemas no início da escolarização. A análise é da professora Onaide Schwartz Correa de Mendonça, coordenadora do curso de pedagogia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente (SP).

Segundo o estudo realizado  pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20% dos brasileiros não conseguem compreender textos, enunciados matemáticos e estabelecer relações entre assuntos, apesar de conhecerem letras e números.
 
A Pnad também detectou que a taxa de analfabetismo está em queda no país, especialmente na região Nordeste. Desde 2004, a taxa caiu 1,8% em todo Brasil e 3,7% nos estados nordestinos. Entretanto, 14,1 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais permanecem sem saber ler e escrever. Os números da pesquisa demonstram que a educação básica, de responsabilidade de estados e municípios, não anda bem.
 
“Se o aluno souber ler e escrever a aquisição dos demais conteúdos será uma consequência”, ensina Onaide.
 
Em entrevista à Rede Brasil Atual, a autora de livros sobre alfabetização diz que as consequências do analfabetismo funcional são cada vez mais sentidas nas universidades, sejam públicas ou particulares.
 
A pesquisadora revela que colegas, professores do curso de graduação em matemática, têm reclamado bastante da ausência, entre os estudantes universitários, de conhecimentos básicos. “(Os profissionais de educação) afirmam que os alunos não trazem os conhecimentos mínimos de conteúdos que deveriam ter sido trabalhados no ensino fundamental e médio”, dispara.
 
O problema também se estende ao domínio da língua portuguesa. “(Os professores) reclamam ainda que os alunos cometem erros graves de ortografia. Eles se dizem perplexos e comentam que a cada ano está pior, no sentido de receberem mais alunos com esses problemas”, descreve Onaide.
 
A coordenadora também detectou a deficiência entre seus alunos do curso de Pedagogia. “Tenho observado que a cada ano mais estudantes têm vindo com problemas de ortografia”.
 
Apesar de o vestibular ter critérios razoavelmente rigorosos para a aprovação dos alunos, ainda há os que têm deficiências de nível básico, alerta.
 
“Creio que de 40 alunos que ingressam no 1º ano, uma média de três apresentam erros de português como: não saber distinguir ‘atrás’, de ‘traz’; ‘falavam’ de ‘falarão, pois escrevem ‘falavão’; ou seja, não discriminam a grafia de passado e futuro nas formas verbais, por conta da proximidade da pronúncia, o que caracteriza um erro de transcrição fonética (escrevem da forma como falam).”
 
“Apresentam ainda, erros de separação silábica, pois, por equívocos teóricos, esse conteúdo não vem sendo trabalhado mais na escola pública há anos, e também erros de concordância”, detalha.
 
Apesar de se tratar de um tema complexo, a especialista acredita que o analfabetismo funcional decorre da opção dos governos por métodos equivocados de alfabetização nos últimos 25 anos e do descaso com a carreira docente.
 
Para Onaide, a resolução do problema passa pela escolha de um novo método de alfabetização que leve em conta a questão social e a linguística, além de investimentos maciços na valorização, formação e remuneração dos professores.
 
A professora também é crítica da progressão continuada, método adotado a partir de 1998 em São Paulo, em que o aluno avança sucessivamente sem interrupções, nas séries, ciclos ou fases. Onaide afirma que “nossa população não está preparada” para o método.
 
Ela também não vê condições estruturais para a carreira profissional do educador. “Hoje as condições de trabalho nas escolas estão precárias, não só do ponto de vista material, mas principalmente emocional. Os professores estão adoecendo em função do desgaste causado pela falta de respeito, de interesse e vontade dos alunos”, condena.
 
Confira a íntegra da entrevista com a pesquisadora:

A que problemas sociais e/ou educacionais a senhora atribui alunos de universidade apresentarem características de analfabetismo funcional?
 
Um dos problemas que afetam a Educação em nosso país é a má distribuição da renda, pois poder aquisitivo e acesso à educação de qualidade caminham juntos. Entretanto, não se pode cair no discurso demagógico da década de 70 e afirmar que os alunos das camadas populares fracassam na escola por serem pobres, e ainda, que os alunos não aprendem porque as famílias são desestruturadas, carentes e esses problemas afetam o cognitivo.
 
Esse discurso é discriminador. O que acontece é que as elites têm estilos de vida diferentes das camadas populares: viajam com frequência, frequentam lugares onde sempre se aprende alguma coisa, leem diariamente e as experiências vivenciadas fora da escola contribuem e preparam seus filhos para a aprendizagem.
 
Além disso, podem pagar escolas que desenvolvem conteúdos de forma sistematizada, sem modismos, sem progressão continuada e que cobram essa aprendizagem dos alunos. Por outro lado, esses pais cobram bom desempenho de seus filhos por terem consciência de que estudar é uma necessidade. Falta consciência nas camadas populares.
 
Do ponto de vista educacional, o fracasso constatado nas pesquisas é apenas uma consequência da alfabetização que tem sido feita ao longo dos últimos 25 anos. Um trabalho fragmentado, que se preocupa apenas com ensinar a função social (usos sociais) da leitura e da escrita, e que ignora totalmente a especificidade da alfabetização.
 
No estado de São Paulo, as cartilhas (que eram fraquíssimas) foram substituídas pelo Letra e vida e, hoje, Ler e escrever. Materiais que desenvolvem apenas os usos sociais da leitura e escrita, ótimos para serem usados com alunos quem já dominam a leitura e a escrita do ponto de vista da codificação (escrita) e da decodificação (leitura), mas não para a alfabetização inicial.
 
O processo de alfabetização precisa mudar?
 
É preciso tratar o tema com seriedade. De nada adianta ter dois professores em sala de aula, se os dois trabalharem de forma equivocada! É preciso diminuir o número de alunos por sala (26 é um bom número), pagar um salário decente para o professor e orientá-lo a trabalhar com estratégias adequadas. Cursos de extensão, atualização e aperfeiçoamento são imprescindíveis!
 
Acredito que a razão maior para o notório fracasso da educação pública brasileira está na falta de metodologia adequada para a alfabetização. Se o aluno souber ler e escrever a aquisição dos demais conteúdos será uma consequência.
 
Portanto, a mudança do processo de alfabetização no Brasil é urgente, pois há mais de 25 anos ela tem sido orientada por equívocos.
 
Qual o problema do método de alfabetização adotado nos últimos 25 anos?
 
Até meados da década de 80 a única metodologia utilizada para alfabetizar era o método das cartilhas, sem fundamentação científica. Vale lembrar que índices oficiais mostram que naquela época o fracasso em alfabetização era de cerca de 50%.
 
Por volta de 1986, foi divulgada no país a teoria de aprendizagem, psicogênese da língua escrita, fundamentada no construtivismo e implantada como a “salvação” da educação. Após a divulgação da psicogênese, qualquer método, aqui compreendido como sistematização, organização do trabalho a ser realizado durante a alfabetização, passou a ser condenado e proibido, e propostas fragmentadas e totalmente desorganizadas ganharam espaço nas salas de aula sob o rótulo de “científicas e modernas”.
 
Sabe-se que o método sozinho não faz milagres, pois o professor é o diferencial no processo de ensino/aprendizagem. Entretanto, método significa caminho e o alfabetizador precisa saber de onde vai partir, que caminho percorrerá e onde pretende chegar.
 
Há dois extremos: pode-se fazer um trabalho mecânico nos moldes das cartilhas tradicionais e pode-se realizar um trabalho que, além de alfabetizar, ensine o aluno a debater e ler o mundo criticamente e com isso ajudá-lo não só a interpretar textos, mas compreendê-los integralmente.
 
A ideia era melhorar a alfabetização, mas isso não aconteceu?
 
Dados do INAF 2009 (Indicador de Alfabetismo Funcional), com relação ao item escolaridade, mostram que dentre os alunos que cursam ou cursaram da 5ª a 8ª série, apenas 15% podem ser considerados plenamente alfabetizados.
 
Assim, se no início da década de 80, 50% das crianças não aprendiam a ler na 1ª série, hoje o fracasso em alfabetização é da ordem de 85% no 2° ciclo do Ensino Fundamental, isto é, alunos frequentam até nove anos a escola e não aprendem a ler e escrever.
 
Tal fracasso poderia ter sido evitado, pois a Linguística já comprovou, e confirmamos em nossa experiência de alfabetizadora, que se forem desenvolvidas atividades de leitura durante duas horas diárias, com uma criança de 6 anos, em 3 meses começará a ler e em um ano estará alfabetizada.
 
A que a senhora atribui 85% dos alunos não aprenderem a ler e escrever até o final do Ensino Fundamental?
 
Uma possível explicação para esse fracasso da alfabetização é que, como as cartilhas tradicionais eram consideradas ruins, então passou-se a fazer exatamente o contrário delas. Ensinar o que são letras, como juntá-las para compor sílabas, separar sílabas, como unir sílabas para formar palavras foram consideradas práticas “tradicionais”, e deste modo, esses conteúdos foram excluídos das salas de aulas e dos livros de alfabetização.
 
O que se esqueceu é que esses conhecimentos são específicos da alfabetização, e, portanto, precisam ser trabalhados para que o aluno compreenda e domine o código escrito. Esqueceram também que, na oralidade, o português é uma língua silábica, pois pronunciamos sílabas (bo-la) e não fonemas isolados [b+o+l+a].
Não se pode acreditar que os elaboradores de materiais que desprezam as especificidades da alfabetização o façam por maldade. Talvez seja por falta de conhecimento científico, pois, quando a escola não tem competência para alfabetizar está condenando crianças das camadas populares à marginalidade e à exclusão social.
 
Que método de alfabetização se encaixa melhor à realidade brasileira?
 
Para atender a demanda de alfabetização eficaz publicou-se, em 2007, o livro “Alfabetização – Método Sociolinguístico”, de autoria de Mendonça e Mendonça, que propõe uma nova forma de alfabetização infantil.
Este trabalho entende método como sistematização, organização do trabalho do professor. É “Sócio”, porque desenvolve efetivamente o diálogo no contexto social de sala de aula, e é “Linguístico” por trabalhar o que é específico da língua: a codificação e decodificação de letras, sílabas, palavras, texto, contexto, e desenvolver as habilidades para ler e escrever como: a direção da leitura, o uso dos instrumentos de escrita, organização espacial do texto etc.
 
Em duas pesquisas realizadas, uma em 2006 (sem método) e outra em 2008 (utilizando o método sociolinguístico), obtiveram-se os seguintes resultados: na pesquisa de 2006, quando cerca de 97% dos alunos iniciou a 1ª série (hoje 2º ano) no nível pré-silábico, houve pouca evolução, pois ao final do ano letivo cerca de 68% dos alunos ainda permaneciam no mesmo nível, o pré-silábico, ainda não alfabetizados.
 
Entretanto, analisando os dados das salas que aplicaram o Método Sociolinguístico em 2008, foram obtidos outros resultados. No mês de março, quando os professores iniciaram a aplicação, em que cerca de 95% dos alunos estava no nível pré-silábico, três meses depois 70% dos alunos já estavam lendo, e no mês de julho, 70% já estavam lendo e escrevendo, e. no mês de agosto todos (100%) estavam alfabetizados.
 
Esta proposta metodológica científica, já testada, é capaz de alfabetizar com competência e qualidade, associando os avanços do construtivismo às bases sociolinguísticas do Método Paulo Freire, comprovando que a sistematização do ensino é decisiva para que a criança aprenda. É preciso mudar os rumos da alfabetização infantil, pois só assim estancaremos, na fonte, a produção do analfabetismo/analfabetismo funcional jovem e adulto no Brasil.
 
Segundo o indicador de alfabetismo funcional (Inaf), somente 38% dos alunos que cursaram alguma série ou completaram o Ensino Médio atingem o nível pleno de alfabetismo, quando seria esperado 100% deste grupo. Por que isso ocorre?
 
Ao participar recentemente de correção de redações de vestibular pude verificar erros como: ‘banh-o, fo-rmiga, derepente, consiente, aqontecer’ etc. Fatos como estes nos mostram o caos em que está mergulhado o ensino. Esses são normais durante o primeiro ano de alfabetização, mas não no vestibular.
 
Seria isso fruto de equívocos de teóricos que afirmam que não se pode corrigir o aluno para não fique traumatizado? Que é preciso deixar o aluno descobrir a escrita correta das palavras? Que não se deve ensinar sistematicamente, pois na alfabetização o professor deve ficar perguntando ao aluno o que ele “acha” que está escrito em um texto? Ora, a língua é um código que precisa necessariamente ser ensinado.
 
Só garantir o acesso à escola não é suficiente à formação dos cidadãos?
 
O acesso à escola não garante a aprendizagem nem a formação dos cidadãos. Na realidade o que ocorre hoje é que a maioria absoluta dos alunos das escolas públicas está passando pela escola e não necessariamente aprendendo.
 
Além de desenvolver conteúdos é necessário também resgatar a competência, a dignidade e a autoridade do professor, selecionar metodologias e conteúdos a serem ensinados, despertar nos alunos o senso de responsabilidade, disciplina e civismo, ensinar valores como respeito e solidariedade.
 
Como recuperar os milhões de pessoas que são analfabetos funcionais?
 
Recuperar analfabetos funcionais que já saíram da escola é uma missão complexa, pois raramente se conseguirá trazê-los de volta. Os atuais cursos de alfabetização de jovens e adultos apresentam os mesmos problemas que a alfabetização infantil no Brasil, ou seja, materiais e estratégias inadequadas.
 
Os materiais que são enviados, indicados e usados em cursos de alfabetização de jovens e adultos são feitos para quem já sabe ler, isto é, para o desenvolvimento de habilidades dos usos sociais da escrita, e não para a alfabetização inicial. Pedem que os alunos leiam os textos, são feitos questionamentos sobre esses textos, pede-se para que os alunos produzam textos, porém não há sequer a apresentação do que são letras, não se trabalha o alfabeto, não se ensina como palavras são compostas e não mostram como as sílabas são formadas.
 
Portanto, informações específicas da alfabetização e básicas para quem vai aprender a ler e a escrever não são fornecidas ao aprendiz. O que precisa ser feito é mudar drasticamente o sistema de ensino para que aqueles que ainda estão no sistema não saiam dele analfabetos.
 
O que uma legião de pessoas com dificuldade de expressão significa para o nosso país?
 
Se medidas sérias e urgentes não forem tomadas seremos, se já não somos, um país de ignorantes. Diversidade cultural é algo natural e que faz parte da formação de cada família, comunidade, pois somos homens histórico/sociais, mas falta de conhecimentos básicos sobre a língua e demais componentes curriculares é algo muito diferente.
 
As pessoas citam muito o ensino de “antigamente”. O que mudou atualmente?
 
Não se pode ignorar que “antigamente” a escola era para poucos e hoje é “para todos”. Os professores vinham da elite e, portanto, possuíam um alto nível cultural, eram respeitados, valorizados e ganhavam como juízes, ser professor era uma honra.
 
Os alunos tinham que estudar para ser promovidos. Hoje, salvo raras exceções, o professor é mal formado, maltratado e desrespeitado pelos alunos que, equivocadamente, não estudam, pois serão aprovados “automaticamente”, e ainda acreditam que isso é vantagem.
 
Poucos cursos de formação de professores podem ser classificados como bons. Analisando os currículos desses cursos, são raros os que têm uma disciplina sobre alfabetização, e quando têm, dentre dezenas de conteúdos fundamentais, trabalha um único, o construtivismo, e ainda de forma equivocada.
 
A universalização do ensino não significa ampliação da aprendizagem?
 
Universalizar o ensino fundamental é uma necessidade, mas a escola precisa adaptar-se e ser eficiente para ensinar também aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem.
 
Nossa experiência de alfabetização nas camadas populares comprovou que em uma sala de aula de 30 alunos, 10 aprenderão quase sozinhos, 15 precisarão ser orientados duas ou três vezes mais e cinco terão muitas dificuldades para aprender, de modo que o professor terá que segurar na mão deles e ajudá-los, do contrário sairão analfabetos da escola.
 
Assim, a adaptação a ser feita não significa nivelar o ensino “por baixo” subestimando a capacidade do aluno tratando-o como se fosse inferior, mas ensinar os mesmos conteúdos que são ensinados às elites usando metodologia adequada.
 
Escrever com fluência é uma dificuldade apontada por universitários e profissionais já formados. Dominar a língua é realmente um desafio?
 
O domínio da nossa própria língua constitui a primeira barreira a ser transposta pelo aluno, pois quando chega à escola traz apenas a variedade linguística popular, muito diferente da variedade escolar, dos livros. Assim é necessário trabalhar primeiro a oralidade em sala, ensinar o aluno a perceber as diferenças entre o dialeto popular e o padrão da língua. Fala-se de um jeito e escreve-se de outro, pois a língua escrita possui características específicas que precisam ser dominadas.
 
É preciso que o aluno tome consciência ainda das discriminações sociais existentes contra os dialetos populares e como resolver isso de forma prática. Primeiro é preciso conscientizar e transformar a fala do aluno, para que esses conhecimentos sejam transpostos para a escrita, e ele passe a produzir textos coerentes, coesos, que apresentem concordância e poucos erros ortográficos.
 
Existem livros que desenvolvem técnicas de redação mostrando fatores de textualidade, diferentes modos de se estabelecer a coesão dentro de um texto, porém o escrever bem exige empenho, prática e orientação, pois é um processo que leva tempo para ser construído.
 
O que as universidades podem fazer para auxiliar os alunos com deficiências?
 
Um grande problema é que hoje não consigo citar, em nosso país, cinco nomes de acadêmicos que conheçam alfabetização plenamente, isto é, tanto do ponto de vista teórico como prático. O olhar do pesquisador é muito diferente do alfabetizador. Quem pesquisa não tem sob sua responsabilidade a incumbência de  alfabetizar 25, 30 alunos. Portanto, seu nível de compromisso,  sua intervenção e conhecimento do processo são muito limitados.
 
O que a universidade poderia fazer é realizar cursos de formação de professores, porém o que será ensinado é que é a grande questão, pois a alfabetização no Brasil tem sido dirigida por mitos. Alguns deles  versam sobre o construtivismo equivocado com suas muitas consequências nocivas para os alunos.
 
Os professores de universidades públicas estão sobrecarregados. Atender diretamente os alunos com dificuldades é impossível, pois como a escola não tem conseguido ensinar, são milhares. Não há espaço  físico nas universidades para isso e nem pessoas preparadas. A melhor solução ainda seriam cursos de formação para professores.
 
O ideal seria a implantação de políticas públicas, tanto em nível federal, como dos estados, para modificar o queestá  sendo feito, mas para isso, além de vontade política, seria preciso existir abertura por parte dos envolvidos hoje com  a alfabetização, pois os mitos impedem que estas pessoas entendam que os conhecimentos específicos da alfabetização precisam necessariamente ser ensinados de forma sistematizada e com metodologia adequada.
 
Essas pessoas, em sua maioria, são contra métodos ou qualquer forma de sistematização do ensino. Parece que passaram por uma lavagem cerebral… Não compreendem que a criança aprende muito mais rápido, e com qualidade, quando a forma de ensinar é organizada.
 
Qual sua avaliação do sistema de progressão continuada em vigor no estado de São Paulo?
 
O Brasil não está preparado para a progressão continuada! Esse sistema pode funcionar em países avançados, onde a população alcançou um nível de conscientização e compreendeu que o estudo faz parte da vida, que é indispensável, e que o conhecimento, além de ser um instrumento poderoso, é o único bem que não pode ser roubado.
 
Porém, nossa população não está preparada. Sabe-se que muitos alunos frequentam a escola por força legal, que vão para lá apenas para conversar e, no final do ano, recebem o “prêmio” da Progressão Continuada.
Hoje as condições de trabalho nas escolas estão precárias, não só do ponto de vista material, mas principalmente emocional. Os professores estão adoecendo em função do desgaste causado pela falta de respeito, interesse e vontade dos alunos.
 
Ainda há os que só criticam o professor, porém se as aulas não são ótimas, na maioria dos casos, a culpa não é do professor, mas dos cursos de formação que precisam ser revistos com urgência.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/analfabetismo-funcional-e-resultado-de-metodos-equivocados-e-descaso-com-professores-analisa-especialista

Sai lista de filmes brasileiros inscritos para o Oscar

Utopia e Barbárie (Silvio Tendler), Lula, o Filho do Brasil (Fabio Barreto) e 5 x Favela, Agora por Nós Mesmos (Wagner Novais, Mainara Carneiro, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos e Luciana Bezerra, jovens cineastas dirigidos por Cacá Diegues) estão entre os filmes inscritos para participar da seleção do representante brasileiro que será indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011. No total, foram inscritos 23 filmes (veja a lista no final). A lista foi divulgada nesta quarta-feira (8) pela Secretaria do Audiovisual, do Ministério da Cultura (Minc).

Segundo o Minc, o nome da produção escolhida será anunciado por uma comissão especial no próximo dia 23. Já os cinco filmes selecionados para concorrer ao Oscar serão conhecidos em 25 de janeiro do ano que vem – a cerimônia será realizada em 27 de fevereiro, nos Estados Unidos.
 
O filme 5 x Favela é capa da edição deste mês da Revista do Brasil, que em edições anteriores também destacou Utopia e Barbárie e Lula, o Filho do Brasil. Na lista do Minc, estão ainda filmes relacionados a temas espíritas (Chico Xavier e Nosso Lar) e inspirados em obras de Dias Gomes (O Bem-Amado) e Jorge Amado (Quincas Berro d´Água).
 
Integram a comissão membros indicados pelo gabinete do Minc, pela Secretaria do Audiovisual, pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e pela Academia Brasileira de Cinema (CBC). A banca será formada por Cássio Henrique Starling Carlos, Clélia Bessa, Elisa Tolomelli, Frederico Hermann Barbosa Maia, Jean Claude Bernardert, Leon Kakoff, Márcia Lellis de Souza Amaral, Mariza Leão Salles de Rezende e Roberto Farias.
 
No site do ministério (www.cultura.gov.br), é possível votar nos filmes. Abaixo, a relação dos inscritos.
    * As Melhores Coisas do Mundo
    * A Suprema Felicidade
    * Antes que o mundo acabe
    * Bróder
    * Carregadoras de Sonhos
    * Cabeça a Prêmio
    * Cinco Vezes Favela, Agora Por Nós Mesmos
    * Chico Xavier
    * É Proibido Fumar
    * Em Teu Nome
    * Hotel Atlântico
    * Lula, o Filho do Brasil
    * Nosso Lar
    * Olhos Azuis
    * Ouro Negro
    * O Bem Amado
    * O Grão
    * Os Inquilinos
    * Os Famosos e os Duendes da Morte
    * Quincas Berro D’água
    * Reflexões de um Liquidificador
    * Sonhos Roubados
    * Utopia e Barbárie

Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/entretenimento/sai-lista-de-filmes-brasileiros-inscritos-para-o-oscar

Anatel aprova criação do programa “Bolsa Telefone”

 Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou ontem a criação do “Bolsa Telefone”, programa que deverá garantir acesso à telefonia fixa aos 12,6 milhões de beneficiários do Bolsa Família.

A medida só deverá entrar em vigor a partir de janeiro de 2012, porque precisa de regulamentação. Só depois é que os detalhes serão definidos. Hoje o que existe é um pedido do presidente Lula para que a mensalidade dos planos do “Bolsa Telefone” seja inferior a R$ 15.
 
Esse desconto tarifário deverá ser bancado pelas próprias operadoras (que oferecerão os planos) com parte dos lucros obtidos com a exploração do “backhaul” (centrais de comunicação instaladas nas sedes de cada município do país).
 
Com essa decisão, a Anatel está modificando o AICE (Acesso Individual Classe Especial), um programa que funciona atualmente como telefone fixo pré-pago para a baixa renda.
 
A partir de agora, o AICE atenderá os beneficiários do Bolsa Família, mantendo os clientes que já assinavam o plano. O preço atual pago pelos assinantes do AICE, que é de cerca de R$ 20, será reduzido para R$ 15.
 
RESISTÊNCIA
 
Estudos técnicos da Anatel revelaram que o AICE não conseguiu cumprir o objetivo de levar acesso de telefonia fixa individual à população de baixa renda. No país, somente 250 mil são assinantes desse tipo de plano.
 
A Folha apurou que houve uma proposta levada ao conselho da agência para que o AICE fosse mantido e que um outro programa fosse criado para atender exclusivamente os beneficiários do Bolsa Família. Esse novo programa seria subsidiado, em parte, com recursos públicos. Essa proposta foi vencida.
 
As operadoras preferiam ter o desconto tarifário garantido pelo Fundo de Universalização dos Serviço de Telecomunicações, e não retirado da parte do lucro das teles, como foi acertado.
 
A Folha apurou que elas já se mobilizam para que haja modificação dessa medida na hora da regulamentação.
Mesmo assim, o governo federal continua buscando promover a universalização da telefonia fixa.
 
Não há dados atualizados sobre o deficit de acesso da população carente à telefonia fixa. O último levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), feito em 1998, mostrou que 92% da população carente não tinha acesso a serviços telefônicos. Esse deficit era menor no acesso a energia (2,6%), esgoto (25%) e coleta de lixo (25%).
 
Em 2008, o Ministério das Comunicações sinalizou à Anatel sua intenção de reduzir a barreira de acesso da classe de menor renda aos serviços de telecomunicações. A criação do “Bolsa Telefone” seria uma das saídas.
 
Mais informações acesse: http://idec.org.br/noticia.asp?id=12745