Mês: julho 2023
O BC na retranca
Márcio Pochmann: ''Eleições este ano serão mais ideológicas''
Portal Sul 21: Qual a perspectiva para a economia, neste ano de eleições?
Márcio Pochmann: Penso que 2010 será um ano singular na realidade econômica e social do Brasil. Antes, o debate era em torno da alta da inflação, a queda nos índices da economia, enfim, uma série de temas conjunturais que pautavam o debate político nas eleições. Diferente de outros períodos, agora a agenda de discussões será em torno de um programa de longo prazo, e não será meramente técnica. Vai depender dos candidatos e das opções políticas e ideológicas dos partidos e não apenas de consultorias contratadas para isso. Os partidos terão que mostrar quais são os seus projetos para o futuro do país.
Portal Sul 21: Isso já está aparecendo nesta pré-campanha?
MP: Não é possível saber ainda qual será a linha de cada um. Não tem nada claro. As diferenças estão nas entrelinhas e pouco ainda sobre as ideias do plano de governo que cada um pretende. Mas, é evidente, por exemplo, que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff (PT) defende a continuidade do governo atual. E, se formos comparar, em 2002 o pré-candidato José Serra (PSDB) não utilizava o mesmo discurso. Ele inclusive falava que seria um “continuísmo sem continuidade”. Os argumentos dele hoje, no que se refere ao debate na economia, são declarações vazias e apenas críticas ao modelo atual. Embora ele respeite e elogie o presidente Lula e diga que fará “mais do mesmo”, é o que diz o slogan: O Brasil pode mais.
Portal Sul 21: Pode-se afirmar, como fazem alguns ‘especialistas’, que o sucesso do governo Lula com a política econômica se deve às ações do governo FHC?
MP: Não há como comparar as medidas do governo de Lula, diante da crise de 2008-2009, com o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997-1998. Naquela época, a crise foi muito menor e houve elevação dos juros, aumento da carga tributária, as alíquotas de sete impostos foram remarcadas para cima, além da cobrança de um novo tributo e corte nos gastos públicos. A crise financeira mundial de 2008- 2009 foi mais severa que a dos anos 90. Em vez de aumentar impostos, o governo desonerou setores industriais, baixou o IPI dos carros, a carga tributária caiu, nós não reduzimos os investimentos públicos, pelo contrário, e o salário mínimo teve um ganho real de 6,4%.
Portal Sul 21: É possível identificar que existiram dois governos Lula? O primeiro até 2005 e um segundo, depois desse período?
MP: Há continuidade nos dois governos, principalmente no que se refere às políticas sociais. A continuidade vem desde a recuperação do papel do Estado e a consolidação dos direitos sociais, dando efetividade a Constituição de 88, até a ampliação dos gastos sociais, que aconteceram desde 2003. Porém, há descontinuidade em relação a outros temas, como na política fiscal de um governo para o outro. A partir do segundo governo passou-se a trabalhar com metas para geração de emprego formal, crescimento acelerado acima de 5%, com Plano de Aceleração do Crescimento, o Plano de Desenvolvimento da Educação, investimento em tecnologia, e um papel mais protagonista no financiamento dos investimentos produtivos através dos bancos públicos. No segundo governo, também aconteceu uma reestruturação no Ipea para aumentar a eficiência e evitar sobreposição de ações. Investimos na formação dos pesquisadores e no trabalho do Instituto de forma articulada. Outra ação diz respeito às redes que nós constituímos com diferentes instituições, para buscar a complementação, a cooperação no âmbito de pesquisa e investigação. E, todos esses fatores contribuem para a descentralização do país como Estado gastador, inchado, com excesso de funcionários.
Portal Sul 21: Dizia-se que os direitos trabalhistas eram empecilho para o crescimento do trabalho formal e que o salário mínimo não seria um instrumento para impulsão de crescimento. O que os estudos do IPEA revelam sobre isso?
MP: Há 10 anos, quando se falava em aumentar o salário mínimo, diziam que teríamos uma inflação mais alta, a quebra das microempresas e um déficit previdenciário. Mas depois da ousadia do governo Lula, que encontrou uma forma de reajustar o mínimo, justamente em um período recessivo, com políticas de transferência de rendas, percebeu-se que o salário mínimo não impacta na inflação. Tivemos melhorias no mercado de trabalho brasileiro, programas sociais, redução das desigualdades, incremento e ampliação no salário mínimo. O crédito melhorou e há recuperação do volume de gastos sociais. Todos esses fatores permitiram que o país voltasse a ter mobilidade social ascendente em grande escala, o que não ocorreu durante a década de 90.
Portal Sul 21: A reforma agrária, em sua visão, está tendo a atenção devida?
MP: A pequena propriedade tem participação importante na economia do país, mas acredito que a relevância da reforma agrária está em dois fatores diferentes e pouco discutidos. Primeiro: a reforma agrária hoje é uma questão de soberania nacional, em razão da disputa por fontes de água doce e pela própria soberania territorial para a produção alimentar. Países como a China estão hoje comprando grandes áreas de terra para sua produção, assim como grandes corporações internacionais. A África hoje é um exemplo disso. Muitos países praticamente já não possuem acesso às suas fontes de água e às suas terras produtivas. O segundo tema é a sustentabilidade ambiental. O monopólio na produção agrícola serve de vetor da degradação. O Estado tem muito mais condições de regular a degradação ambiental em relação ao pequeno e médio produtor rural. No entanto, para discutirmos a reforma agrária precisamos mudar a forma de ação do Estado para atuações integradas. O assentamento não é um tema da agricultura de maneira isolada, ele requer uma ação matricial do Estado. É necessário investir em educação, tecnologia, saúde, linhas de crédito, capacitação, enfim, ações setoriais, mas articuladas.
Portal Sul 21: Qual foi o dado mais significativo resultante da Pnad (Pesquisa Nacional pela Amostra de Domicílios)?
MP: A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad 2008 é a melhor pesquisa que temos hoje sobre a realidade social do Brasil. A pesquisa comprova a volta da mobilidade social no país. A partir da década de 30, a mobilidade social foi um dos charmes da industrialização brasileira, comparado ao que a China tem hoje. Na década de 80 e 90 tivemos uma escassez de mobilidade social. Durante os anos noventa chegou-se a dizer que era a época que vivíamos no “Brasil de 2/5”, isto é, apenas 2/5 da população teriam efetivo acesso aos direitos sociais e ao emprego formal. Foi naturalizada a ideia de que a estrutura econômica brasileira era uma pirâmide de base larga e ponta estreita. A Pnad demonstra que desde 2003 temos a volta da mobilidade social, e a estrutura social do país já se aproxima do desenho de um barril, com o crescimento de todas as camadas da população e as classes médias maiores.
Portal Sul 21: O Rio Grande do Sul vem caindo no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Qual a sua avaliação da estrutura produtiva e social do estado gaúcho no início de século? O RS está preparado para os desafios do século 21?
MP: O estado gaúcho enfrenta dificuldades em se recompor frente ao restante do país. No Rio Grande do Sul ainda se mantém uma desigualdade singular. A Metade Sul vive como se estivesse no século XIX. A Região Norte, fortemente marcada pela agropecuária, tem o perfil do século XX. E, a Região Nordeste apresenta setores mais dinâmicos, alguns deles apontando para o que estamos vendo nascer no século XXI. Para o Rio Grande do Sul enfrentar os desafios do século 21, ele precisa recuperar perante as outras regiões o seu papel na produção de grãos e na indústria, que está hoje muito defasado. Uma alternativa para o RS, e também para o Brasil, é desenvolver mais instituições financeiras e bancos voltados para o financiamento à agricultura familiar, e bancos comunitários. É inadmissível um país do tamanho do nosso ter menos de 160 bancos.
Portal Sul 21: Depois da crise de 2008-2009, já é possível identificar avanço na governança mundial?
MP: Ainda vivemos o mesmo modelo de desgovernança mundial anterior à crise. Temos um descompasso entre o poder das corporações internacionais e os poderes públicos. Depois de alguns séculos de superação do poder das corporações sobre as sociedades, voltamos a viver em um mundo dominado por elas. Hoje, 500 corporações detêm 50% do PIB mundial e colocam em xeque a democracia. Não podemos mais dizer que os países têm empresas, mas são empresas que têm países. Se alguma dessas grandes corporações quebra, ela arrasta consigo os países, como foi o caso do Lehman Brothers. O modelo de governança mundial construído ao longo da segunda metade do século 20, com instituições como a ONU, Banco Mundial e o FMI vive uma profunda crise de legitimidade e capacidade de regulação dos mercados. Outro elemento propulsor da crise e que demonstra essa desgovernança mundial é o padrão de produção e consumo que agride o meio ambiente e que é regido pelos interesses privados das corporações. Por isso, pensar em sustentabilidade em longo prazo é tão difícil. Precisamos pensar um novo modelo de governança mundial pública para superar esses elementos.
Portal Sul 21: Na sua avaliação, os desdobramentos da crise na Europa podem afetar a economia brasileira em 2010?
MP: Estamos falando de um capitalismo globalizado aqui. Países tão importantes para o crescimento industrial, como os da Europa, têm impacto em todos os lugares do mundo sim. Mas não diretamente no Brasil. Nós temos apostamos no mercado interno e nos investimentos em exportação, o que é uma alternativa diante da crise européia.
Portal Sul 21: Recentemente a revista britânica The Economist publicou artigo sobre o nível de crescimento da economia brasileira. Para a publicação, o ritmo do Brasil pode ser comparado com o da China, o que seria um problema, pois “o Brasil não é a China”. O que você pensa sobre isso?
MP: Na minha opinião, a revista The Economist não tem condição de fazer esta análise. Esta opinião é muito mais de fundo ideológico do que técnico. Não é uma visão realista. O Brasil pode tranquilamente ser considerado a China da década de 50, pois somos o país que mais cresceu no mundo nos últimos tempos. O crescimento tende a ser de 7 a 8% ao ano. Para que se sustente isso, é preciso política econômica, fiscal, e isso tudo foi construído no governo atual.
Portal Sul 21: O movimento de união dos Bancos Centrais para salvar o mercado financeiro foi mais uma demonstração de força da hegemonia neoliberal?
MP: Foi uma ação muito importante dos Estados, que demonstraram capacidade de atuar sob o padrão monetário global. Em razão desse movimento, foi possível evitar que, após a recessão, entrássemos em um momento de depressão. Foi importante perceber que as economias dos países são totalmente interdependentes. É curioso perceber, por exemplo, que os EUA são cada vez mais dependentes das decisões do Comitê Central do Partido Comunista Chinês. Porém, percebe-se o início de uma tentativa de retorno do discurso neoliberal, defendendo que o Estado já pode se afastar da economia. É preciso desconstruir essa noção do neoliberalismo que trata o Estado como um hospital ou uma ambulância, que resgatam mortos e feridos no campo de batalha, e, mostrar que o Estado deve ser um indutor permanente de um crescimento equilibrado e sustentável.
Mais informações acesse: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=6990
Em ritmo chinês, Brasil tem crescimento anualizado de 11,2%
O Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 9% no primeiro trimestre de 2010 ante o mesmo período do ano anterior, segundo divulgou nesta terça-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior alta da série histórica, iniciada em 1995, na comparação com igual trimestre de ano anterior – levando-se em conta todos os trimestres da série. O resultado nesta comparação veio dentro das estimativas do AE Projeções, que variavam de 7,74% a 9,20%, com mediana de 8,55%. Em 12 meses, o PIB acumula alta de 2,4%. (Ao final do texto, leia a explicação sobre o que é o PIB.)
Na comparação com quarto trimestre de 2009, o PIB apresentou alta de 2,7%, a maior ante trimestre imediatamente anterior desde o primeiro trimestre de 2004 – levando-se em conta todos os trimestres. O resultado também veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções (2,20% a 3,10%) e acima da mediana projetada de 2,50%. Ainda segundo o IBGE, o PIB do primeiro trimestre somou R$ 826,4 bilhões.
A forte expansão no período equivale a um crescimento anualizado de 11,2%, mesmo resultado registrado pela China no trimestre, segundo a BBC. O cálculo é uma projeção de qual seria a expansão do PIB caso o ritmo de crescimento do primeiro trimestre se mantivesse ao longo de um ano. Os economistas lembram, no entanto, que “é improvável” pensar que o PIB continuará crescendo a essa velocidade nos próximos trimestres, já que alguns indicadores, como o da produção industrial, já desaceleraram nos últimos meses.
A expectativa do mercado, segundo a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central junto a instituições financeiras, é de que o PIB deste ano cresça 6,6%, mas algumas instituições já falam em um crescimento de 7,5% em 2010.
Indústria é destaque entre os setores produtivos
O PIB da indústria registrou forte expansão nas duas bases de comparação e ajudou a impulsionar as contas nacionais. O setor cresceu 4,2% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009. Já na comparação com o primeiro trimestre de 2009, o PIB do setor subiu 14,6%.
O PIB da agropecuária, por sua vez, subiu 2,7% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o quarto trimestre do ano passado. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a expansão foi de 5,1%.
O PIB de serviços, por fim, registrou expansão de 1,9% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2009, e de 5,9% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
Investimentos têm maior alta desde 1995
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), constituída principalmente por máquinas e equipamentos e pela construção civil, cresceu 7,4% no primeiro trimestre deste ano ante o quarto trimestre do ano passado. Já na comparação com o primeiro trimestre de 2009, a FBCF subiu 26,0% no primeiro trimestre deste ano, a maior alta da série do IBGE, iniciada em 1995.
Ainda segundo o IBGE, a taxa de investimento (FBCF/PIB) ficou em 18,0% no primeiro trimestre deste ano. No primeiro trimestre do ano passado, a taxa de investimento foi de 16,3%.
Setor externo volta a contribuir negativamente
O forte crescimento das importações fez com que o setor externo, que tinha contribuído positivamente para o resultado do PIB em 2009, tenha voltado a dar uma contribuição negativa no cálculo do Produto, segundo destacou a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. As importações entram com sinal negativo nas contas do PIB e cresceram bem acima das exportações no início deste ano.
Segundo o IBGE, as importações de bens e serviços aumentaram 13,1% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009, enquanto as exportações subiram 1,7% no período. Rebeca explica que essa forte expansão das importações reflete o câmbio, o aumento da demanda doméstica e a elevação dos investimentos, que leva à importação de máquinas e equipamentos.
Na comparação com igual trimestre do ano passado, as importações de bens e serviços aumentaram 39,5% no primeiro trimestre de 2010, enquanto as exportações registraram alta de 14,5% no período.
Consumos das famílias e do governo crescem
O consumo das famílias, principal componente das contas brasileiras pelo lado da demanda, aumentou 1,5% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, houve aumento de 9,3% no consumo das famílias. Em 12 meses até março deste ano, o consumo das famílias acumula alta de 6,0%.
Já o consumo do governo teve alta de 0,9% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009 e subiu 2,0% ante igual trimestre do ano passado. Em 12 meses até março, o consumo do governo acumula alta de 3,1%.
Entenda o que é o PIB
O Produto Interno Bruto representa o total de riquezas produzido num determinado período num país. É o indicador mais usado para medir o tamanho da economia doméstica. No Brasil, o cálculo é realizado pelo IBGE, órgão responsável pelas estatísticas oficiais, vinculado ao Ministério do Planejamento.
O cálculo do PIB leva em conta o acompanhamento de pesquisas setoriais que o próprio IBGE realiza ao longo do ano, em áreas como agricultura, indústrias, construção civil e transporte. O indicador inclui tanto os gastos do governo quanto os das empresas e famílias. Mede também a riqueza produzida pelas exportações e as importações. O IBGE usa ainda dados de fontes complementares, como o Banco Central, Ministério da Fazenda, Agência Nacional de Telecomunicações e Eletrobrás, entre outras.
O PIB pode ser medido de duas formas, para um mesmo resultado. Quando o PIB é analisado pela ótica de quem produz essas riquezas, entram no cálculo os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços (65%) e agropecuária (5%).
Outra maneira de medir o PIB é pela ótica da demanda, ou seja, de quem compra essas riquezas. Nesse caso, são considerados o consumo das famílias (60%), o consumo do governo (20%), os investimentos do governo e de empresas privadas (18%) e a soma das exportações e das importações (2%).
Mais informações acesse: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,pib-do-1-eordm-trimestre-cresce-9-na-comparacao-anual,not_21710,0.htm
PIB cresce 9% no primeiro trimestre, o maior resultado da série histórica
A economia brasileira cresceu 9% no primeiro trimestre deste ano em comparação a igual período de 2009, a maior alta da série histórica nesse tipo de comparação.
A indústria cresceu 14,6%, seguida pelo setor de serviços, com 5,9% e a agropecuária, 5,1%. A formação bruta de capital (investimentos em máquinas e equipamentos) aumentou 26%, a construção civil aumentou 14,9% e importações de bens e serviços, 39.5%
Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de bens e serviços produzidos no país – até março foi de 2,7%, o mais alto para o período desde 2004. A industria foi o setor que apresentou o maior avanço, com alta de 4.2%. O setor agropecuário teve expansão de 2,7% e o de serviços, de 1,9%.
Os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são das Contas Nacionais Trimestrais.
Mais informações acesse: http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=E7922DD9C8B0F606753BD1A3D79AEAC9?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=971213
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Polícia Federal prende mãe e bebê tupinambá
A Polícia Federal prendeu na tarde de hoje, feriado de Corpus Christi, a índia Glicéria Tupinambá e seu filho de apenas (02) dois meses. Glicéria é liderança de seu povo e membro da Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI. Vinculada ao Ministério da Justiça, a CNPI tem entre seus integrantes representantes de 12 ministérios, 20 lideranças indígenas e dois representantes de entidades indigenistas. Na tarde de ontem, 2 de junho, Glicéria participou da reunião da CNPI com o Presidente Lula, oportunidade em que denunciou as perseguições de que as lideranças Tupinambá têm sido vítimas por parte da Polícia Federal no Sul da Bahia.
No dia seguinte, quando tentava retornar para sua aldeia, Glicéria – tendo ao colo o seu bebê de dois meses – foi detida ao descer do avião, ainda na pista de pouso do aeroporto de Ilhéus (BA), e diante dos demais passageiros, por três agentes da Polícia Federal, numa intenção clara de constrangê-la. O episódio foi testemunhado por Luis Titiah, liderança Pataxó Hã-hã-hãe, também membro da CNPI, que a acompanhava.
Após ser interrogada durante toda a tarde na sede Polícia Federal em Ilhéus, sempre com o bebê ao colo, Glicéria recebeu voz de prisão da delega Denise ao deixar as dependências do órgão. Segundo informações ainda não confirmadas, a prisão foi decretada pelo juiz Antonio Hygino, da Comarca de Buerarema (BA), sob a alegação de Glicéria ter participado no seqüestro de um veículo da META (empresa que presta serviço de energia na região). Esse juiz em entrevista concedida ao repórter Fábio Roberto para um jornal da região, se referiu aos Tupinambá como “pessoas que se dizem índios”. Mãe e filho serão transferidos para um presídio na cidade de Jequié, distante cerca de 200km de sua aldeia.
Desde que a FUNAI iniciou o processo de demarcação da Terra indígena Tupinambá as fazendas invasoras da terra indígena passaram a contratar pistoleiros, fazendeiros dos municípios de Ilhéus e Buerarema iniciaram campanhas difamatórias nas rádios e jornais locais, incitando a população regional contra os índios, o que resultou numa série de conflitos envolvendo pistoleiros, fazendeiros e indígenas.
Como conseqüência da disputa pela posse da terra os Tupinambá respondem a uma série de inquéritos e processos criminais patrocinados pela Polícia Federal, numa estratégia clara de criminalização de sua luta legítima em defesa de seu território tradicional. Em decorrência dessa ofensiva de criminalização já estão presos os indígenas Rosivaldo (conhecido como cacique Babau) e Givaldo, irmãos de Glicéria que passa a ser terceira presa política Tupinambá.
A animosidade nutrida pela Polícia Federal em relação aos Tupinambá já se tornou crônica. No dia 23 de outubro de 2008, numa ação extremamente agressiva, a PF atacou a comunidade indígena da Serra do Padeiro, deixando 14 Tupinambá feridos à bala de borracha, destruiu casas e veículos da comunidade, a escola indígena e seus equipamentos, e ainda deteriorou a merenda escolar. Dois Tupinambá foram presos na ocasião. Em junho de 2009, após outra ação de agentes da PF juntamente com fazendeiros – numa ação de reintegração de posse -, sinais de tortura em cinco Tupinambá ficaram comprovados por exames de corpo de delito realizados no Instituto Médico Legal do Distrito Federal.
O inquérito, levado a cabo pelo mesmo delegado que coordenou a ação dos agentes, concluiu entretanto pela inocorrência de tortura. Nenhum dos agentes foi afastado durante ou após as investigações. No dia 10 de março de 2010, numa ação irregular, a Polícia Federal invadiu a residência do cacique Babau em horário noturno (duas horas da madrugada), destruindo móveis e utilizando extrema força física para imobilizar o Cacique, que acreditava estar diante de pistoleiros, pois os agentes estavam camuflados, com os rostos pintados de preto, não se identificaram e não apresentaram mandado de prisão, além de proferir ameaças e xingamentos.
O Conselho Indigenista Missionário, preocupado com a integridade física e psicológica de Glicéria e seu filho, vem a público manifestar mais uma vez o seu repúdio ao tratamento dispensado por órgãos policiais e judiciais ao Povo Tupinambá. Reafirma seu compromisso em continuar apoiando a luta justa do povo pela demarcação de seu território tradicional e conclama a sociedade nacional e internacional a se manifestar em defesa da causa Tupinambá e pela imediata libertação de seus líderes.
A notícia é do Conselho Indigenista Missionário
Mais informações acesse: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=10&cod=48307
Voto: direito ou dever?
A cada tanto tempo, o tema reaparece: como o voto, de um direito se transformou em um dever? Reaparecem as vozes favoráveis ao voto facultativo.
A revista inglesa The Economist chegou, em artigo recente, a atribuir à obrigatoriedade do voto, as desgraças do liberalismo. Partindo do pressuposto – equivocado – de que os dois principais candidatos à presidência do Brasil seriam estatistas e antiliberais, a revista diz que ao ser obrigado a votar, o povo vota a favor de mais Estado, porque é quem lhe garante direitos.
Para tomar logo um caso concreto de referência, nos Estados Unidos as eleições se realizam na primeira terça-feira de novembro, dia de trabalho – dia “útil”, se costuma dizer, como se o lazer, o descanso, foram inúteis, denominação dada pelos empregadores, está claro -, sem que sequer exista licença para ira votar, dado que o voto é facultativo. O resultado é que votam os de sempre, que costumam dar maioria aos republicanos, aos grupos mais informados, mais organizados, elegendo-se o presidente do país que mais tem influência no mundo, por uma minoria de norteamericanos. Costumam não votar, justamente os que mais precisam lutar por seus direitos, os mais marginalizados: os negros, os de origem latinoamericana, os idosos, os pobres, facilitando o caráter elitista do sistema político norteamericano e do poder nos EUA.
O voto obrigatório faz com que, pelo menos uma vez a cada dois anos, todos sejam obrigados a interessar-se pelos destinos do país, do estado, da cidade, e sejam convocados a participar da decisão sobre quem deve dirigir a sociedade e com que orientação. Isso é odiado pelas elites tradicionais, acostumadas a se apropriar do poder de forma monopolista, a quem o voto popular “incomoda”, os obriga a ser referendados pelo povo, a quem nunca tomam como referência ao longo de todos os seus mandatos.
Desesperados por serem sempre derrotados por Getúlio, que era depositário da grande maioria do voto popular, a direita da época – a UDN – chegou a propugnar o voto qualitativo, com o argumento de que o voto de um médico ou em engenheiro – na época, sinônimos da classe média branca do centro-sul do país – tivesse uma ponderação maior do que o voto de um operário – referência de alguém do povo na época.
O voto obrigatório é uma garantia da participação popular mínima no sistema político brasileiro, para se contrapor aos mecanismos elitistas das outras instâncias do poder no Brasil. O voto torna-se um direito, mas também um dever de participar nos destinos do país.
Mais informações acesse: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=480
Preço da cesta básica cai em 12 das 17 capitais pesquisadas, diz Dieese
O preço da cesta básica caiu em 12 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em maio no comparativo com o mês anterior. Foi a primeira vez no ano em que o custo tem queda na maioria das cidades analisadas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira.
As quedas mais significativas ocorreram em no Rio de Janeiro (-5,04%), Porto Alegre (-4,41%), Belém (-2,33%) e Curitiba (-2,19%). Os preços subiram em Manaus (3,26%), Goiânia (2,72%), Aracaju (1,15%), Recife (1,10%) e Belo Horizonte (0,59%).
A cesta básica mais cara continua sendo a de Porto Alegre, em R$ 256,86. Porém, a forte queda de 4,41% fez com que o custo se aproximasse do de São Paulo, que ficou em R$ 256,31. Os menores custos foram registrados em Fortaleza (R$ 185,73) e Aracaju (R$ 187,10).
Nos cinco primeiros meses do ano,o custo da cesta básica subiu em todas as cidades pesquisadas. As maiores variações acumuladas foram anotadas em localidades do Nordeste: Recife (26,58%), Salvador (18,03%), Natal (18,02%) e João Pessoa (17,27%). Os menores aumentos ocorreram em Brasília e Fortaleza, ambas com 4,96%.
Produtos
Segundo o Dieese, a queda na maioria das capitais em maio ocorreu como resultado da retração no preço do tomate, que vinha desde o início do ano registrando fortes altas. Já o custo do feijão subiu em todas as cidades pesquisadas.
As maiores elevações do feijão foram anotadas em Goiânia (41,29%), Recife (17,52%), Belo Horizonte (15,14%), Natal (14,2%) e São Paulo (14,14%). Os menores aumentos foram em Salvador (2,78%) e Fortaleza (2,98%).
O leite também ficou mais caro em 14 capitais, com destaque para Brasília (10,53%), Belém (7,08%) e Belo Horizonte (5,02%). Em Aracaju, os preços permaneceram estáveis e houve redução em Natal (-0,43%) e Salvador (-1,36%). Em 12 meses, foi verificado aumento no preço do produto em 15 localidades, e os maiores ocorreram em Belém (12,04%), Brasília (12,00%) e Manaus (10,19%).
O preço da carne subiu, em maio, em 11 regiões, com as maiores variações em Goiânia (9,14%), Florianópolis (4,90%) e Curitiba (3,37%). Somente em Manaus não houve oscilação e houve leve queda em cinco cidades, variando entre -0,06% (Natal) e -0,83% (Belém). Quinze capitais apresentaram aumento em 12 meses, com destaque para Aracaju (14,63%) e Natal (10,85%).
Dez capitais tiveram alta no preço do pão, ainda que em pequenas taxas. Somente em três delas o aumento superou 1%: Vitória (2,68%), Recife (1,47%) e Curitiba (1,16%).
Salário
Com base no custo da cesta observado em Porto Alegre (a mais cara), o Dieese estimou que em maio o salário mínimo necessário para suprir as necessidades básicas da população seria de R$ 2.157,88, o que corresponde a 4,23 vezes o mínimo vigente de R$ 510.
Em abril, o mínimo era quase R$ 100 maior, estimado em R$ 2.257,52, ou 4,42 vezes o piso em vigor. Já em maio de 2009,o mínimo necessário ficava em R$ 2.045,06, o que representava 4,4 vezes o piso de então (R$ 465).
Mais informações acesse: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/746571-preco-da-cesta-basica-cai-em-12-das-17-capitais-pesquisadas-diz-dieese.shtml