Sem cotas, estatuto da Igualdade Racial é aprovado na CCJ do Senado

Sem políticas de cotas para negros na educação ou no mercado de trabalho, o Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado por unanimidade nesta quarta-feira pela CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) do Senado, depois de dez anos de tramitação no Congresso.

Apesar de os senadores admitirem que a proposta “não é perfeita nem a ideal”, existe acordo entre os partidos para que o texto seja votado ainda hoje no plenário da Casa, para depois seguir à sanção presidencial.

“O acesso à universidade e ao programa de pós-graduação, por expressa determinação constitucional, deve se fazer de acordo com o princípio do mérito e do acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um”, argumenta o relator do projeto, Demóstenes Torres (DEM-GO), em seu parecer.

Ele defendeu a agilidade na apreciação do projeto sobre cotas na educação que já tramita no Senado. Afirmou, porém, que as cotas devem ser sociais, e não raciais.

Caíram também os incentivos fiscais a empresas com mais de 20 empregados que mantenham uma cota mínima de 20% de trabalhadores negros, porque seriam uma discriminação reversa contra os brancos pobres, segundo entendimento dos senadores.

A exclusão das cotas provocou reação da plateia –formada principalmente por integrantes de movimentos– que gritou em coro: “Os traidores serão lembrados, senadores”.

Representantes de movimentos de afrodescendentes que acompanharam a votação se disseram frustrados com o esvaziamento do projeto, mas afirmaram que a aprovação é uma vitória para a população negra.

“Identificamos que a não aprovação do estatuto constituiria um entrave à efetiva emancipação e desenvolvimento dos negros deste país”, afirmou Nuno Coelho, coordenador nacional do Movimento dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil.

Segundo Coelho, o texto é um ponto de partida para que o governo e o Congresso passem a discutir políticas destinadas aos negros. Ele disse que os movimentos já estão articulando com congressistas propostas para cada um dos trechos suprimidos do texto inicial.

Como o projeto é do Senado e já foi alterado e aprovado pela Câmara, os senadores só puderam suprimir artigos e trechos e fazer emendas de redação.

Raça

O relator retirou todas as menções a “raça” do texto, apesar de o termo estar presente no nome do projeto. Demóstenes afirma que a idealização do estatuto partiu do mito da raça, mas “geneticamente, raças não existem”.

“Deste modo, em vez de incentivar na sociedade a desconstrução da falsa ideia de que raças existem, por meio do estatuto, o Estado passa a fomentá-la, institucionalizando um conceito que deve ser combatido, para acabar com o preconceito e com a discriminação.”

Na mesma linha, a proposta aprovada pela comissão rejeita a expressão “derivadas da escravidão”, em artigo que trata da implementação de programas de ação afirmativa destinados a reparar distorções e desigualdades sociais.

A justificativa é que o estatuto deve “olhar para o futuro”, buscando a justiça social para todos os injustiçados, sem limitação a descendentes de escravos.

Os senadores também suprimiram do texto o termo “fortalecer a identidade negra”, sob o argumento de que não existe no país uma identidade negra paralela a uma identidade branca.

“O que existe é uma identidade brasileira. Apesar de existentes, o preconceito e a discriminação não serviram para impedir a formação de uma sociedade plural, diversa e miscigenada”, defende o relatório de Demóstenes Torres.

A população negra não será alvo de políticas de saúde específicas porque, para o relator, é um “total equívoco” acreditar que ela é predisposta a doenças exclusivas. “Mesmo doenças ditas raciais, como a anemia falciforme, decorrem de estratégias evolucionárias de populações expostas a agentes infecciosos específicos. Nada tem a ver com a cor da pele.”

A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) votou em favor do estatuto, mas fez ressalva a esse ponto. “Morrem seis vezes mais mulheres negras no parto do que brancas. Existem, sim, especificidades na população negra.”

Mais informações acesse: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/751897-sem-cotas-estatuto-da-igualdade-racial-e-aprovado-na-ccj-do-senado.shtml

Projeção para crescimento do PIB tem 13ª alta seguida e chega a 6,99%

Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) elevaram pela 13º seguida a projeção para o crescimento da economia neste ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, subiu de 6,60% para 6,99%. Para 2011, a expectativa para o PIB permaneceu em 4,50%.

Os dados constam do boletim Focus, publicação semanal do BC elaborada com base em projeções de analistas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia.

Para o crescimento da produção industrial, neste ano, a estimativa foi ajustada de 11,34% para 11,32%. Os analistas mantiveram a previsão para o próximo ano em 5%.

A projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB passou de 41% para 41,20%, neste ano, e de 39,70% para 39,85%, em 2011.

A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) para este ano permaneceu em US$ 15 bilhões e subiu de US$ 5,23 bilhões para US$ 6,23 bilhões, em 2011.

Para o déficit em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior), a estimativa para este ano passou de US$ 48,50 bilhões para US$ 48,20 bilhões, e para 2011, de US$ 57,97 bilhões para US$ 57,40 bilhões.

A projeção para a cotação do dólar permaneceu em R$ 1,80, para o fim deste ano, e oscilou de R$ 1,85 para R$ 1,86 para o final de 2011.

A expectativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) passou de US$ 36,50 bilhões para US$ 36 bilhões, em 2010, e permaneceu em US$ 40 bilhões, em 2011.

Mais informações acesse: http://agenciabrasil.ebc.com.br/home?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=975661

Mais de 4 milhões de hectares nas mãos de estrangeiros

Documento inédito obtido pelo Correio permite uma radiografia da distribuição de terras brasileiras compradas por estrangeiros. São 4,3 milhões de hectares distribuídos em 3.694 municípios (veja mapa e tabela no final da reportagem).

Ao contrário do que muitos imaginam, o maior interesse não está na Amazônia. As terras estrangeiras concentram-se em estados do Centro-Oeste e do Sudeste, com destaque absoluto para o Mato Grosso, onde 844 mil hectares estão nas mãos de corporações transnacionais.

Empresas da China, do Japão, da Europa, dos Estados Unidos, da Coreia e de países árabes investem principalmente na produção de grãos, cana-de-açúcar e algodão, além de eucalipto para a indústria de celulose.

A competição com o capital internacional elevou o preço das terras em cerca de 300% em algumas áreas do Centro-Oeste.

Não há regulamentação que imponha limites a essa ocupação, nem informações precisas no governo brasileiro.

“A terra é finita. Por isso, há disputa por terra no mundo para produção de energia, alimento e reserva de valor. Como há uma crise ambiental, uma crise energética e uma crise de alimento, a disputa por terra nunca esteve tão acirrada”, afirma Rolf Hackbart, presidente do Incra

O mapa das terras estrangeiras foi elaborado a partir de dados do Sistema Nacional de Cadastro Rural do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Ele permite identificar as áreas de maior interesse, mas as informações não são completas, pois o cadastro do Incra é declaratório.

As empresas não informam o que produzem nem a origem do dinheiro. Apenas há três anos foi criado um campo específico para esses dados, mas nem todos declaram.

Os cartórios também deveriam exigir essas informações ao lavrarem as escrituras, mas nem sempre cumprem a obrigação. Técnicos do instituto avaliam que os números podem ser até cinco vezes maiores.

Em solenidade realizada na Embrapa, em Brasília, anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou preocupação em relação à compra de terras no Brasil por estrangeiros. “Uma coisa é o cidadão vir e comprar uma usina, comprar fábrica. Outra coisa é comprar a terra da fábrica, a terra da soja, a terra do minério. Daqui a pouco ficaremos com um território diminuto”, disse o presidente. Ele acrescentou que é preciso evitar que haja “abuso” nas aquisições, “sobretudo da terra mais produtiva”.

Perfil

O cadastro permite identificar as regiões de maior interesse das multinacionais. No Mato Grosso, onde é forte a produção de soja, a distribuição é equilibrada, mas há forte concentração em alguns municípios.

Em Porto Alegre do Norte, nordeste do estado, 13 propriedades de estrangeiros somam 79 mil hectares, o que corresponde a 790 km² . No Mato Grosso do Sul, a produção é dividida entre a cana e os grãos. Destaca-se Ribas do Rio Pardo, na região central, com 51 mil hectares distribuídos em 18 fazendas.

Na Bahia, há duas regiões preferenciais para os estrangeiros. No oeste do estado, uma fronteira agrícola relativamente recente, grupos japoneses já adquiriram cerca de 30 mil hectares para o cultivo de algodão e grãos.

Mas já havia outras empresas transnacionais na região. No extremo sul, apenas seis municípios somam mais da metade de todas as terras estrangeiras no estado. Em Santa Cruz de Cabrália, são 56 mil hectares. Na região, cerca de 100 mil hectares estão ocupados com plantações de eucaliptos destinados à produção de celulose pela fábrica Veracel, uma sociedade da empresa sueco-finlandesa Stora Enso com a antiga Aracruz, hoje controlada pelo grupo Votorantim.

Em São Paulo, há uma capilarização maior. São cerca de 12 mil propriedades ocupando 491 mil hectares. No estado, interessa principalmente a produção de cana. O município de Agudos tem a maior concentração dessas propriedades, com 11 mil hectares. Os estados do Nordeste parecem não atrair a atenção das multinacionais. Em alguns deles, o total de terras não passa de 6 ou 9 mil hectares.

Mais informações acesse: http://www.mst.org.br/node/10078

A Renda Básica de Cidadania e seus impactos na vida dos trabalhadores

É necessário “fazer valer o projeto de lei do Senador Suplicy, aprovado em 2004, em que se instituiu no Brasil, ainda que gradativamente, a Renda Básica de Cidadania, sendo o Bolsa Família seu ponto inicial. Programas universais como a Renda Básica, que não distinguem condição socioeconômica, tendem a cobrir melhor seu público-alvo que programas focalizados nos pobres, em que erros de inclusão e exclusão sempre acontecem”, defende  a economista Alessandra Scalioni.

Em entrevista concedida, por e-mail, à IHU On-Line, ela menciona, que, no Brasil, a forma de financiamento do programa “seria um desafio a ser pensado para que seu peso não comprometesse as finanças públicas”. No Alasca, a Renda Básica de Cidadania “é financiada pelos retornos obtidos da aplicação dos royalties do petróleo em ações da bolsa e títulos”. Esse, menciona, seria um bom exemplo a ser seguido no Brasil.

Alessandra Scalioni é graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas e, atualmente, está cursando o mestrado em Economia na Universidade Federal Fluminense – UFF.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – No Brasil, quais são os efeitos de programas de transferência de renda sobre o mercado de trabalho?

Alessandra Scalioni – Esta pergunta não é muito fácil de ser respondida, uma vez que os dados do Cadastro Único, em que as famílias pobres requerentes ao benefício do programa Bolsa Família declaram suas informações (sexo, idade, cor, localidade, renda, ocupação etc.), mostram uma subdeclaração da condição no mercado de trabalho por parte dos cadastrados, sejam beneficiários ou não. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2008) , dentre os beneficiários com idade entre 16 e 65 anos, em média 58,7% declararam não trabalhar no período, enquanto apenas 27,9% estavam ativos no mercado de trabalho, seja ele formal ou informal.

Alguns autores afirmam que o recebimento de transferências de renda tende a aumentar a oferta de trabalho dos beneficiários. Tavares (2008) analisa a oferta de trabalho das mães de famílias beneficiadas pelo programa e conclui que esta é aumentada com o recebimento do benefício para compensar a perda do rendimento das crianças da família. Mattos e Ponczek (2009) analisam a relação entre o estigma e as decisões econômicas dos beneficiários por programas de transferência do governo federal e concluem que as famílias beneficiárias que se sentem estigmatizadas tendem a procurar emprego (ofertar mais horas de trabalho) e a reduzir a probabilidade de ter membros desempregados.

No entanto, o fato de grande proporção de beneficiários afirmar que não trabalha, seja por dificuldade de inserção no mercado de trabalho, seja por medo de declarar um trabalho precário e perder o benefício, dificulta muito fazer uma análise dos impactos de um programa de transferência de renda sobre o mercado de trabalho brasileiro.

IHU On-Line – Que transformações os programas de transferência de renda causam nas famílias que vivem com um salário mínimo?

Alessandra Scalioni – De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2003 , a família brasileira tem, em média, 3,3 pessoas. Considerando quatro pessoas, para facilitar o cálculo, em uma família que vive com um salário mínimo (R$510,00), tem-se uma renda familiar per capita de R$127,50, o que faz com que esta família seja parte do público potencial do programa Bolsa Família (famílias com renda de R$70,01 a R$140,00 per capita que possuam crianças entre seus membros, ou famílias com renda per capita inferior a R$70,00).

Ainda que o valor do benefício possa variar de R$22,00 (1 criança na família) a R$88,00 (1 criança e 2 adolescentes), seu recebimento pode melhorar muito a vida de uma família que vive com apenas um salário mínimo. Apesar de parecer pouco, o benefício do Bolsa Família pode ajudar nas despesas com alimentação, vestuário, material escolar, entre outros. Além do benefício monetário, as condicionalidades estimulam os pais a deixarem os filhos frequentarem a escola por mais tempo, o que repercute em melhor formação dos jovens e melhor inserção no mercado de trabalho no futuro. Portanto, programas de transferência de renda geram transformações positivas em famílias que vivem com o salário mínimo, que tendem a ter maior acesso aos bens de consumo básicos e a ter crianças com maior frequência à escola.

IHU On-Line – Críticos de programas de transferência de renda alegam que trabalhadores estão optando por não ter registro em carteira a fim de manter os benefícios sociais como Bolsa Família. Isso de fato acontece? Se sim, quais as consequências, para a sociedade, de pessoas estarem abrindo mão de um valor tão importante como o trabalho legislado? O que essa situação revela sobre os programas de transferência de renda do país?

Alessandra Scalioni – Este ponto deve ser analisado com cautela. Não acredito que uma família pobre abra mão de um emprego formal – que paga um salário mínimo (R$510,00) e garante direitos como seguro-desemprego, contribuição à previdência social – por medo de perder o benefício do Bolsa Família, que paga no máximo R$200,00 para uma família extremamente pobre e R$132,00 para uma família pobre. Se a família é numerosa, ter um emprego formal não vai eliminá-lo do programa Bolsa Família, pois o critério para seleção considera a renda familiar per capita, independente de onde provenha esta renda, ou seja, independe se o emprego é legislado ou não.

Acredito sim que programas do tipo “teste de meios” (em que é necessário comprovar a renda para ter acesso), como é o Bolsa Família, possam estimular as famílias a subdeclararem suas rendas ou omitirem o emprego precário por medo de perderem o benefício e, mais tarde, quando perderem o emprego que tende a ser temporário, não o conseguirem novamente.

Esta situação, e não a comumente usada pelos críticos do programa Bolsa Família, revela a necessidade de fazer valer o projeto de lei do Senador Suplicy, aprovado em 2004, em que se instituiu no Brasil, ainda que gradativamente, a Renda Básica de Cidadania, sendo o Bolsa Família seu ponto inicial. Programas universais como a Renda Básica, que não distinguem condição socioeconômica, tendem a cobrir melhor seu público-alvo que programas focalizados nos pobres, em que erros de inclusão e exclusão sempre acontecem. Segundo Van Parijs e Vanderborght (2006), a Renda Básica de Cidadania é “uma renda paga por uma comunidade política a todos os seus membros, em termos individuais, sem comprovação de renda nem exigência de contrapartida”. Portanto, ela difere bastante de outras formas de transferência de renda, sendo tratada como um direito de cidadania, o que evitaria problemas como omissão e subdeclaração de renda.

IHU On-Line – Comparando com outros programas de transferência de renda, quais são os diferenciais e as vantagens do Bolsa Família?

Alessandra Scalioni – O Bolsa Família tem a vantagem, frente a programas mais universais, de ser menos custoso, pois é focalizado apenas nos pobres. Mas possui a desvantagem de gerar erros de seleção (inclusão de não pobres e exclusão de pobres), além do problema de qualquer programa do tipo “teste de meios”: a omissão e a subdeclaração de informações usadas no processo de seleção dos beneficiários.
Se comparado a outros programas na América Latina, o Bolsa Família tem algumas semelhanças com o “Asignación Familiar” (Uruguai) e com o “Oportunidades” (México), em que uma transferência monetária de renda é dada às famílias pobres com crianças entre seus membros, condicionada à frequência escolar.

Estes programas de transferência de renda evoluíram muito nos últimos anos, sobretudo por serem pagos em dinheiro através de um cartão. Isto é um diferencial frente aos programas que distribuíam alimentos ou cestas básicas no passado, pois dá maior liberdade às famílias de escolherem em que gastar o benefício, priorizando as necessidades mais urgentes. E seu recebimento diretamente em bancos tende a reduzir a corrupção e a fazer o benefício chegar a quem realmente precisa.

IHU On-Line – De que maneira, na sua avaliação, o Bolsa Família desempenha o seu maior desafio: combater a fome e a miséria, e emancipar as famílias mais pobres do país?

Alessandra Scalioni – Acredito que o programa Bolsa Família tem contribuído significativamente para o combate à fome e à extrema pobreza ao garantir uma renda às famílias mais pobres. Com o benefício, as famílias têm um acesso maior a bens de consumo básicos, o que alivia a fome e a miséria. No entanto, seu baixo valor não tem conseguido emancipar as famílias pobres do país. Segundo Medeiros et alii (2007), o impacto do Bolsa Família é maior sobre a intensidade da pobreza que sobre a proporção de pobres, ou seja, o programa tem conseguido aliviar a pobreza, mas não eliminá-la. É certo que o programa tem melhorado a vida das famílias pobres brasileiras, mas ainda não logrou tirar estas famílias desta condição vulnerável.

IHU On-Line – Quais as implicações da distribuição da Renda Básica de Cidadania e da renda mínima num país como o Brasil?

Alessandra Scalioni – O Brasil é o primeiro país a instituir a Renda Básica de Cidadania, em 2004. Porém, ela ainda não foi implementada nos moldes em que foi pensada. O Alasca é o único lugar do mundo que faz algo parecido com o que se denomina Renda Básica de Cidadania, que é o pagamento de uma quantia em dinheiro a todo cidadão independente de sua renda, cor, religião ou qualquer critério. Além de seu recebimento não implicar em qualquer contrapartida. O dividendo pago anualmente aos cidadãos do Alasca é financiado pelos retornos obtidos da aplicação dos royalties do petróleo em ações da bolsa e títulos.

No Brasil, a distribuição de uma Renda Básica de Cidadania eliminaria custos administrativos como cadastramento dos requerentes ao benefício, monitoramento das condicionalidades e do cumprimento das contrapartidas, uma vez que todo cidadão teria o direito de receber o benefício, pobre ou não pobre. Assim, o risco de erros de exclusão não existiria, pois todos os pobres estariam cobertos pelo programa. No entanto, a implantação de um programa universal como o Renda Básica de Cidadania aumentaria os gastos do governo com transferências, ainda que parte destas voltaria para o governo na forma de tributos, sobretudo dos não-pobres.

A forma de financiamento da Renda Básica de Cidadania no Brasil seria um desafio a ser pensado para que seu peso não comprometesse as finanças públicas. O exemplo do Alasca poderia ser seguido no Brasil, que recentemente descobriu as reservas do pré-sal. Mas os benefícios de se ter uma Renda Básica de Cidadania no país são significativos, uma vez que todo cidadão teria o direito a uma renda, como um direito de cidadania, e não como um auxílio por sua vulnerabilidade. E isto implicaria em uma melhor condição de vida dos brasileiros e um maior poder de barganha no mercado de trabalho, por exemplo, podendo o trabalhador negar empregos precários por ter uma renda garantida.

IHU On-Line – Em que medida o direito à Renda Básica de Cidadania está relacionado ao direito do trabalho? A Renda Básica de Cidadania (aquela renda universal destinada a qualquer cidadão) permitiria aos trabalhadores recusar ocupações retribuídas por baixos salários, por exemplo?

Alessandra Scalioni – Como dito anteriormente, o direito a uma renda mínima contribui para que o trabalhador tenha melhores condições de negociar no mercado de trabalho, tendo íntima relação com o direito ao trabalho digno. O seu recebimento, acredito eu, permitiria que trabalhadores não necessitassem se submeter a qualquer tipo de trabalho para obter alguma renda. Tendo uma renda mínima, este trabalhador teria a capacidade de escolher melhor onde trabalhar, podendo recusar ocupações precárias e de baixa remuneração.

Mais informações acesse: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_entrevistas&Itemid=29&task=entrevista&id=33380

Fidel critica sanções da ONU ao Irã e elogia postura de Lula

Indignado com a decisão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de aprovar sanções ao Irã, o ex-presidente de Cuba Fidel Castro criticou ontem (10) as medidas e acusou o órgão de tratar de forma privilegiada Israel e os Estados Unidos. Fidel elogiou as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à decisão imposta pelo Conselho de Segurança.

Em seguida, citando o ataque à frota de navios com ajuda humanitária promovido pelo governo israelense, Fidel comparou o tratamento dispensado por Israel aos palestinos à ação dos nazistas contra os judeus, na 2ª Guerra Mundial. As afirmações do ex-presidente cubano estão no artigo Reflexões do Companheiro Fidel, no jornal oficial de Cuba, Granma.

“O ódio do Estado de Israel contra os palestinos é tal que eles não hesitariam em mandar 1,5 milhão de homens, mulheres e crianças deste país para os crematórios, onde os nazistas exterminaram milhões de judeus de todas as idades”, disse Fidel, no Granma. “A suástica de Hitler parece ser a bandeira de Israel hoje.”

Ao elogiar Lula, Fidel citou as declarações do presidente brasileiro sobre as sanções do Conselho de Segurança ao Irã. “O presidente Lula da Silva disse na cidade de Natal, no Nordeste do país, duas frases lapidares sobre as sanções, que elas foram impostas por ‘aqueles que acreditam na força e não no diálogo’ e que a reunião do Conselho de Segurança ‘poderia ter servido para discutir o desarmamento das armas atômicas’”, disse.

Segundo o cubano, as grandes potências querem aproveitar a festa da Copa do Mundo de Futebol, na África do Sul, para desviar a atenção sobre alguns temas, como o ataque a navios ocorrido no último dia 31, provocando a morte de nove pessoas.

“Não seria estranho que tanto Israel quanto os Estados Unidos e aliados, com o direito de veto no Conselho de Segurança, como a França e a Inglaterra, queiram aproveitar o enorme interesse na Copa do Mundo para apaziguar a opinião pública internacional, indignada com a conduta criminosa das tropas israelenses de elite contra a Faixa de Gaza”, disse Fidel.

O ex-presidente cubano condenou a forma como o Conselho de Segurança aprovou as sanções ao Irã. Anteontem (8), por 12 votos a 2 (do Brasil e da Turquia) e uma abstenção (do Líbano), o órgão aprovou medidas que vão afetar as áreas comercial e militar do Irã, proibindo a comercialização de armas pesadas, definindo fiscalização mais intensa das embarcações iranianas e impedindo operações bancárias externas.

Para Fidel, um dos destaques nas discussões foi a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti. “A presença serena dos membros do Conselho de Segurança que votaram contra a resolução foi expressa de maneira firme por uma mulher forte, a representante do Brasil, que já havia definido o tom certo sobre as razões pelas quais seu país se opõe às sanções.”

Segundo ele, os argumentos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que liderou a campanha contra o Irã em favor das sanções, são inconsistentes. Para Fidel, os argumentos se baseiam na tentativa de avançar sobre uma região que não se dispõe a ser dominada.

Mais informações acesse: http://agenciabrasil.ebc.com.br/home?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-3&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=3&_56_groupId=19523&_56_articleId=974285

Emprego na indústria cresce pelo quarto mês consecutivo

O emprego na indústria cresceu 0,4%, de março para abril deste ano, o quarto resultado positivo consecutivo no setor. Na comparação com abril do ano passado, a alta é de 3,3%. No ano, a expansão do emprego é de 1,3%

Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Emprego e Salário na indústria, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga na manhã de hoje (11).

Mais informações acesse: http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=2C730860D8012E0CBD26753E0C870749?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=974230

OIT: Nível de emprego nos territórios ocupados palestinos ainda é baixo

Apesar da recente melhora, as condições econômicas permanecem precárias nos territórios ocupados palestinos, segundo relatório anual da Organização Internacional do Trabalho, OIT, sobre a situação dos trabalhadores nessas áreas.

O documento, apresentado nesta quinta-feira (10), atribui a melhora à taxa de crescimento acelerado e a um aumento relativo no nível de emprego, que ainda é considerado muito baixo para os padrões internacionais.

Perspectivas
De acordo com o estudo, a renda per capita nos territórios ocupados teve alta de 3,7% em 2008 mas o crescimento não foi distribuído entre Gaza e a Cisjordânia devido ao bloqueio israelense.

O conflito dificulta a recuperação econômica e quanto mais tempo durar a restrição imposta por Israel, menores são as perspectivas para trabalhadores e famílias, principalmente para a geração mais jovem.

A situação atual cria um ambiente diário de violação dos direitos e de dignidade humana, de acordo com o relatório da OIT.

No documento, o diretor-geral da agência da ONU, Juan Somavia, lembra que a falta de oportunidades leva muitos palestinos à economia informal, geralmente em condições de trabalho precárias e sem proteção legal.

Isolamento
O texto resssalta que Jerusalém Oriental está se isolando do restante da Cisjordânia devido à regra para redução de palestinos que vivem e trabalham na região.

O relatório afirma que o recente anúncio de Israel para expansão dos assentamentos em Jerusalém Oriental cria nuvem sobre as negociações indiretas com os palestinos.

Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/internacional/oit-nivel-de-emprego-nos-territorios-ocupados-palestinos-ainda-e-baixo