Dirigente ganha processo contra Weckerle do Brasil

A Weckerle do Brasil, num ato de desespero, resolveu atacar o Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo. Para tanto, processou o dirigente Geraldo de Souza Guimarães, numa frustrada estratégia contra os trabalhadores. A motivação da empresa foi que Geraldo alertava os trabalhadores sobre os abusos cometidos, conforme denúncias recebidas no Sindicato. 

O resultado do processo

A justiça se pronunciou sobre o caso e, em sentença, afirma ser direito do Sindicato e seu dirigente atuarem junto aos trabalhadores. Quanto à acusação de difamação contra o dirigente, tanto o Ministério Público, quanto o Juiz de Direito absolveram o sindicalista e, portanto, nossa atividade sindical. Geraldo disse que “não tinha dúvida alguma do resultado na Justiça, não posso ser impedido de realizar meus trabalhos como sindicalista”, explica o dirigente. 

Quebra do mito

O alarde feito de que os advogados da Weckerle ganham tudo comprovadamente não procede. O trabalhador não precisa ter medo de exigir na justiça seus direitos. Felizmente, na maioria das vezes, a justiça tem decidido a favor do trabalhador, até porque nossos direitos conquistados com lutas históricas não estão expostos às vontades dos empresários.  

Mexeram em vespeiro

A intimidação e a perseguição aos nossos dirigentes e aos trabalhadores não surtem efeito. Ao menos não o esperado pela Weckerle. Se a empresa quer que o Sindicato fique tão longe é porque temos motivos para ficar ainda mais perto. Encaminhamos ao Ministério Público do Trabalho as denúncias recebidas e aguardamos posição. Convidamos os trabalhadores à sindicalização e aguardamos novas denúncias, ainda que anônimas. 

Denúncias contra Weckerle 

Horas-extraordinárias – Os valores recebidos por horas-extras devem contemplar e ser inclusos na folha de pagamento. Esse valor é importante para compor férias, décimo terceiro salário e, inclusive, no valor recebido na aposentadoria. 

Multa de 40% sobre o FGTS – Quando há demissão, o funcionário tem direito de receber a multa prevista em lei, exceto em caso de justa causa. Trabalhadores acusam a empresa de se apropriar desse dinheiro sem qualquer cerimônia. 

Filiação sindical – É no mínimo estranho que não exista sindicalizados na empresa, quando a média de sindicalização é de 28%. A lei garante esse direito. No entanto, a empresa dificulta o acesso do Sindicato e proíbe a filiação dos trabalhadores.

AkzoNobel paga indenização por assédio moral

A empresa AkzoNobel pagou indenização por assédio moral para um trabalhador demitido em 2008. O caso mobilizou nosso Departamento Jurídico e de Saúde quando o funcionário de 27 anos de idade apresentou sérios problemas de saúde causados pela perseguição e assédio. Depois de muitas tentativas de humilhação, a empresa demitiu o funcionário, mesmo sabendo que esse tinha estabilidade. Em junho de 2009, a empresa concordou em pagar indenização por assédio moral, além das verbas rescisórias.
 

O diretor do Sindicato, Ronaldo Rodrigues, acompanhou o trabalhador e destaca: “A atuação do Departamento Jurídico possibilitou o acordo no processo e o Departamento de Saúde consolidou os diagnósticos de assédio moral contra o trabalhador. Esse é um caso que fica como referência para nós. Tanto a AkzoNobel, quanto qualquer outra empresa vai pensar muitas vezes antes de assediar o trabalhador. Mexemos onde o empresário mais se preocupa: no cofre da empresa”, comemora o resultado do trabalho Ronaldo.

 

Entenda melhor o caso com a entrevista concedida pelo trabalhador que recebeu a indenização, por motivo de preservação de imagem chamaremos de trabalhador.

 EntrevistaTRABALHADOR, 27 anos, filho de migrantes cearenses, nasceu em Carapicuíba, município dormitório da Grande São Paulo. Em 2004 foi chamado a fazer os testes e foi aprovado para trabalhar na empresa AkzoNobel, unidade Raposo Tavares.  Como foi a sua entrada na AkzoNobel?

TRABALHADOR: Um amigo deixou meu currículo no Departamento Pessoal da empresa em 2004, fui chamado para fazer os testes e passei. Comecei a trabalhar em 21 de outubro do mesmo ano. No começo achei que ia ser uma maravilha, por conta dos benefícios que a empresa oferece aos funcionários, plano de carreira, o código de conduta. Mas com o passar do tempo fui percebendo que não seria essa maravilha toda.

 Como era o seu relacionamento em outros trabalhos e na AkzoNobel?

TRABALHADOR: Sempre fui bem tratado pelos chefes e encarregados, o relacionamento com os meus colegas de trabalho foi sempre excelente. Mas na AkzoNobel o relacionamento com a chefia foi complicado. Os chefes na AkzoNobel não têm nenhuma preocupação com a saúde dos trabalhadores, tratam mal os funcionários, não se preocupam nem com as condições de trabalho. Sem contar a discriminação sexual, com insinuações injustas, além dos fumantes.

 Como você se comportava no trabalho?

TRABALHADOR: Sou extrovertido e brincalhão, logo fiz amizade com todos os colegas. Isso causou ciúmes da chefia, que nem sempre gosta que os funcionários sejam amigos, pois elimina o clima de competição e rivalidade entre os trabalhadores. Quanto mais os subordinados são desunidos, mais fácil fica a dominação dos chefes.

 Como você atuou profissionalmente?

TRABALHADOR: Aprendi logo o serviço! Domino bem as técnicas tanto para fazer tintas látex, quanto tinta a óleo e removedores. Isso também foi mais um item na lista do chefe: não gostar que o funcionário saiba mais do que ele.

 Você reagiu a esses abusos da chefia?

TRABALHADOR: Sim. Com um ano e meio de trabalho fui eleito pelos colegas para compor a equipe da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Confiaram em mim porque nas conversas com os amigos eu dizia que queria ser eleito para mudar a forma de atuar do cipeiro. Não concordava com a atuação da CIPA, que não contribuía na fiscalização das condições de trabalho e na prevenção de acidentes.

 Qual foi a reação da empresa quando você intensificou a fiscalização?

TRABALHADOR: No início, os chefes tentaram me coagir para não fiscalizar as condições de trabalho. A partir daí intensificaram as perseguições, me colocaram em locais de trabalho isolado dos demais colegas. Chegaram até a aconselhar funcionários novos para não conversarem comigo.

 Você era perigoso assim?

TRABALHADOR: Quando entrava funcionário novo eu gostava de ensinar o trabalho. Certa vez, o chefe disse a um funcionário novo que não ficasse perto de mim, porque eu não era boa companhia. O colega me contou, aí fui tirar satisfação e perguntei, se por acaso eu tinha alguma doença contagiosa ou era bicho para que ele pedisse ao colega para não conversar comigo. 

 O que mais faziam para te assediar moralmente?

TRABALHADOR: Uma vez me mandaram lavar sozinho os tanques onde se faziam as tintas, eram mais de 50 tanques, normalmente quando eram muitos tanques se fazia em duas pessoas. Uma lavava em cima e a outra, embaixo. Quando desci e fui tirar o tambor de solvente embaixo, machuquei o braço. Fui ao ambulatório onde me medicaram. Quando voltei, parei de lavar os tanques e o chefe me chamou atenção. Eu disse que estava machucado e, por isso, não tinha condição de continuar o trabalho. Iniciamos uma discussão que terminou na gerência, o resultado foi a minha primeira advertência. Ninguém quis saber que eu estava machucado.

 Como você se sentia com essa perseguição?

TRABALHADOR: Comecei a ficar estressado. Estava isolado e, por isso, acabei afastado do trabalho, posteriormente fui internado numa clínica psiquiátrica. Fiquei afastado pouco mais de 18 meses e recebi alta no final de outubro de 2008. No dia 27, do mesmo mês, fui demitido. Embora eu tenha estabilidade por ser cipeiro e por estar em tratamento psicológico.

 Como foi a espera?

TRABALHADOR: O Sindicato me ajudou, inclusive com remédios. Ainda estou em tratamento psiquiátrico e consegui justiça com o reconhecimento do assédio. No julgamento, houve a extensão do convênio médico por mais 6 meses, importante para mim que estou em recuperação, além da indenização. O Ronaldo Rodrigues (diretor do Sindicato) tem me acompanhado e o Departamento Jurídico foi importante para que se fizesse justiça.

Sindicato vence processo de 19 anos contra Oxigênio

Em outubro de 1990 um grupo de 180 trabalhadores moveu ação na Justiça, através do Sindicato, contra a empresa Oxigênio do Brasil, hoje AIR LIQUIDE, pelo não cumprimento da cláusula 3ª da Convenção Coletiva de Trabalho, da época.

 

A referida cláusula estabelecia as antecipações salariais periódicas, referentes à diferença entre o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ou outro índice legal e as  URP’s (Unidades de Referências de Preços) ou outras antecipações legais dos meses de janeiro a junho de 1989, antecipação essa que correspondia a 75%, da diferença apurada, a ser calculada sobre o salário de cada trabalhador, na época.

 

Tramitação do processo

Segundo a Dra. Elaine D’Ávila Coelho, advogada do sindicato, “o Processo foi julgado improcedente na Vara do Trabalho, em São Paulo, em dezembro de 1991. O Departamento Jurídico do Sindicato recorreu para o TRT (Tribunal Regional do Trabalho), ainda em São Paulo, em janeiro de 1992, onde ganhou; a empresa recorreu ao TST (Tribunal Superior do Trabalho), em Brasília, em julho de 1997, o Sindicato ganhou, a sentença foi conclusiva. Em 1998, o processo retornou para São Paulo, para iniciar a execução”.

 

A partir de então, a empresa usou de todas as artimanhas permitidas pela legislação brasileira para protelar a execução da sentença por discordar dos valores a serem pagos e o caso se arrastou por 19 anos. Do grupo de 180 trabalhadores, muitos já se aposentaram, alguns morreram, poucos ainda estão na ativa.

 

Vitória da unidade

Depois de 19 anos, o Sindicato e os trabalhadores puderam comemorar a vitória. Mauri Paulo da Costa, aposentado diz: “minha reação foi a melhor possível, já tinha perdido a esperança, agradeço ao Sindicato e ao Departamento Jurídico que se empenhou bastante nessa luta”.

 

O Juarez Nepomuceno Duarte (Carioca) conta que na época havia uma forte unidade dos trabalhadores que também participavam do Sindicato. Havia campeonato de futebol interno na empresa. “Nós éramos de fato uma família, estávamos sempre juntos, no futebol, no Sindicato”.

 

Para Pipoka, coordenador da Secretaria de  Administração do Sindicato, a vitória representa a unidade dos trabalhadores: “Essa vitória é importante e reafirma o compromisso do Sindicato na defesa histórica dos direitos dos trabalhadores”.

 

Reencontro

Durante esse período de espera, muitos trabalhadores perderam o contato e foi impossível conter a emoção da vitória e do reencontro, depois de quase 20 anos. “Cada um sente de uma forma e é inexplicável a emoção da vitória, a vitória de uma luta contra o sistema capitalista, contra uma justiça que na maioria das vezes é patronal. Foi uma grande confraternização, os companheiros viram a força da sua união, reconheceram a atuação do Sindicato, do seu Departamento Jurídico. Nós trabalhadores não temos mania de grandeza, somos simples, mas queremos justiça, queremos respeito aos nossos direitos”, conclui Carioca.

Alunos com bolsa do ProUni superam desempenho dos demais

Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo afirma que os bolsistas do ProUni têm desempenho acadêmico igual ou melhor do que os alunos que pagam o curso. O programa de incentivo ao ensino universitário beneficia jovens que não podem pagar um curso em universidades particulares. Os resultados desmistificam a ideia de que os alunos carentes não têm bom desempenho. Por vezes criticado o ProUni é o melhor caminho para jovens que estão em famílias com renda per capita (por pessoa) inferior a 1,5 salário.

Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1506200907.htm

A quebra forçada da General Motors: o que ninguém explica

Stevie “Ratão” tem um plano sinistro para a GM: usar os fundos de pensão da empresa para pagar os 6 bilhões de dólares que esta deve a instituições creditícias como JPMorgan e Citibank. O que o Rattner pede ao tribunal de falências é, claramente, que confisque o dinheiro que a GM deve aos trabalhadores a título de seguro de assistência em saúde na aposentadoria. O dinheiro do fundo de seguros seria reembolsado via ações da GM. O artigo é do jornalista Greg Palast.

Enroscar os trabalhadores do setor automobilístico

É possível que hoje [4 de junho] haja uma choradeira geral com a quebra da GM. Mas enterrar em massa 40.000 dos últimos 60.000 postos de trabalho com filiação sindical não estropiará o dia de Jamie Dimon. Dimon é o presidente do conselho de administração do banco JPMorgan. Enquanto os trabalhadores da GM perdem seus beneficios de assistência em saúde na aposentadoria, seus postos de trabalho, os ganhos de toda uma vida; enquanto os acionistas se vêem sem nada de coisa alguma, e muitos credores, com um palmo de seus narizes, um punhado de privilegiados credores da GM – encabeçados por Morgan e Citibank -, em troca, esperam recuperar 100% de seus empréstimos a GM, por um assombroso montante de 6 bilhões de dólares.

A via pela qual esses bancos conseguirão seu prêmio de 6 bilhões de dólares é sob todos os aspectos ilegal. Cheira a roubo.

A Stevie “Ratão”, para ser preciso. A Steven Rattner, o “Czar dos Czares” de Barack Obama, o homem que esta manhã assumiu essencialmente a responsabilidade de ordenar a quebra da GM.

Quando uma companhia quebra, todos são prejudicados: justa ou injustamente, os trabalhadores perdem contratos salariais, os acionistas são varridos do mapa e os credores ficam, em suma, com alguns fragmentos. É a lei. O que os trabalhadores não perdem nunca são as pensões (inclusive os fundos para assistência em saúde na velhice), que já foram descontadas de seus salários e retidas em seu nome.

Mas desta vez, não. Stevie, o “Ratão”, tem um plano diferente para a GM: servir-se dos fundos de pensão para pagar ao Morgan e ao Citi.

Eis aqui o esquema: o que o Rattner pede ao tribunal de falências é, claramente, que confisque o dinheiro que a GM deve aos trabalhadores a título de seguro de assistência em saúde na aposentadoria. O dinheiro do fundo de seguros seria reembolsado via ações da GM. A porcentagem estaria entre 17% e 25% das ações. Seja como for, que valham 17% ou 25% das ações, bom…vamos ver quem é o rapaz que paga sua diálise com 50 participações no “acionariado” de uma companhia automobilística na bancarrota.

O Citibank e o JPMorgan, disse Rattner, deveriam cobrar toda a grana – 6 bilhões de dólares já, e em espécie – de uma companhia que não pode pagar nem os componentes automobilísticos nem as faturas oftalmológicas de seus trabalhadores.

Prisão preventiva para as pensões

E, bem, o que há de mal em se servir do dinheiro dos fundos de pensões numa bancarrota? A resposta, senhor Obama, senhor professor de Direito, é que é ilegal.

Em 1974, depois de uma série de escandalosas evaporações de fundos de pensões e de aposentadorias ocorridas na era Nixon, o Congresso aprovou a lei de aposentadoria e de Seguridade Social do Empregado (ERISA, em suas siglas no inglês). A ERISA diz que não se pode tocar nos fundos de pensão dos trabalhadores (nem nos pagamentos mensais, nem no seguro de saúde), do mesmo modo que tampouco se pode tocar no dinheiro das contas bancárias particulares dos trabalhadores.

A lei é furiosamente explícita a respeito: de modo algum se pode tocar no dinheiro das pensões. Os executivos da companhia devem guardar esses fundos de aposentadoria na qualidade de “fiduciários”. Isso é o que diz a lei, professor Obama, segundo resta exposto no próprio site do Governo, sob a epígrafe “Planos e beneficios de saúde”.

Qualquer empresa norte-americana que venha a precisar de dinheiro poderia ser tentada a meter a mão nos fundos de aposentadoria, mas não é seu dinheiro. É o mesmo que o banqueiro quando fica com poucos recursos: não pode tocar na tua conta bancária. Os ativos de um plano de pensão são propriedade somente dos membros do plano, não do senhor Dimon, nem do senhor Rubin.

Pois eis que, agora, com efeito, a administração Obama está pedindo que o dinheiro destinado ao baço envelhecido de um trabalhador do setor automobilístico seja bombeado para alimento das criaturas do Programa de Alívio para os Ativos em Dificuldades (TARP, em sua sigla em inglês). Os trabalhadores ficarão sem transplantes pulmonares para que Dimon e Rubin possam seguir desbundando. Este é outro momento “Guantánamo” para a administração Obama: sintonizar com Nixon para aceitar a prisão preventiva dos seguros de saúde dos aposentados.

Trocar o dinheiro em moeda do fundo por ações da GM não converte a ação de ratear os ativos destinados a pensões da GM em legal. Porque o Congresso, prevendo truques desse tipo, deixou assentado que as companhias, enquanto fiduciárias, devem “atuar prudentemente e estão obrigadas a diversificar os investimentos do plano, a fim de minimizar os riscos de grandes perdas”.

Por “diversificar” o cultivo de investimentos na seguridade a lei não entende pôr 100% dos fundos dos trabalhadores exclusivamente nas ações de uma companhia quebrada.

Mal e perigoso negócio: o plano de Rattner abre as compotas para que qualquer companhia bem conectada politicamente – ou em processo de quebra – saqueie os fundos de assistência em saúde dos aposentados.

A Casa de Rubin
A consequência é o saque nas pensões; e os bancos, com o que arcam? Por que não se pediu aos bancos, como se lho fez aos trabalhadores e aos outros credores, que aceitem as ações da GM?

Como disse Butch a Sundance, “E quem são estes tios?”. Recordem, Morgan e Citi. São as rainhas corporativas do bem-estar, que tragaram já cerca de um terço de um trilhão de dólares em ajudas do Tesouro estadunidense e do Federal Reserve. Não por acaso, Citi, o grande ganhador, pagou mais de 100 bilhões de dólares a Robert Rubin, o antigo secretário do Tesouro. Rubin foi o homem que fez a ponte entre Obama e os bancos, para atrair a aceitação e as doações dos mesmos a sua campanha eleitoral (é, com diferenças, a maior fonte das ajudas empresarias que recebeu).

Com os últimos centavos da GM a ponto de cair num bolso e com o Tesouro de Obama noutro bolso, tem razão Jamie Dimon, o homem do Morgan, ao dizer que os últimos doze meses provarão que os bancos “estão melhor do que nunca”.

Isso nos leva a uma questão: não será que a quebra forçada da GM e a conseguinte eliminação de dezenas de milhares de postos de trabalho não são outra coisa que a ação de arrecadar para financistas favorecidos?

E foi um grande ano para Rattner. Enquanto a administração Obama conseguia um bom acordo a mercê de toda uma juventude dedicada aos sindicatos de trabalhadores do aço, tratava de ocultar sob o chassis que Rattner era um dos privilegiados do seleto grupo de investidores do Cerberus Capital [Um dos grandes bancos de investimento de capital privado dos EUA], os proprietários da Chrysler. “Proprietário” é aqui um termo vago, porque o Cerberus era proprietário da Chrysler no mesmo sentido em que se pode dizer que um canibal é teu “anfitrião” no almoço. O Cerberus não pagou nada pela Chrysler; ao contrário, recebeu bilhões que a empresa alemã Daimler pagou para se desligar da Chrysler. O Cerberus ficou com o dinheiro para depois sobrecarregar o contribuinte estadunidense com o peso da quebra da Chrysler. (“Cerberus”, dito seja em parêntesis, é um nome escolhido em homenagem ao cachorro tricéfalo que, na mitologia romana, guarda as portas do inferno, o Cão Cerbero. Esses tios são sutis.)

Mesmo que Stevie “o Ratão”, ao tomar posse em seu cargo de Czar do setor automobilístico, tenha vendido os seus interesses no Cão Cerbero, guardião do inferno, nunca renunciou ao posto no negócio de abutres chamado Fundo Hedge Quadrilátero. A fortuna pessoal precisa de Rattner se estima em algo como 50 bilhões de dólares. Esse é o herói operário de Obama.

Se tu diriges um negócio e jogas tudo fora perdendo os fundos de teus trabalhadores, podes terminar na cadeia. O plano de Stevie “Ratão” não é outro que o do Grande Roubo das Pensões dos Trabalhadores do setor Automobilístico. E não é menos delituoso pelo fato de que seja o próprio Presidente quem está dirigindo o automóvel em fuga.

Greg Palast (www.gregpalast.com) é economista e jornalista investigativo dos EUA. Mora na Inglaterra. Jornalista da Rede BBC e do The Observer, é autor de vários livros, entre os quais se destacam A Melhor Democracia que o Dinheiro Pode Comprar (lançado no Brasil pela Francis Editores) e Manicômio Armado. É acionista da GM e membro do sindicato dos trabalhadores estadunidenses do setor automobilístico. Foi negociador sindical.

Tradução: Katarina Peixoto

 

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16031