Campanha Salarial do Setor Farmacêutico

As reuniões de negociações da Campanha salarial do setor farmacêutico seguem a todo vapor. As reivindicações do setor estão sendo analizadas pelo setor patronal e os representantes dos trabalhadores pela FETQUIM/CUT aguardam retorno na próxima semana.

As reuniões de negociações ocorreram, dias 27 de março e dois de abril (cláusulas sociais) e no próximo dia 07 de abril, os representantes debaterão as cláusulas econômicas.

A assembléia geral para fazer um balanço da campanha salarial ocorrerá no próximo dia nove de abril, às 19h, na sede central do Sindicato.

Além da campanha salarial do setor farmacêutico a assembléia tem outras duas importantes questões em pauta: debater e aprovar os nomes dos dirigentes indicados para serem titulares das nove secretarias e os dois dirigentes que juridicamente representarão a unidade.

Na mesma assembléia, ainda serão apresentados os nomes dos dirigentes que participarão do 12º Congresso da CUT Estadual São Paulo, a ser realizado em Maio de 2009.

As principais reivindicações que estão sendo analisadas são:

* Aumento real

* PLR

* Manutenção do Emprego

* 180 dias licença maternidade

* Estabilidade para os Lesionados

* Aumento do valor da cesta básica

Essas reivindicações representam tanto em termos econômicos, quanto nas demais questões, garantias que visam melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos trabalhadores.

Com liberdade total para o mercado, quem atende aos pobres?

O mundo está complicado. Essa é a primeira frase que o historiador britânico Eric Hobsbawm, autor de “Rebeldes Primitivos”, “A Era da Revolução” e a “História do Século XX”, entre outros livros, menciona ao ser perguntado sobre a crise econômica atual. Segundo ele o mundo está entrando em um período de depressão e os grandes riscos, diante da fragilidade da esquerda mundial, são o crescimento da xenofobia e da extrema-direita.

“A crise global que começou no ano passado é, para a economia de mercado, equivalente ao que foi a queda do Muro de Berlim em 1989. Ao mesmo tempo, está claro que não só não é possível como não é desejável uma economia socialista sem mercado nem uma economia em geral sem Estado.

Hobsbawm, prestes a completar 92 anos, sempre se definiu com um homem de esquerda e para ele não há dúvida alguma de que os problemas principais, sobretudo no meio de uma crise profunda, devem e podem ser solucionados pela ação política “O mercado não tem condições de fazê-lo” critica.

Ao ser questionado sobre a posição política da América Latina, o historiador fala sobre sua admiração pelo presidente Lula “Ele ampliou enormemente os serviços sociais e a distribuição. Lula é o verdadeiro introdutor da democracia no Brasil, que é um país onde há muitos pobres, e ninguém jamais fez tantas coisas concretas por eles, desenvolvendo ao mesmo tempo a indústria e a exportação de produtos manufaturados. Por isso hoje tem 70% de popularidade”.

Veja a entrevista na íntegra na página da agência Carta Maior

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15888

Serra lucra com plano federal de socorro à economia

O Governo do Estado de São Paulo lucrou R$ 1,1 bilhão a mais com a venda de veículos no terceiro trimestre de 2008, graças à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) promovida pelo Governo Federal.

O lucro foi ainda maior ao considerar que a Secretaria da Fazenda do Estado cobrou indevidamente R$ 455 milhões a mais de impostos do setor ao não considerar os descontos concedidos. As contas são do jornalista Luís Nassif.

“Ou seja, (o Estado) jogou contra o esforço nacional para enfrentar a crise. Com isso, o governador José Serra matou dois coelhos com uma só cajadada: melhorou espertamente a arrecadação do Estado; e ajudou a reduzir o impacto do plano para a recuperação da economia”, comenta Nassif.

Enquanto o estado de São Paulo ganhou R$ 1,1 bi com a redução do IPI para a indústria automobilística no terceiro trimestre, o Governo Federal teve uma perda de arrecadação de prováveis R$ 990 milhões, segundo Nassif.

“Qual a contribuição do Estado para este esforço nacional? Contribuição negativa. Em vez de se somar aos esforços federais, Serra instituiu a chamada ‘substituição tributária’ – pela qual a indústria paga na frente o ICMS. Com a crise, as revendedoras passaram a conceder descontos de até 10% no preço do veículo. Mas a Secretaria da Fazenda continuou cobrando sobre o preço cheio.

“Serra adota essa mesma postura no plano habitacional. Ele recusou-se a receber recursos do plano por razões eleitorais. E também alegou que seria exigida dos Estados, desoneração de ICMS sobre material de construção” finaliza Luiz Nassif.

A responsabilidade social na mídia

Há 62 anos, em 27 de março de 1947, era publicado nos Estados Unidos o primeiro volume que resultou do trabalho da Hutchins Commission – “A free and responsible press” (Uma imprensa livre e responsável). A Comissão, presidida pelo então reitor da Universidade de Chicago, Robert M. Hutchins, e formada por 13 personalidades dos mundos empresarial e acadêmico, foi uma iniciativa dos próprios empresários e foi por eles financiada.

Criada em 1942 como resposta a uma onda crescente de críticas à imprensa, a Comissão tinha como objetivo formal definir quais eram as funções da mídia na sociedade moderna. Na verdade, diante da crescente oligopolização do setor e da formação das redes de radiodifusão (networks), se tornara impossível sustentar a doutrina liberal clássica de um mercado de idéias (a marketplace of ideas) onde a liberdade de expressão era exercida em igualdade de condições pelos cidadãos.

 A saída foi a criação da “teoria da responsabilidade social da imprensa”. Centrada no pluralismo de idéias e no profissionalismo dos jornalistas, acreditava-se que ela seria capaz de legitimar o sistema de mercado e sustentar o argumento de que a liberdade de imprensa das empresas de mídia é uma extensão da liberdade de expressão individual.

Em países europeus, com forte tradição de uma imprensa partidária, no entanto, a teoria da responsabilidade social enfrentou sérias dificuldades e a doutrina liberal clássica teve que se ajustar à implantação de políticas públicas que regulassem o mercado e estimulassem a concorrência.

Responsabilidade Social

A responsabilidade social tem sua origem associada à filosofia utilitarista que surge na Inglaterra e nos Estados Unidos no século XIX, de certa forma derivada das idéias de Jeremy Bentham (1784-1832) e John Stuart Mill (1806-1873).

Nos anos pós Segunda Grande Guerra, a responsabilidade social se constituiu como um modelo a ser aplicado às empresas em geral e às empresas jornalísticas estadunidenses, em particular, e começou a ser introduzido através de códigos de auto-regulação estabelecidos para o comportamento de jornalistas e de setores como rádio e televisão. O modelo está, portanto, historicamente vinculado aos interesses dos grandes grupos de mídia.

A responsabilidade social se baseia na crença individualista de que qualquer um que goze de liberdade tem certas obrigações para com a sociedade, daí seu caráter normativo.

Na sua aplicação à mídia, é uma evolução de outra teoria da imprensa – a teoria libertária – que não tinha como referência a garantia de um fluxo de informação em nome do interesse público. A teoria da responsabilidade social, ao contrário, aceita que a mídia deve servir ao sistema econômico e buscar a obtenção do lucro, mas subordina essas funções à promoção do processo democrático e a informação do público (“o público tem o direito de saber”).

Para responder às críticas que a imprensa recebia, a Hutchins Commission resumiu as exigências que os meios de comunicação teriam de cumprir em cinco pontos principais:

(1) propiciar relatos fiéis e exatos, separando notícias (reportagens objetivas) das opiniões (que deveriam ser restritas às páginas de opinião);

(2) servir como fórum para intercâmbio de comentários e críticas, dando espaço para que pontos de vista contrários sejam publicados;

(3) retratar a imagem dos vários grupos com exatidão, registrando uma imagem representativa da sociedade, sem perpetuar os estereótipos;

(4) apresentar e clarificar os objetivos e valores da sociedade, assumindo um papel educativo; e por fim,

(5) distribuir amplamente o maior número de informações possíveis.

Esses cinco pontos se tornariam a origem dos critérios profissionais do chamado ‘bom jornalismo’ – objetividade, exatidão, isenção, diversidade de opiniões, interesse público – adotado nos Estados Unidos e “escrito” nos Manuais de Redação de boa parte dos jornais brasileiros.

Liberdade de imprensa X Responsabilidade da imprensa

Analistas estadunidenses consideram que a Hutchins Commision talvez tenha sido a responsável por uma mudança fundamental de paradigma no jornalismo: da liberdade de imprensa para a responsabilidade da imprensa. Teria essa mudança de paradigma de fato ocorrido?

No Brasil, certamente, os empresários de mídia continuam a defender seus interesses como se estivéssemos nos tempos da velha doutrina liberal (que, de fato, nunca vivemos).

O discurso da liberdade de imprensa e da autoregulação praticado no Brasil é historicamente anterior à Hutchins Commission. Basta que se considere, por um lado, a concentração da propriedade e a ausência de regulação na mídia e, por outro, as enormes dificuldades que enfrenta até mesmo o debate de temas e projetos com potencial de alterar o status quo legal.

Um exemplo contemporâneo são as resistências – que já se manifestam – em relação à realização da 1ª. Conferência Nacional de Comunicações.

As recomendações da Hutchins Commission, se adotadas pelos grupos de mídia no Brasil, representariam um avanço importante. Para nós, a teoria da responsabilidade social da imprensa permanece atual, mesmo 62 anos depois.

Venício Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília – NEMP – UNB