Carnaval de aumentos em São Paulo

Enquanto a população aproveita o feriado de carnaval, o governo Serra e a atual prefeitura de São Paulo dão mais um presente de grego ao povo paulista ao anunciar reajuste das passagens de ônibus a partir de 3 de março. O aumento é de 9,13% na categoria suburbano e de 9,07% na categoria rodoviário.

No último dia 9 de fevereiro, o governo Serra já havia presenteado os moradores das três regiões metropolitanas com um aumento de tarifa nos transportes públicos. O aumento, que até então era bienal, passou a ser anual. O Metrô e a CPTM subiram de R$ 2,40 para R$ 2,55, um aumento de 6,25%. O transporte de ônibus intermunicipal teve aumento de 7,45% na Região Metropolitana de São Paulo, de 8,60% na Região Metropolitana da Baixada Santista e de 9,18% na Região Metropolitana de Campinas.

Em plena crise financeira internacional, o governador José Serra segue na contramão de encontrar soluções para enfrentá-la, ao aumentar as tarifas de transporte coletivo em todo o Estado de São Paulo. E pior, o aumento foi bem acima da inflação anual de 2008.

O Prefeito Gilberto Kassab, seguindo a mesma linha de Serra, não deixou barato e deixou, também, o seu presente. Ele que prometeu em campanha, não aumentar a passagem de ônibus, em contrapartida, aumentou outro imposto, o IPTU. Acabou dando na mesma para a população.

Mais uma vez, o atual governo piora as condições de vida do povo paulista.

Crise legítima: comando permanente do Estado sobre sistema financeiro

Talvez o elo mais importante entre a crise atual e a de 29 esteja no seu DNA político, não no leque de dinâmicas e desdobramentos específicos a cada época.

Ao contrário de trazer algum conforto, esse diagnóstico pode ser tão devastador para os oráculos do Estado mínimo. E para governantes que mal ou bem ainda se movem nos limites dessa ideologia, quanto à derrocada financeira em marcha. Um a um, todos os principais ícones financeiros erguidos pelo livre mercado americano e europeu no pós-guerra tombam ou balançam perigosamente. Como um imenso João-bobo, eles já não conseguem mais ancorar a ordem mundial, tampouco oferecer um horizonte de previsibilidade ao cálculo econômico, sequer esboçar uma esperança de futuro à sociedade.

Carta Maior – Nada do que façam ou já fizeram terá tanto impacto quanto às respostas dos governantes à crise?

Fernando Ferrari – A turbulência dos últimos meses ensina mais sobre a economia e o capitalismo do que bibliotecas inteiras da gororoba monetarista vendida pelos jornais nos últimos 30 anos. Nisso ela se presta como um show-room das barbáries permitidas em nome do livre mercado. A preferência mórbida pela liquidez, que desloca recursos econômicos da esfera produtiva para a especulação, é uma delas. Na ‘bonança’ recente, fundos hedges fixavam em 25% ao ano o retorno do capital parasitário induzindo assim a uma espiral de adesões urbi e orbe em diferentes versões (downsinzing, reengenharia produtiva; privatizações; corte na ‘gastança social’; extinção de direitos trabalhistas; demonização da esquerda e dos sindicatos etc)

Na reversão pânica do ciclo o mundo sufoca enquanto a auto-regulação expele golfadas de descontrole e demissões em massa. Substituir imperativamente os pólos desse pêndulo é um requisito para seccionar os canais de transmissão que originam e realimentam a dinâmica da entropia. Essa é a tarefa mais importante dos governantes nesse momento.

Veja a entrevista completa na página da agência carta Maior:

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15738

A hora e a vez do novo Estado

A crise mundial torna mais evidente o conjunto de equívocos que resulta da recente experiência neoliberal. Os países que mais longe avançaram o princípio da autorregulação das forças de mercado e da desregulamentação do Estado encontram-se entre os mais frágeis e vulneráveis no contexto atual de turbulências e incertezas globais.

Fácil imaginar como a economia brasileira estaria débil e à deriva se a trajetória privatista e de inserção externa subordinada aos interesses dos países ricos dos anos 90 não tivesse sido interrompida. Sem bancos públicos (BB, CEF, BNB e BNDES) e empresas estatais, como Petrobrás e Eletrobrás, por exemplo, o Brasil não teria a mínima condição de responder imediata e positivamente à crise do crédito e do investimento privado.

Países que se desfizeram de bancos e empresas públicas, como o caso argentino, convivem hoje com maiores dificuldades para enfrentar afirmativamente a crise. No Brasil, a fase da privatização implicou reduzir a participação dos bancos públicos de mais de 50% para quase um terço da disponibilidade total do crédito doméstico, enquanto a transferência para o setor privado de empresas estatais respondeu por 15% do PIB e pela destruição de mais de 500 mil postos de trabalho.

Em valor, o processo de privatização brasileiro somente conseguiu ser inferior à experiência soviética, com parte significativa do setor produtivo estatal sendo capturado pelo capital estrangeiro.

Da mesma forma, a opção política pela diversificação comercial permite ao Brasil o reposicionamento no mundo com soberania, bem diferente das economias com exportações concentradas em poucos países, como parece indicar o México, com mais de 80% do comércio externo só com os EUA. A recessão nos países ricos contamina mais facilmente aquelas nações dependentes de suas trocas externas.

Para o Brasil, o peso dos países ricos no comércio externo encontra-se pouco acima de 40%, quando nos anos 90 era de mais de 67% do total. Estas constatações sobre o país em relação a outras nações descrevem resumidamente uma situação melhor, porém ainda insuficiente para indicar a necessária construção de novo caminho a ser percorrido.

Isso porque se tem presente que o neoliberalismo cometeu o seu haraquiri, não tendo sido superado – até o momento – pelo estabelecimento de projeto econômico e social alternativo. As respostas à crise do capital globalizado podem até ser transformadas numa etapa de desenvolvimento do novo padrão civilizatório, mas ainda estão distante disso.

De maneira geral, percebe-se que o Estado reaparece como elemento central do enfrentamento à turbulência mundial, embora ainda desfalcado da perspectiva transformadora de oportunidades e desafios do Século 21. A reprodução dos tradicionais traços do padrão de Estado dos últimos 100 anos indica tão-somente o aprofundamento da organização por funções setoriais (caixinhas), cada vez mais ineficientes, quando não concorrentes entre si e à margem do potencial das forças do mercado.

Adiciona-se a isso o acúmulo das variadas ondas de “choques de gestão” internalizadas pela administração do Estado, que produziram tanto a regressão da capacidade e sistematicidade de grande parte das políticas como o esvaziamento da própria função pública. Por um lado, o corte do funcionalismo e de sua remuneração procedido pela internalização de métodos privados acirrou a competição na função pública e fortaleceu a autonomização setorializada e não convergente das políticas adotadas pelo conjunto do governo.

Como na lógica privada, o todo deu lugar a partes, trazendo consigo a prevalência da visão e ação de curto-prazismo no interior da função pública. O planejamento e o compromisso de longo prazo foram substituídos por uma sucessão irracional de programas e projetos pilotos que, alterados constantemente pelas autoridades de plantão, fizeram com que o Estado fosse abandonando o sentido estruturador do padrão civilizatório fora da emergência do curtíssimo prazo.

Por outro lado, a estabilidade da esfera pública foi sendo contaminada pela lógica da eventualidade, amplamente acolhida pelo curso da terceirização das funções e da contratação de mão-de-obra. Assim, o Estado foi-se comprometendo com repasses crescentes de recursos a instituições – algumas nem sempre decentes (fundações, ONGs e cooperativas) – portadoras de flexibilidade para o exercício dos desvios da função pública. Assim, orçamentos e licitações tornaram-se, muitas vezes, o espaço privilegiado para manifestação da força dos interesses privados, negociatas e maior corrupção.

Em síntese, a emergência da corrosão do caráter da função pública, posto que o tradicional funcionário de Estado, demarcado pelo profissionalismo e meritocracia, passou a dar lugar – em algumas vezes – ao comissionado e ao corpo estranho dos terceirizados.

O novo Estado precisa ser construído. Ele deve ser o meio necessário para o desenvolvimento do padrão civilizatório contemporâneo em conformidade com as favoráveis possibilidades do Século 21. A sociedade pós-industrial, com ganhos espetaculares de produtividade imaterial e expectativa da vida ao redor dos 100 anos de idade, abre inédita e superior perspectiva civilizatória: educação para a vida toda, ingresso no mercado de trabalho depois de 25 anos, trabalho menos dependente da sobrevivência e mais associado à utilidade e criatividade sócio-coletiva. Para além das exigências do Século 20, que conformaram tanto o Novo Estado Industrial (J. Kenneth Galbraith) como o Bem-Estar Social (K. Gunnar Myrdal), encontram-se em curso novos e complexos desafios que exigem profunda reforma estatal.

Três grandes eixos estruturadores do novo Estado precisam ser perseguidos com clareza e efetividade.

O primeiro diz respeito à constituição de novas institucionalidades na relação do Estado com o mercado. Alavancada pela experiência neoliberal, o mercado enfraqueceu as bases de promoção da competição, cada vez mais sufocadas pelo predomínio da monopolização expresso pelos vícios privados das grandes corporações transnacionais.

O esvaziamento da competição precisa ser rapidamente combatido com novas instituições portadoras de futuro, capazes de garantir a continuidade da inovação por meio da concorrência combinada com a cooperação entre empreendedores e da maior regulação das grandes corporações empresariais.

O segundo grande eixo estruturador do novo Estado deve resultar da revolução na propriedade que impulsione uma relação mais transparente, democrática e justa com toda a sociedade. Neste caso, a ampliação do fundo público se faz necessária para sustentar o padrão civilizatório do Século 21, a partir da tributação sobre o excedente adicional gerado por novas fontes de riqueza, que por serem intangíveis escapam crescentemente das anacrônicas bases arrecadatórias vigentes há mais de 200 anos.

Por fim, o terceiro eixo reside na profunda transformação do padrão de gestão pública. Políticas cada vez mais matriciais e intersetoriais pressupõem a organização do Estado em torno do enfrentamento de problemas estruturais e conjunturais. Noutras palavras, a meritocracia e o profissionalismo para conduzir ações públicas articuladas para lidar com problemas estruturais e políticas governamentais descentralizadas e compartilhadas com a sociedade e mercado para enfrentar diversos e específicos problemas conjunturais.

Urge fazer do Estado do futuro o experimentalismo do presente. Muito mais do que anunciar as dificuldades da crise global cabe ressaltar as oportunidades que dela derivam como a realização de uma profunda reforma do Estado que viabilize o alcance das condições pós-crise para sustentação do novo desenvolvimento ambiental, econômico e social.

Márcio Pochmann é presidente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas)

"Resgatar o capitalismo dos capitalistas…?

A perspectiva de uma fragmentação da economia global em estruturas hegemônicas regionais, lutando entre si, deveria despertar os dirigentes políticos, levá-los a deixar de dizer banalidades sobre restaurar a confiança e a fazer o que precisa ser feito para resgatar o capitalismo dos capitalistas e de sua falsária ideologia neoliberal. E sim, isso significa socialismo, nacionalizações, diretrizes estatais robustas, força de colaborações internacionais e uma nova arquitetura financeira internacional.

Não há muitas vantagens em ver a crise atual como uma erupção superficial gerada por derivas tectônicas profundas no dispositivo espaço-temporal do desenvolvimento capitalista. As placas tectônicas agora estão acelerando seu deslocamento, e quase com toda segurança a probabilidade de que crises do tipo da atual, que vem ocorrendo mais ou menos desde 1980 se incrementará, tornando-se mais frequentes e mais violentas. O modo, a forma, a espacialidade e o momento dessas erupções superficiais tornaram praticamente impossíveis de prever, mas se pode afirmar quase com certeza que vão se repetir com frequência e profundidade crescentes. Desse modo, há que se situar os acontecimentos de 2008 no contexto de uma agenda de maior densidade. Que essas tensões sejam internas à dinâmica capitalista (sem excluir acontecimentos danosos aparentemente externos, como uma pandemia catastrófica), é o melhor argumento, segundo disse Marx, “para que o capitalismo desapareça e se abra caminho para algum modo de produção alternativo e mais racional”.

Leia artigo completo, na página da agência Carta Maior: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15691

A democracia desafia o futuro

A Venezuela decidiu no último dia 15 de fevereiro, sobre o direito à reeleição ilimitada de vários cargos públicos, incluindo o de presidente, ocupado desde 1999 por Hugo Chávez.

O presidente venezuelano obteve mais uma vitória em dez anos de governo. Dessa vez, Chávez conseguiu que o povo venezuelano fosse às urnas para aprovar a emenda constitucional que contou com a participação de cerca de 17 milhões de venezuelanos.

De acordo com o primeiro boletim do Conselho Nacional Eleitoral, o Sim superou o Não com 54,36% (9.003.594) dos votos contra 45,63% (7.040.082).

Esse resultado abre uma reflexão importante. O referendo foi mais que uma pergunta, foi um desafio para o futuro da Venezuela e fortaleceu mais ainda o laço com as bases sociais e a democratização.

Isso mostra que a democracia existe e que o seu fortalecimento é um grande desafio no século 21, pois a população cada vez toma consciência da importância de participar, expor suas opiniões e não se omitir.

Em poucas palavras, a presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibisay Lucena, destacou a positividade do referendo “A Venezuela dá hoje uma lição de democracia ao mundo inteiro ao votar “em paz e com tranqüilidade”.

Assim, como decidiu a maioria, o ‘Sim” venceu. Muitos não concordaram com o resultado, porém, o que foi, de fato, festejado foi a vitória da democracia.

?Serra vai na Contramão?

Os servidores públicos de São Paulo realizaram manifestação em frente à Secretaria Estadual de Gestão Pública, no último dia 18 de fevereiro. O protesto teve como principal objetivo a defesa da abertura de negociação e respeito à data-base da categoria. O secretário geral da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, fala que é fundamental a mobilização dos trabalhadores do setor público e privado, do campo e da cidade, para a derrota política do governador José Serra “Ele tem grandes dificuldades de se relacionar com os movimentos sociais”, comentou.

Adi criticou o que chamou de “desgoverno” de José Serra que, segundo ele, tem um jeito unilateral de governar, pois se nega a debater critérios, valores e abrangência.
O dirigente destacou a importância da manifestação que para ele é um exemplo de fortalecimento do movimento sindical. “O que estamos fazendo é um movimento de valorização do funcionalismo público, pensando no todo, nos trabalhadores do campo e da cidade, do setor público e privado. Por isso é importante envolver todos os companheiros”, afirmou.

Sobre a crise econômica mundial, Adi foi enfático, “O governo Serra segue na contramão. A CUT defende um Estado forte e indutor do desenvolvimento. É preciso um Estado que tenha responsabilidade com a população, que seja mais presente na vida das pessoas. Os governos existem para atender o povo, não o mercado”, denunciou o secretário geral da CUT-SP.