Negociação na Niasi/Cosmed conquista PLR de 1,8 salários

Depois de intensa mobilização dos trabalhadores e negociação do Sindicato, conquistamos reivindicações relativas à jornada de trabalho com sábado alternado, palestra com objetivo de terminar com o assédio moral e aumentar a PLR de 1,8 salários para o próximo ano. Ainda está em discussão o pagamento da nona hora como hora extra, mas não houve acordo entre Sindicato e empresa. Portanto, essa discussão continuará.

Abaixo, o acordo:
1 – Passar a adotar, a partir de 1º de outubro de 2010, em relação aos trabalhadores do 3º turno, jornada de trabalho com sábados alternados, aumentando a jornada diária em 10 minutos por dia no final do turno.
 
2 – Permitir que seja ministrada uma palestra pelo Sindicato sobre o assunto “assédio moral” na Sipat deste ano, em auditório. 3 – Discutir a implantação de PLR, que chegará até o valor de 1,8 salários por ano, no prazo de 60 dias, para o próximo ano.
 

Gerente da Vita Derm é acusado de assédio moral

Mais um caso de assédio moral foi resolvido pelo Sindicato, agora na empresa Vita Derm. Os trabalhadores da empresa denunciaram casos de assédio moral vindo de um gerente.

 Sabendo disso, o dirigente Carlos Eduardo de Brito, o Carioca, se reuniu com a direção da empresa no dia 29 de setembro para tomar providências e acabar com esse abuso. A representante da empresa acatou as reclamações do dirigente, disse que uma apuração será feita e que o autor do assédio punido.

Na ocasião, a empresa disse que já contratou uma assessoria para avaliar o clima nos locais de trabalho. Eles acreditam que assim situações como essas em discussão serão evitadas.

Sindicato realizará Plenárias Regionais da Campanha Salarial 2010

Representantes dos sindicatos dos trabalhadores entregam pauta de reivindicações para os patrõesO Sindicato realizará no dia 29 de outubro as Plenárias Regionais da Campanha Salarial 2010. As Plenárias ocorrem às 19 horas na Sede e nas subsedes do Sindicato. A pauta foi aprovada pelos trabalhadores na Assembleia realizada na Sede no dia 24 de setembro e entregue aos patrões no dia 29 do mesmo mês.

É muito importante a participação de todos nesse momento de decisão. A força demonstrada por cada um dos trabalhadores é o que guiará a luta. Como é o costume do Sindicato dos Químicos, ampliar as discussões em torno da pauta de reivindicações e organizar as mobilizações nas fábricas serão as principais tarefas.
 
Enquanto aguardamos o posicionamento do Sindicato Patronal a respeito da nossa pauta de reivindicações ficaremos  mobilizados para alcançar benefícios e direitos acima daqueles negociados na Convenção Coletiva. Cada empresa tem uma situação econômica diferenciada e, por isso, grande parte pode pagar mais.
 
Para o coordenador Geral do Sindicato, Osvaldo Bezerra (Pipoka), “Nossa Campanha Salarial não se esgota na pauta de reivindicações gerais. Os trabalhadores das empresas maiores também lutam por reajustes diferenciados. Apoiamos todos os movimentos e daremos a estrutura necessária para a luta”.
 
Locais das plenárias
 
Sede Central – Rua Tamandaré, 348
Santo Amaro – Rua Ada Negri, 127
Lapa – Rua Domingos Rodrigues, 420
São Miguel – Rua Arlindo Colaço, 32
Taboão da Serra – Estr. Kizaemon Takeuti, 1751
Caieiras – (A plenária ocorrerá na Lapa)
 
Veja aqui a tabela das campanhas salarias de 2010
 

 

Sindicato consegue acordo com Logoplaste

O dirigente do Sindicato Alex Ricardo Fonseca se reuniu com a gerência da empresa Logoplaste para discutir denúncias de assédio moral e pressão sobre os trabalhadores. As reuniões, que aconteceram nos dias 28 e 29 de setembro, deram resultado positivo e mais uma vez os trabalhadores saíram vitoriosos.

Tudo começou quando o Sindicato recebeu denúncias de trabalhadores da empresa. Nelas, eles contam que sofrem assédio moral e pressão por parte dos patrões para que façam horas extras. Além disso, quem se recusa a participar é chamado para dar explicações e ainda sofre assédio.
 
 A gerência, juntamente com o supervisor e encarregados, se comprometeu em montar um esquema de revezamento para horas extras, para que assim todos os trabalhadores possam descansar. A empresa alega que não pode simplesmente acabar com as horas extras, pois tem um grande volume de trabalho, mas disse também que fará renovação de tecnologia para suprir a demanda e por fim às horas extras.
 
Além dessa conquista, o Sindicato, após varias cobranças, conseguiu também com que a empresa se comprometesse a igualar os cargos com os salários. A mudança passa a valer no mês de outubro.
 

Deficientes ainda enfrentam dificuldades para encontrar trabalho

A Lei 8.213, de Contratação de Deficientes nas Empresas, garante uma porcentagem, em todas as empresas, que deve ser preenchidas por pessoas com algum tipo de deficiência. Apesar da lei, não é isso o que de fato acontece.

A maioria dos deficientes ainda encontra grande dificuldade na hora de encontrar um emprego. O artigo 93 da lei 8.213 diz que a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção:
até 200 funcionários………………….2%
201 a 500 funcionários………………3%
501 a 1000 funcionários…………….4%
acima de 1001 funcionários………..5%
 
O Sindicato acredita que o correto seria que cada empresa que tem trabalhadores reabilitados, quando demitidos, os substituísse por outros trabalhadores também reabilitados. Isso seria justo e humanitário. Mas, infelizmente, não é o que acontece. O que vemos é a formação de uma grande fábrica de trabalhadores mutilados e desempregados.
 

Sorteio do Clube de Campo e das Colônias de Férias para o Natal e Ano-Novo

O sorteio para as Colônias  de Férias e o Clube de Campo, durante o período de Natal e Ano-Novo, acontecerá no dia 19 de novembro, às 19 horas, na Sede do Sindicato. Não esqueça sua carteirinha de sócio do Sindicato e um documento com foto, lembrando que cada carteirinha representa apenas um sindicalizado. Se por algum motivo você está sem a carteirinha, é preciso trazer o último holerite, onde consta o desconto da mensalidade sindical. Lembre-se, cada sindicalizado pode participar de apenas um dos sorteios, então, antes de participar, escolha a data da viagem, Natal ou Ano-Novo.

Local: Rua Tamandaré, 348 – Liberdade
Data: 19 de novembro de 2010
Horário: 19 horas
 

Exigimos direitos iguais para a imprensa Sindical

Pouco antes das eleições, fomos surpreendidos com a declaração de voto do jornal O Estado de S. Paulo para o candidato tucano José Serra. A surpresa não ocorreu por conta da opção do jornal, mas, sim, pela infração cometida. Ao que entendemos, tomar posicionamento com objetivo de influenciar o eleitorado, a partir de um jornal de tamanha circulação e tradição, se configura em infração gravíssima. Exceto se a lei foi feita para calar a imprensa sindical e as organizações sociais e favorecer a imprensa comercial, algo em que não queremos acreditar.

É sabido que os dirigentes do Sindicato dos Químicos têm posição política, não poderia ser diferente. Mas a entidade respeita as leis vigentes e não se posicionou durante todo o primeiro turno. Por que os donos do jornal O Estado de S. Paulo podem utilizar o seu editorial e o Sindicato dos Químicos de São Paulo não? Talvez o motivo seja que representamos diretamente mais de 60 mil trabalhadores. Talvez seja porque lutar por melhores salários e condições de trabalho seja algo perigoso.
 
Grande parte da imprensa sempre se posiciona, de forma clara ou velada. O editorial do Estadão escancarou aquilo que é seu costume. Desde o início, as matérias do jornal privilegiavam Serra e atacavam Dilma. O que exigimos são direitos iguais. O Sindiluta tem o direito de expressar a opinião dos seus dirigentes e dos seus trabalhadores, mas não o faz por respeito à legislação eleitoral em vigor. Discordamos da grande mídia, discordamos especialmente do Estadão.
 
O que queremos neste editorial é discutir a liberdade de imprensa para os sindicatos. As regras do jogo devem ser as mesmas para todos. Não parece justo nem legal que o poder econômico de uma empresa jornalística fique impune, enquanto os movimentos sociais – entre eles o sindical – sejam censurados e não possam emitir sua opinião. Convocamos todos os trabalhadores para fazer esse debate: Por que há restrição na liberdade da imprensa sindical?
 

Defensoria Pública ouvirá detentas de SP sobre situação de presídios e tempo de prisão

A Defensoria Pública de São Paulo vai ouvir as cerca de 11 mil mulheres presas provisórias e condenadas do Estado de São Paulo. O mutirão de atendimento, iniciado na segunda-feira (4), deverá ser concluído em um ano e tem o objetivo de melhorar a condição de vida das detentas, além de verificar os prazos de detenção. Todos os estabelecimentos prisionais serão visitados, e os processos criminais analisados pelos defensores públicos.

A defensoria prestará orientação e assistência jurídica, além de aplicar questionários durante as entrevistas pessoais. A partir dos dados coletados, serão traçadas estratégias de atuação para a melhoria da qualidade de vida das detentas. A iniciativa é inédita no Brasil, de acordo com a defensora pública e coordenadora do Núcleo de Situação Carcerária, Carmen Silvia de Moraes Barros.
 
Apesar de as mulheres representarem apenas 5% do total de encarcerados, a condição de detenção delas pode ser ainda pior que a dos homens. Segundo Carmen Silvia, não existe presídio no estado que cumpra integralmente as normas do Ministério da Justiça sobre instituições prisionais femininas.
 
“Todos os presídios são masculinos que foram adaptados, às vezes só com uma pintada. As normas de construção de presídio, que diz que deve haver espaço para gestante, lactantes, creche, isso não existe, nada é considerado. Em São Paulo, nenhum presídio foi feito para a mulher”, ressalta.
 
Cada presa será atendida ao menos duas vezes. A primeira visita será para apresentação do mutirão e dos defensores públicos. No primeiro contato, será aplicado o questionário para buscar identificar as condições de saúde das mulheres presas, a situação socioeconômica, e as condições de aprisionamento em que vivem. Na segunda, o defensor informará às mulheres o que foi feito em relação à sua situação prisional, quais pedidos foram feitos e o encaminhamento.
 
“Para as condenadas, serão feitos os pedidos de progressão, livramento condicional, indulto. Para as presas provisórias, vai ser verificado a legalidade da prisão, a duração da prisão” destaca Barros. “Acontece muito com as presas provisórias de elas ficarem muito tempo (detidas), há excesso de prazo na prisão, principalmente em cadeia pública do interior, onde não há Defensoria Pública”, explica.
 
Todas as unidades da Defensoria Pública de São Paulo estão envolvidas no projeto, que está sendo feito em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/defensoria-publica-ouvira-detentas-de-sp-sobre-situacao-de-presidios-e-tempo-de-prisao

Bancada feminina mantém 45 deputadas na Câmara e tem leve aumento no Senado

A bancada feminina no Congresso Nacional a partir de 2011 terá poucas alterações em termos numéricos em relação à legislatura atual. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o Senado terá 12 mulheres, ante as atuais 10, enquanto a Câmara dos Deputados manterá as 45 parlamentares.

O resultado aponta que a mudança na legislação eleitoral promovido pela minirreforma eleitoral, aprovada em 2009, ainda não garantiu maior participação feminina. O texto reforçou a obrigatoriedade de os  partidos preencherem 30% das vagas com candidaturas de mulheres.
 
Foram nove eleitas ao Senado, em 3 de outubro, sete novas parlamentares: Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lídice da Mata (PSB-BA), Marinor Brito (PSOL-PA), Gleisi Hoffman (PT-PR), Ângela Portela (PT-RR), Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Marta Suplicy (PT-SP). Apenas Lúcia Vânia (PSDB-GO) já é senadora, portanto foi reeleita. Já Ana Rita Esgário (PT-ES) assumirá o mandato em substituição a Renato Casagrande(PSB), eleito governador do Espírito Santo. Até hoje, apenas 33 mulheres já passaram pela Casa.
 
Como há candidaturas sub judice, ou seja, que ainda dependem de decisão judicial para serem validadas, o número total pode mudar. No Pará, há a possibilidade de contagem dos votos dos candidatos Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT), o que pode significar a perda da vaga da senadora Marinor Brito (PSOL).
 
Entre as novatas no Senado, duas têm parentesco com políticos tradicionais: Marta Suplicy (PT-SP),  ex-mulher do também senador por São Paulo Eduardo Suplicy (PT) e Gleisi Hoffman (PT), mulher do ministro do Planejamento e ex-deputado federal Paulo Bernardo (PT).
 
Na Câmara, apesar de o número de mulheres permanecer igual, há renovação de metade dos nomes. Das deputadas, 23 foram reeleitas e 22 estreiam na Casa, embora tenham experiência na vida pública. A deputada distrital Érica Kokai (PT-DF), a ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PCdoB-PE), a vereadora do Rio de Janeiro Liliam Sá (PR) e a deputada estadual Mara Gabrilli (PSDB-SP) são alguns dos casos.
 
Ex-deputadas federais também retornarão na próxima legislatura. Jandira Feghali (PCdoB-RJ), por exemplo, esteve na Câmara por quatro legislaturas consecutivas, mas foi derrotada em 2006 na disputa ao Senado. Também do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT-RJ), que já foi senadora e governadora do Rio de Janeiro. Luci Choinaki (PT-SC) completa a lista dos regressos, já que foi deputada federal por três vezes.
 
Também na bancada feminina na Câmara, configura-se em algumas mulheres o parentesco com políticos tradicionais. A voluntária social Nilda Gondim, eleita pelo PMDB da Paraíba, é filha do ex-governador da Paraíba Pedro Gondim. Ela também é mãe do atual deputado federal e senador recém-eleito Vital do Rego Filho (PMDB) e do prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rego Segundo Filho.
 
Do Piauí, virá Iracema Portela (PP), esposa do atual deputado federal e senador recém-eleito Ciro Nogueira (PP). Compõe a bancada do Paraná Cida Borghetti (PP), esposa do atual deputado federal Ricardo Barros (PP), derrotado na disputa para o Senado. Professora Dorinha (DEM), uma das representantes do estado de Tocantins, é casada com o vereador de Palmas, Fernando Rezende (DEM). A ex-prefeita de Boa Vista Teresa Jucá (PMDB), que já exerceu mandato na Câmara Federal, foi casada com o senador reeleito Romero Jucá (PMDB).
 
Duas outras novatas têm sobrenome de peso na política. A estudante Bruna Furlan (PSDB-SP) é filha do prefeito de Barueri e ex-deputado federal Rubens Furlan (PSDB). A atual deputada distrital Jaqueline Roriz (PMN-DF) é filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) e da candidata ao governo do DF Weslian Roriz (PSC).
 
Entre candidaturas que aguardam decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o único nome feminino é o de Janete Capiberibe, do PSB do Amapá.
 
Campeãs de votos
 
Entre as deputadas reeleitas há campeãs de votos em seus respectivos estados. Entre elas está Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) que atingiu o quociente eleitoral do Estado que representa com o apoio de 482.590 eleitores gaúchos. Dona Íris (PMDB), reeleita em Goiás, obteve 185.934 votos, tendo atingido o quociente eleitoral do estado
 
A deputada reeleita Ana Arraes (PSB-PE), filha do governador de Pernambuco reeleito Eduardo Campos (PSB), teve 387.581 votos e alcançou o quociente eleitoral do estado.
 
Completam a lista das deputadas que conseguiram se reeleger com os próprios votos Elcione Barbalho (PMDB-PA, 209.635 votos), Fátima Bezerra (PT-RN, 220.355 votos), Marinha Raupp (PMDB-RO, 100.522 votos) e Teresa Jucá (PMDB-RR, 29.804 votos).
As sete deputadas integram o grupo de 35 parlamentares em todo o Brasil que foram eleitos ou reeleitos exclusivamente com suas votações nominais, ou seja, sem depender dos votos dados à legenda nem das sobras de outros candidatos de seu partido ou coligação.
 
Proporcionalmente, o estado que elegeu a maior bancada feminina foi o Espírito Santo. Dos dez representantes da unidade federativa, quatro são mulheres. Reelegeram-se Sueli Vidigal (PDT), Rose de Freitas (PMDB) e Iriny Lopes (PT). A novata Lauriete Rodrigues (PSC) completa a lista.
 
Estados com grande representação na Câmara elegeram poucas mulheres. Minas Gerais, por exemplo, só tem uma mulher na bancada de 53 parlamentares, a reeleita Jô Moraes (PCdoB). São Paulo tem seis mulheres entre os 70 representantes e Rio de Janeiro apenas quatro em um grupo de 46.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/bancada-feminina-no-congresso-nao-obteve-novas-representacoes
 

E o Nobel foi para Vargas Llosa

O escritor peruano Mario Vargas Llosa tornou-se o sexto ou sétimo escritor latino-americano a ganhar o Premio Nobel de Literatura em 2010.

Sexto ou sétimo?
 
Pois é. Incluindo o peruano, outros cinco são indiscutivelmente latino-americanos: Gabriela Mistral (Chile; 1945), Miguel Angel Astúrias (Guatemala; 1967), Pablo Neruda (Chile; 1971), Gabriel Garcia Márquez (Colômbia; 1982), e Octavio Paz (1992; México).
 
O “outro” é o santa-lucense (de Santa Lucia, ilha do Caribe, ex-colônia britânica) Derek Walcott, que ganhou o prêmio de 1992.
 
Por que ele seria ou não seria latino-americano? Não seria porque a língua em que escreve majoritariamente não é de origem latina, é o inglês.
 
Mas seria, porque faz muito o conceito de “América Latina” deixou de ser “latino” apenas, e passou a incorporar o Caribe em todas as suas manifestações linguísticas, pelo seu indiscutível “acrioulamento”, para usar uma expressão importada do espanhol. É o caso da literatura de Walcott, um descendente de escravos.
 
Por isso, quando coordenei a parte de literatura da Enciclopédia Latinoamericana, da Boitempo Editorial, com organização geral de Ivana Jinkings e Emir Sader, incluí Walcott entre os autores recenseados. Para mim ele é latino-americano, uma vez que o conceito adquiriu conotações culturais e políticas que não se limitam à geografia ou ao universo linguístico de origem das línguas usadas.
 
Hoje se pratica literatura latino-americana nos Estados Unidos, por exemplo, como atestam alguns ganhadores do Premio Casa de las Américas, de Cuba, que segue sendo o mais importante do nosso continente. E também ela é praticada – agora pela internet – na África, Ásia, Oceania. Até na Antártida, com os relatos de viagem.
 
Vargas Llosa sem dúvida merece o prêmio. É um dos grandes escritores do mundo inteiro. Tornou-se muito controverso por suas posições políticas conservadoras nas últimas décadas, mas isso não deve nos fazer esquecer a qualidade de sua literatura nem a pertinência crítica que ela tem em relação a temas candentes do nosso continente, como o militarismo recorrente até não muito tempo atrás – e reincidente no caso de Honduras, por exemplo.
 
Vargas Llosa, ao escrever A guerra do fim do mundo, com base do episódio brasileiro de Canudos, também tornou-se um dos escritores continentais a derrubar o Tratado de Tordesilhas que muitos de nós ainda levam na alma. Não vai longe o tempo em que “latino-americanos”, de um lado e outro da linha imaginária que dividia o mundo em dois, eram apenas os “hispano-hablantes”.
 
Mas meu livro preferido do autor peruano segue sendo La ciudad y los perros, uma candente visão do mundo militar da nossa América Latina.
 
Fica o caso de que nós, brasileiros, não temos um Nobel na coleção, embora haja escritores que merecessem um prêmio desse peso no mundo editorial. Seria o caso de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros.
 
Mas pertencemos a um mundo editorial pouco conhecido e de pouca penetração na Europa e nos Estados Unidos. Além de que boa parte do mundo editorial do “Norte” ainda nos vê por detrás da cortina ibérica. O primeiro escritor de língua portuguesa a ganhar o prêmio (que é dado desde 1901) foi José Saramago, em 1998. Rosa estava cotado para recebe-lo, em 1967, quando morreu (não sei se é uma regra fixa, mas o Nobel vem sendo dado a escritores vivos tão somente), alguns dias depois de assumir sua cadeira na Academia Brasileira de Letras.
 
Mais informações acesse: http://www.redebrasilatual.com.br/multimidia/blogs/blog-do-velho-mundo/e-o-nobel-foi-para-vargas-llosa