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Postado em: 30/11/2010 - 14h22 | Secretaria de Formação

Viva a consciência negra no Brasil

Viva a consciência negra no Brasil


Você está recebendo o 2º Boletim Eletrônico da Secretaria de Formação e o tema deste número é sobre a questão racial no Brasil. Em novembro comemoramos o dia nacional da consciência negra. Você sabe por quê? Você sabe quais são as principais questões relacionadas à questão racial debatidas na atualidade na sociedade brasileira? Leia este boletim e abra sua mente para estas e outras reflexões sobre o tema. Boa leitura!!

A resistência negra nos quilombos

A celebração do Dia da consciência negra é uma homenagem à luta dos negros no Quilombo de Palmares, liderada por Zumbi.

Todos sabem sobre as péssimas condições vividas pelos negros, trazidos à força de diversos lugares da África a partir de 1530 para trabalharem como escravos nos engenhos de açúcar, o principal produto agrícola do Brasil colônia naquele período.

Uma das muitas formas de resistência adotada pelos trabalhadores escravizados foram as fugas das fazendas e a organização de comunidades negras com economia auto-suficiente, chamadas Quilombos. Palmares foi a experiência mais marcante dentre todos os quilombos que se espalharam por todo o Brasil.

Levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a existência na atualidade de 1.209 comunidades remanescentes de quilombos certificadas e 143 áreas com terras já tituladas.
 
Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia (229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará (81).

No estado de São Paulo, existem atualmente 35 comunidades remanescentes, a maioria localizada no Vale do Ribeira (Iporanga, Eldorado, Barra do Turvo, Cananéia, Iguape, Itaóca e Jacupiranga) e no litoral norte e região de Sorocaba.

A luta de Zumbi em Palmares

Palmares foi o principal Quilombo existente no Brasil. Localizava-se na então capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas e chegou a contar aproximadamente com 20 mil negros em um território do tamanho de Portugal.

Sua existência foi de 1580 a 1694, resistindo por mais de um século aos ataques do governo colonial.
Quando acentuou-se a carência de mão-de-obra escrava (e a consequente elevação do preço dos escravos africanos), os ataques a Palmares aumentaram, visando a recaptura de seus integrantes. Acrescenta-se a isso que a prosperidade de Palmares atraía atenção e receio, obrigando o governo colonial a tomar providências para afirmar o seu poder sobre a região.

Para vencer Palmares, foram organizadas 18 expedições, todas derrotadas pelas  táticas de guerrilha usadas pelos quilombolas.

Com um contingente de seis mil homens, bem armados e municiados, inclusive com artilharia, as forças do bandeirante Domingos Jorge Velho iniciaram uma empreitada vitoriosa. Zumbi foi encurralado e morto em uma emboscada, a 20 de novembro de 1695. Sua cabeça de Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça pública, no alto de um mastro, para servir de exemplo a outros escravos. Sem a liderança militar de Zumbi, por volta do ano de 1710, o quilombo desfez-se por completo.
 
100 anos da Revolta da Chibata

Muitas outras lutas foram realizadas pela população negra, além do Quilombo de Zumbi. Uma das mais importantes foi a Revolta da Chibata. Ela ocorreu entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910. Na época, a Marinha do Brasil tinha um contingente quase todo formado por negros ou mulatos trabalhando nos navios de guerra, mas que, mesmo vinte e dois anos depois da abolição da escravidão, ainda havia aplicação de castigo físico. Foi quando mais de dois mil marinheiros se rebelaram pelo fim da chibata. O objetivo foi conquistado, mas João Cândido, seu principal líder, foi preso junto de outras lideranças do movimento nas piores condições que poderia haver e muitos morreram em calabouços. Somente em 2008, o governo Lula reconheceu a responsabilidade do Estado e concedeu anistia post mortem aos participantes do movimento.

A luta de João Cândido está homenageada na música “O mestre-sala dos mares”, de João Bosco e Aldir Blanc. Escute a música no link http://www.youtube.com/watch?v=B-jb3Hlaj9s&feature=player_embedded e acompanhe a letra abaixo:
 
Mestre sala dos mares
João Bosco
Há muito tempo nas águas
Da guanabara
O dragão no mar reapareceu
Na figura de um bravo
Feiticeiro
A quem a história
Não esqueceu
Conhecido como
Navegante negro
Tinha a dignidade de um
Mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por
Batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam
Das costas
Dos santos entre cantos
E chibatas
Inundando o coração,
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro
Gritava então
Glória aos piratas, às
Mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça,
Às baleias
Glórias a todas as lutas
Inglórias
Que através da
Nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais.
 
Conheça mais sobre a Revolta da Chibata no link: http://www.cefetsp.br/edu/eso/patricia/revoltachibata.html.
 
Pare e reflita: o que significam esses versos da canção de João Bosco e Aldir Blanc: “Glórias a todas as lutas inglórias / Que através da nossa história / Não esquecemos jamais…”
 
O estatuto da igualdade racial
 
A Lei nº 12.288/2010, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, tramitou no Congresso quase uma década, sendo aprovado no dia 20/10/2010.

Ela tem o propósito de promover um reparo histórico na desigualdade social a que foi submetida a população negra desde o período da escravidão até os dias atuais. Mas fazer a mudança dessa cultura em nossa sociedade não é fácil!! Após muitos debates no Congresso e diversas audiências com a presença da sociedade através do movimento negro, muitas coisas foram ficando pelo caminho, de modo que a sanção pelo presidente Lula pode ser considerada uma vitória e um enorme avanço, mas também deixam a certeza de que muita luta ainda precisará ser feita para termos uma efetiva democracia racial.
 
 
 
O (A) negro (a) no mercado de trabalho
 
Além do Estatuto da Igualdade racial, que prevê a adoção de ações afirmativas para promoção da igualdade racial, outro instrumento importante para avançar na reparação histórica da desigualdade social com a população negra no mercado de trabalho é a Convenção 111 da Organização internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil em 26/11/1965.

A OIT é um ramo da ONU (Organização das Nações Unidas) que trata do tema do trabalho em espaços tripartites, ou seja, com a presença de representantes de governos, de representantes patronais e de representantes de trabalhadores, através de entidades sindicais. A OIT aprova convenções ou recomendações que devem ser aprovadas pela legislação nacional nos países membro da ONU, como o Brasil.

Uma delas é a Convenção 111, que trata da discriminação social no trabalho, seja em virtude de raça, cor, sexo, religião, opinião política, nacionalidade ou origem social.

O artigo 3º afirma que “Todo País-membro compromete-se, por meios adequados às condições e à prática nacionais, a buscar a cooperação de organizações de empregadores e de trabalhadores e de outros organismos apropriados, para promover a aceitação e observância dessa política”.
 
Pare e reflita: qual a política que deveria ser adotada para evitar a discriminação racial no Brasil? Como os sindicatos podem contribuir para que isso ocorra?
 
Sistema de quotas raciais nas universidades públicas: você é contra ou a favor?
 
O tema mais polêmico dentre as ações afirmativas na questão racial é a política de quotas para afro descendentes terem acesso à universidade pública. Muitos são favoráveis; muitos são contrários. E você? Qual sua opinião sobre esse assunto?

Para você refletir sobre esse tema e formar sua própria visão, selecionamos alguns vídeos no youtube, tanto favoráveis como críticos às quotas. Há muitas outras produções que você poderá encontrar lá: alguns com bons argumentos, outros com argumentos frágeis; alguns muito “direitosos” (conservadores), outros muito equivocados… Merece destaque especial o programa Canal Livre, com debate entre frei Davi (Educafro) e Demétrio Magnoli. Explore e faça você mesmo uma pesquisa sobre o assunto assistindo a outros vídeos além desses sugeridos.
 
Vídeos favoráveis às quotas na universidade pública:
http://www.youtube.com/watch?v=5S58qTQTIAk&NR=1
(7’:31”)
http://www.youtube.com/watch?v=5g2MtABrjAg&feature=related
(5’:18”)
Vídeos críticos em relação às quotas na universidade pública:
http://www.youtube.com/watch?v=6Z-evxJdwL4&feature=related
(4’:19”)
http://www.youtube.com/watch?v=xp9_fPuYHXc&NR=1
(6’:36”)
 
FALE COM A GENTE
 
O que achou dessa iniciativa do Sindicato?
Envie suas críticas e sugestões para o endereço Rua Tamandaré, 348 – Liberdade – CEP: 01.525-000 ou pelo telefone 3209-3811 (ramal 253 ou 254). Sua participação é muito importante para melhorarmos cada vez mais esse instrumento de formação!! Fale com a gente!!