Trabalhadoras químicas discutem situação das mulheres no mundo do trabalho
Mantendo a tradição, todos os anos as trabalhadoras químicas de São Paulo se reúnem para debater temas de interesse da classe trabalhadora, principalmente aqueles que atingem diretamente as mulheres.
Ao longo do ano são realizadas atividades regionais, nas quais as participantes se credenciam para o encontro final. Cada atividade discute um tema sobre o mundo do trabalho e organiza a participação das mulheres para o último encontro.
Neste ano, o encontro geral foi realizado nos dias 22 e 23 de outubro e contou com a participação de 196 mulheres de 47 empresas químicas, transformados plásticos, farmacêuticas e cosméticas.
Quase 60% dessas mulheres são mães, solteiras ou separadas, e a maior parte trabalha como auxiliar de embalagem, auxiliar de expedição, auxiliar de produção, auxiliar de laboratório e conferente. Ou seja, as mulheres predominam entre os auxiliares, mesmo quando apresentam condições e competência para estarem em uma posição mais favorável dentro das empresas. Isso faz parte da realidade das trabalhadoras que, mesmo com maior escolaridade e aptas para o mercado, não são valorizadas e reconhecidas.
O encontro abordou temas da atual realidade brasileira, como a reforma da previdência e os impactos negativos sobre as mulheres, uma vez que a proposta é de igualar a idade mínima de aposentadoria entre homens e mulheres, de 70 anos.
Além disso, discutiu-se sobre a situação das mulheres negras e o desempenho das mulheres nas últimas eleições, em que elegemos praticamente o mesmo número de prefeitas e vereadoras de 2012, em torno de 13%. Embora sejam maioria entre a população e o eleitorado, as mulheres continuam sendo minoria nos processos de disputa de poder.
Por fim, a atividade aprofundou, através de trabalhos em grupo, as cláusulas da convenção coletiva dos químicos e farmacêuticos. É comum o descumprimento das cláusulas pelas empresas, então uma parte importante do encontro foi dedicada a debater os conteúdos das convenções e discutir dúvidas sobre as cláusulas. Ao final, cada grupo organizou uma apresentação de teatro sobre as discussões que fizeram.
Em cada encontro as mulheres saem mais fortalecidas e conscientes dos seus direitos e da importância de estarem organizadas dentro do sindicato e de continuarem lutando para colocar fim à discriminação e à desigualdade no mundo do trabalho e na sociedade.
Escrito por Marilane Teixeira, assessora econômica do Sindicato dos Químicos.