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Postado em: 02/09/2010 - 16h18 | Rede Brasil Atual

Superação de equipe leva escola de Suzano à lista de melhores de SP

Jussara: da lista das piores para as melhores escolas Em 2008, a Escola Estadual Professora Jussara Feitosa Domschke, sediada em Suzano, município a 34 quilômetros da capital paulista, foi notícia pelo péssimo desempenho de seus alunos no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do estado de São Paulo (Saresp). De 5.207 instituições avaliadas ao longo de 2007, a unidade ficou entre as três piores do estado. A instituição também ficou na lista das piores quartas séries no Índice de Desenvolvimento da Educação do estado de São Paulo (Idesp).

Um ano depois, em 2009, a escola voltou ao noticiário, mas desta vez no ranking das três melhores escolas do estado de São Paulo. A escola teve melhora superior a 100% durante todo o ano de 2008, quando foi novamente avaliada pela Secretaria Estadual de Educação. “Estávamos entre as piores posições nas referências internas e externas”, lamenta o diretor José Jair Nogueira. Mas a história se inverteu.
 
O motivo do mau desempenho não é difícil descobrir: a escola estava pichada, depredada e desacreditada pela comunidade e pelos próprios professores. “Em uma semana, três salas deixaram de funcionar, porque as pessoas tinham medo”, conta o diretor. “Os que iam embora, iam por medo, os que ficavam era porque não tinham condições financeiras de ir embora”, narra o responsável pela escola.
 
Na época, de 32 professores efetivos, 30 pediram remoção e a violência fazia parte do dia a dia escolar. “Os professores eram agredidos, os alunos apanhavam. Pessoas entravam armadas aqui dentro, levavam a merenda e equipamentos da escola, durante o dia mesmo”, diz o administrador.
 
Jair Nogueira menciona até um episódio que simboliza a situação limite que a unidade vivia. O corpo de uma vítima de assassinato na região foi deixada dentro da escola.
 
Transformação
 
A virada educacional, diz o professor Jair – como é conhecido por docentes e alunos –, é resultado de uma reunião de presença, participação e comprometimento da escola com os alunos, professores e comunidade. Ele assumiu a gestão da escola em janeiro de 2007 e sua primeira ação foi aproximar a instituição da comunidade e dos professores “para garantir a eles pelo menos a dignidade”, cita.
 
Na primeira semana de aula, Nogueira convidou a comunidade para ir à escola. “Conheci todos os alunos e toda a comunidade se fez presente. Fomos conhecer a necesssidade dela, por que eles vinham e iam embora da escola”, destaca.
 
“Só faltou colocar uma faixa, ‘sob nova direção'”, brinca. A partir daí, a escola passou a funcionar com regras e sistemas de normas de convivência, devidamente acordadas com pais, professores, alunos e comunidade. O diálogo chegava a associar despesas com manutenção e restauração de paredes e estrutura depedrada com a restrição de novos investimentos que isso representava. “Mil reais gastos com tinta para pintar a escola pichada poderiam ser revertidos para melhorar as salas, comprar uma TV, mesa de pingue-pongue, livros”, exemplifica.
 
Com esses “acordos”, o passo seguinte foi cuidar das deficiências físicas da escola, ou seja, organizar e reconstruir. Em três anos, o quadro de professores subiu de dois para 64 e o de alunos de 510 para 1.150 em 2010. “A escola não lembra em nada a situação de 2007. É muito bom vê-la cumprindo seu objetivo de educar”, descreve a professora de Biologia, Andreia Boeira.
 
Presença ativa
 
Para Nogueira, presença constante é essencial, mas não o bastante. É preciso uma participação especial que ele chama de presença ativa. “Tem aquela pessoa que está presente mas não se manifesta. É essencial ter uma presença física e espiritual, porque mesmo que não se esteja ali, é como se estivesse”, filosofa.
A direção visita igrejas na região, participa de reuniões no conselho comunitário e firmou parcerias importantes para o desenvolvimento extraclasse dos alunos. Empresas e ONGs são parceiras da escola em palestras, cursos e atividades sociais.
 
Apesar da violência no entorno, desde a aproximação com a comunidade, a escola nunca mais sofreu roubos ou outros tipos de violência.
 
Em 2010, as crianças ganharam mais motivação com a inclusão da escola no projeto “A música venceu”, da Fundação Bachiana Filarmônica, dirigida pelo maestro João Carlos Martins.
 
Músicos da fundação ministram aulas de flauta e violino às quartas-feiras. As crianças recebem os instrumentos para usar durante o período de aulas e ainda levam para casa. “O aluno fica mais disciplinado e assume mais responsabilidade”, salienta Nogueira. Mesmo quem não estuda tanto também valoriza o projeto. “Há uma mudança geral de atitude”, comemora.
 
Alunos com problemas de alfabetização recebem atenção especial em salas de recuperação. “Preparei materiais especialmente para atender as crianças e melhorar a capacidade de leitura, escrita e compreensão”, descreve a professora de Língua Portuguesa Suzi Laura.
 
Sala de leitura e de informática, mesa de jogos, jornais, revistas e música no pátio foram conquistadas. Festas e atividades culturais fazem parte do cotidiano da escola que atualmente é toda colorida, tem as janelas acortinadas, merenda aprovada pelos alunos e muros baixos – muito diferente do que havia em 2007.