SP: um ano depois de enchentes, moradores dizem que Jardim Pantanal está esquecido
Na tarde de 8 de dezembro de 2009, os moradores do Jardim Pantanal, Chácara Três Meninas e Jardim Romano, zona leste da capital paulista, foram surpreendidos com inundações que deixaram a população debaixo d´água por mais de 60 dias.
Um ano depois das enchentes, os moradores do Jardim Pantanal e da Chácara Três Meninas, ouvidos pela Rede Brasil Atual, afirmam que “pouco foi feito” e a área “está esquecida” pela prefeitura. No Jardim Romano, um dique, em construção, é a esperança da população.
“Na Chácara pouca coisa foi feita para evitar as enchentes”, afirma Maria Zélia Andrade. “Durante um tempo limparam o rio Tietê, mas pararam na altura da pedra que fica próxima ao bairro”, descreve a moradora. “O rio continua assoreado, como o nível (do rio) está baixo, dá para ver a areia no fundo”, revela.
Em muitas ruas, o cenário é de destruição. “A prefeitura destruiu casas à beira do rio, mas deixou entulho”, conta Maria das Dores, há 16 anos na Chácara Três Meninas. “Além dos escombros, tem lixo, rato e mosquitos”, critica a moradora. O bairro, segundo ela, foi no passado um excelente lugar para morar, mas atualmente “piorou muito”. “O bairro está esquecido”, relata.
No Jardim Pantanal, as reclamações se repetem. “Depois das demolições, a beira do rio virou área de despejo de entulho”, conta o morador Vagner Moura.
Nos dois bairros, o clima é de revolta e medo de futuras enchentes. “Lideranças foram procurar o subprefeito de São Miguel para questionar o asfaltamento de algumas ruas sem a construção de um sistema de esgoto e receberam a informação da chefia de gabinete de que ‘estão preparando o corpo de bombeiros'”, afirma Moura.
A reportagem aguarda resposta da prefeitura desde 11 de novembro sobre ações antienchente do Executivo nos bairros afetados por inundações em 2009. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, a prefeitura está realizando um levantamento para responder à Rede Brasil Atual.
Destino incerto
Os moradores também estão preocupados com a retirada das famílias que ficaram. Eles estimam que 4 mil famílias saíram dos dois bairros, mas outras milhares ainda vivem no local.
A prefeitura concedeu auxílio-aluguel para as famílias que aceitaram deixar as casas para demolição, com o compromisso de que serão realocadas em prédios a serem construídos. Mas, um ano depois, os moradores dizem que os terrenos desapropriados pelo Executivo municipal para construção de moradias, ainda estão vazios. “Os terrenos desapropriados estão sem nenhuma construção”, denuncia um funcionário público que prefere não se identificar.
Diversas famílias também reclamam que o auxílio-aluguel foi cortado. Outras criticam o constante atraso no pagamento. “É como se não tivesse havido enchente durante três meses”, lembra o morador.
Diante do destino incerto e com receio de novas enchentes, Vagner Moura afirma que há muitos casos de depressão no local. “Vemos muitas mulheres com depressão, pessoas doentes porque perderam tudo, não refizeram a vida e ainda com novos riscos”, identifica.