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Postado em: 19/09/2013 - 15h54 | CUT

Seminário Internacional enfatiza a importância dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade

Com a participação de representações de várias partes do País e de uma delegação internacional expressiva, a CUT promove desde a última segunda-feira (16), no Rio de Janeiro, o 3º Seminário Internacional o Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos.

O Seminário é um evento bienal realizado em conjunto com o Arquivo Nacional através do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985) – Memórias Reveladas.

Antonio José Marques, coordenador do Centro de Documentação e Memória Sindical da CUT (Cedoc-CUT), organizou e esteve presente nas duas primeiras edições e avalia que há um evidente crescimento na organização dos arquivos e documentos. ”Cinco anos depois houve uma participação e um interesse maior advindo principalmente do interior do Brasil”, relatou.

Nesta edição, o Seminário traz como tema central o “Direito à Memória e à Verdade”, que foi objeto de debate em uma Conferência na última terça-feira (17) com a presença da advogada Rosa Cardoso, representante da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ela destacou em sua fala a importância e relevância do Grupo de Trabalho “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical”.

Em suas intervenções nos espaços públicos, Rosa Cardoso tem enfatizado que “a classe trabalhadora foi o setor mais perseguido durante a ditadura militar. Segundo levantamento, 57% dos mortos e desaparecidos são trabalhadores ligados a sindicatos e movimentos sociais”.

Saudando a delegação internacional, o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre ressaltou a importância de preservar a memória e a história dos trabalhadores. “A CUT defende e vai apoiar cada vez mais essas iniciativas que são fundamentais para que as futuras gerações conheçam a história e o que está sendo feito nos dias de hoje”.

A Central criou neste ano a sua Comissão Nacional pela Memória, Verdade e Justiça. Durante a Conferência, o secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, informou o calendário de atos e audiências que serão organizados no próximo período pela Comissão da CUT.

A mesa teve também a participação do presidente da CUT-RJ, Darby Igayara.

Homenagem e participação internacional

O primeiro dia do Seminário foi marcado por uma homenagem aos 100 anos do 2º Congresso da Confederação Operária Brasileira (COB) – primeira central sindical do país -, seus fundadores e militantes do período.

A COB legou-nos um dos mais importantes conjuntos documentais produzidos pelos trabalhadores brasileiros na etapa inicial de sua organização sindical. Os debates contaram com a participação de especialistas do movimento operário, incluindo Michael Hall, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que foi o primeiro a publicar documentos da COB em 1978.

Na manhã desta quarta (18) ocorreu uma mesa redonda sobre trabalho informal atípico, arquivos e memória, com a presença da historiadora Ana Maria Camargo, professora da Universidade de São Paulo (USP) e Luiz Antonio Machado da Silva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Já no período da tarde o centro do debate foi os arquivos e memórias dos trabalhadores e repressão. Mariana Nazar, representante do Archivo General de La Nación de Buenos Aires, descreveu a política de repressão na época da ditadura na Argentina (1966-1973) e como foram recuperados e preservados os arquivos que comprovam que, assim como no Brasil, os trabalhadores foram os mais perseguidos pelos militares.

Na manhã desta quinta (19), convidados internacionais relataram as experiências de recuperação e preservação dos arquivos sobre o mundo dos trabalhadores em seus países.

Amanhã, último dia, serão debatidas outras fontes de memória como a preservação digital. “É fundamental hoje desenvolvermos projetos de preservação da documentação digital. Muito do que é produzido acaba não sendo encaminhado aos arquivos, ficam nas mesas, nos emails das pessoas. Recuperar a memória e a verdade se traduz como um fator relevante para buscar justiça e reparação”, assinalou Antonio José Marques.