Semana de ação pelo fechamento da Escola das Américas
Defensores da paz e dos direitos humanos dos países da América Latina e do Caribe se mobilizam a partir de hoje (16) para realizar manifestações e protestos, até domingo (21), contra a Escola das Américas, acusada de ser local de formação de violadores de direitos humanos.
Surgida na década de 40, e inicialmente situada no Panamá, na América Central, hoje a Escola está localizada em Fort Benning, no estado da Georgia, nos Estados Unidos. Desde 1990, manifestantes realizam protestos em frente à atual sede da Escola, em Fort Benning.
A estimativa é que milhares de ativistas, entre estudantes, religiosos, cidadãs e cidadãos comuns, ex-veteranos de guerra e outros, participem das manifestações contra a chamada de ‘Escola de Assassinos’. Para Roy Bourgeois, fundador do movimento Observatório da Escola das Américas (SOAW, por sua sigla em inglês), “a luta pelo fechamento da Escola das Américas é uma tarefa de todos os povos que amam a paz e a justiça”.
A coordenadora do movimento SOAW para América Latina, Lisa Sullivan, citou alguns exemplos como o do golpe de Estado em Honduras, a repressão em El Alto, na Bolívia e as violações de direitos humanos na Colômbia para justificar a luta pelo fechamento da Escola Militar. Para ela, enquanto os países continuarem enviando soldados para esta escola, situações como estas, que atentam contra a democracia, continuarão acontecendo.
Em diversos países da região, os e as ativistas estão se mobilizando para somar esforços nesta luta. No México, Guatemala, República Dominicana, Chile e Paraguai, por exemplo, estão sendo coletadas assinaturas para uma carta que será enviada aos presidentes da América Latina e Caribe, com o pedido de que não enviem mais tropas para a Escola Militar. Já em nações como Argentina, Honduras, Nicarágua, Equador e outros, estão sendo realizados fóruns, encontros e oficinas, que abordam a questão.
Em uma mensagem de apoio dirigida ao movimento SOAW, o Grupo Operacional da campanha ‘Não Bases’, da Argentina, declarou que “saudamos a decisão dos países da região – Argentina, Venezuela, Bolívia e Uruguai – que deixaram de enviar soldados para a Escola das Américas, uma instituição que não variou sua prática, nem seus objetivos, mesmo que agora se denomine Instituto de Cooperação e Segurança do Hemisfério Ocidental (WHINSEC) e tenha se mudado do Panamá à Geórgia, nos Estados Unidos”.
Mas, por outro lado, considerando que países como Colômbia, Chile, Peru, Nicarágua, República Dominicana, Equador, Panamá, Honduras, El Salvador, Guatemala, Costa Rica, Paraguai, México, Jamaica, Belize e Brasil ainda enviam tropas à referida Escola, os (as) militantes argentinos (as) se comprometem a também somar esforços “para que nenhum país latinoamericano continue enviando militares ou polícias para esta ou outra academia militar ou policial com objetivos semelhantes”.
O Grupo ressaltou ainda que considera importante a recente declaração do presidente da Bolívia, Evo Morales, que, além de denunciar e rejeitar o papel da Escola, sugeriu que a União das Nações Sulamericanas (Unasul) instale um Instituto de preparação para as forças armadas da região, com foco na formação democrática e patriótica e de acordo com os princípios de unidade da América Latina.
“A criação de um Instituto desta natureza seria uma verdadeira alternativa para a Escola de Assassinos, cujo fechamento reclamamos e, também, corresponderia plenamente com os objetivos que levaram a Unasul para a criação de um Conselho de Defesa Sulamericano e um Centro de Estudos Estratégicos, onde os países da América do Sul possam determinar com autonomia seus próprios interesses geopolíticos e suas políticas de Defesa Nacional”, comentou.
Mais informações acesse: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=7&cod=52387