Se ronca a terra, porque não cantar a Mãe D’Água?
A mitologia popular ainda é crença de muitos por aí tudo – é mês do folclore e sempre lembro disso. Não é preciso ir longe, mas das vezes em que ouvi gente falar de Mãe D`Água, lembro que a mais-mais foi num vilarejo de horizonte cortado pela parede da Serra Geral que divide o nordeste de Goiás e Bahia.
Convidado para um café na casa de um morador, acabei no meio de uma discussão de adultos sobre se Mãe D`Água existe ou não – limitei-me a ouvir e a enrolar quando na dinâmica da conversa, por olhares ou perguntas, me chamavam para uma posição entre sim e não.
Preferi assim. É um lugar de muitas cavernas que dizem que a terra ronca – e se ronca a terra, porque não cantar a Mãe D`Água, não é?
Mas é assim que o folclore ainda não é só peça de museu e escola e que alguns de seus personagens estão “vivos” por aí sim, na certa até na cidade grande.
Eu mesmo também já desconfiava, oras. Porque bem antes de Terra Ronca, numa ocasião lá na Floresta Amazônica, nossa escova de cabelo sumiu na beira de uma cachoeira e ainda hoje também achamos que foi levada pela Iara.
Se foi, que faça bom proveito.
Mas não precisa estar coberto pelo gigantismo da floresta, nem vagar pelo sertão do Cerrado. Vá para Joanópolis, a “Cidade do Lobisomem”, logo ali, pertinho de São Paulo. Lá, boa parte da população tem a certeza que a besta existe e um e outro tem história para contar de seu encontro com a coisa.
Lobisomem é o híbrido mais popular do mundo competindo fácil com vampiros de todos os tempos. Somente o saci, no Brasil, pode fazer alguma sombra à popularidade do lobo.
Mas ao contrário da “nova geração” de lobisomens hollywoodianos – sarados, jovens e bonitos, como na série adolescente de “Crepúsculo” -, em Joanópolis se mantém a tradição dos bons e velhos lobisomens – os maiores suspeitos de virarem a fera nas sextas-feiras de Lua Cheia são aqueles considerados os tipos esquisitos – solitários e ‘feios’ são os melhores candidatos.
Mas o bom humor da cultura popular, com seu olhar brasileiríssimo, está mesmo em outro mito. A mula-sem-cabeça perdeu a porção acima do pescoço porque ver o rosto dela podia dar o maior bafafá, como tem dado com os ‘muares’ de hoje em dia, que ao contrário de antigamente, não querem ficar anônimos e têm dado mesmo é uma bela dor-de-cabeça.
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