Opinião: 0 Brasil precisa descobrir a amazônia
Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica é a Amazônia. Alertam os bispos que “existe, ainda, muita desinformação e preconceito em relação aos povos e ao mundo da Amazônia. É preciso superar o preconceito dominante de que só é civilizado quem vive no e do mercado e quem pensa como querem os mais fortes e os mais ricos, donos inescrupulosos também dos meios de comunicação. Os povos da Amazônia não são selvagens que vivem no atraso e na ignorância. A percepção do significado histórico e simbólico da Amazônia pode levar-nos a descobrir, junto com seus povos, uma visão mais humana e generosa da vida”.
A Amazônia é também peruana, colombiana e equatoriana. Numa área de 7,01 milhões de km² (o Brasil todo tem 8,5 milhões de km²), corresponde a 5% da superfície da Terra e abriga 20% da água doce do mundo e 80% da disponível no Brasil. Contém 34% das reservas mundiais de florestas e uma incalculável reserva de minérios (ouro, cassiterita, tantalita etc.). Cerca de 30% de todas as espécies de fauna e flora do planeta encontram-se ali. A Amazônia brasileira possui 22 mil km de rios navegáveis e conta com 23 milhões de habitantes, dentre os quais 163 povos indígenas.
O que fazer em defesa da Amazônia? Escolas, associações, sindicatos, ONGs e movimentos sociais devem promover debates sobre a região, para aprofundar o conhecimento de sua história, cultura, culinária, plantas medicinais etc. Há que pressionar deputados federais e senadores para que cumpram o disposto no art. 51 das disposições transitórias da Constituição – há quase 20 anos engavetado – que obriga o Congresso a rever todas as concessões de terras públicas com área superior a três mil hectares.
Entre europeus e estadunidenses consumidores de mercadorias brasileiras cresce o cuidado de verificar a procedência dos produtos, se a madeira foi extraída da Amazônia ou se a carne vem de pasto aberto graças ao desmatamento. O comércio justo e o consumo responsável podem reforçar a rede mundial de solidariedade em defesa da Amazônia. Isso significa defender a Terra, esse organismo vivo que os gregos chamavam de Gaia e do qual somos a expressão mais consciente e nem sempre inteligente.